ebook img

Will Eisner: um sonhador nos quadrinhos PDF

420 Pages·2013·8.2 MB·Portuguese
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview Will Eisner: um sonhador nos quadrinhos

Will Eisner Folha de Rosto Michael Schumacher Will Eisner U M SONHADOR NOS QUADRINHOS Tradução Érico Assis Créditos copyright © 2010 by Michael Schumacher copyright da tradução © 2013 by Editora Globo Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida – em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação etc. – nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados, sem a expressa autorização da editora. Texto fixado conforme as regras do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo nº 54, de 1995) Editor responsável: Carla Fortino Editor assistente: Sarah Czapski Simoni Editor digital: Erick Santos Cardoso Tradução: Érico Assis Preparação de texto: Matheus Perez Revisão de texto: Laila Guilherme e Ana Maria Barbosa Paginação: Linea Editora Ltda. Capa: Marcelo Martinez / Laboratório Secreto Fotos de capa: © Will Eisner Studios, Inc. Utilizado com permissão. Edição digital: Erick Santos Cardoso Produção de ebook: S2 Books 1ª edição, 2013 CIP-Brasil. Catalogação na Publicação Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ S419w Schumacher, Michael, 1950-Will Eisner : um sonhador nos quadrinhos / Michael Schumacher ; tradução Érico Assis. – 1. ed. – São Paulo : Globo, 2013. Tradução de: Will Eisner : a dreamer’s life in comics Inclui bibliografia e índice ISBN 978-85-250-5554-5 1. Eisner, Will, 1917-2005. 2. Cartunistas – Estados Unidos – Biografia. I. Título. CDD: 927.415 CDD-929:741.5 13-02159 17/06/2013 17/06/2013 Direitos de edição em língua portuguesa para o Brasil adquiridos por Editora Globo S.A. Av. Jaguaré, 1485 – 05346-002 – São Paulo / SP www.globolivros.com.br Dedicatória Para Ivy e Dylan, cujos sonhos não consigo lembrar nem imaginar. Epígrafe Eu não tinha ideia de que estava fazendo uma revolução. Sabia que o meu trabalho era diferente porque eu queria que fosse diferente, e que estava falando com um leitor totalmente distinto. – Will Eisner A gente se sentia que nem a Mamãe e o Papai Coelho, que correm para fugir dos cachorros. Eles se jogam num buraco, e a Mamãe Coelho fica tremendo de medo. Ela diz: “Oh, que horror! Não temos saída”. Aí o Papai Coelho diz: “Não, não se preocupe. Vamos ficar aqui, e, em meia hora, estaremos em número maior do que eles”. Sempre penso nessa história quando me perguntam como foram aqueles anos de suposta penúria. – Will Eisner Sumário Capa Folha de Rosto Créditos Dedicatória Epígrafe Sumário 1 As lições da Depressão 2 Uma empresa por trinta pratas 3 Super-homens em um mundo de mortais 4 Um espírito para todas as idades 5 Um soldado chamado Joe Dope 6 Voos 7 Ann 8 A saída do mainstream 9 O retorno 10 Ressurreição 11 Um contrato com Deus 12 O espaço sideral, a cidade – sem fronteiras 13 A força da vida 14 Vencedores e perdedores 15 O coração da questão 16 Polêmicas Bibliografia Agradecimentos Índice Caderno de Fotos Notas 1 As lições da Depressão Trago comigo, trancado nos porões da mente, um fardo de memórias – algumas doloridas, outras felizes. Assim como os marinheiros do passado, preciso compartilhar as coisas pelas quais passei e que vi. Se quiser, pode me entender como uma testemunha gráfica que conta a vida, a morte, os desgostos e a incessante luta para vencer – ou pelo menos para sobreviver.[1] Will Eisner gabava-se de poder desenhar de memória a Nova York de sua infância, de não ter que consultar fotografias antigas nem fazer pesquisas para invocar imagens de grandes cortiços com escadas de incêndio de ferro fundido, roupas penduradas em varais entre os prédios e degraus quebrados nas escadarias de entrada; de hidrantes e grades do metrô, fileiras infinitas de janelas sujas, crianças brincando de stickball na rua enquanto seus pais lutavam prodigiosamente para esticar os últimos dólares de terça a sexta-feira, berrando frustrações um com o outro e, fosse a hora apropriada e as cortinas estivessem fechadas, entregando-se à ternura para restabelecer certezas e, quando muito, trocar promessas. Para os nova-iorquinos que, como Eisner, cresceram no Bronx ou no Brooklyn durante a Grande Depressão, esses bairros atulhados de imigrantes, prédios e política volúvel eram territórios de subsistência até que a esperança voltasse a fazer sentido[2]. As graphic novels de Eisner capturaram tudo isso e mais, muitas vezes nos cortiços da fictícia avenida Dropsie, onde suas memórias convergiam e, na solidão da prancheta, alçavam voo. “A cidade, para mim[3], é um grande teatro”, dizia ele. “É uma fonte inesgotável de histórias, principalmente por causa da grande concentração de seres humanos cuja vida tem impacto uma sobre a outra. E cada ser humano traz consigo uma história completa. É a luta pela existência.” Eisner sempre foi um estranho. Sua família se mudava com frequência, geralmente porque seu pai não conseguia pagar as contas da casa, de modo que, por ser sempre o menino novo do bairro, ele estava continuamente observando, aprendendo como as coisas funcionavam, protegendo seu irmão e irmã menores, lidando com o antissemitismo