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Warren Buffett e a análise de balanços PDF

172 Pages·2010·1.87 MB·Portuguese
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Título original: Warren Buffett and the Interpretation oj Financial Statements Copyright © 2008 por Mary Buffett e David Clark Copyright da tradução © 2010 por GMT Editores Ltda. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito dos editores. Publicado em acordo com Scribner, uma divisão da Simon & Schuster, Inc. tradução Marcello Lino preparo de originais Cristiane Pacanowski revisão Ana Lúcia Machado, Cristhiane Ruiz e Luis Américo Costa projeto gráfico e diagramação Abreu’s System capa Miriam Lerner impressão e acabamento Yangraf Gráfica e Editora Ltda. CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ B945W Buffett, Mary Warren Buffett e a análise de balanços/Mary Buffett e David Clark [tradução de Marcello Lino], Rio de Janeiro: Sextante, 2010. Marcello Lino], Rio de Janeiro: Sextante, 2010. Tradução de: Warren Buffett and the interpretation of financial statements ISBN 978-85-7542-554-1 1. Buffett, Warren, I930-. 2. Empresas - Finanças. 3. Sociedades comerciais - Finanças. 4. Investimentos - Análise. 5. Investimentos - Processo decisório. 6. Balanço (Contabilidade). I. Clark, David, 1955-. II. Título. 10-0885 CDD: 332.6 CDU: 336.76 Todos os direitos reservados, no Brasil, por GMT Editores Ltda. Rua Voluntários da Pátria, 45/1.404 - Botafogo 22270-000 - Rio de Janeiro - RJ Tel: (21) 2286-9944 - Fax: (21) 2286-9244 I tmil: iiU‘[email protected] w ww a-u.mie c imi I >i INTRODUÇÃO Durante 12 anos, de 1981 a 1993, fui nora de Warren Buffett, o investidor de maior sucesso e, atualmente, o maior filantropo do mundo. Logo após me casar com Peter, o filho de Buffett, e bem antes do mundo fora de Wall Street ouvir falar do investidor, visitei a casa da família em Omaha. Enquanto estava lá, conheci um pequeno grupo de estudantes aplicados que pesquisavam a sabedoria do mestre e que se autodenominavam “buffettologistas”. David Clark, um dos buffettologistas de maior sucesso, mantinha cadernos repletos de idéias meticulosas e infinitamente fascinantes de Warren Buffett sobre investimentos. Seus cadernos foram a base que eu e ele usamos mais tarde para dar forma aos best--sellers internacionais de investimentos O Tao de Warren Buffett, Buffettology (Buffettologia), The Buffettology Workbook (O manual da buffettologia) e The New Buffettology (A nova buffettologia), atualmente publicados em 17 idiomas, entre os quais hebraico, árabe, chinês e russo. Depois do sucesso de O Tao de Warren Buffett, estive com David em Omaha, no encontro anual da Berkshire Hathaway, em 2007, e durante o almoço começamos a conversar sobre a história da análise de investimentos. Ele ressaltou que, no fim do século XIX e no início do XX, essa atividade se concentrava sobretudo em determinar a solvência e a capacidade de geração de lucros de uma empresa com o propósito de analisar os seus títulos. David também mencionou que Benjamin Graham, o decano de Wall Street e mentor de Buffett, havia adaptado as técnicas iniciais de análise de títulos para a análise de ações ordinárias. Mas Graham nunca fez distinção entre as empresas que possuem uma vantagem competitiva de longo prazo e as que não possuem em relação às suas concorrentes. Ele só estava interessado em saber se a companhia tinha ou não capacidade de geração de lucro suficiente para tirá-la dos apuros econômicos que haviam acarretado a queda vertiginosa da cotação de suas ações. Ele não estava interessado em ter participação em uma organização por 10 ou 20 anos. Se a cotação não se movesse depois de dois anos, ele caía fora. Isso não significa que Graham perdeu o barco; ele simplesmente não embarcou naquele que o teria transformado, como aconteceu com Buffett em 2008, no homem mais rico do mundo. Buffett, por outro lado, depois de iniciar sua carreira com Graham, descobriu a tremenda geração de riqueza de uma empresa que tinha uma vantagem competitiva de longo