ebook img

Scripta Alumni N.05 PDF

147 Pages·2011·1.7 MB·Portuguese
by  
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview Scripta Alumni N.05

UNIANDRADE N.5, 2011 1 Uniandrade Curitiba, n.5, 2011 O I R Á 4 Apresentação M U S CONSTRUÇÕES DE IDENTIDADES: OLHARES SOBRE O OUTRO 6 A paródia do Hino nacional brasileiro na tela Nossos bosques têm mais vida, de Cristian Schonhofen Paulo Roberto Steenbock Verônica Daniel Kobs, PhD 18 Dramaturgia da différance: um aspecto da desconstrução no espetáculo BR-3 do Grupo Vertigem Lúcia Helena Martins 28 O diferente - o ―outro‖ – em A terra dos mil povos, de Kaká Werá Jecupé Sandra Mara Pinheiro Maciel 45 O pacto de silêncio em O encontro, de Anne Enright Patrícia B. Talhari 60 Reflexões sobre Oriente versus Ocidente a partir do personagem Kip, de Michael Ondaatje Juliana Pessi Mayorca 72 Estudos de gênero - A opressão do feminino na obra Clara dos Anjos, de Lima Barreto Cristiano Mello de Oliveira 89 A metáfora de Ariel para o assimilacionismo na narrativa afro: entre a submissão e o desejo de liberdade Paraguassu de Fátima Rocha _____________________________________________________________________________________________________ Scripta Alumni - Uniandrade, n. 5, 2011. 2 ESTUDOS INTERMIDIÁTICOS: LITERATURA E CINEMA 98 Do teatro ao cinema: A importância de ser prudente, de Oliver Parker Tatiani Cristini Baldo Dantas 111 Memória litero-cinematográfica de Hatoum Daniel de Oliveira Gomes 120 O outro como enigma e como subjetividade – uma análise dos filmes Casa de areia e névoa e Caché Tibério Fabian Santos ESTUDOS METATEXTUAIS: O FAZER LITERÁRIO E O FAZER POÉTICO 132 A metapoesia de Mario Quintana Sirineu Zanchi Medeiros De Witt 144 Normas para publicação _____________________________________________________________________________________________________ Scripta Alumni - Uniandrade, n. 5, 2011. 3 NÚMERO 5 ANO 2011 ISSN 1984-6614 Publicação Semestral do Curso de Mestrado em Teoria Literária UNIANDRADE Reitor: Prof. José Campos de Andrade Vice-Reitora: Prof.a Maria Campos de Andrade Pró-Reitora Financeira: Prof.a Lázara Campos de Andrade Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: Prof. M.Sc. José Campos de Andrade Filho Pró-Reitora de Planejamento: Prof.a Alice Campos de Andrade Lima Pró-Reitora de Graduação: Prof.a M.Sc. Mari Elen Campos de Andrade Pró-Reitor Administrativo: Prof. M.Sc. Anderson José Campos de Andrade Editoras: Janice Cristine Thiél, Verônica Daniel Kobs CONSELHO EDITORIAL Adriana da Rosa Amaral (UNISINOS), Anna Stegh Camati, Benedito Costa Neto Filho (UniCuritiba), Brunilda T. Reichmann, Cátia Toledo Mendonça (Fafipar), Edna Polese, Eunice de Morais, Janice Cristine Thiél, José Antonio Vasconcelos (USP), Mail Marques de Azevedo, Naira de Almeida Nascimento (UTFPR), Sigrid Renaux, Verônica Daniel Kobs Projeto gráfico, capa e diagramação eletrônica: Léia Rachel Castellar e Verônica Daniel Kobs Revisão: Janice Cristine Thiél, Verônica Daniel Kobs _____________________________________________________________________________________________________ Scripta Alumni - Uniandrade, n. 5, 2011. 4 APRESENTAÇÃO O quinto número da Scripta Alumni contribui para os estudos acadêmicos como veículo dos estudos de Teoria Literária desenvolvidos por alunos do Curso de Mestrado do Centro Universitário Campos de Andrade e de outras instituições, além de promover a leitura crítica de textos literários. Apresentamos um total de nove artigos, agrupados em três subseções, conforme temática ou abordagem teórico-crítica. A subseção intitulada ―Construções de Identidades: Olhares sobre o outro‖ consta de artigos que apresentam uma reflexão sobre questionamentos relativos à construção de identidades nacionais e olhares sobre as identidades dos outros, vistos como ‗diferentes‘. O primeiro artigo traz uma análise que compara a representação de nacionalismo na pintura Nossos bosques têm mais vida, de Cristian Schonhofen, ao texto do Hino nacional brasileiro, a fim de discutir patriotismo e idealização, mudanças e permanências na questão da identidade nacional. O segundo artigo problematiza aspectos relacionados às questões identitárias no espetáculo BR-3 do Grupo Vertigem, sob a luz do desconstrucionismo. No terceiro artigo, são analisados aspectos da alteridade e da identidade dos índios brasileiros, percebidos no entre-lugar cultural no qual se localiza a literatura indígena nacional, a partir da leitura