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Spinoza em 90 minutos PDF

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F I L Ó S O F O S em 90 minutos . . . . . . . por Paul Strathern Aristóteles em 90 minutos Berkeley em 90 minutos Bertrand Russell em 90 minutos Confúcio em 90 minutos Derrida em 90 minutos Descartes em 90 minutos Foucault em 90 minutos Hegel em 90 minutos Heidegger em 90 minutos Hume em 90 minutos Kant em 90 minutos Kierkegaard em 90 minutos Leibniz em 90 minutos Locke em 90 minutos Maquiavel em 90 minutos Marx em 90 minutos Nietzsche em 90 minutos Platão em 90 minutos Rousseau em 90 minutos Santo Agostinho em 90 minutos São Tomás de Aquino em 90 minutos Sartre em 90 minutos Schopenhauer em 90 minutos Sócrates em 90 minutos Spinoza em 90 minutos Wittgenstein em 90 minutos SPINOZA (1632-1677) em 90 minutos Paul Strathern Tradução: Marcus Penchel Consultoria: Danilo Marcondes Professor-titular do Deptº de Filosofia, PUC-Rio SUMÁRIO . . . . . . . . . . . Sobre o autor Introdução Vida e obra Posfácio Citações-chave Cronologia de datas significativas da filosofia Cronologia da vida de Spinoza Leitura sugerida Índice remissivo SOBRE O AUTOR . . . . . . . . . . . Paul Strathern estudou filosofia no Trinity College de Dublin, lecionou filosofia e matemática na Universidade de Kingston e é autor das séries “Filósofos em 90 minutos”, traduzida em diversos países, e a mais recente “Cientistas em 90 minutos”. Escreveu cinco romances (entre eles A Season in Abyssinia, ganhador do Prêmio Somerset Maugham), além de biografias e livros de história e viagens. Jornalista free-lance, colaborou para o Observer, o Daily Telegraph e o Irish Times. Tem uma filha e mora em Londres. INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . Spinoza é o filósofo dos filósofos. Construiu um sistema metafísico de beleza surpreendente, brilhante, tanto mais que não se inspira nem na realidade nem na experiência. Era um homem profundamente religioso, embora aparentemente não professasse nenhuma fé específica. Sua filosofia é permeada pela idéia de Deus e ele mesmo viveu uma vida de santo. Conseqüentemente, foi abominado em vida por todas as religiões e, após a morte, suas obras seriam difamadas, perseguidas e queimadas. Hoje em dia, quando não se exige mais dos filósofos a crença em Deus, quando eles levam — como todos nós — vidas escandalosas e têm que prestar atenção na realidade, Spinoza é tido como o filósofo exemplar. Se eventualmente for canonizado, será o padroeiro dos hipócritas. A essência da filosofia de Spinoza é o seu sistema totalizante, que tudo abarca. Este situa-se entre o mundo hierarquizado da certeza medieval e a crença emergente no poder da razão como único meio de atingir a verdade. Tal sistema, produzido matematicamente, encara Deus como Natureza (Deus sive Natura). A partir de suposições básicas (definições, axiomas) e uma série de demonstrações geométricas, constrói um universo que vem a ser igualmente Deus. É o exemplo clássico de panteísmo: a crença de que Deus e o universo são uma coisa só. O que teve curioso reflexo na moderna hipótese de Gaia, que vê nosso planeta como um vasto e único organismo ou uma célula auto-regulada. O sistema de Spinoza leva também a uma ética holística semelhante à que defendem os ecologistas modernos. Maltrate o mundo e você estará maltratando Deus; maltrate os outros e estará maltratando a si mesmo. A teoria política de Spinoza também estava muito à frente de seu tempo. Ele acreditava que o propósito do Estado era apenas proteger o indivíduo de modo a que pudesse livremente desenvolver a si e a suas idéias através da razão iluminista. A abordagem teísta e sistemática de Spinoza faz de sua filosofia uma anacrônica raridade. Ironicamente, as conclusões que tirou desse antiquado sistema estão profundamente afinadas com o pensamento moderno — do campo científico à política. Tanto o sistema como as conclusões são de uma beleza sem par na história da filosofia. Se a beleza é a verdade e a verdade é a beleza, como proclamou Keats, a filosofia de Spinoza é tudo o que sabemos e precisamos saber. VIDA E OBRA . . . . . . . . . . . Baruch (Benedito) de Spinoza nasceu em 4 de novembro de 1632 em Amsterdã. Descendente de judeus portugueses sefarditas, seu sobrenome deriva da cidade de Espinoza, no noroeste da Espanha. A família emigrou para a Holanda e pôde abandonar o pseudocristianismo a que era forçada pela Inquisição, voltando ao judaísmo de seus