dos bairros de classe média baixa, encontrando maneiras de se encaixar – sobrevivendo, enfim. Ainda muito cedo, numa idade em que outros meninos experimentavam o início da adolescência, ele tornou-se o chefe da casa, o provedor, mesmo que não oficialmente. A infância havia acabado, e a cidade, encolhido. Nascido em 6 de março de 1886, Shmuel (Samuel) Eisner, pai de Will Eisner, era um artista e intelectual vindo da Europa que aprendeu, nos desolados dias da Grande Depressão, que nem a arte nem o intelecto eram o suficiente para comprar meia fatia de pão ou uma dúzia de ovos na quitanda. O mundo perfeito de Sam Eisner era a sociedade dos cafés de Viena: pintura, diálogos inteligentes, literatura, amigos e infinitas xícaras de café forte. E, sim, ver seus filhos crescer e virar adultos sadios e felizes. A vida era aprimorar a mente, e felicidade era encontrar uma forma criativa de expressar esse aprimoramento. Seu mundo real era muito diferente. Ele havia nascido na Áustria, em Kollmei, um vilarejo não muito distante de Viena. Seu pai, um operário – “trabalhava numa mina[4] de querosene ou algo assim”, Will Eisner lembraria –, batalhava para alimentar a esposa e onze filhos. Embora nunca tivesse estudado arte formalmente, Sam era pintor autodidata e possuía o dom para ilustrar paisagens, tanto que ao se mudar para Viena, quando adolescente, conseguiu emprego como aprendiz de muralista. Fregueses abastados contratavam-no para pintar cenários nas paredes de sua casa, mas o mais comum era encontrar Sam decorando paredes e tetos das igrejas católicas de Viena. Tal ironia – um garoto judeu de treze ou catorze anos pintando céus azuis, nuvens graciosas, querubins de bochechas róseas a cantar em igrejas católicas – faria seu filho rir ao longo de toda a vida adulta. Um a um, irmãos e irmãs de Sam se mudaram: alguns para outras cidades da Europa; outros para os Estados Unidos, onde fixaram residência, conseguiram emprego e pagaram a vinda dos outros irmãos. Diante do alistamento obrigatório no exército, Sam trocou Viena pelos Estados Unidos, tendo chegado a Nova York pouco antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial. Se ele imaginava a América como uma terra repleta de oportunidades e riqueza, rapidamente se decepcionou. Sam sabia falar alemão e iídiche, mas não inglês, e logo descobriu que encontrar emprego seria algo desafiador: a demanda por pintores de afresco em Nova York era baixíssima. Acabou conseguindo emprego pintando cenários de fundo de palco em teatros iídiche e de vaudeville – algo bem distante do tipo de arte ao qual ele aspirava e que, mesmo assim, lhe rendia apenas o mínimo, e às vezes nem isso, para a sobrevivência. Assim como muitos imigrantes, ele ia à escola à noite, para aprender inglês; achava aquilo um tédio e demorou para aprender a língua.[5] Felizmente, porém, era sociável e caloroso por natureza, fazendo amigos com facilidade. Talvez tenha sido esse charme, e em particular sua capacidade de contar boas histórias, que atraiu Fannie Ingber, pois é difícil imaginar o que mais teria unido esse improvável casal. Fannie era romena, nascida em 25 de abril de 1891 num navio a caminho dos Estados Unidos. Seu pai, Isaac, tinha setenta anos quando ela nasceu e já havia sido casado com a tia de Fannie. Após ficar viúvo, Isaac voltou à terra natal e se casou com a irmã da falecida, a mãe de Fannie, mulher sempre adoentada, que viria a falecer no dia do aniversário de dez anos da filha, e Isaac Ingber morreu mais tarde, no mesmo ano. A menina Fannie ficou, então, sob a guarda de Rose, uma meia-irmã mais velha que a tratava mais como escrava do que parente. Além de todas as lides domésticas, Fannie ajudava Rose prestando serviços para uma confecção e cuidava dos irmãos menores. Ela tinha pouquíssimo tempo para amigos, hobbies e para a cidade grande à sua volta. Chegou a namorar alguns jovens quando ficou mais velha, mas nenhum conquistou a aprovação da meia-irmã, que provavelmente estava mais preocupada em perder uma criada do que em ganhar um cunhado. Fannie sonhava em guardar dinheiro para abrir seu próprio negócio, de preferência uma padaria, mas na época em que conheceu, namorou e casou-se com Sam Eisner já era realista o suficiente para saber que sonhos eram para as pessoas que vinham de lares melhores. Ela havia trabalhado enquanto outros haviam frequentado o colégio. Entendia inglês, mas não sabia ler nem escrever – e sempre tentou esconder isso dos filhos. O trabalho na fábrica, no qual se sobressaía, a preparara para uma vida de rotina. Para Fannie, a vida era algo a ser tolerado. De acordo com Will Eisner, seus pais tinham algum grau de parentesco – talvez primos em segundo ou terceiro grau – e foram apresentados pelas famílias. Não tinham absolutamente nada em comum, fora ser solteiros, ter laços

Description:
Com mais de 50 anos de carreira, personagens marcantes como o detetive Spirit, e ideias que revolucionaram a forma de contar histórias em quadrinhos, Will Eisner foi um pioneiro que alçou as HQs ao status de “nona arte”. Não é à toa que a principal premiação internacional para esse tipo d
See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.