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Um Ator Errante PDF

113 Pages·1999·26.047 MB·Portuguese
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& UM ATOR }U-RRANTE -="""'~""'~.~ u_aXavierdeCT~~dO, ao Paulo _ 234 S/L ~~~fones:01048.000 4.3325/ -3646/21 Fax:Ra 4•3647 wwlb mal23 . usedbook oldbook@ shop.comb zaz.com.br . r CRÉDITOS Título do original:Ali ActorAdrift Copyright © 1992 Yoshi Oida com LornaMarshall Direitosdesta tradução parao Brasiladquiridos de Methuen London Tradução:MarceloGomes Preparaçãodos originais:Adalberro Luísde Oliveira Revisão:Silvana Vieira Projetogrãfico: UlhôaCinrra Comunicação Visual e Arquitetura Todos os direitos desta edição adquiridos por .Beca- ProduçõesCulturais Lrda. RuaCapote Valente,779 CEP 05409-002 Pinheiros São Paulo SP Fone :(OII) 282-5467 Fax :(OII) 881-8829 e.mail :[email protected] Dados InternacionaisdeCatalogação naPublicação (CIP) (Cãmara Brasileirado Livro.SP. Brasil) Oida,Yoshi Um atorerrante/Yoshi Oida;comacolabo raçãodeLorna Marshall; prefácioPeterBrook; traduçãoMarceloGomes.- SãoPaulo:Beca ProduçõesCulturais. 1999. Títulooriginal:Anactoradrift. 1.Artedramática- Teatro2.Atores Japão- Biografia 3.Oida,YoshiI.Marshall, Lorna.11.Título 99-2016 COO-927.92 índiceparacatálogo sistemático: 1.Japão:Atoresdeteatro:Biografia 927.92 ISBN 85-87256-03-3 Para Hugh j}IcCormick, que não mais existe. NOTA DOS EDITORES Este livro foi publicado originalmente naInglaterra,com otítuloAnActorAdri/t, em 1992, com reimpressões em 1994 e 1996. Em 1992 foi publicadaa tradução francesa, com o título L'Acteur Flottant. A presente tradução brasileira se baseia na edição inglesa. No entanto, foi feita uma confron tação com a edição francesa, que possui alguns acréscimos evariações em relação aooriginal inglês. A tradução brasileira incorporouasalterações intro duzidas na edição francesa que foram consideradas como enriquecedoras, tanto factual quanto concei tualmente. O título daedição francesa,embora mais poéti co, não expressa o real significado do título origi nal. Cogitou-se de usar,em português, "Um Atorà Deriva",que, embora mais preciso,poderia passar a idéia de desamparo e passividade. Optou-se, finalmente, por "Um Ator Errante", queexpressao nomadismo indagativodo autor,que o levou pelo mundo em busca de sua realização como ator e como ser humano. demos que o aluno deve estar abaixo do mestre. Eu I não tinha escolha." A partir de então, muitas coisas mudaram. Yoshiéum companheiro,umamigoesempre, aseu modo, um mestre. Passamos juntosporvárias aven turas e não consigo nem pensar na exploração de qualquer novo território sem Yoshi, sempre pronto a orientar, conduzir ou seguir o que quer que seja conforme a necessidade da situação, com um talen to e uma destreza que, embora tenham sido forma dos noJapão, são essencialmente seus. uat 11m de Ainda hoje muitagente me pergunta: "Porque t disse-me Jean-Louis Barrault. A um grupo internacional? Qual a utilidade parapes porta de seu escritório se abriu e, em vez de uma soas de diferentes culturas trabalharem juntas? Isso impressionante figura de quimono que eu mais ou é possível?". O livro de Yoshi - no qual estão uni menos esperava ver, o homem que entrou era bas das tanto sua pesquisa de ator quanto a do sentido tante pequeno, e estava vestido formalmente de de sua vida - ilumina essasquestões através de sua terno e gravata. Não falava nada de inglês, nem própria experiência pessoal. francês, mas expressava-se de uma outra maneira. Um dia Yoshi me falou a respeito de umas Ele se curvou uma, duas, três vezes - senti que o palavras de um velho atorde kabuki: "Posso ensinar compreendia. E quando lhe