antepassados. O pai de Spinoza era um mercador bem- sucedido e a família morava numa casa elegante do Burgwal, perto da Velha Sinagoga Portuguesa. A mãe, também de Portugal, morreu de parto quando Benedito tinha 6 anos. A infância de Spinoza foi marcada por perdas e aflições familiares. Tinha 22 anos quando morreu o pai, depois de enterrar três esposas e quatro filhos. Criado à sufocante maneira judaica da época, Spinoza era obrigado diariamente a estudar horas a fio a Bíblia (o Velho Testamento cristão) e o Talmude (o abalizado repositório da tradição judaica). Apesar do tédio terrível de um currículo tão severamente limitado, parece que o menino gostava dos estudos e o pai achou que ele se tornaria rabino. Fora do horário escolar, foi estimulado a tomar aulas de latim e grego antigo. Parece que a realidade e o mundo moderno tiveram na sua educação papel tão insignificante quanto, mais tarde, na sua filosofia. Mas Benedito Spinoza não era um jovem antiquado. Os estudantes judeus de pensamento independente começavam a se irritar com as restrições da ortodoxia — sentiam que suas exigências espirituais ultrapassavam as de uma pré-histórica tribo de nômades asiáticos e passaram a questionar a Bíblia. Os líderes da comunidade judaica preocupavam-se profundamente com essa tendência. As Províncias Unidas dos Países Baixos eram uma sociedade tolerante — mas apenas se comparadas à mentalidade Ku Klux Klan que predominava no resto da Europa. (Foi a Inquisição espanhola desse período que inspirou o ridículo uniforme da Ku Klux Klan.) Os judeus ainda não eram cidadãos na Holanda e críticas judaicas à Bíblia poderiam ser vistas como ataques ao cristianismo. Assim, a reação das autoridades judaicas não foi nada simpática quando Spinoza começou a fazer ponto em volta da sinagoga divulgando suas idéias pouco ortodoxas. Segundo ele, os autores do Pentateuco (os cinco livros iniciais da Bíblia) eram simplórios do ponto de vista científico e também do ponto de vista teológico. Não bastasse isso, o jovem de 22 anos passou a dizer também que não havia provas na Bíblia de que Deus tinha corpo, de que a alma era imortal ou de que os anjos existiam (o combate de Jacó supostamente foi uma espécie de ataque epilético). Era praticamente impossível argumentar com aquele jovem brilhante. Então as autoridades resolveram experimentar uma tática diferente. Primeiro tentaram silenciá-lo com ameaças vagas, mas quando viram que Spinoza era cabeça dura demais ofereceram-lhe 1.000 florins por ano para que se afastasse e guardasse suas idéias para si mesmo. (Naquela época um estudante podia viver com 2.000 florins por ano.) Dadas as sérias blasfêmias que ele cometia, foi uma atitude de surpreendente tolerância das autoridades judaicas. Mas Spinoza desprezou a generosa oferta. Isso é tido em geral como um exemplo da sua santa insistência em dizer a verdade. A comunidade judaica de Amsterdã no século XVII pode ser desculpada por encarar as coisas de outra forma. O que poderiam fazer para obrigá-lo a calar-se? Certo dia, à tardinha, quando Spinoza saía da sinagoga portuguesa, um homem acercou-se dele. Na hora agá Spinoza percebeu a adaga na mão erguida do homem e recuou, levantando o braço sob a capa para se proteger. O punhal rasgou a capa, mas Spinoza saiu ileso (e teria guardado a capa rasgada “como lembrança”). O agressor é tido em geral como um fanático e é bem possível que o fosse. Por outro lado, deve ter sido também um homem de coragem e desprendimento, encarregando-se de livrar a comunidade de perigosa ameaça através de um crime pelo qual seria com certeza pego e enforcado. Santidade e martírio podem exigir também uma ousadia semelhante. Como se não bastasse o atentado, Spinoza enviou longa carta aberta às autoridades da sinagoga em que expunha detalhadamente suas opiniões, apoiando-as numa série de argumentos lógicos que considerava irrefutáveis. As autoridades da sinagoga decidiram então que não havia alternativa: teriam que demonstrar à comunidade cristã que já não tinham mais nada a ver com Spinoza. Para elas Spinoza deixou de existir, era um ex-judeu. Em julho de 1656 realizou-se uma grandiosa cerimônia de excomunhão que, com todo estilo, baniu Spinoza da comunidade judaica. Soprou-se o grande chifre, apagaram-se as velas uma a uma e a maldição foi proferida: “Com o julgamento dos anjos e dos santos, por meio desta excomungamos, execramos e anatematizamos Baruch de

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