S A MINISTÉRIO DA SAÚDE ISBN 978-85-334-2172-1 Ú D E 9788533 421721 B R A S I L 2 0 1 3 SAÚDE BRASIL dU om e na ç a 2013 an s á tl rais ne sd ma iss sit Uma análise da situação de saúde e das íu vea doenças transmissíveis relacionadas à pobreza iç SSeeccrreettaarriiaa ddee VViiggiillâânncciiaa eemm SSaaúúddee sã wwwwww..ssaauuddee..ggoovv..bbrr//ssvvss ro e ld BBiibblliiootteeccaa VViirrttuuaall eemm SSaaúúddee ddoo MMiinniissttéérriioo ddaa SSaaúúddee ae wwwwww..ssaauuddee..ggoovv..bbrr//bbvvss ci s oa nú ad de a se à d a ps o b r e z a Brasília – DF 2014 1 CO 0a E ME DI MINISTÉRIO DA SAÚDE M ÇÃ OR O A TI V A MINISTÉRIO DA SAÚDE Saúde BraSil 2013 Uma análise da situação de saúde e das doenças transmissíveis associadas à pobreza e às desigualdades regionais Uma análise da situação de saúde e das doenças transmissíveis relacionadas à pobreza 1ª edição revisada Brasília – DF Brasília – DF 2014 2014 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Análise de Situação em Saúde Saúde BraSil 2013 Uma análise da situação de saúde e das doenças transmissíveis relacionadas à pobreza Brasília – DF 2014 2014 Ministério da Saúde. Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Com- partilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: <www.saude.gov.br/bvs>. O conteúdo desta e de outras obras da Editora do Ministério da Saúde pode ser acessado na página: <http://editora.saude.gov.br>. Tiragem: 1ª edição – 2014 – 3.500 exemplares Publicações anteriores: Saúde Brasil 2004: uma análise da situação de saúde Revisores e pareceristas: Saúde Brasil 2005: uma análise da situação de saúde no Brasil Elisabeth Carmen Duarte – Universidade de Brasília (UnB) Saúde Brasil 2006: uma análise da situação de saúde no Brasil Juan José Cortez Escalante – Ministério da Saúde, Saúde Brasil 2007: uma análise da situação de saúde Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) Saúde Brasil 2008: 20 anos de Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil Leila Posenato Garcia – Instituto de Pesquisa Econômica Saúde Brasil 2009: uma análise da situação de saúde e da Agenda Aplicada (Ipea) Nacional e Internacional de Prioridades em Saúde Saúde Brasil 2010: uma análise da situação de saúde e de evidências Normalização: selecionadas de impacto de ações de vigilância em saúde Ana Flávia Lucas de Faria Kama Saúde Brasil 2011: uma análise da situação de saúde e a vigilância da saúde da mulher Apoio institucional: Saúde Brasil 2012: uma análise da situação de saúde e dos 40 anos Universidade de Brasília (UnB)/Núcleo de Medicina Tropical do Programa Nacional de Imunizações Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Brasil Editora responsável: Elaboração, distribuição e informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria-Executiva Secretaria de Vigilância em Saúde Subsecretaria de Assuntos Administrativos Coordenação-Geral de Informação e Análise Epidemiológica Coordenação-Geral de Documentação e Informação Esplanada dos Ministérios, Edifício Sede, bloco G, 1ª andar, sala 134 Coordenação de Gestão Editorial CEP: 70058-900 – Brasília/DF SIA, Trecho 4, lotes 540/610 Site: www.saude.gov.br/svs CEP: 71200-040 – Brasília/DF E-mail: [email protected] Tels.: (61) 3315-7790 / 3315-7794 Fax: (61) 3233-9558 Editor-Geral: Site: http://editora.saude.gov.br Jarbas Barbosa da Silva Jr. – Ministério da Saúde, E-mail: [email protected] Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) Equipe editorial: Editor-Executivo: Normalização: Delano de Aquino Silva Juan José Cortez Escalante – Ministério da Saúde, Revisão: Khamila Silva Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) Paulo Henrique de Castro Silene Lopes Gil Editores científicos: Tatiane Souza Juan José Cortez Escalante (Coordenação) – Ministério da Saúde, Capa e diagramação: Léo Gonçalves Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) Elisete Duarte – Ministério da Saúde, Imagem da capa: Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) Gráfico de Florence Nightingale Helena Luna Ferreira – Ministério da Saúde, Fonte: Magnello, E. (2014). Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) Elisabeth Carmen Duarte – Universidade de Brasília (UnB) Leila Posenato Garcia – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Esta obra deve ser citada da seguinte forma: BRASIL, Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Saúde Brasil 2013: uma análise da situação de saúde e das doenças transmissíveis relacionadas à pobreza. