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Robson Pinheiro PDF

176 Pages·2008·1.15 MB·Portuguese
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GGEESSTTAAÇÇÃÃOO DDAA TTEERRRRAA da criação aos dias atuais: uma visão espiritual da história humana Robson Pinheiro [pelo espírito Alex Zarthu] Zarthu, Alex Gestação da Terra / Alex Zarthu; [psicografado por] Robson Pinhei- ro. – Contagem: Casa dos Espíritos, 2002. ISBN: 85-87781-09-X 1. Obras pricografadas. I. Pinheiro, Robson. II. Título. CDD: 133.9 Gestação da Terra – Robson Pinheiro [pelo espírito Alex Zarthu] 2 Vozes do vento por Robson Pinheiro MINHA VIDA É feita de encantos, de desencontros e encontros, enfim, ela sempre foi e será cheia de encantamen- tos. Falo assim porque desde que me dei por gente as coisas parecem diferentes para mim. Seriam diferentes também para os outros meninos? Eu só saberia mais tarde, como hoje sei. Minha vida é cheia de mistérios que ainda hoje teimo em desvendar, na tentativa de compreender o porquê da existên- cia, da minha própria experiência de viver. Anseio por um mundo novo que talvez esteja o tempo todo escondido em meu próprio coração. Somente ao rever certos fatos vividos é que posso avaliar melhor quanto caminhei e quanto me falta caminhar. Creio mesmo que sou apenas um andarilho a caminho de mim mesmo, em busca de uma estrela. Uma estrela que um dia brilhou no passado e que certamente brilhará algum dia, em algum lugar. Desde criança aprendi a brincar com o vento, com as vo- zes, com os vultos. Desde criança minha mãe sabia que eu teria um destino diferente de meus irmãos. Ela me contava, em nossas conversas, que temia o dia em que eu iria embora para o mundo – expressão tão ao gosto de minha saudosa mãe – e não voltaria mais. Um dia eu escapei de perto dela. Na verdade escapei de dentro de mim, do corpo, da forma de criança. Lembro-me bem de que já ia me deitar, depois de um dia cheio de estri- pulias próprias de criança, quando me senti algo diferente. Era como se um formigamento tomasse conta de meu corpo todo e eu estivesse com vertigem. Não quis contar o fato a ninguém, pois imaginava que me colocariam contra a pare- de, devido às peraltices que eu aprontara juntamente com um Gestação da Terra – Robson Pinheiro [pelo espírito Alex Zarthu] 3 dos meus irmãos. Com medo e um pouco assustado, decidi ir para a cama logo cedo, sem as costumeiras brincadeiras jun- to à minha mãe. A sensação de vertigem parecia aumentar, quando ensaiei gritar, procurando chamar a atenção das pessoas ao meu redor. A voz, contudo, não saía da garganta. Fiquei apavorado. Tentei abrir os olhos e não conseguia. Mas eu via; mesmo sem os olhos abertos, eu via. Sem os olhos, eu percebia tudo à minha volta, também sem entender o que se passava. Começava aí minha primeira experiência psíquica. Sentia-me girar sobre mim mesmo, sem obter o controle da situação. Deitado na horizontal, percebia-me girando devagar, para depois decolar vertiginosamente para além do corpo, que repousava naquele momento sobre a cama. A paisagem abaixo de mim parecia ser feita de sonhos. Uma campi-na imensa perdia-se de vista. E eu percebia sem enxergar. Participava de tudo e gravava cada detalhe da as- sombrosa excursão para além de minha imaginação. Árvores cujas copas desafiavam os céus e flores silvestres pululavam na paisagem que eu sobrevoava como um super-homem- menino. Era o início de uma aventura que jamais teria fim. Para onde me dirigia? Na certa eu não saberia dizer naquela época, como ainda agora não sei. Apenas me deixava condu- zir pelas asas do vento. Aprendi a me tranqüilizar à medida que aquelas experi- ências iam se repetindo dia após dia. Elas se repetiriam du- rante muitos anos de minha vida afora. Aprendi com o tem- po alguns termos que definiriam tais experiências, mas que não serviam para expressar a grandeza da-queles momentos. Talvez minha mãe teria algo para me dizer a respei-to de minhas viagens. Lembro-me de que ela se sentava ao meu lado, enquanto eu me deitava, e tocava-me suavemente, com a mão sobre a fronte, como a me