prazo em relação às suas concorrentes. Ele constatou que, quanto mais tempo você mantivesse sua participação em uma dessas companhias fantásticas, mais rico ficaria. Graham provavelmente teria dito que todas essas empresas têm cotações excessivas, mas Buffett percebeu que não precisava esperar que o mercado acionário oferecesse uma cotação de barganha e que, mesmo pagando um preço justo, poderia ficar riquíssimo com aquelas empresas. Ele desenvolveu um conjunto único de ferramentas analíticas para identificar essas empresas especiais. Embora baseado na velha linguagem de Graham, seu novo método possibilitava que ele determinasse se uma empresa podia sobreviver aos problemas que estava enfrentando no momento. O método de Buffett também informava se a empresa em questão tinha ou não uma vantagem competitiva durável que o tornaria riquíssimo no longo prazo. Ao fim do almoço, perguntei a David se ele julgava possível criar um guia sucinto e fácil de usar para interpretar as demons-1 rações financeiras de uma empresa utilizando o conjunto único de ferramentas que Buffett havia desenvolvido para descobrir aquelas companhias maravilhosamente rentáveis. Eu tinha em mente um livro direto e simples que ensinasse os investidores a interpretar as demonstrações financeiras de uma companhia e procurar os mesmos tipos de organização que Buffett. Um livro que não apenas explicasse o que são balanços patrimoniais e demonstrações do resultado do exercício, mas que apontasse o que os investidores devem procurar se, como Buffett, estiverem em busca de uma empresa que tenha uma vantagem competitiva de longo prazo. David adorou a ideia e, em um mês, começamos a enviar um para o outro os capítulos do livro que está em suas mãos agora. Esperamos que Warren Buffett e a análise de balanços o ajude a dar o mesmo salto qualitativo do megainvestidor, possibilitando que você vá além dos velhos modelos de avaliação de Graham e descubra, como Buffett, o fenomenal poder de geração de riqueza de longo prazo de uma empresa com uma vantagem competitiva durável em relação às concorrentes. Ao mesmo tempo, você vai se libertar das custosas manipulações do mercado financeiro e terá a oportunidade de se unir ao crescente número de investidores inteligentes de todo o mundo que estão se tornando tremendamente ricos ao seguir os passos desse investidor lendário e brilhante. Mary Buffett “Você precisa entender de contabilidade e deve compreender as nuances dessa ciência. Esse é o idioma dos negócios, um idioma imperfeito, porém, a menos que esteja disposto afazer o esforço de aprender contabilidade - como ler e analisar demonstrações financeiras -, não deveria escolher ações por conta própria.” Warren Buffett I. A grande revelação que fez de Warren Buffett a pessoa mais rica do mundo Para entender esta grande revelação, precisamos compreender a natureza das Bolsas de Valores e de seus maiores players. Embora preste muitos serviços para empresas, nos últimos 200 anos Wall Street também tem funcionado como um grande cassino no qual jogadores, ao modo dos especuladores, fazem grandes apostas na direção das cotações das ações. Em seus primórdios, alguns desses jogadores obtiveram grande riqueza e proeminência. Tornaram-se personagens interessantes sobre os quais as pessoas adoravam ler na imprensa especializada. O grande “Diamond” Jim Brady e Bernard Baruch foram apenas alguns dos que chamaram a atenção do público como grandes investidores de sua época. Em tempos modernos, os investidores institucionais - fundos mútuos, fundos hedge e sociedades de investimento - substituíram os grandes especuladores de antigamente. Os investidores institucionais se “vendem” para os clientes como analistas de ações altamente capacitados, alardeando seus resultados anuais como isca publicitária para um público míope e ávido por enriquecer rapidamente. Em geral, os especuladores do mercado acionário tendem a ser inconstantes, comprando quando as notícias são boas e caindo fora quando são ruins. Se a ação não avança em alguns meses, eles a