perguntei sobre fazer a um jovem ator qual o movimento para apontar a parte de nosso primeiro workshop internacional, lua. Porém, entre a ponta de seu dedo e a lua a Yoshi inclinou-se concordando. No primeiro dia, responsabilidade é dele". E Yoshi acrescentou: estavam reunidos mais ou menos uns vinte atores e "Quando atuo, o problema não está na beleza do atrizes vindos de diferentes países e, para quebrar o meu gesto. Para mim, aquestão é uma só: será que gelo e estabelecer uma atmosfera informal, senta o público viu a lua?" mo-nos no chão. Como meus músculos estavam Com Yoshi, eu vi muitas luas. tensos, peguei para mim uma almofada e percebi que Yoshi sentava-se bem a minha frente, ereto, Peter Brook numa perfeita posição de lótus. Depois de um Paris, 1992 tempo, mudei de posição, apoiando-me num dos braços. Para minha surpresa, Yoshi fez a mesma coisa. No final do dia, eu estava esparramado, apoiado em meus cotovelos e constatei o pobre Yoshi completamente estirado no chão. Algumas semanas depois, perguntei-lhe se ele gostava de ficar deitado como vinha fazendo. "De maneira nenhuma", ele respondeu. "Acontece que você é o mestre. Desde muito pequenos, no Japão, apren- (() 11 -------------------- _ ...,. E é desta maneira que revisita algumas zonas PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA pouco exploradas da arte do ator. Livre dos modismos, permanentemente em ~uarda e em sintonia com seu tempo, ele fala do teatro como quem busca, através dele, um sentido para a vida: com o conhecimento do passado e pés fincados no presente para alavancar o salto que ilu mina o futuro. Francisco Medeiros "O VERDADEIRO TEAT RO NASCE OUANDO O ATOR CON SEGUE /JESENROLAR UAI PIO INVISíVEL EN T RE SEU PRÓ PRIO SENTIDO DO SAGRADO E O DO PÚBLICO." É difícil encontrar um ator que escreva bem. Assim como não é muito comum encontrar intérpretes de reconhecido talento que tenham poder de síntese e clareza ao tentar reflexões sobre sua arte e sobre o mundo. É no palco que os atores revelam toda a sua sa bedoria e poder de comunicação. Neste sentido YOSHI OIDA é uma exceção. Pois além de ter conquistado reconhecimento internacional como ator,diretor, dramaturgo epro fessor - e de ter trabalhado ao lado de grandes no mes da cenacontemporânea -, revela-se neste volu me um refinado escritor. Viajante obcecado, buscador incansável, Yoshi conquistou também a sabedoria de expressar-se com invejável simplicidade. 12 13 INTRODUÇÃO Às rezes acordo de If/(ldrllgada e me sinto completamente perdido. Flutuo no espaço como se não pertencesse ao meu corpo. Nesses mo mentos, eu me pergunto apavorado: será que este lugar é perigoso? Onde estou exatamente? Soboimpériodo medo, lutopara retomaracons ciência. À medida que começo a perceber alguns ruídos e a olhar a meu redor, recupero a memória. Pouco apouco, lembro-medo lugaronde estou eas razões pelas quais ali me encontro. Essesentimento de desorientação pode ocorrer-me em qualquer lugar: na coucbette de um trem noturno, em alguma parte da Índia ou deitado numa cama de campanha nos arredores de um vilarejo africano, dormindo a céu aberto sem ter sequer aproteção de uma tenda. Enquanto vou acordando, lentamente, meu olfato, por sua vez, se recompõe. Cada lugar possui um aroma particular. A Índia tem o seu, bem como os desertos da Arábia ou Paris. Uma vez reconfortado pelos sons, visões e aro mas, faço esforços para me localizar em alguma partedo globo terrestre. Ora,o mapaque tenho em mente não é mais o de minha juventude, em Tóquio, cujo centrodo mundoera oJapão. Naquele 15 mapa, a América estava localizada à extrema direi fazrespondergeralmenteoseguinte: "Ao