cariciar. Saberia ela o que se passava Gestação da Terra – Robson Pinheiro [pelo espírito Alex Zarthu] 4 comigo? Só percebi que sim quando, algum tempo depois, me disse ao ouvido, baixinho: — Vá, meu filho, vá passear com seus amiguinhos e a- prenda com eles o quanto eu te amo. Depois de voltar ainda estarei aqui, ao seu lado, para abraçar você. Se algum dia você achar que não deve voltar, lembre-se de que estarei ainda assim te esperando com o coração cheio de carinho. De onde eu estava ouvia minha mãe. Será que eu ouvia com o cora-ção? Não sei dizer ao certo. Eu apenas ouvia. Também não sei quais palavras usar para descrever aquela situação, aquele estado em que me encontrava. Eu estaria onde, ou quando? Em qual tempo ou em que lugar? Assim eu viajava, assim eu viajei durante toda a minha vida; até hoje, quando escrevo estas palavras, eu viajo nas lembranças de mim mesmo. Os dias de juventude eram dias como qualquer outro, e meus an-seios eram tantos que me sentia inquieto diante do futuro. Não sabia que estava numa encruzilhada de minha vida. Já havia projetado meu futuro em termos bem diferentes do que ocorreu. Era evangélico, bem realizado e plenamente convicto de minhas crenças. Mas, ainda assim, não me lem- bro de uma época em que os espíritos não estivessem pre- sentes em minha vida. Mesmo sendo evangélico, convivi com espíritos amigos, que, de tempo em tempo, se faziam presentes e perceptíveis à minha visão espiritual. Natural- men-te, naquela época eu não sabia qual a intenção desses espíritos, aos quais eu chamava de demônios. Foi num desses dias tão comuns a qualquer mortal que ti- ve, pela primeira vez nesta existência, a certeza de que al- guém velava por mim. Embora não compreendesse certas verdades àquela época, um espíri-to amigo se fazia presente em.minha vida. Entre tantos encantos e desencantos, aprendi a respeitar a figura veneranda de Zarthú, o mentor ao qual dedico estas minhas palavras singelas. Como amigo, ele soube se ocultar durante anos, durante minha infância e ju- Gestação da Terra – Robson Pinheiro [pelo espírito Alex Zarthu] 5 ventude, sem fazer alarde, sem me forçar a nenhuma situa- ção constrangedora. Sempre ali, calado, paciente, presente, firme. Eu não compreendia o porquê; somente via aquele homem alto, barba rala, bem feita, uma expressão de tran- qüilidade no rosto. Emoldurando sua cabeça, um turbante azul claro; uma aura azul e dourada irradiava suavemente em torno de si. Ele me olhava, me seguia, ele estava ali, sempre alerta, em muitas ocasiões importantes de minha vida. Eu o via, mas não o escutava. Havia um silêncio que eu não tinha coragem de romper, o qual me inspirava segurança, reverên- cia e me deixava sensível até meus olhos molharem-se de lágrimas. Eis o que Zarthú me fazia sentir. Ele me emocionava. Mesmo assim eu cresci acreditando em outras coisas, pois não ha-via ninguém para me explicar o sentido de tudo o que me ocorria. Sempre acreditei em Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo a minha fé. Mas, mesmo na igreja, entre os salmos e hinos de louvor e adora-ção, lá estava Zarthú. Ele me olhava, e eu sentia a força de seu magne-tismo, de seu carinho. Naquela época eu diria: ele foi o amigo silenci-oso. Eis por que eu prefiro falar a respeito de um amigo. Zar- thú é para mim um amigo com o qual posso contar incondi- cionalmente. Confiável, sempre esteve presente em momentos difíceis, me incentivando com suas palavras encorajadoras. Lembro- me de certa vez, quando eu enfrentava uma dificuldade no campo profissional e encontrava-me envolvido em fortes emoções. O amigo Alex Zarthú mostrou-se à minha visão espiritual e disse-me: "Em época de tempestade, passarinho não muda de galho". Fiquei meditando em suas palavras sempre enigmáticas e, daquele dia em diante, não mais as esqueci. Tra-go suas palavras sábias sempre firmes dentro de mim e onde estiver sinto sua serenidade e firmeza. Gestação da Terra – Robson Pinheiro [pelo espírito Alex Zarthu] 6 Amigo, Zarthú é aquele que não pune minhas imperfei- ções e não me cobra aquilo que está além