da obra A Terra dos Mil Povos: História indígena do Brasil contada por um índio de Kaka Werá Jecupé. O quarto artigo apresenta um estudo, sob um enfoque lacaniano, das relações psicossociais da pedofilia em O Encontro, de Ann Enright. Sob o prisma do multiculturalismo, o quinto artigo discute a problemática do oriente versus ocidente e das questões relativas à identidade na obra O paciente inglês, de Michael Ondaatje. O sexto artigo reflete sobre as questões de gênero e de raça, a partir da análise de Clara dos Anjos, de Lima Barreto. O artigo que fecha esta seção discute a literatura afro e a questão do assimilacionismo, sob uma perspectiva acentuadamente crítica. Os artigos que compõem a subseção ―Estudos Intermidiáticos: Literatura e Cinema‖ apresentam uma análise crítica do diálogo intertextual realizado entre obras literárias e cinematográficas. O primeiro artigo desta seção analisa a transcriação da comédia paródico-satírica de Oscar Wilde, The Importance of Being Earnest, de 1895, para a versão cinematográfica homônima de Oliver Parker, lançada em 2002. No segundo artigo, é apresentado um exercício teórico de análise do discurso ficcional e histórico do romance de Milton Hatoum, ―Órfãos do Eldorado‖, o qual é relacionado ao estilo expressionista do filme ―Eldorado‖, do cineasta alemão Werner Herzog. Fecha a seção o artigo sobre o quanto o lugar étnico se faz atravessado pela subjetividade, o que é percebido na análise dos filmes Casa de areia e névoa, _____________________________________________________________________________________________________ Scripta Alumni - Uniandrade, n. 5, 2011. 5 dirigido por Vadim Perelman, baseado em livro de Andre Dubbus III, e Caché, de Michael Haneke. Finalmente, um artigo relaciona-se à seção intitulada ―Estudos Metatextuais: O Fazer Literário e o Fazer Poético‖. O artigo busca discutir questões relativas ao metatexto literário e nele é apresentada uma releitura de alguns metapoemas de Mario Quintana, com o objetivo de ressaltar sua preocupação com o fazer poético, a natureza da poesia e a função do poeta. Entre os poemas selecionados, serão comentados os meta-poemas ―Do estilo‖, ―Aula Inaugural‖, ―O pequeno poema didático‖, ―Emergência‖, ―O poema‖, ―Selva Selvaggia‖, ―Os poemas‖, ―Arte poética‖ e ―Crônica‖. Janice Cristine Thiél Verônica Daniel Kobs Editoras _____________________________________________________________________________________________________ Scripta Alumni - Uniandrade, n. 5, 2011. 6 A PARÓDIA DO HINO NACIONAL BRASILEIRO NA TELA NOSSOS BOSQUES TÊM MAIS VIDA, DE CRISTIAN SCHONHOFEN Paulo Roberto Steenbock 1 Verônica Daniel Kobs, PhD2 RESUMO: Em novembro de 2009, o Colégio Militar de Curitiba promoveu o concurso de pinturas alusivas aos 120 anos da adoção do Hino nacional brasileiro. Cristian Schonhofen participou deste concurso com a pintura Nossos bosques têm mais vida, juntamente com outros 15 artistas. A tela pintada pelo artista e escolhida para ser analisada, neste artigo, será relacionada a textos teóricos de Linda Hutcheon que investigam a questão da paródia e a textos de Mikhail Bakhtin referentes à estética da criação verbal. Além disso, a representação pictórica será comparada à ideologia que deu origem, no início do século XX, ao Hino nacional brasileiro, enfocando o patriotismo e a idealização, com o propósito de discutir mudanças e permanências na questão da identidade nacional. Palavras-chave: Estética visual. Paródia. Hino nacional brasileiro. Literatura. Pintura. ABSTRACT: In November of 2009, the Curitiba Military School held a painting contest between sixteen artists about the 120th anniversary since the adoption of the Brazilian national anthem. Cristian Schonhofen took part of that contest with a picture Nossos bosques tem mais vida. The canvas painted by the artist and chosen to be analyzed in this article will be related to theroretical texts by Linda Hutcheon, that investigates the issue of the parody, and to part of Estetica da criaçao verbal, by Mikhail Bakhtin. In addition, the pictorial representation will be compared to the ideology of the national anthem, focusing on patriotism and idealization, aiming at discussing the changes and continuities in the issue of the national identity. Keywords: Visual aesthetics. Parody. Brazilian national anthem. Literature. Painting. 