contrário, ta, depois do Oceano Pacífico, com Nova Iorque no vocês éque são corajosos de ainda suportar aspres outro extremo, à direita. À esquerda do Japão, sõesde umasociedade rígida, osgolpes baixos aque havia a China e a Índia, depois a Europa, e enfim se expõem os que se desenvolvem no círculo fecha Londres, bem na ponta. Hoje não é mais este mapa do do mundo do teatro, e todos os pudores que ali que evoconomeudespertar, mas aqueledo Ociden estão. Apesarde tudo, vocêscontinuam a trabalhar. te cujo centro é a Europa e onde oJapão é apenas Eu mesmo jamais teria coragem de fazê-lo. É só visível no lado de cima, à direita. Essa coleção de porque sou um indolente que decidi abandonar o ilhotas do outro lado do mundo, para mim, trans Japão para trabalharcom osocidentais. Naverdade, formou-se realmente no Extremo Oriente. eu poderia ser tachado de refugo da sociedade". Hoje sei posicionar-me em qualquer ponto do Regularmente encontro japoneses em Paris que globo sem a necessidade de ter oJapão como refe declaram: "Desfiz-me de tudo que tinha no Japão rência. Mas a sensação de flutuar no espaço como antes de vir para Paris. É na França que quero ser uma medusa à deriva persiste, fazendo nascer uma enterrado". nova fonte de angústia. Para além desta cama onde Para mim é diferente. Não quero morrer aqui. estou deitado, tudo me parece estranho. Por que Aceito perambularpelo mundo, mas tenho necessi estou só?E porque neste lugar? Porque, na minha dade de voltaraoJapão. E, mais precisamente, à re idade, ainda não tenho casa, nem família? Que seré gião de Osaka, onde nasci. Não consigo explicar este no qual me transformei, jogado para lá e para precisamente o porquê desse sentimento, mas é lá cá, como uma alga flutuante? Nas cidades e vilare que quero terminar meus dias. josdo interior, ascrianças me apontam odedo, gri É verdade que, quando deixei o Japão, nem tando: "Um chinês! Um chinês!" Afinal, oque fize pensava nessa históriade sepultura. Fui emboraem ram os orientais para merecer tal tratamento? Até abril de 68 em plena revolução esrudantil. Um belo os adultos, às vezes, também reagem assim. Às dia, a atriz Teruko Nagaoka entrou em contato vezesme acontecede entrarem alguns bares eouvir comigo: "Tenho uma proposta para te fazer. Você que o estabelecimento está fechado. Nas cidades quer ir a Paris? Não conheço todos os detalhes do grandes, onde o turismo atrai muitos de seus com projeto, mas vou te dizer mesmo assim. O professor patriotas, o japonêsésempre bem-vindo, desde que de literarura francesa, Rikie Suzuki, recebeu uma esteja de passagem. A partir do momento que carta de Jean-Louis Barrault, diretor do teatro decideficar,tudo muda. Finalmente, éapenas como Odéon em Paris. Ele precisa de um ator japonês. encenador, ou ator, quer dizer, no teatro, que sou Todos os anos, Barrault organiza um festival inter tratado em pé de igualdade. Um campeão de caratê nacional de teatro, Le Théâtre des Nations. Neste talvez tenha maior consideração, gozando de mais ano, convidou Perer Brook, um dos encenadores da prestígio, enquanto que o japonês comum é visto Royal Shakespeare Company, que está com a sempre como um intruso. intenção de montar uma versão experimental de A Muito freqüentemente, atores amigos meus, de Tempestade com atores americanos, franceses e um passagemporParis, cumprimentam-me: "Vocêtem japonês. Tinham em mente um ator de teatro nô, coragem de trabalhar com esses estrangeiros, num como Hisao Kanze, ou de kyôgen, como Mansaku contexto tão diferente daquele doJapão", oque me Nomura, porém osdois estão comprometidos e não 16 17

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