ebook img

Universidade de Brasília Faculdade de Comunicação Departamento de Jornalismo Laura ... PDF

86 Pages·2014·2.16 MB·Portuguese
by  
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview Universidade de Brasília Faculdade de Comunicação Departamento de Jornalismo Laura ...

1 Universidade de Brasília Faculdade de Comunicação Departamento de Jornalismo Laura Veridiana Fleury Moreira Memorial do Produto Reportagem – RAP e poesia: diálogos urbanos Orientador: Gustavo de Castro Brasília 2014 2 UnB Universidade de Brasília Faculdade de Comunicação Departamento de Jornalismo Laura Veridiana Fleury Moreira MEMORIAL DO PRODUTO Reportagem RAP e Poesia: diálogos urbanos Projeto experimental de conclusão de curso apresentado à Universidade de Brasília (UnB) como exigência parcial para obtenção do grau de bacharel em Comunicação Social com habilitação em jornalismo, sob a orientação do professor doutor Gustavo de Castro. Brasília 2014 3 UnB Universidade de Brasília Faculdade de Comunicação Departamento de Jornalismo Laura Veridiana Fleury Moreira MEMORIAL DE PROJETO DE PESQUISA GRANDE REPORTAGEM ESCRITA: RAP e Poesia: diálogos urbanos Memorial referente a Projeto Experimental de Conclusão de Curso produzido como parte dos requisitos necessários para a formatura no curso de Comunicação Social, habilitação Jornalismo _________________________________________ Orientador Prof. Dr. Gustavo de Castro (FAC/UnB) ________________________________________ Examinador Prof. Fernando Oliveira Paulino (FAC/UnB) ________________________________________ Examinadora Profa. Márcia Marques (FAC/UnB) Brasília, 25 de junho de 2014 4 Agradecimentos Para a folha de agradecimentos não ficar maior que a reportagem, Agradeço aos que fazem por amor, aos que fazem pela arte. 5 “O que eu quero? O que faz eu me sentir mais vivo! Pois eu já me senti livre, hoje eu quero é sentir que eu livro” MC Marechal 6 RESUMO Esta é a memoria da construção da reportagem RAP e poesia: diálogos urbanos, incluindo toda a pesquisa que foi feita anteriormente sobre o tema e a pesquisa de campo, realizada nas capitais metropolitanas Brasília, Belo Horizonte e São Paulo no primeiro semestre de 2014. Por meio da pesquisa, procurei entender as relações concretas entre rap e poesia na cena urbana. Fenômenos das grandes cidades, o rap e a poesia marginal trocam valores, espaços e galeras. Contracultura, resistência, vivência poética, comunhão espiritual, arte. É disso que são feitos os saraus da periferia de São Paulo, as ocupações artísticas dos estudantes de Belo Horizonte, as batalhas de MCs de Brasília. Semanalmente, quinzenalmente, mensalmente esses jovens e esses velhos se encontram pra falar dos problemas diários, da correria, das paixões, das dores, de si mesmos e dos outros: poesia. Me debrucei principalmente sobre as características singulares e comuns ao rap e a poesia marginal atual, ou poesia urbana, ou poesia de rua. O rap já nasceu um gênero de música poético (ritmo&poesia), de mensagem, mais preocupado com o texto do que com a sonoridade. As grandes lições do rap são: o compromisso com o que se é escrito (responsabilidade), a métrica e o fluxo contínuo de informações melodiosas. As poesias curtas, irônicas, com jogos de palavras e muitas vezes agressivas da modernidade influenciam e são influenciadas pelo rap. Através da escrita e performance dessas poesias (spoken word), os jovens que conheci tomam para si o lugar de protagonistas das suas histórias e as dividem com o restante do grupo, que se fortalece com mais esse testemunho. A função social da arte e o papel social do poeta também são investigados. Palavras-chave: RAP, poesia de rua, poesia marginal, periferia, sarau, spoken word, hip hop. 7 SUMÁRIO 1. Introdução.............................................................................................................................08 2. Contextualização...................................................................................................................09 2.1. Origens: as rinhas de MCs e o poetry slam........................................................................09 2.2. Influências..........................................................................................................................11 2.3. Desenvolvimento...............................................................................................................12 3. Justificativa...........................................................................................................................12 4. Objetos de pesquisa...............................................................................................................13 4.1. O RAP....................................................................................................................13 4.1.1. Lugar de fala e tendências.......................................................................13 4.1.2. Histórico: o rap no Brasil........................................................................16 4.2. A poesia falada.......................................................................................................20 4.2.1. Definição.................................................................................................20 