Rumo ao interior médicos, saúde da família e mercado de trabalho Romulo Maciel Filho Maria Alice Fernandes Branco SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MACIEL FILHO, R., and BRANCO, M. A. F. Rumo ao interior: médicos, saúde da família e mercado de trabalho [online]. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2008, 205 p. ISBN: 978-85-7541-601- 3. Available from: doi: 10.7476/9788575416013. Also available in ePUB from: http://books.scielo.org/id/64g49/epub/maciel-9788575416013.epub. All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license. Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribição 4.0. Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento 4.0. R umo ao Interior médicos, saúde da família e mercado de trabalho FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ Presidente Paulo Marchiori Buss Vice-Presidente de Ensino, Informação e Comunicação Maria do Carmo Leal EDITORA FIOCRUZ Diretora Maria do Carmo Leal Editor Executivo João Carlos Canossa Pereira Mendes Editores Científicos Nísia Trindade Lima e Ricardo Ventura Santos Conselho Editorial Carlos E. A. Coimbra Jr. Gerson Oliveira Penna Gilberto Hochman Lígia Vieira da Silva Maria Cecília de Souza Minayo Maria Elizabeth Lopes Moreira Pedro Lagerblad de Oliveira Ricardo Lourenço de Oliveira R umo ao Interior médicos, saúde da família e mercado de trabalho Romulo Maciel Filho Maria Alice Fernandes Branco Copyright 2008 dos autores FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ / EDITORA ISBN: 978-85-7541-164-3 Projeto gráfico Daniel Pose Revisão Janaina de Souza Silva Normalização de referências Clarissa Bravo Foto da capa (médico) Vinicius Marinho/ Banco de imagens Fiocruz Multimagens/ Icict Catalogação na fonte Centro de Informação Científica e Tecnológica Biblioteca da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca M152r Maciel Filho, Romulo Rumo ao interior: médicos, saúde da família e mercado de trabalho / Romulo Maciel Filho e Maria Alice Fernandes Branco. – Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2008. 205 p., tab. 1. Médicos de Família. 2. Distribuição de Médicos. 3. Saúde da Família. 4. Serviços de Saúde. 5. Sistema Único de Saúde. 6. Área Carente de Assistência Médica. 7. Política de Saúde. I. Branco, Maria Alice Fernandes. II. Título. CDD - 22.ed. - 331.11 2008 EDITORA FIOCRUZ Av. Brasil, 4036 – 1o andar – sala 112 – Manguinhos 21040-361 – Rio de Janeiro – RJ Tel.: (21) 3882-9007 / Telefax: (21) 3882-9006 e-mail: [email protected] http://www.fiocruz.br Sumário Prefácio 7 Apresentação 9 1 Encontros e Desencontros: mercado de trabalho e oferta de médicos nas regiões brasileiras 11 2 A Experiência Brasileira de Estímulo à Fixação de Médicos no Interior 49 3 O Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde (Pits) 83 4 Referencial de Análise para Repensar as Políticas e Futuras Estratégias de Intervenção 159 Conclusão 191 Referências 195 Prefácio A saúde é um setor intensivo em recursos humanos, que tem registrado crescimento do emprego nos últimos anos. Nem mesmo a incorporação tecnológica que caracteriza o mundo contemporâneo fará reverter essa tendência, porque a dimensão interpessoal do cuidado não permite sua automatização. A sempre crescente demanda por serviços de saúde, para a qual também contribui o envelhecimento da população, deixa evidente, a cada dia, a grande carência de profissionais de saúde, não apenas em nosso país, mas em todo o mundo. No Brasil, esse quadro é agravado pelas profundas desigualdades regionais na distribuição de médicos, fortemente concentrados no Sudeste e Sul, tornando-se mesmo um desafio para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). É a esse desafio que o trabalho de Romulo Maciel Filho e Alice Fernandes Branco é dedicado. Rumo ao Interior: médicos, saúde da família e mercado de trabalho nos traz uma análise dos determinantes dessa má distribuição, a partir do contexto histórico, político, econômico, social e institucional em que são construídos. Ao analisar as intervenções já realizadas em nosso país para enfrentar o problema, o estudo evidencia os fatores e condicionantes que interferem na distribuição e fixação de médicos e identifica estratégias que podem ser aplicadas à realidade brasileira, com base, inclusive, na experiência internacional. O momento é muito oportuno. O programa Mais Saúde: Direito de Todos – 2008/2011, recém-lançado pelo Ministério da Saúde, traz no seu Eixo 4 (Força de Trabalho em Saúde) uma série de medidas destinadas a enfrentar o problema, entendendo que são necessárias políticas de incentivo e de fixação profissional nas áreas remotas e carentes. Dentre essas medidas, estão o Telessaúde e a articulação 7 com o Ministério da Defesa. O acesso ao Telessaúde será proporcionado a todas às Equipes de Saúde da Família em localidades distantes e nas periferias urbanas, a fim de prover a educação permanente dos profissionais e o apoio remoto às ações de diagnóstico e tratamento. A integração com o Ministério da