SÉRIE V . VOLUME 4/5 MUSEU NACIONAL DE ARQUEOLOGIA IMPRENSA NACIONAL LISBOA, 2014-2015 revista_OAP_10.indd 5 31/03/2017 00:40 Estremoz 7 ou a Anta de Nossa Senhora da Conceição dos Olivais (Estremoz, Évora) Estremoz 7, the portal dolmen of Nossa Senhora da Conceição dos Olivais (Estremoz, Évora district, Portugal) rui boAventurA*, rui MAtAloto**, MArCo António AndrAde***, diAnA nukushinA**** 1 2 3 4 «É costume levar as crianças e alguns adultos junto do esteio inteiro e preguntar-lhes [sic] se desejam ouvir roncar o mar, para o que devem encostar o ouvido a dita pedra. Nessa altura empurram a cabeça do bacôa contra a mesma. Isto fazia- se depois da missa da meia- noite (do galo) pelo Natal.» M. Heleno, Caderno n.º 2 – Antas dos arredores de Estremoz, 1934 RESUMO A anta de Estremoz 7 ou Nossa Senhora da Conceição dos Olivais (NSCO) foi escavada em 1934 sob as ordens de Manuel Heleno. Implantada sobre uma pequena elevação incluída numa paisagem aberta, corresponderia a um monu- mento de dimensões ainda consideráveis, no qual se recolheu um conjunto rela- tivamente significativo de espólio arqueológico. Em termos geográficos, a sua localização singular afasta- a dos grandes núcleos conhecidos nesta área regional; contudo, os dados recolhidos neste sepulcro permitem avançar algumas observa- ções pertinentes, nomeadamente sobre a «evolução» cultural ou tecnológica entre geométricos e pontas de seta, a circulação de matérias- primas siliciosas a longa distância e o reúso de monumentos megalíticos em finais do 3.º milénio a.n.e. Este monumento assume- se assim como componente válido para a compreensão * UNIARQ – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa; Fundação para a Ciência e Tecnologia. ** Município do Redondo. E ‑mail: [email protected]. *** UNIARQ – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa; Fundação para a Ciência e Tecnologia. E ‑mail: [email protected]. **** UNIARQ – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa; Fundação para a Ciência e Tecnologia. E ‑mail: [email protected]. O Arqueólogo Português, Série V, 4/5, 2014‑2015, p. 175‑235 revista_OAP_10.indd 175 31/03/2017 00:40 176 RUI BOAVENTURA, RUI MATALOTO, MARCO ANTÓNIO ANDRADE, DIANA NUKUSHINA das comunidades megalíticas da área centro e alto -alentejana, durante o Neolítico final e o Calcolítico. Palavras- chave: Megalitismo – Alentejo – Neolítico final- Calcolítico – Sepulcros- -reocupação – Campaniforme ABSTRACT The passage grave of Estremoz 7 or Nossa Senhora da Conceição dos Olivais (NSCO) was excavated in 1934 under the supervision of Manuel Heleno. Erected on a small hill included on an open landscape, it would correspond to a monument of some substantial proportions, in which a relatively significant set of archaeological finds was collected. In geographical terms, its singular location separates this monument from the large clusters known in this regional area; however, the collected data allow to disclose some relevant observations, particularly about the cultural or technological «evolution» between geometric armatures and arrow -heads, the long- distance circulation of silicious raw -materials and the reuse of megalithic monuments during the late 3rd millennium BCE. This monument is therefore assumed as a valid component for the comprehension of the megalithic communities in the region of Central and North Alentejo, during the Late Neolithic and Chalcolithic. Key -words: Megalithism – Alentejo – Late Neolithic- Chalcolithic – Monuments- -reuse – Bell Beaker O Arqueólogo Português, Série V, 4/5, 2014‑2015, p. 