volume 13 — nº 1 — 2005 ISSN - 0104-3579 www.unifesp.br/dneuro AAAAArrrrrtttttiiiiigggggooooosssss ••••• AAAAAnnnnnááááállllliiiiissssseeeee cccccrrrrrííííítttttiiiiicccccaaaaa dddddeeeee eeeeennnnnsssssaaaaaiiiiiooooosssss ccccclllllííííínnnnniiiiicccccooooosssss aaaaallllleeeeeaaaaatttttóóóóórrrrriiiiiooooosssss sssssooooobbbbbrrrrreeeee fffffiiiiisssssiiiiiooooottttteeeeerrrrraaaaapppppiiiiiaaaaa aaaaaqqqqquuuuuááááátttttiiiiicccccaaaaa pppppaaaaarrrrraaaaa pppppaaaaaccccciiiiieeeeennnnnttttteeeeesssss nnnnneeeeeuuuuurrrrrooooolllllóóóóógggggiiiiicccccooooosssss ••••• TTTTTrrrrraaaaatttttaaaaammmmmeeeeennnnntttttooooo CCCCCiiiiirrrrrúúúúúrrrrrgggggiiiiicccccooooo dddddeeeee MMMMMeeeeetttttááááássssstttttaaaaassssseeeeesssss IIIIInnnnntttttrrrrraaaaacccccrrrrraaaaannnnniiiiiaaaaannnnnaaaaasssss ••••• EEEEEfffffiiiiicccccáááááccccciiiiiaaaaa dddddaaaaa tttttoooooxxxxxiiiiinnnnnaaaaa bbbbboooootttttuuuuulllllííííínnnnniiiiicccccaaaaa tttttiiiiipppppooooo-----AAAAA aaaaassssssssssoooooccccciiiiiaaaaadddddaaaaa aaaaa fffffiiiiisssssiiiiiooooottttteeeeerrrrraaaaapppppiiiiiaaaaa eeeeemmmmm uuuuummmmmaaaaa cccccrrrrriiiiiaaaaannnnnçççççaaaaa hhhhheeeeemmmmmiiiiippppplllllééééégggggiiiiicccccaaaaa eeeeessssspppppááááássssstttttiiiiicccccaaaaa ••••• QQQQQuuuuuaaaaallllliiiiidddddaaaaadddddeeeee dddddooooo sssssooooonnnnnooooo dddddeeeee pppppaaaaaccccciiiiieeeeennnnnttttteeeeesssss cccccooooommmmm eeeeessssscccccllllleeeeerrrrrooooossssseeeee lllllaaaaattttteeeeerrrrraaaaalllll aaaaammmmmiiiiioooootttttrrrrróóóóófffffiiiiicccccaaaaa::::: aaaaannnnnááááállllliiiiissssseeeee dddddooooosssss iiiiinnnnnssssstttttrrrrruuuuummmmmeeeeennnnntttttooooosssss dddddeeeee aaaaavvvvvaaaaallllliiiiiaaaaaçççççãããããooooo ••••• DDDDDeeeeemmmmmêêêêênnnnnccccciiiiiaaaaa cccccooooommmmm cccccooooorrrrrpppppooooosssss dddddeeeee LLLLLeeeeewwwwwyyyyy::::: aaaaabbbbbooooorrrrrdddddaaaaagggggeeeeemmmmm ccccclllllííííínnnnniiiiicccccaaaaa eeeee ttttteeeeerrrrraaaaapppppêêêêêuuuuutttttiiiiicccccaaaaa ••••• PPPPPrrrrroooooccccceeeeedddddiiiiimmmmmeeeeennnnntttttooooosssss FFFFFiiiiisssssiiiiiooooottttteeeeerrrrraaaaapppppêêêêêuuuuutttttiiiiicccccooooosssss pppppaaaaarrrrraaaaa DDDDDiiiiisssssfffffuuuuunnnnnçççççãããããooooo VVVVVééééésssssiiiiicccccooooo-----EEEEEsssssfffffiiiiinnnnncccccttttteeeeerrrrriiiiiaaaaannnnnaaaaa dddddeeeee PPPPPaaaaaccccciiiiieeeeennnnnttttteeeeesssss cccccooooommmmm TTTTTrrrrraaaaauuuuummmmmaaaaatttttiiiiisssssmmmmmooooo RRRRRaaaaaqqqqquuuuuiiiiimmmmmeeeeeddddduuuuulllllaaaaarrrrr ––––– RRRRReeeeevvvvviiiiisssssãããããooooo NNNNNaaaaarrrrrrrrrraaaaatttttiiiiivvvvvaaaaa ••••• TTTTTrrrrraaaaatttttaaaaammmmmeeeeennnnntttttooooo dddddaaaaa FFFFFaaaaassssseeeee AAAAAggggguuuuudddddaaaaa dddddooooo AAAAAccccciiiiidddddeeeeennnnnttttteeeee VVVVVaaaaassssscccccuuuuulllllaaaaarrrrr CCCCCeeeeerrrrreeeeebbbbbrrrrraaaaalllll IIIIIsssssqqqqquuuuuêêêêêmmmmmiiiiicccccooooo ••••• AAAAAnnnnnááááállllliiiiissssseeeee dddddaaaaa cccccoooooeeeeerrrrrêêêêênnnnnccccciiiiiaaaaa dddddooooo eeeeessssspppppeeeeeccccctttttrrrrrooooo dddddooooo eeeeellllleeeeetttttrrrrreeeeennnnnccccceeeeefffffaaaaalllllooooogggggrrrrraaaaammmmmaaaaa Neurociências revista 3 Neurociências Editorial HOMENAGEM A Professora Dra. Odete de Fátima Sallas Durigon nasceu em 02/01/1955 e faleceu em 05/02/2005, graduou-se