de meus limites. Contudo, ele me incen-tiva sempre a superar a mim mesmo. Há alguns anos eu vivia uma situação de muita gravidade. O trabalho exigia que eu caminhasse al-guns passos a mais e tomasse certas atitudes que seriam decisivas em minha expe- riência mediúnica. O amigo espiritual novamente se faz pre- sente e ressoa sua voz em meus ouvidos: "Se tiveres de em- preen-der uma luta, cuida-te para que, vencendo a ti mesmo, não haja venci-dos em tua caminhada. Luta sem fazer inimi- gos e persevera na lição que a vida te concede, pois lutar não significa guerrear". Era a lição da sabedoria milenar de al- guém que sabe o que significa a palavra amor. Companheiro incomparável, o espírito amigo incentiva todos os passos em direção à realização e satisfação íntima. Lembro-me ainda de suas palavras, lá pêlos idos de 1980: — Estuda e dedica-te à aquisição de conhecimento. Mais tarde vol-tarei a ti para tomar as lições de amor que a vida dá. Até lá, não te preocupes com fenômenos e não te inquie- tes por fazer aquilo que nem Deus espera de ti. Dá tempo ao tempo e prepara-te para a tarefa que teremos pela frente. Não tens nenhuma missão a cumprir, portanto aquieta-te. Se te dedicares ao estudo, com certeza te promoverás a tarefas importantes para tua própria elevação. Todos esses pensamentos, todas essas emoções e lem- branças caridosas me remetem ao passado, no ano de 1979, na cidade de Governador Valadares, região leste de Minas Gerais. Era uma tarde de sábado. Deveria realizar uma pregação na igreja da qual participava, quando Zarthú resolve apare- cer. Ele e um amigo espiritual, ao qual devo os melhores momentos de minha vida: Joseph Gleber. Eu lá, parado, esperando o coral cantar. Ao meu lado, os pastores que aguardavam o momento em que iria falar àque- la assembléia e decidiria para sempre o meu destino. Assim eu pensava, assim eu esperava. Eu queria, com todas as for- Gestação da Terra – Robson Pinheiro [pelo espírito Alex Zarthu] 7 ças de minha alma, ser um ministro de Deus. Aquele era o dia do teste, da pregação da palavra de Deus. Dali, sairia mais um pastor, mais um ministro consagrado ao Altíssimo, conforme era esperado por todos. Creio que minha mãe nunca rezou tanto como naquele dia. Ela sabia que aquele não era o meu caminho. As mães são sempre mães. Quando eu disse para ela que seria um pastor evangélico — minha mãe não era evangélica —, ela me disse que aguardasse o tempo e que o tempo é mais sábio do que eu. Eram palavras enigmáticas, que escondiam a sabedoria de uma mulher simples, mas que sabia amar. O amigo espiritual Zarthú aparece para mim minutos an- tes de eu começar a pregação. Não sei dizer ao certo o que senti na ocasião, mas de uma coisa tenho certeza: eu sabia que não sairia dali o mesmo. Ele veio de mansinho e, com o olhar penetrante, senti que me rasgava o interior, devassan- do-me a alma. Minha respiração ofegante denunciava a e- moção daquele momento que eu jamais esqueceria. Zarthú aproximava-se vibratoriamente de mim. Um misto de medo e de emoções contidas durante anos parecia se avolumar em meu peito. Senti como se estivesse para explodir, tão forte meu coração batia. A presença de Zarthú naquela ocasião tinha algo de diferente; era algo que eu não sabia definir, diante da força moral que o espírito deixava transparecer. Ele sabia o que eu pensava, e mais: ele penetrava em meu interior, como se me conhecesse desde longas eras. Não tinha como me furtar ao seu olhar e à sua energia vibrante. Pensei que iria morrer ali mesmo. Ao meu lado, o Pastor Benedito segurava minha mão, que a esta hora estava úmida de suor. Eu tremia e, para o pastor, eu estava com o olhar fixo no nada. Eu olhava para alguém que ele não podia ver. Senti como se algo quebrasse dentro de mim. A impres- são era a de uma casca de ovo se quebrando dentro de minha cabeça. Zarthú falou. Aliás, eu percebia sua voz pela primeira vez Gestação da Terra – Robson Pinheiro [pelo espírito Alex Zarthu] 8 nesta existência. Até então ele nunca falara nada para mim ou, se falara, não se utilizou de palavras articuladas, e