175‑235 revista_OAP_10.indd 176 31/03/2017 00:40 ESTREMOZ 7 OU A ANTA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DOS OLIVAIS (ESTREMOZ, ÉVORA) 177 PALAVRAS PRÉVIAS Este trabalho foi iniciado pela vontade de um de nós (RM) em dar a conhecer o quase mítico conjunto campaniforme da Anta 7 de Estremoz, que tantas con- fusões e comentários havia gerado, sem nunca haver sido dado à estampa. O Rui Boaventura logo transformou essa vontade num projeto que mais propriamente, e à sua maneira, deveria corresponder à publicação monográfica dos resultados obtidos. Depois de alguns avanços e recuos, apenas em meados de setembro de 2015 nos reunimos pela primeira vez para darmos andamento ao estudo. Não mais nos voltámos a reunir em torno dos materiais, mas tivemos ainda longos debates sobre o significado dos mesmos; entretanto, o Marco e a Diana foram integrando a equipa e tiveram ainda a oportunidade de debater longamente com o Rui as problemáticas inerentes. O Rui escreveu, ainda, boa parte do texto que se apresenta, mas já não acompanhou a sua redação final. Deste modo, estamos certos que este não é o mesmo texto que seria se o Rui o tivesse acompanhado até ao fim, mas procurámos manter- nos fiéis às ideias que tantas vezes debatemos. Vamos falando amigo… 1. INTRODUÇÃO A anta de Nossa Senhora da Conceição dos Olivais (CNS 2276), de ora em diante referida pela sua sigla NSCO, foi mandada escavar por Manuel Heleno (1934), no âmbito da sua demanda pelo megálito original no Alentejo Cen- tral, nomeadamente na sua zona nor -ocidental (abrangendo os concelhos de Montemor- o -Novo, Coruche, Mora, Arraiolos) e no canto nordeste (coincidindo com o concelho de Estremoz, sobretudo a parte norte deste, ainda que tenha visitado a banda sul, como veremos). Seguiu uma nomenclatura muito própria, O Arqueólogo Português, Série V, 4/5, 2014‑2015, p. 171‑235 revista_OAP_10.indd 177 31/03/2017 00:40 178 RUI BOAVENTURA, RUI MATALOTO, MARCO ANTÓNIO ANDRADE, DIANA NUKUSHINA provavelmente para distinguir os sepulcros de Estremoz daqueles da zona nor- ocidental do Alen- tejo Central – aí utilizou um sis- tema de ordenação e identifica- ção numérico, e além de registar os topónimos locais associados a cada sítio, listou e designou -os sequencialmente, pela ordem dos trabalhos realizados: Estre- moz 1, 2, 3, etc. Dessa forma, a anta NSCO é também designada por Estremoz 7. Localmente, é ainda conhe- Fig. 0 – Museu Nacional de Arqueologia, 12 de setembro de 2015, em torno dos cida por Pedra da Ronca (CME, materiais de NSCO. 2015; Medeiros, 2001), e já no século xix, antes de 1882, terá sido listada por Carlos Ribeiro, como «dólmen a 1800 m ao NO da muralha de Estremoz» (Neto, 1976 -77, p. 103, linha 9). A Carta Militar de Portugal (escala 1:25000), folha 425, editada em 1944, registava ainda nas imediações da ermida pelo menos três topónimos sintomáticos da presença desta anta, mas que por se apresentarem no plural, provavelmente, também de outras entretanto desaparecidas: «Horta da Ilha das Antas», «Viver das Antas» e «Antas de Baixo». Na sequência do ressurgimento dos lendários cadernos de apontamentos, a referida demanda de Manuel Heleno foi já alvo de estudo, relativamente recente (Rocha, 2005). Assim, optámos por não desenvolver este enquadramento, visto não ser esse o objetivo do presente trabalho, limitando- nos a alguns comentários nessa vertente, sempre que pertinentes. A intervenção na anta desenvolveu -se, segundo o diretor do então Museu Etnológico (hoje Museu Nacional de Arqueologia – MNA), a 10 de setembro de 1934 