em Fisioterapia (1977), titulou-se Mestre em Ciências Biológicas (1989) e Doutora em Ciências Fisiológicas (1997) pela Universidade de São Paulo. Coordenou o Curso de Fisioterapia da USP nas décadas de 80 e 90 e lecionou como Titular das Disciplinas de Cinesiologia e Cinesioterapia do mesmo curso. Difundiu no Brasil, por meio de cursos de extensão, um dos métodos mais utilizados na fisioterapia: a Técnica de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, também conhecido como Método Kabat, dentre outros grandes feitos. Teve dois filhos (Rafael e Camila Durigon) os quais devem se orgulhar da grande mestra e pessoa que foi sua mãe. Para aqueles que já tiveram a oportunidade de ler a obra de Mitch Albom, “A última grande lição – o sentido da vida” talvez possam melhor entender o conteúdo de nossa homenagem a esta grande mestra. Assim que soube do inesperado e súbito infortúnio, fui visitar, em sua casa a admirável professora. Ao vê-la acamada, imobilizada e abatida não consegui conter ou esconder triste emoção. Prontamente, a mestra perspicaz e amiga, sempre tão forte e ativa, ao invés de ser consolada foi consoladora. E como eu não podia prever ou imaginar, ensinando a última grande lição: Não fique assim, eu estou bem, não se preocupe... Quem diria que eu teria um problema desses. Eu que tanto ensinei a cuidar com responsabilidade e dedicação. O que posso te dizer? Viva a vida com equilíbrio, evite excessos, pois levam a destruição. Podemos realizar muitos sonhos e bons atos, mas cuidado com dois inimigos: o orgulho e a ambição. Dedique-se a sua profissão, a produzir ciência, mas não exclusivamente. Cuidado com a envolvente ilusão. Os títulos e os cargos não são mais importantes do que viver tranqüilamente, ter paz no coração. Cuide “também” da sua saúde, esteja mais com sua família e amigos, tenha gratidão. O que poderemos levar desta vida senão o amor compartilhado entre nós, os momentos vividos com muita satisfação? Foi a última vez que a vi... Guardo com carinho todos seus ensinamentos, em especial os daquele dia, iluminados de emoção. À querida e estimada professora, que assistiu e consolou com carinho e profissionalismo muitos enfermos, que transmitiu louváveis ensinamentos a milhares de alunos brasileiros, que realizou muitas pesquisas, colaborando com os avanços científicos na área da saúde, que escreveu um grande capítulo da história de uma das profissões de maior dedicação e abnegação: a fisioterapia, nossa homenagem e eterna gratidão. Sissy Veloso Fontes Índice ARTIGOS ORIGINAIS Análise crítica de ensaios clínicos aleatórios sobre fisioterapia aquática para pacientes neurológicos Rafaela Okano Gimenes, Sissy Veloso Fontes , Márcia Maiumi Fukujima, Sandro Luis de Andrade Matas, Gilmar Fernandes do Prado.............................05 Tratamento Cirúrgico de Metástases Intracranianas Franz J Onishi, Julieta GSP Melo, Paulo MP Melo, Oreste P Lanzoni, Flávio Settanni, Fernando AP Ferraz............................................................................11 Eficácia da toxina botulínica tipo-A associada a fisioterapia em uma criança hemiplégica espástica Resende, C. M. G.; Nascimento, V. F. do; Leite, J. M. R. S............................................................................................................................................................17 