4.2.2. Histórico..................................................................................................20 5. Referencial teórico................................................................................................................32 6.Metodologia...........................................................................................................................36 6.1. Etapas de pesquisa..................................................................................................36 6.1.1. Pesquisa teórica e de contextualização....................................................36 6.1.2. Pesquisa de viagem..................................................................................36 6.1.2.Pesquisa de campo....................................................................................36 8.2. Cronograma de pesquisa....................................................................................................37 8.3. Orçamento..........................................................................................................................38 11. Referências bibliográficas...................................................................................................38 11. Outras referêcias.................................................................................................................39 12. Anexo: Reportagem Rap e poesia: diálogos urbanos (versão sem cortes).........................40 8 1. Introdução O intuito dessa grande reportagem escrita é retratar da melhor maneira possível o cenário atual que envolve rap e poesia nas grandes cidades. Os espaços em que essa relação ocorre são, principalmente, saraus, slams e batalhas de MCs. A diferença entre eles será detalhada mais à frente, mas o importante é o que os une: contracultura, resistência e vivência poética. Através dessas reuniões, que podem ser semanais, quinzenais ou mensais, os participantes trocam experiências, influências e força. A arte tem papel fundamental na formação pessoal, política e espiritual dessas pessoas, que encontram nos versos a melhor forma de se expressarem. Para isso, realizei vivências em São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, cidades que tem um forte movimento de rap e contracultural, e que eu considero representativas do cenário nacional urbano. Para entender o cenário atual, minha pesquisa se voltou para o surgimento do rap e da poesia falada e seus desenvolvimentos. Não foi surpresa descobrir que esses caminhos se cruzavam e estavam juntos desde o seu início. Foi a banda Last Poets uma das primeiras a gravar declamações de poemas sobre negritude em cima de tambores africanos, em 1970 lançaram o primeiro CD de spoken word, poesia falada. Mas também considerado um dos primeiros CDs de rap, ou que antecederam o rap. A banda era do Bronx e estava firmemente ligada ao nascimento do hip hop, na década de 1970. Com o surgimento do rap, vieram também as batalhas de MCs, disputas de rimas em que um Mestre de Cerimônia atacava o outro. Esse tipo de batalha também é antigo na poesia falada, e vai desde os trovadores até os nossos repentistas nordestinos. Tudo isso se junta com a influência da poesia modernista, concreta e marginal dos anos 1970. Jim Morrison, Chacal, Leminski se misturam a nova literatura periférica: Sérvio Vaz, GOG, Ferréz. 1.2. Tema A tendência de fusão entre espaços e grupos de rap e poesia nas grandes cidades. A arte como função social e o poeta como protagonista de sua própria história. O momento da performance da spoken word, o fenômeno do sarau nos dias de hoje, principalmente na periferia e como contracultura. 1.3. Objetos de pesquisa: RAP e spoken word. 1.4. Objetivos: realizar uma grande reportagem escrita sobre o tema pesquisado, que será publicada futuramente em formato virtual. Uma publicação impressa também será pensada após a conclusão do curso, para calcular gastos e possibilidades de distribuição para às pessoas e comunidades visitadas. Compartilho com vocês o resultado das minhas pesquisas sobre rap e spoken word. 9 2. Contextualização 2.1. Origens: as rinhas de MCs e o poetry slam As batalhas de rap surgiram no próprio berço do movimento hip hop: o bairro nova- iorquino do Bronx. Nos anos 70, nas ruas e nas festas do Bronx e de outros bairros latinos e jamaicanos de NY, jovens do gueto rimavam as carências e a violência do seu cotidiano, escreviam seus nomes e mensagens nos muros, tinham um jeito especial de dançar. Em 74, um dos padrinhos do movimento, o DJ Afrika Banbaataa cunhou o termo hip hop, estabelecendo seus quatro pilares: o rap, o DJing (discotecagem), a breakdance e o grafite. O hip hop, sendo um movimento cultural múltiplo, também engloba outros elementos da cultura negra dos guetos nova-iorquinos, como o beatbox (sons feitos com a boca que criam uma batida para acompanhar o rapper), a moda e as gírias. Todos esses elementos foram surgindo mais ou menos ao mesmo tempo e se influenciam mutuamente. A rima do rapper acompanha as batidas do DJ, para dançar essa música surgem os passos da breakdance, para se identificar as calças largas, para protestar, o grafite. Todos esses