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Impresso no Brasil / Printed in Brazil Ficha Catalográfica Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação em Saúde. Saúde Brasil 2013 : uma análise da situação de saúde e das doenças transmissíveis relacionadas à pobreza / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise de Situação em Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 384 p. : il. ISBN 978-85-334-2172-1 1. Saúde pública. 2. SUS (BR). 3. Indicadores de saúde. I. Título. CDU 614(81) Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2014/0497 Títulos para indexação: Em inglês: Health Brazil 2013: an analysis of health situation and communicable diseases related to poverty Em espanhol: Salud Brasil 2013: un análisis de la situación de la salud y las enfermedades transmisibles vinculadas a la pobreza Comemoração da 10ª edição do livro “Saúde Brasil” e homenagem à Florence Nightingale (1820-1910) A publicação Saúde Brasil: uma análise da situação de saúde completa, neste ano de 2014, seu 10o livro. É com muita alegria que nós, editores, contemplamos o êxito deste projeto que nasceu com a criação da Secretaria de Vigilância em Saúde. Desde o primeiro livro em 2004, mais que os conteúdos, o processo de construção desta publicação anualmente tem sido aprimorado e seus produtos são muitos e alguns intangíveis. A adesão a alguns princípios que caracterizam uma análise de situação de saúde tem enriquecido esse processo, entre eles: 1) a definição dos temas abordados na publicação do livro a cada ano é um processo gestado dentro do Ministério da Saúde e fortemente influenciado pelas necessidades sentidas de seus profissionais; 2) a produção do livro privilegia o contínuo aprimoramento da capacidade analítica dos profissionais envolvidos, o que é favorecido pela interação entre profissionais do serviço e da academia, com aprendizagem mútua; 3) a construção participativa das análises a partir de parcerias intra e interinstitucionais fortalece a multiplicidade de olhares e enriquece a reflexão crítica sobre os resultados encontrados; 4) a adesão ao uso dos sistemas de informação em saúde fortalece e aprimora essas valiosas fontes de dados; 5) a sustentabilidade desta publicação, ao longo dos anos, facilita o olhar longitudinal de uma multiplicidade de indicadores de saúde, apreendendo, assim, não apenas sua magnitude e distribuição no espaço, mas também suas tendências; 6) a divulgação oportuna e clara de resultados e a advocacia que se associa a ela ampliam a possibilidade de influência das evidências epidemiológicas na decisão técnica e política em saúde, ao mesmo tempo em que mune o controle social do Sistema Único de Saúde. Na capa do 10o livro do Saúde Brasil, prestamos uma homenagem a Florence Nightingale (1820-1910), pioneira admirável no uso da informação em saúde para advo- cacia, mobilização de recursos e revisão das práticas de atenção à saúde.1,2 Florence era uma jovem de classe média alta que viveu na Inglaterra em um mundo dominado pelos homens, pelas guerras e pelas epidemias. Convencida de ter recebido um chamado divino, ela escapa da vida escolhida para ela, de casamento e filhos. Florence estudou Matemática, Filosofia, História e Enfermagem.1 Durante seus estudos de Matemática, ela se dedicou ao estudo da estatística em saúde pública e de hospitais. A era vitoriana na Inglaterra (1837-1901) foi um ambiente propício para o desenvolvi- mento das estatísticas vitais e sociais. A estatística passa a ser considerada “o novo estudo do homem na sociedade”. É a época também de William Farr (colaborador próximo de Florence em muitos de seus trabalhos), que desenvolveu e manteve por 40 anos o primeiro Sistema Nacional de Estatísticas Vitais da Inglaterra, e de John Snow, considerado o pai da Epidemiologia por ter formulado e testado, de maneira exitosa, uma hipótese sobre o surto de cólera de Londres em 1855. Florence se destacou nesse contexto por ser uma árdua defensora do poder da estatística em saúde para dirigir opiniões, mudar políticas e instituir reformas, ou seja, promover a advocacia em saúde pública. Em uma de suas marcantes atuações, Florence se