e nos dias seguintes (Heleno, 1934, p. 2). Como habitual nestas ações, alguns trabalhadores rurais foram contratados para o efeito, podendo verificar -se a sua presença em algumas fotografias obtidas por Manuel Heleno (v. fig. 3). Em algumas das fotografias apresentadas é ainda possível observar, a poucas dezenas de metros, a Ermida da Nossa Senhora da Conceição (dos Olivais), da qual a anta ganhou o nome. Edificada no último terço do século xvi (Espanca, 1975; Medeiros, 2001, p. 93), esta proximidade entre edifício religioso e anta havia sido já assinalada por J. Oliveira e colaboradores (1994 -95 e 1997), que então procediam a um inventário de antas- capelas e capelas junto de antas. Aí realçavam a carga mágico- simbólica daquelas estruturas funerárias do Neolítico O Arqueólogo Português, Série V, 4/5, 2014‑2015, p. 171‑235 revista_OAP_10.indd 178 31/03/2017 00:40 ESTREMOZ 7 OU A ANTA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DOS OLIVAIS (ESTREMOZ, ÉVORA) 179 sobre as populações posteriores, nomeadamente as de credo cristão católico. De facto, apesar de várias disposições das autoridades religiosas proscrevendo estas estruturas e outros espaços considerados pagãos, alguns destes edifícios e as suas imediações acabaram por ser associados ou mesmo integrados em construções religiosas de culto, provavelmente como um meio de apropriação de tradições locais relacionadas com superstições e lendas pagãs. Esta conversão tácita ter- se -á intensificado em contexto de Contra- Reforma pois, pelo menos dos casos listados (Oliveira, Sarantapoulos e Balesteros, 1997), a maioria daquelas igrejas e altares parecem ter sido erigidas nos finais do século xvi e no seguinte. Manuel Heleno, sem que discutisse o assunto, registou no seu caderno dois apontamentos etnográficos relacionados com a anta: • Uma tradição, quase brincadeira, associada à romaria da Nossa Senhora da Conceição em 8 de novembro, mas também à noite de missa do galo, no Natal. Era costume levar crianças e alguns adultos junto do esteio inteiro e perguntar- -lhes se desejavam ouvir o roncar do mar. Para isso deviam encostar o ouvido à dita pedra e, nessa altura, empurravam a cabeça do «bacôa» contra a mesma (Heleno, 1934, p. 2) – provavelmente, a designação de «Pedra da Ronca» terá sur- gido desta tradição; • Uma lenda rezava que o dono da propriedade em «certos tempos» tinha um filho que tinha a sina de morrer dum raio. Para evitar isso o pai mandou construir a anta, para onde mandaria o filho quando fazia trovoada. Afinal o filho morreu dum raio (Heleno, 1934, p. 6- 7). Entretanto, o casal Leisner incluiu esta anta no seu inventário, porém, limitando- se a referir que teria sido escavada por Manuel Heleno, que ali recolheu pontas de seta, mas cujo relatório se encontrava então inédito (Leisner e Leisner, 1959, p. 153). Assim, os resultados da escavação deste sepulcro mantiveram- se desconhecidos até ao reaparecimento dos cadernos de Manuel Heleno e a sua revisão por L. Rocha (2005), nomeadamente com o estudo dos restos osteológi- cos humanos atribuíveis àquele jazigo, assinalando dois momentos cronológicos de uso na anta: um de Neolítico final/Calcolítico na câmara, e outro do «período campaniforme» no corredor (Rocha e Duarte, 2009, p. 766 -767). Porém, o espó- lio arqueológico mantinha- se por publicar devidamente. Face ao exposto, este trabalho visa caracterizar e enquadrar os interessantes dados obtidos na intervenção de Manuel Heleno. 