vendem e saem à procura de outra. Os melhores jogadores dessa nova geração desenvolveram programas de computador complexos a fim de medir a velocidade em que uma cotação está subindo ou caindo. Se as ações de uma empresa estão subindo rápido o bastante, o computador as compra; se estão caindo rápido, o computador as vende. Isso cria muita movimentação de compra e venda de milhares de ações diferentes. Não é incomum para esses investidores informatizados comprar uma ação num dia e vendê-la no dia seguinte. Gestores de fundos hedge usam esse sistema e podem ganhar muitíssimo dinheiro para seus clientes. Mas há uma cilada: eles também podem perder altas somas. E, quando perdem dinheiro, os clientes (se ainda tiverem algum dinheiro sobrando) pegam o que sobrou e vão embora à procura de um novo analista que escolha ações para eles. Esse frenesi especulativo de compra e venda vem acontecendo há muito tempo. Uma das maiores agitações de todos os tempos, na década de 1920, fez com que as cotações das ações chegassem à estratosfera. Mas, em 1929, veio a quebra da Bolsa, levando as cotações a despencar. No início da década de 1930, um jovem e empreendedor analista de Wall Street chamado Benjamin Graham percebeu que a maioria dos mais famosos investidores em ações não dava a mínima importância para os aspectos econômicos de longo prazo das empresas que estavam comprando e vendendo. O único fator relevante era se as cotações das ações estavam, no curto prazo, subindo ou caindo. Graham também percebeu que, quando estavam dominados por seu frenesi especulativo, aqueles investidores às vezes faziam com que as cotações subissem até atingir níveis ridículos em relação às realidades econômicas de longo prazo do mercado em que as empresas atuavam. Também percebeu que aqueles mesmos famosos investidores às vezes provocavam a queda das ações a níveis insanos que, da mesma forma, não levavam em conta as perspectivas de longo prazo das companhias. Era nesses níveis insanamente baixos que Graham via uma oportunidade fantástica para ganhar dinheiro. Ele chegou à conclusão de que, se comprasse aquelas “empresas subvalorizadas”, com cotações abaixo de seu valor intrínseco de longo prazo, o mercado acabaria por reconhecer o seu erro e as reavaliaria para cima. Depois que isso acontecesse, ele poderia vendê-las com lucro. Essa é a base do que conhecemos hoje como investimento em valor. Graham foi o pai desse paradigma de investimento. O que temos de perceber, no entanto, é que ele, na verdade, não se importava com o tipo de empresa que estava comprando. Em seu mundo, toda companhia tinha um preço no qual se tornava uma barganha. Quando começou a praticar o investimento em valor nos idos da década de 1930, ele se concentrava em achar empresas que estivessem sendo negociadas a menos da metade do valor que elas tinham em caixa. Ele chamava isso de “comprar um dólar por 50 centavos”. Também aplicava outros parâmetros, como nunca pagar mais do que 10 vezes o lucro de uma empresa e vender a ação se ela subisse 50%. Se não subisse em dois anos, ele a vendia de qualquer jeito. Sim, a sua perspectiva era um pouco mais longa do que a dos especuladores de Wall Street, mas, na verdade, ele não tinha interesse algum na situação da companhia dali a 10 anos. Buffett aprendeu sobre investimento em valor com Graham na Universidade de Columbia, na década de 1950, e depois, pouco antes deste se aposentar, foi trabalhar para ele como analista em sua firma em Wall Street. Lá, Buffett trabalhou ao lado do famoso investidor em valor Walter Schloss, que ajudou a instruir o jovem Warren na arte de identificar situações de subvalorização, recomendando a leitura das demonstrações financeiras de milhares de empresas. Depois que Graham se aposentou, Buffett voltou para a sua Omaha natal, onde teve tempo de pensar sobre a metodologia de Graham longe da multidão enlouquecedora de Wall Street. Durante esse período, percebeu algumas coisas inquietantes nos ensinamentos de seu mentor.

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