eu não soubera interpretar o olhar, a expressão e os gestos do amigo espiritual. Mas ele resolveu falar. Eu percebia sua voz ressoar dentro e fora de mim. É uma voz potente, marcante e, ao mesmo tempo, suave e pausada. É algo difícil de descrever. Creio que somente com a alma se pode perceber a grandeza de momentos como aqueles vivi- dos por mim. Nenhuma palavra ou expressão é capaz de representar o verdadeiro significado de que se reveste para mim a palavra de Alex Zarthú. — Termina aqui, hoje, seu estágio nesta religião. — Fo- ram palavras difíceis de ser interpretadas, se é que tinha jeito de ser interpretadas, já que ele, Zarthú, deixava transparecer tal firmeza que não havia como contestar. Depois, viria o conselho sábio, do qual até hoje não me es-queço: — Aconselho-te que estudes os livros de um estranho [para mim] senhor chamado Allan Kardec. — Zarthú não deixava margem para ser interpretado. Ele mesmo se inter- pretara; era uma sentença da qual eu não poderia fugir. Ele definia ali, na igreja, toda a minha vida. A partir de então fui cativado pela presença e pela ener- gia do amigo que até hoje, através de palavras sábias, tem guiado meus passos. Creio que muito mais eu poderia dizer e muitas coisas com certeza ficaram sem ser ditas. Porém, quero deixar aqui registradas apenas minhas emoções, mi- nhas impressões, que talvez você, leitor, possa sentir um pouco, ao ler as palavras deste livro, que dedico a todos os médiuns que um dia tiveram o prazer indescritível de encon- trar em sua vida alguém que, como Zarthú, tem se mostrado de inquebrantável confiança e de uma fortaleza moral irre- sistível. Eis minhas palavras como médium e pupilo daquele que se revela grandiosamente nas palavras simples do livro que você acaba de abrir. Robson Pinheiro Gestação da Terra – Robson Pinheiro [pelo espírito Alex Zarthu] 9 Nota do editor por Leonardo Möller DURANTE A PSICOGRAFIA de Gestação da Terra, que tem ocorrido desde meados de 1998, o médium Robson Pinheiro demonstrava uma certa insegurança em publicar o texto de Alex Zarthú. Diversos eram seus motivos. Primeiramente, a responsabilidade em captar o pensa- mento do mentor, em sua segunda tentativa de transmitir o conteúdo dessa obra. Por volta do ano de 1841, este mesmo espírito que hoje dirige as atividades da Casa dos Espíritos chegou a escrever uma obra que procurava fazer uma retros- pectiva da história humana, sob o ponto de vista espiritual, através de uma médium nos Estados Unidos. Contudo, dada a falta de orientação no exercício mediúnico — que, como sabemos desde o advento do Espiritismo, não existe fora dos preceitos tais como traçados por Kardec —, o texto fora adulterado pela médium norte-americana, que se baseou nele para fundar uma religião, tão à moda de muitas que surgiram na primeira metade do século XIX. Era uma época de efer- vescência espiritual, que produziu, entre outros fenômenos, os fatos que envolveram as irmãs Fox e as mesas girantes. Em segundo lugar, a apreensão de Robson Pinheiro de- via-se a sua falta de intimidade com as ciências humanas, como história, geografia, filosofia e política, bem como ao afastamento em relação aos jornais e ao noticiário, que sem- pre preferiu manter. Como checar o que o espírito escrevia? Datas, nomes de personagens, lugares e eventos desconheci- dos... Mais uma prova da ação dos Imortais, e, por outro lado, motivo de dúvidas. Sobretudo, Robson Pinheiro preocupava-se com o pró- prio destino, após concluir Gestação da Terra. Zarthú, com seu estilo paternal, porém rigoroso, havia lhe informado que o momento do desencarne do médium chegaria tão logo a Gestação da Terra – Robson Pinheiro [pelo espírito Alex Zarthu] 10

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Minha vida é cheia de mistérios que ainda hoje teimo em desvendar, na tentativa de 107 Eliphas Lévi Zahec é o nome em hebraico pelo qual ficou conhecido Alphonse obra mais famosa é Dogma e Ritual da Alta Magia, que o consagrou como grande teórico da Ford, Michelle Pfeiffer, etc.
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