Defesa visa a suprir a deficiência de médicos, odontólogos e profissionais de saúde nas áreas pouco desenvolvidas do país, com o objetivo de garantir capacidade rápida e eficiente de resposta às emergências em saúde. Certamente, o trabalho de Romulo Maciel Filho e Alice Fernandes Branco torna-se leitura obrigatória para subsidiar e monitorar a política ora adotada e para todos os que se interessam pelo tema. É uma contribuição que saudamos com prazer e que funciona como estímulo aos que se dedicam a reduzir as iniqüidades e a garantir a saúde como direito de todos. José Gomes Temporão Médico, doutor em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/Uerj), pesquisador titular da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz(Ensp/Fiocruz) e ministro da Saúde. 8 Apresentação O setor saúde tem progressivamente se tornado um importante gerador de empregos na economia brasileira e mundial. Somente no Brasil, é responsável por quase cem mil estabelecimentos de saúde, gerencia mais de meio milhão de leitos hospitalares e gera aproximadamente dois milhões de empregos diretos. Por sua vez, as transformações por que vem passando a categoria médica no Brasil intensificaram-se a partir da década de 1970, como resultado das mudanças políticas e socioeconômicas do mundo contemporâneo, com impactos na formação, no mercado de trabalho, na organização dos serviços, na distribuição e no perfil desses profissionais, entre outros aspectos. Essas transformações trouxeram importantes conseqüências. Uma delas foi a distribuição geográfica heterogênea desses profissionais. O número de escolas médicas, de vagas para o primeiro ano de residência médica e de médicos concentra-se fortemente nas regiões Sul e Sudeste, especialmente nesta última, seguindo a concentração da população e do Produto Interno Bruto (PIB). Mesmo nos locais onde há oferta desses profissionais, essa distribuição se dá de forma também heterogênea, com diferenciais intra-urbanos, em especial nas áreas mais violentas. A distribuição geográfica de médicos é um problema com que se defrontam diversos sistemas nacionais de saúde e, no Brasil, tem- se tornado, cada vez mais, um grande desafio para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). A forte concentração geográfica dos profissionais e dos serviços impede a concretização dos princípios que regem o SUS, particularmente no que se refere à universalização, à integralidade e à própria descentralização. A compreensão da complexidade de todo esse cenário não deve conduzir à perplexidade e ao imobilismo. Ao contrário, deve estimular a revisão de experiências e políticas, a crítica e o desenho de 9 estratégias que permitam o enfrentamento do problema. É com essa finalidade que aqui são evidenciados os fatores e condicionantes que interferem na distribuição e fixação de médicos, de forma a contribuir para identificar possíveis estratégias de intervenção que podem ser aplicadas à realidade brasileira, no contexto das políticas públicas. Organizado em quatro capítulos, este livro inicia-se com a discussão dos fatores determinantes que conformaram o atual cenário da distribuição de médicos no Brasil. São abordados aspectos sobre a inserção dos médicos no mercado de trabalho em saúde e os determinantes históricos da oferta desses profissionais. O capítulo 1 ainda revela os encontros e desencontros entre o mercado de trabalho e a oferta de médicos nas regiões brasileiras, colocando em evidência a extensão do problema da má distribuição geográfica dessa categoria profissional. As tentativas de enfrentamento da má distribuição geográfica em nosso país são discutidas no capítulo seguinte, no qual são identificados os programas implantados pelo governo federal que tiveram a interiorização de profissionais dentre suas metas. Entre essas estratégias, o Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde (Pits), iniciativa mais recente do Ministério da Saúde nesse campo e com características inéditas, é analisado em profundidade, no capítulo 3, como resultado de estudo desenvolvido pela Rede Observatório de Recursos Humanos em Saúde (Observarh), na Estação de Trabalho do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM/Fiocruz). Por ser a iniciativa governamental mais recente, criada especificamente para intervir sobre a má distribuição geográfica de médicos, e ter sido efetivamente implantada, contando com expressiva participação desses profissionais, o Pits se torna, sem dúvida, um caso decisivo para os que pretendem aprofundar o conhecimento sobre o tema. No capítulo 4, é oferecida uma contribuição teórica com o objetivo de repensar as políticas e estratégias direcionadas para a distribuição e fixação de médicos no Brasil. Uma contribuição produzida como uma abordagem que enfatiza o processo político, que entende que as propostas devem emergir da própria realidade que se quer transformar, enquanto locus de conscientização e organização das forças institucionais e sociais comprometidas com a democratização da saúde. 10