voluntariou e foi designada como diretora de um grupo de 38 enfermeiras para atender em um hospital militar os feridos na Guerra da Crimeia (Turquia, 1854)*. Para exercer sua função, Florence coletou dados 1 e organizou um sistema de registros (inexistente até aquele momento) e, com base no seu conhecimento matemático, fez análises de mortalidade e calculou taxas. Rapidamente, ela percebeu e alardeou que os soldados tinham sete vezes mais chances de morrer por uma doença infecciosa (principalmente febre tifóide e cólera) do que por consequência dos ferimentos na guerra.1 William Farr e Florence foram pioneiros na utilização de métodos de representação visual de informações. Eles compreendiam que o uso desses recursos visuais ajudaria a comunicar resultados para aqueles que não estavam habituados aos dados estatísticos. Com seus gráficos, Florence chamou a atenção de figuras poderosas (entre elas, a rai- nha Vitória e o príncipe Albert) e conseguiu implantar reformas nas condições sanitárias dos hospitais militares. Pouco tempo após sua chegada, em 1855, com sua intervenção, as taxas de mortalidade dos soldados feridos já haviam caído de 60% para 43%.2 A “Dama da Lâmpada”, como era chamada, recebeu esse nome pois percorria as enfermarias do hospital militar durante a noite com uma lamparina para oferecer conforto e segurança para que os enfermos pudessem repousar melhor. Florence retornou à Inglaterra em 1857, doente com febre tifóide. Alguns feitos e re- conhecimentos recebidos após seu retorno à Inglaterra foram: 1858 – foi reconhecida e nomeada por William Farr como a primeira mulher membro da Sociedade de Estatística Real de Londres, por suas contribuições para a estatística hospitalar e contribuição às forças armadas, e foi eleita para o Statistical Congress; 1859 – Florence fundou a primeira Escola de Enfermagem; 1874 – foi eleita membro honorário estrangeiro da American Statistical Association; 1883 – recebeu a Cruz Vermelha Real, concedida pela rainha Vitória; 1907 – tornou-se a primeira mulher a receber a Ordem do Mérito de Edward VII. Durante sua vida, Florence publicou mais de 200 livros, relatórios e panfletos, incluindo o primeiro livro-texto de Enfermagem. Embora improvável para a época, Florence, uma mulher de classe média alta da Inglaterra do século XIX, deixou sua marca como pioneira nos campos da Enfermagem (a “Mãe da Enfermagem” – como é muito conhecida no Brasil), da Epidemiologia, da Estatística em Saúde e da Gestão em Saúde. Ela foi, sobretudo, uma estatística pioneira e apaixonada, que entendeu muito rapidamente a influência das análises dos dados para a advocacia e para apoiar suas convicções. Florence Nightingale morreu há mais de 100 anos (1910), aos 90 anos de idade, e sua história é continuamente fonte de inspiração para todos os que trabalham no campo da Análise de Situação de Saúde. *A guerra da Crimeia foi iniciada no final de 1853 e marcou um conflito entre a Rússia e uma aliança de países Europeus. Gráfico 1 – diagrama de causas da mortalidade Fonte: (MAGNELLO, E.).(1) O tipo gráfico destacado nesta homenagem (Gráfico 1) foi desenvolvido por Florence (1854) e é chamado de “Polar Area Graph”, equivalente ao que chamamos hoje de histograma circular (criado para ilustrar dados agrupados cíclicos)1. Essa figura é uma derivação do diagrama setorial ou gráfico de “pizza”, criado inicialmente por Willian Playfair em 1801. O gráfico possui áreas proporcionais aos eventos representados, com fatias que, com ângulos idênticos, demonstram os meses do ano. Assim, esse gráfico permite contemplar as variações sazonais no indicador apresentado (número de óbitos). Florence utilizou esse gráfico para analisar a mortalidade durante a guerra da Crimeia. A porção cinza azulada representa as mortes por doenças transmissíveis (principalmente febre tifoide e cólera). Assim, Florence destacou não apenas as causas de morte dos soldados feridos, mas esse gráfico foi também um poderoso instrumento de persuasão de autoridades para demonstrar que essas mortes podiam ser evitadas por uma reforma nas condições sanitárias tão precárias nos hospitais militares. Com sua advocacia, ela alterou essa realidade e construiu bases sólidas de conhecimento para o campo do cuidado em ambientes hospitalares.
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