O Tempo e o Outro Scanned by CamScanner Claude l^vi-Straow - Os ritos de passage*1 Arnold van Gennep ^Amentctoxrkummopnmttw •'<’o««lW lrZ % ^ ' «-*** Clifford Geertz _ O mito, o ritual c o oral & to **** «**>«* M l * - H ~ « * '« - Clifford Geertz . . . A.R. Radcliffc-Brown . - O/mww ’*»«'" *'™ 0OT' f ‘”’Mstmmm Victor W Turner repressao na sociedade selvagem - ? Bronislaw Malinowski - Padrdes de cultura ^ T Z p T o u rro - Com a anProp^ia estabdece seU objao Johannes Fabian Dados Internacionais de Cataloga^ao na PublicaSao (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil)_________ : como a antropologia estabe.ece seu objeto / Johannes Fabian ; com prefacio de Matri Bunzl; tradu?ao de Denise Jardim Duarte. - Petropolis, R) : Vozes, 2013. - (Colecjao Antropologia) Tftulo original : Time and the Other : how anthropology makes its ob)ect Bibliografia ISBN 978-85-326-4595-1 1. Antropologia - Filosofia 2. Tempo I. Bunzl, Matri. II. Titulo. III. Sene. J 3-05079 CDD-306.01 Indiccs para catalogo sistematico: 1. Antropologia critica 306.01 Scanned by CamScanner Johannes Fabian O Tempo e o Outro Como a antropologia estabelecc seu objeto Com prefacio de Matti Bunzt Tradu^ao de Denise jardim Duarte m EDITORA ▼ VOZES Petr6polis Scanned by CamScanner r i 19 8 3 ( /oJum bu (,‘n j7t,f :>jr, I'f' lime and the Other Uw Anttm/p*A/#y mart, itt ^ m T fru lo tit' origin al ingles: Hsra edi^ao cm lingua portugucsa e iiiim tradu^o <U ' ttrr.rs* ;, espccialmentc aurorizada pelo editor original. </Ann Am \ U //miry fVr/. fa* D ircito s de p u b lk a ^ io cm l/ngua jx/rt 1 ... 2 0 1 3 , i-xlitora Vo//"> 1,1 da Hlj.j Jtcj Luis J<>0 2 5 6 8 9 9 0 0 ftrro p o li*, J 'j In tern et http //www vo/e* corn br lirasjJ <A>n T o d o s os d ircitos rcscrvad os. N en h u m a p arte desta p r*Jera vrr rcpr/xiuzida ou transm itid a p o r q u alq u cr fo rm a e/ou q u aisq u cr m ew * <clctr/>nico o u m ccin k o , inelu ind o fotocop ia e grava^ ao) o u arqu ivada cm q u ak ju er /ju b an co d c dado* scm p erm issao cscriiJ d^ ed itors Diretor editorial J rci A n to n io M o ser Kdi tores A line d os San to s C arn eiro Jose M aria da Silva L id io Pererri M arilat L o rain e O lem ki Secretario executivo Jo ao B atista K reu ch EditorU(do : H ernando Serg io O liv etti da K /jcha Projeto grafico: Sheiland rc D escnv G rafico Capa I-elipc Sou/a A spectos Imagem da capa : N u stra^ o bascada cm Into dc 1924 dc G eorge B row n, D D do C hefe G aganarnole e m ulher, na ilha (Jobu , Papua N ova G um e ISH N 9 7 8 -8 5 -3 2 6 -4595-1 (ediy2o brasileira; ISB N 9 7 8 -0 -2 3 1 - 12577-2 (edi^ao n orte-am crican a; Editado con forme o novo acordo ortogricifico Este livro foi composto e impresso pda Hditora Vozd I.tda. ► Scanned by CamScanner Para meus pais e para Ilona. * i Scanned by CamScanner Sumario fnrriutufm pnm () Ump„ c „ ( s„ „ „ „ rf(. cnftcff, 9 r 1 por Matri Him/,I l*ref(iiio fmra a nrdt^io, 31 I’rejimo <■ ittjradcrimcntos, 33 1 C) Tempo e o ()utro emergente, 3*J Do tempo sagrado ao secular: o viajaiue tllosotico, 40 Da Imtoru a evolu^io a naturali/a^ao do tempo, 4K Algims usos do tempo no disairso antnjpoloKit/o, S7 hizendo um balant^o: o discurso antropologico e a nega<,ao da coetaneidade, 61 2 Nosso tempo, o tempo deles e nenhum tempo A coetaneidade ncgada, 71 Contornando a coetaneidade; a relatividade cultural, 72 Anulando a coetaneidade: taxonomia cultural, H5 3 () tempo e a escrira sobre o ()utro, 100 Contradit,'ao: real ou apnrente, 101 remporali/,a<,ao: meio ou lim?, 103 () Tempo e o tempo verbal: o presente ctnograiko, 108 No men tempo: a ctnografia e o passado autobiognifico, I 14 Politica do Tempo: o lobo temporal cm pelc de cordciro taxonomies, 122 , 4 () Outro e o olhar - () Tempo e a retorica da visao, 129 Metodo e visao, 130 Scanned by CamScanner hsji.KjO c mcjiuVij: o topoi do disuirso, 132 A logica como arranjo: o conhceimcnto visivel, 137 Vide et itnpem : o Outro comt) objeto, 140 uO sfmbolo pcrtcncc ao Oricntc": a antropologia snnbolica na estetica dc Hegel 145 () Outro como lione: o caso da “antropologia simbolica”, 152 