Qualidade do sono de pacientes com esclerose lateral amiotrófica: análise dos instrumentos de avaliação Simone Ribas Ghezzi, Sissy Veloso Fontes, Alexandre Santos Aguiar, Lígia Masagão Vitali, Marcia Maiumi Fukujima, Francis Meire Fávero Ortensi, Helga Cristina Almeida da Silva, Acary Souza Bulle de Oliveira, Gilmar Fernandes do Prado.....................................................................................................21 ARTIGOS DE REVISÃO Demência com corpos de Lewy: abordagem clínica e terapêutica Antônio Lúcio Teixeira-Jr, Francisco Cardoso......................................................................................................................................................................................28 Procedimentos Fisioterapêuticos para Disfunção Vésico-Esfincteriana de Pacientes com Traumatismo Raquimedular – Revisão Narrativa Márcia Maria Gimenez, Sissy Veloso Fontes, Marcia Maiumi Fukujima.........................................................................................................................................34 Tratamento da Fase Aguda do Acidente Vascular Cerebral Isquêmico Gisele Sampaio Silva, Daniela Laranja Gomes, Ayrton Roberto Massaro.........................................................................................................................................39 Análise da coerência do espectro do eletrencefalograma Renato Anghinah.......................................................................................................................................................................................................................................50 REVISTA NEUROCIÊNCIAS V13 N1 - JAN/MAR, 2005 Neurociências 4 REVISTA NEUROCIÊNCIAS Editor Chefe / Editor in chief Membros / Members João Pereira Leite, MD, PhD, Ribeirão Preto, SP Gilmar Fernandes do Prado, MD, PhD, São Paulo, SP Flávio Aloe, MD, São Paulo, SP Luiz Eugênio A. M. Mello, MD, PhD, São Stela Tavares, MD, São Paulo, SP Paulo, SP Editora Executiva / Executive Editor Dalva Poyares MD, PhD, São Paulo, SP Líquidos Cerebroespinhal / Cerebrospinal Luciane Bizari Coin de Carvalho, PhD, São Paulo, SP Ademir Baptista Silva, MD, PhD, São Fluid Co-editor / Co-editor Paulo, SP Chefe / Head José Osmar Cardeal, MD, PhD, São Paulo, SP. Alice Hatsue Masuko, MD, São Paulo, SP João Baptista dos Reis Filho, MD, PhD, São Luciane B. Coin de Carvalho, PhD, São Paulo, SP. Editores Associados / Associate Editors Paulo, SP Membros / Members Alberto Alain Gabbai, MD, PhD, São Paulo, SP Maria Carmen Viana, MD, PhD, Vitória, ES Leopoldo Antonio Pires, MD, PhD, Juiz de Fora, Esper Abrão Cavalheiro,MD, PhD, São Paulo, SP Virna Teixeira, MD, PhD, São Paulo, SP MG Fernando Menezes Braga, MD, PhD, São Paulo, SP Geraldo Rizzo, MD, Porto Alegre, RS Sandro Luiz de Andrade Matas, MD, PhD, São Rosana Cardoso Alves, MD, PhD, São Paulo, SP Paulo, SP Corpo Editorial / Editorial Board Robert Skomro, MD, FRPC, Saskatoon, SK, José Edson Paz da Silva, PhD, Santa Maria, RS Desordens do Movimento / Movement Ana Maria de Souza, PhD, Ribeirão Preto, SP Canadá Disorders Sílvio Francisco, MD, São Paulo, SP Chefe / Head Neurologia do Comportamento / Behavioral Henrique Ballalai Ferraz, MD, PhD, São Paulo, SP Neurology