movimentos artísticos surgem como resposta às más condições de vida, ao preconceito, à negligência e à truculência com que os negros e os latinos são submetidos em seus guetos, onde a violência é o caminho mais curto para mudar de vida. Daí, o hip hop tem necessariamente uma característica social e política muito forte, de revolta e denúncia, mesmo que possa festejar e celebrar. Mesmo que o movimento hip hop tenha-se erguido como um todo em Nova Iorque, alguns de seus elementos de fato vieram da Jamaica com jovens emigrantes fugindo da crise econômica dos anos 1960. Um desses jovens foi especial na história do rap: o DJ Kool Herc, que introduziu os sistemas de som nas festas em galpões do Bronx. Esses sound systems já animavam os bailes nos guetos jamaicanos, onde toasters, verdadeiros mestres de cerimônia (MCs) comentavam os problemas da ilha em suas intervenções, mas também cantavam sobre sexo e drogas. Seu papel era animar e provocar o público. O toast, também chamado de canto falado é o predecessor do rap, e consistia em fazer versos ritmados sobre a batida das músicas instrumentais dos sound systems. Em Nova Iorque, o Ritmo&Poesia (tradução literal das siglas de RAP) se consolidou com a presença cada vez mais forte dos MCs nas festas. Aqui é importante diferenciar rapper de MC: rapper é todo aquele que faz rap, que canta rimas, mas a função do MC está mais ligada ao público, ele tem que saber improvisar rimas para lidar com as situações do momento e animar a festa. Mas no começo dos anos 1980, o MC Busy Bee movimentou a cena com rimas nem um pouco festivas ou animadas. Suas rimas agressivas eram direcionadas contra outros MCs, que logo exigiam seu direito de resposta. Essas batalhas de rimas free style (estilo livre, 10 improvisadas) causaram ainda mais comoção no público, que escolhia seu preferido através dos aplausos, e se popularizaram no rap. Segundo o escritor, educador social e membro da Zulu Nation (ONG fundada pelo DJ Afrika Banbaataa que faz trabalhos sociais ligados ao hip hop em comunidades pobres e violentas, tentando influenciar o comportamento das gangues), DJ TR, em seu site: “Cabe lembrar que pelo fato do hip-hop ser uma cultura criada um meio a desordem social, batalhas como estas estão presentes em todos os elementos do hip-hop, em formatações respectivas à cada atividade: no graffiti, existe a batalha de cores; no breakin’, no poppin’ e no lockin’, a batalha da dança; no DJ, a batalha de scratch; e no rap, a batalha de MCs...Ao contrários dos conflitos das gangues de rua, por disputas de território, estas batalhas só servem para entreter as pessoas e testar o nível de capacidade de cada competidor.” Na poesia, o caminho até as batalhas foi um pouco diferente. Os principais espaços de divulgação de poesias eram os saraus, prática do século XIX que reunia a elite em torno de apresentações de música, dança, teatro, poesia e diversos tipos de arte. Até que em 1986, em Chicago, o operário e poeta Mark Smith começou a organizar com outros artistas noites de performances poéticas ou poesia falada em clubes e escolas de seu bairro. Os poetas apresentavam suas obras e as melhores poesias eram escolhidas pelo público. Nascia o slam poetry, a batalha de poesias. As competições atraiam cada vez mais pessoas e a prática logo se espalhou por outros estados americanos, culminando no primeiro National Poetry Slam em 1990. O slam passou a ser praticado em outros países e em 2002 houve o primeiro campeonato internacional em Roma. Hoje a principal competição internacional é a Coupe du Monde de Poesie Slam, em Paris (a França é o segundo maior consumidor de rap no mundo, depois dos EUA). A principal estudiosa do fenômeno slam no Brasil é Roberta Estrela D’Alva, que aborda o assunto em seu artigo Um microfone na mão, uma ideia na cabeça – o poetry slam entra em cena, de 2011, pela PUC de São Paulo. Sobre seu trabalho há 14 anos com o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, que mistura teatro com hip hop, Roberta também escreveu a tese A performance poética do ator-MC, em 2012, também pela PUC-SP. Com características do rap, as batalhas de poesia integram performance, discurso e poesia. São espaços mais abertos, dinâmicos e descontraídos do que os saraus, atraindo artistas independentes e um público diverso. A intenção do criador do slam era popularizar e poesia falada e até hoje todo slam é aberto ao público e geralmente também tem um júri popular, o que o aproxima ainda mais do rap. Em um slam, os competidores levam suas próprias poesias e podem se inscrever na hora, fazem sua apresentação artística (geralmente não é permitido acompanhamento musical ou adereços e figurino) e recebem sua nota do júri popular, escolhido aleatoriamente entre os presentes. Os melhores passam para a próxima etapa e são eliminados até o melhor slammer ser escolhido. Para Roberta Estrela D’Alva o diálogo de diferenças é o ponto central dessa manifestação:

Description:
(MCs) comentavam os problemas da ilha em suas intervenções, mas também cantavam sobre sexo e drogas. de Aldous Huxley “The Doors of Perception”, de 1954, sobre suas experiências com I hope you go out smiling.
See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.