1 Mestrando do Curso de Teoria Literária no Centro Universitário Campos de Andrade. E-mail: [email protected] 2 Professora e Coordenadora do Curso de Teoria Literária no Centro Universitário Campos de Andrade. E-mail: [email protected] _____________________________________________________________________________________________________ Scripta Alumni - Uniandrade, n. 5, 2011. 7 INTRODUÇÃO A paródia é um efeito que vem se tornando cada vez mais presente nas obras artísticas contemporâneas. Existe uma consonância entre paródia e modernidade. Charles Baudelaire, no livro Sobre a modernidade, define ―modernidade‖ como o exercício de busca da compreensão do conceito da beleza, afirmando que o belo é constituído por um elemento eterno e invariável e por um elemento circunstancial, transitório, efêmero. Ideologicamente, a paródia participa da obra de arte como elemento constitutivo, de modo constante, inclusive na Antiguidade, sendo proveniente de épocas passadas, como demonstra a utilização das indumentárias e da sínese. Suprimindo o caráter da vitalidade própria de épocas que apresentavam estas características utilitárias, o que é muito comum em obras atuais, caímos no vazio de uma beleza abstrata, pela ausência do olhar e porte temporais próprios, tornando a busca pelo aprendizado por meio do estudo de antigas obras de arte um exercício supérfluo no que se refere ao conceito contemporâneo de beleza. Na unidade que se chama nação, as profissões, as castas e os séculos introduzem a variedade, não somente nos gestos e nas maneiras, mas também na forma concreta do rosto. Tal nariz, tal boca, tal fronte correspondem ao intervalo de uma duração que não pretendo determinar aqui, mas que certamente pode ser submetida a um cálculo. Essas considerações não são suficientemente familiares aos retratistas; e o grande defeito de Ingres, em particular, é querer impor a cada tipo que posa diante de seus olhos um aperfeiçoamento mais ou menos compulsório colhido no repertório das idéias clássicas. Em semelhante matéria, seria fácil e mesmo legítimo raciocinar a priori. A correlação perpétua do que chamamos alma com o que chamamos corpo explica perfeitamente como tudo o que é material ou emanação do espiritual representa e representará sempre o espiritual de onde provém. (BAUDELAIRE, 1996, p.24 e 25) A citação e a crítica de Baudelaire sinalizam para um dos grandes problemas da arte, o de que a beleza é uma promessa de felicidade. Desde que se iniciaram os movimentos renovadores da arte ocidental, na segunda metade do século XIX, e especialmente com os movimentos mais radicais do século XX, como o Futurismo (1909) e o Dadaísmo (1916), tem-se observado que a paródia tornou-se um efeito sintomático de algo que ocorre com a arte de nosso tempo, decorrente da análise crítica da estética modernista. Entretanto, a paródia não é uma invenção recente; ela existe desde a Grécia e Roma antigas. Sendo assim, o que ocorre modernamente é uma _____________________________________________________________________________________________________ Scripta Alumni - Uniandrade, n. 5, 2011. 8 intensificação no uso desse recurso. Pela frequência com que aparecem obras de paródia, percebemos que a arte contemporânea se compraz num exercício em que a linguagem artística se dobra sobre si mesma, como em um jogo de espelhos. Affonso Romano de Sant‘Anna, no livro Paródia, paráfrase & cia., cita uma observação de Walter Benjamin relativa às substanciais mudanças ocorridas na Pintura. Associando a literatura ao jornalismo, Walter Benjamin vê semelhanças entre a pintura e a fotografia: o uso e o avanço da fotografia tornaram a pintura um setor mais livre para avanços formais. A pintura deixou de ser ―fotográfica‖ e, numa de suas tendências extremas, chegou rapidamente ao abstracionismo (1908); isto para não falar na arte conceitual (1961), que eliminou de vez a presença da cor e da moldura. (SANT‘ANNA, 2003, p.8) A liberdade estética proporcionada pelo avanço da fotografia possibilita especializações metalinguísticas e surge uma intensificação do uso da paródia, que se define através de um jogo intertextual (quando um autor utiliza obras de outros artistas) ou intratextual (quando o escritor retoma sua obra e a reescreve). Essa duplicidade, aliás, também ocorre na paráfrase. Autores que antecederam os formalistas russos Tynianov (1919) e Bakhtin (1928) definiram a paródia aproximando-a do burlesco, considerando-a como um subgênero. Coerente com essa linha de pensamento, alguns autores posteriores