5 Conclusoes, 160 Retrospectiva e sumario, 161 Temas dc debate, 16S Coetaneidade: ponrus de partida, 172 Rcfermcms cttadas, 1S i indice, 201 Scanned by CamScanner I Introduce) para O Tempo e o Outro, de lohannes Fabian Sfnteses de uma antropologia critica* Matti Bunzl Publ.cad„ pda prime,ra vcz em 1983, O Tempo e o Outro, dc Johannes Fabian, mis In T ° t^ OS|1,vros dc antropologia eritica que, ao longo das ulti- r J “ S' .gradualmcntc Pass™ a "cupar o centra da disciplina. Mas, com,, textos can°nicos escritos ncsta rradi^ao (cf. CLIFFORD & MARCIK 6 1986; MARCUS 8c FISCHER, 1986; CLIFFORD, 1988; ROSAI.DO, 1989) Tempo e o Outro continua a possuir rclcvanca tconca, commando o sabor radical de uma poemica urgentc. Elogiado por mmtos con,,, uma critic pioncira do projeto antropologico, ao pass,, que reccbido com apa-ensao por outros, cm ftincao dc sua intransigente postura eplstcmol6gica, tomou-se um marc, no panorama teorico da antropologia contemporanea. A introduce scguintc vai dc uma cxposicao do amu- mcnto do hvro c uma analise dc sua relate com os cscritos antcriorcs dc Fabian a a>~a° ,la anrroP°logia eritica da decada de 1970 c im'cio dos anos dc 1980. O ensaio c conclmdo com uma breve visao gcral dos desdobramentos antro- pologicos, na estcira da publica?ao inicial dc O Tempo e o Outro. O argumento O Tempo c o Outro e um rclato historico da fun^ao constitutiva do tempo na antropologia anglo-americana e francesa. Em contraste com proeminentes rclatos etnograficos de sistcmas tcmporais culturalmente determinados (cf. EVANS-PR1T- CHARD & BORDIEU, 1977), o projeto critic,) de Fabian opera’cm um mvel eoncctual, interrogando e problematizando o descnvolvimento e os usos do tempo * Para sua instancia^ao inicial, essa introdu^o foi cscrita e publicada em alemao (cf. BUNZL, 1998) O presence texto e uma vcrsao rev,sea e ligciramcnte amptiada do original, que foi traduzido para o ineles por Amy Blau. b Scanned by CamScanner como tal. Ncssc sentido, O lbttpo e o Outro funciona ran to como uma meta-a T do projeto antropologia) em geral quanto como uma de scons tru<,\io dc suas c * rantes forma<j*6cs temporals. ' Ct' O arguniento dc Fabian e motivado por uma eontradi^ao inercntc a disci I antropologica: por um lado, o conhccimcnto anrropologico e produzido no dc rer do trabalho dc campo por meio da comunica^ao intcrsubjcriva cnrrc ant ^ logos c interlocutorcs; por outro, formas tradicionais da ctnografia representatiT rcquerem a supressao constitutiva das rcalidadcs dialogieas que gcram conhccim * ' tos antropologicos cm primciro lugar. Nos discursos objctificantcs dc uma antr pologia cientificista, os “Outros’\ assim, nunca surgcm como parcciros imediatos em um intercambio cultural, mas como grupos espacialmcnte - e, dc forma mai import ante, temporalmente - distanciados. Fabian dcnomina cssa discrepancia cntre a esfera intcrsubjctiva do trabalho dc campo c o rcbaixamcnto diacronico do Outro nos textos antropologicos como “uso esquizogenico do Tempo”, e explica a ideia da seguinte maneira: Crcio que se possa demonstrar que o antropologo no campo muitas vezes emprega concep^oes dc Tempo bastante diferentes daquelas que atualizam relatorios sobrc suas descobertas. Ademais, argumentarei que uma analise critica do papel que ao Tempo e dado desempenhar, como condi^ao para a produ^ao de conhccimcnto etnografico na prarica do trabalho de campo, dcve servir como ponto de partida para uma critica do discurso antropolo- gico em gcral (21). Em O Tempo e o Outro, a interroga^'ao sobrc o uso esquizogenico do tempo re- presenta o imcio de uma critica global do projeto antropologico. Porque a discrcpan cia cntrc o trabalho dc campo intersubjetivo e o distanciamento retorico do discurso etnografico leva Fabian a uma compreensao da antropologia como uma disciplina inerentemente politica — uma disciplina que ao mesmo tempo constitui e rebaixa seus objetos por meio de sua relcga^ao temporal. Fabian sc refcre a esse fendmeno constitutivo como a “ncga^ao da coetaneidade11' - um termo que sc torna o vcrniz para uma situa^ao na qual a localiza^ao hierarquicamente distanciada do Outro su- prime a simultaneidade e a contemporancidade do encontro etnografico. As estruai- ras temporais assim constituidas, dcsse modo, colocam antropologos c seus leitores em uma estrutura dc tempo privilcgiada, ao passo que dcstcrram o Outro para um estagio de desenvolvimento inferior. Esta situa^ao e, cm ultima analise, exemplifica- da pela explora^ao de tais categorias essencialmente temporais como “primitivas”, para estabelecer e delimitar o tradicional objeto da antropologia. 