1. O SEPULCRO MEGALÍTICO A anta de Nossa Senhora da Conceição dos Olivais (NSCO) implanta -se sobre uma pequena elevação integrada numa paisagem aberta, principalmente para poente, sobre contextos geológicos de ortognaisses hiperalcalinos entre rochas O Arqueólogo Português, Série V, 4/5, 2014‑2015, p. 171‑235 revista_OAP_10.indd 179 31/03/2017 00:40 180 RUI BOAVENTURA, RUI MATALOTO, MARCO ANTÓNIO ANDRADE, DIANA NUKUSHINA câmbricas dolomitizadas e xistos silúricos (folha n.º 36B da Carta Geológica de Portugal, esc. 1:50000). Localiza- se, na folha n.º 425 da Carta Militar de Portugal (esc. 1:25000), nas seguintes coordenadas UTM (seg. Rocha, 2005, vol. 2, p. 458): X (m): 620330 Y (p): 4301516 Z (alt.): 360 m. Fig. 1 – Em cima: situação de NSCO no ocidente peninsular; em baixo: localização de NSCO na folha n.º 425 da Carta Militar de Portugal (esc. 1:25000). O Arqueólogo Português, Série V, 4/5, 2014‑2015, p. 171‑235 revista_OAP_10.indd 180 31/03/2017 00:40 ESTREMOZ 7 OU A ANTA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DOS OLIVAIS (ESTREMOZ, ÉVORA) 181 Fig. 2 – Em cima: aspeto de NSCO em 1934, à altura da sua escavação (MNA, Arquivo Fotográfico); ao lado: aspeto atual de NSCO. Em ambas imagens, é visível Estremoz ao fundo. Fig. 3 – Aspecto dos trabalhos de escavação de NSCO, em 1934 Fig.4 – Igreja e anta de Nossa Senhora da Conceição dos Olivais em (MNA, Arquivo Fotográfico). dia de romaria (8 de dezembro), nos finais dos anos 80. Foto do Prof. Doutor Jorge Oliveira, a quem se agradece. Ainda que as anotações de Manuel Heleno sejam esparsas, não constando qualquer tipo de planta da estrutura escavada, foi possível perceber generica- mente que o sepulcro se encontrava já bastante afetado por investidas anteriores, uma delas em meados do século xix, quando, pelo menos dois dos esteios da câmara terão sido partidos e utilizados na construção de uma estrada (Heleno, 1934, p. 9). Além do único esteio quase inteiro da câmara, Manuel Heleno identificou as valas de implantação de lajes sumidas, bem como três esteios ainda in situ, um deles o de cabeceira (esteio C), mas partidos quase ao nível do solo. No corredor, apenas detetou uma fiada de três lajes do lado Sul, também ao nível do solo, restando do lado norte a vala de implantação de outras entre- tanto desaparecidas. O Arqueólogo Português, Série V, 4/5, 2014‑2015, p. 171‑235 revista_OAP_10.indd 181 31/03/2017 00:40 182 RUI BOAVENTURA, RUI MATALOTO, MARCO ANTÓNIO ANDRADE, DIANA NUKUSHINA Câmara Corredor Esteio Dimensões (em metros) Esteio Dimensões (em metros) A Inteiro; A ‑2,25+1,27/L ‑1,30/E ‑0,95 IE Partido; A ‑0,60/L ‑0,93/E ‑0,23 B Partido; A‑ 0,48/L ‑1,10/E ‑0,17 IIE Partido; A ‑0,80+0,65/L ‑0,76/E ‑0,39 C Partido; A‑ 0,15+1,15/L ‑2/E ‑0,31 IIIE Partido; A ‑0,40/L ‑0,60/0,21 D Partido; A‑ 0,18+1/L ‑1,60; E ‑0,40 Tabela 1 – Dimensões e estado de conservação dos ortóstatos preservados de NSCO. Hoje é ainda possível observar o esteio de granito da anta, bem como outros dois esteios da câmara, mas a restante estrutura encontra- se escondida e afetada pela plantação de uma vinha, provavelmente instalada na transição de milénio. Na câmara, avistam- se ainda alguns blocos ali deixados, um deles talvez prove- niente do corredor. Esta imagem, porém, não diverge muito daquela registada em meados da década de 1990 por J. Oliveira e colaboradores (1997, p. 33), que à data realizaram uma planta da anta, limitada aos três esteios da câmara então visíveis, com mais algumas lajes jazendo junto daqueles, talvez elementos do cor- redor. Portanto, com base nas informações disponíveis, nomeadamente as fotos de 1934, foi possível esquematizar a planta da anta que, para