aos formalistas russos citados continuaram a considerar a paródia como mero sinônimo de ―pastiche‖ (termo que, simplificadamente, pode ser definido como uma composição de diferentes partes das obras de um ou de vários artistas). Entretanto, contrariando essa visão simplista e redutora, Tynianov conseguiu tornar o conceito de paródia mais sofisticado, quando resolveu estudá-lo paralelamente ao conceito de estilização. Affonso Romano de Sant‘Anna, no livro Paródia, paráfrase & cia., também aproxima esses conceitos, quando sugere que a paráfrase e a apropriação podem funcionar como elementos de tensão. Explicando melhor os conceitos de paráfrase e estilização, o autor cita a diferença histórica fundamental entre ambas, já que a paráfrase está relacionada à imitação, mas funciona ―como um esclarecimento de uma passagem difícil. Em geral ela se aproxima do original em extensão‖ (SANT‘ANNA, 2003, p.17). E a estilização aproxima-se da atividade que se apropria da obra alheia e introduz nela maneiras pessoais de interpretação. Quanto ao aspecto comum entre ambas destaca-se a interferência necessária no significado do texto, em menor grau, no caso da paráfrase, e de modo mais evidente, na estilização. Em um enfoque semiológico amplo, os problemas fundamentais da linguagem também se repetem com outros elementos sígnicos, em diferentes domínios artísticos. A Semiologia reaparece então como o espaço geral onde _____________________________________________________________________________________________________ Scripta Alumni - Uniandrade, n. 5, 2011. 9 essas questões podem e devem ser abordadas. Sant‘Anna indica que a paráfrase tem um sentido positivo e ocorre quando um texto cita outro, na intenção de reafirmar, reforçar, exaltar, concordar ou apropriar-se de seu significado para a construção de uma nova ideia. Já a paródia, de acordo com Sant‘Anna, como arte, tem sua origem relacionada ―a Hegemon de Thaso (séc. V a.C.), porque ele usou o estilo épico para representar os homens não como superiores ao que são na vida diária, mas como inferiores. Teria ocorrido, então, uma inversão‖ (SANT‘ANNA, 2003, p.11). Além disso, o autor cita que a paródia se define por jogos intertextuais, com o conceito de ―outro‖ sendo analisado sob um ângulo psicanalítico e social. No que se refere à apropriação, Sant‘Anna afirma que ela foi inserida na literatura pela técnica da colagem, recorrentemente usada nas artes plásticas, propiciando a reunião de materiais diversos encontráveis no cotidiano para a confecção de um objeto artístico. A apropriação na arte teve destaque no Dadaísmo, período em que os artistas manipulavam objetos da sociedade industrial para construírem suas obras. A partir dessa breve retomada dos conceitos de ―apropriação‖, ―paráfrase‖, ―estilização‖ e ―paródia‖, é possível afirmar que Christian Schonhoffen faz uma apropriação paródica do Hino nacional e o principal traço desse processo é a inversão de conceitos e de ideologia, em um sentido mais amplo. Percebe-se que o discurso moral: ―Se o penhor dessa igualdade / Conseguimos conquistar com braço forte, / Em teu seio, ó Liberdade, / Desafia o nosso peito a própria morte!‖ (LUZ, 2005, p.179) e o discurso descritivo: ―Se em teu formoso céu, risonho e límpido / A imagem do Cruzeiro resplandece. / Gigante pela própria natureza, / És belo, és forte, impávido colosso‖ (LUZ, 2005, p.179), presentes no Hino nacional brasileiro, possuem a essência patriótica que norteia a identidade nacional. Entretanto, a paródia proposta por Christian Schonhoffen opta pela desconstrução dessa característica fundamental, no momento em que mostra, em primeiro plano, uma árvore sem vida e totalmente dissociada das imagens mostradas em segundo plano, as quais simbolizam a riqueza natural do Brasil. TÍTULO E TELA – UMA CONTRADIÇÃO PARÓDICA A crítica ao discurso social e ideológico do Hino nacional, desde a época em que foi criado, é sintetizada na pintura analisada e reproduzida a seguir. _____________________________________________________________________________________________________ Scripta Alumni - Uniandrade, n. 5, 2011.

Description:
gostei de pele cor de rios e pedras ou como o miolo de uma flor chamada susan, conhece? Já viu uma? Estou tão cansada, Kip, quero dormir. Quero dormir .. Ondaatje e O deus das pequenas coisas de Arundhati Roy. 2009. Tese. (Doutorado em Letras). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.