1. Fabian implanta a denomina^ao “coctaneidadc” com o intnito dc consolidar cm um termo angliciza- do a no^ao alema dc “Cleichzeitijfkeii”, uma caregoria fenomcnologica que dcnota tanro a contcmpora- ncidade como a sincronicidadc/simultancidadc (31). 10 J Scanned by CamScanner Fabian denomina tais nega^oes de coetaneidade como v'o akxTonismo” da an tropologia (32). Ao mesmo tempo o produto dc um etnocentrismo arraigado c a ideologia capacitadora dos discursos sobrc o Outro, a orienta<,ao alocronica antro pologica surge como a problematica central da discipline. O projeto dc Fabian em O Tempo e o Outro decorre dessa premissa, tundindo uma genealogia critica do dis curso alocronico na antropologia a uma polemica contra a sua reprodu^ao irrctletida. Fabian apnesenta sua critica ao alocronismo no contexto dc uma analise abran- gente da fun^ao dos sistemas temporais nos discursos cienti'ficos do Ocidente. No primeiro capitulo de O Tempo e o Outro, ele rastreia a transformagao do tempo, da seculariza^ao inicial do conceito judaico-cristao de historia a sua revoluciona- ria naturalizagao, no decorrer do seculo XIX. O estabelecimento da antropologia como uma disciplina autonoma, na segunda metade do seculo XIX, baseava-se nessa transforma^ao. A doutrina evolutiva da disciplina - constitmda na interse^ao do cientificismo, a cren^-a iluminista no progresso e o etnocentrismo colonialmente ve- lado - por sua vez codificou a orienta^ao alocronica da antropologia. Dessa forma, categoriza^oes cientificas contemporaneas, como “sclvagem”, u,barbaro” c “civili- zado significavam estagios dc dcsenvolvimcnto historico. Concebendo a historia mundial cm termos dc progresso universal, cssa logica alocronica identificava e re- presentava os “sclvagens1 do final do seculo XIX como “sobrcviventes” - habitantes de estados mais ou mcnos remote>s dc dcscnvolvimcnto cultural. Ao mesmo tempo, o alocronismo da antropologia estabclccia um Ocidente “civilizado” como o auge do progresso humano universal, um argumento que ajudou a legitimar diversos projetc )s imperi a 1 istas. Fabian percebe o alocronismo fundacional da antropologia como um proble- ma permanente. Quanto ao ponto dc partida dos paradigmas antievolucionarios na antropologia do seculo XX, nao obstante, cle considera a relega^ao do objeto etno grafico a um outro tempo como o elemento constitutivo do projeto antropologico em geral. Fabian fundamenta esta tese, no capitulo 2, por meio da analise de duas orientates teoricas dominantes: o relativismo cultural anglo-americano c o estru- turalismo dc Levi-Strauss. Nessas avalia^oes criticas (seguidas, no capitulo 4, por um exame similar da antropologia simbolica), Fabian identifica a nega^ao da coe taneidade e a intersubjetividade etnografica como elementos constitutivos de uma antropologia que legitima a si mesma pela cria^ao dc hierarquias temporais globais. Essas leituras desconstrutivistas sao corroboradas, nos capitulos 3 e 4, por analises agu^adas de Fabian sobre as formas cstrategicas de representa^ao e as bases epistcmo- logicas do discurso alocronico. Em rela^ao a representa^ao do Outro, Fabian reconhe- ce o “presente etnografico” (a “pratica dc prcstar conta dc outras culturas e sociedadcs no tempo presente” [ 80j) e a elimina^ao textualmente imposta da voz autobiografica do antropologo como as figuras retoricas centrais do alocronismo. Como cle demons- tra, o presente etnografico indica uma realidade dialogica - uma rcalidadc, no entanto, Scanned by CamScanner
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