Manuel Heleno, teria sido de grandes dimensões. Segundo nos descreve Manuel Heleno a câmara teria um formato arredon- dado, o que cremos resultar da impressão que as valas de implantação detetadas suscitavam face à ausência das lajes, pois o formato paralelepipédico destas daria certamente uma geometria mais poligonal ao espaço da estrutura. Assim, o eixo longitudinal da anta teria cerca de 7,20 m, dos quais 4 m seriam da câmara, por cerca de 4,40 m de eixo transversal (norte -sul), e a sua entrada mediria 1,43 m. A altura da anta poderá ser esti- mada com base no único esteio quase inteiro, que alcançava os 2,25 m. O corredor, virado a nas- cente, apresentaria então 3,20 m de comprimento por cerca de 1,85 m de largura, sendo impos- sível estimar a sua altura. A ereção da anta, numa colina com um substrato rochoso próximo da superfície, terá sido uma tarefa árdua. Porém, a aber- tura das ditas valas, apesar da apa- rente dureza do substrato, não foi Fig. 5 – Planta e localização da anta em relação à Igreja de Nossa Senhora da um obstáculo para a tecnologia Conceição dos Olivais (adaptado de Oliveira et al., 1997, p. 33). O Arqueólogo Português, Série V, 4/5, 2014‑2015, p. 171‑235 revista_OAP_10.indd 182 31/03/2017 00:40 ESTREMOZ 7 OU A ANTA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DOS OLIVAIS (ESTREMOZ, ÉVORA) 183 pré -histórica. Por outro lado, facili- tou a Manuel Heleno a deteção das valas de implantação, que atingiam cerca de 0,80 a 1 m de profundidade. Manuel Heleno destacava ainda o esteio quase completo por ser de «granito rijo», quando as res- tantes lajes eram de outro tipo de rocha, que não nomeou – a obser- vação recente dos dois topos visí- veis aponta para prováveis calcários dolomíticos, que se registam nas imediações. Assim, anotava que aquela rocha não existia nas redon- dezas do local da anta e teria vindo pelo menos de uma distância supe- rior a 7 km (Heleno, 1934, p. 9). Fig.6 – Planta de NSCO, conjugando o que é atualmente visível com a planta A análise da folha n.º 36B apresentada por Oliveira et al. (1997, p. 33). da Carta Geológica de Portugal (SGP, Gonçalves, 1972), na escala 1:50000, revela que o substrato geológico onde a anta foi implantada corres- ponde a uma pequena e estreita faixa lenticular de ortognaisses hiperalcalinos de grão fino, limitada a norte por outra estreita faixa de dolomitos e calcários dolomíticos cristalinos, ambos rodeados por xistos com intercalações de liditos e xistos grafitosos. Em redor da anta, só a cerca de 14 km para sudoeste, próximo de Évora- monte, surge uma mancha de granodioritos (SGP, Gonçalves, 1972), havendo outras manchas similares para norte, a maiores distâncias. Desta forma, há pelo menos duas hipóteses, a esclarecer: a laje dita de «granito» corresponde ao ortog- naisse local ou, de facto, a origem daquele bloco é alóctone, o que terá implicado um transporte de uma distância considerável. 2. O ESPÓLIO ARROLADO E O ATUAL O espólio recolhido na anta e brevemente listado por Manuel Heleno coin- cide em grande parte com aquele que nos foi possível analisar em depósito no MNA, mas registaram- se algumas discrepâncias, nomeadamente: um número de contas de colar discoides de xisto presentemente superior em cerca de um terço àquelas anotadas, levando a crer que algumas terão sido recolhidas no crivo depois da visita de Manuel Heleno; apesar do destaque do vaso troncónico e da O Arqueólogo Português, Série V, 4/5, 2014‑2015, p. 171‑235 revista_OAP_10.indd 183 31/03/2017 00:40
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