Doenças Cerebrovasculares / Membros / Members Chefe / Head Cerebrovascular Disease Francisco Cardoso, MD, PhD, Belo Horizonte, MG Paulo Henrique Ferreira Bertolucci, MD, PhD, Chefe / Head Sônia Maria Cézar de Azevedo Silva, MD, PhD, São Paulo, SP. Ayrton Massaro, MD, PhD, São Paulo, SP. São Paulo, SP Membros / Members Membros / Members Egberto Reis Barbosa, MD, PhD, São Paulo, SP Ivan Okamoto, MD, PhD, São Paulo, SP Aroldo Bacelar, MD, PhD, Salvador, BA Maria Sheila Guimarães Rocha, MD, PhD, São Thais Minetti, MD, PhD, São Paulo, SP Paulo, SP Alexandre Longo, MD, PhD, Joinvile, SC Rodrigo Schultz, MD, PhD, São Paulo, SP Vanderci Borges, MD, PhD, São Paulo, SP Carla Moro, MD, PhD, Joinvile, SC Sônia Dozzi Brucki, MD, PhD, São Paulo, SP Cesar Raffin, MD, PhD, São Paulo, SP Roberto César Pereira do Prado, MD, PhD, Aracajú, SE Charles Andre, MD, PhD, Rio de Janeiro, RJ Neurocirurgia / Neurosurgery Gabriel de Freitas, MD, PhD, Rio de Chefe / Head Epilepsia / Epilepsy Janeiro, RJ Mirto Nelso Prandini, MD, PhD, São Paulo, SP Chefe / Head Jamary de Oliveira Filho, MD, PhD, Membros / Members Elza Márcia Targas Yacubian, MD, PhD, São Salvador, BA Fernando Antonio P. Ferraz, MD, PhD, São Paulo, SP Paulo, SP Jefferson G. Fernandes, MD, PhD, Porto Alegre, RS Antonio de Pádua F. Bonatelli, MD, PhD, Membros / Members Jorge Al Kadum Noujain, MD, PhD, Rio de São Paulo, SP Américo Ceike Sakamoto, MD, PhD, São Paulo, Janeiro, RJ Sérgio Cavalheiro, MD, PhD, São Paulo, SP SP Márcia Maiumi Fukujima, MD, PhD, São Paulo, SP Oswaldo Inácio de Tella Júnior, MD, PhD, Carlos José Reis de Campos, MD, PhD, São Mauricio Friedirish, MD, PhD, Porto Alegre, RS São Paulo, SP Paulo, SP Rubens J. Gagliardi, MD, PhD, São Paulo, SP Orestes Paulo Lanzoni, MD, São Paulo, SP Luiz Otávio Caboclo, MD, PhD, São Paulo, SP Soraia Ramos Cabette Fabio, MD, PhD, São Ítalo Capraro Suriano, MD, São Paulo, SP Alexandre Valotta da Silva, MD, PhD, São Paulo, SP Samuel Tau Zymberg, MD, São Paulo, SP Paulo, SP Viviane de Hiroki Flumignan Zétola, MD, PhD, Margareth Rose Priel, MD, PhD, São Paulo, SP Curitiba, PR Neuroimunologia / Neuroimmunology Henrique Carrete Jr, MD, PhD, São Paulo, SP Chefe / Head Oncologia / Oncology Enedina Maria Lobato, MD, PhD, São Neurophysiology Chefe / Head Paulo, SP. Chefe / Head Suzana Maria Fleury Mallheiros, MD, PhD, São Membros / Members João Antonio Maciel Nóbrega, MD, PhD, São Paulo, SP. Nilton Amorin de Souza, MD, São Paulo, SP Paulo, SP Membros / Members Membros / Members Carlos Carlotti Jr, MD, PhD, São Paulo, SP Dor, Cefaléia e Funções Autonômicas / Pain, Nádia Iandoli Oliveira Braga, MD, PhD, São Fernando A. P. Ferraz, MD, PhD, São Paulo, Headache and Autonomic Function Paulo, SP SP Chefe / Head José Fábio Leopoldino, MD, Aracajú, SE Guilherme C. Ribas, MD, PhD, São Paulo, SP Deusvenir de Souza Carvalho, MD, PhD, São José Maurício Golfetto Yacozzill, MD, Ribeirão João N. Stavale, MD, PhD, São Paulo, SP Paulo, SP Preto, SP Membros / Members Francisco José Carcchedi Luccas, MD, São Paulo, SP Doenças Neuromusculares / Neuromuscular Angelo de Paola, MD, PhD, São Paulo, SP Gilberto Mastrocola Manzano, MD, PhD, São Paulo, SP disease Fátima Dumas Cintra, MD, São Paulo, SP Carmelinda Correia de Campos, MD, PhD, São Chefe / Head Paulo Hélio Monzillo, MD, São Paulo, SP Paulo, SP Acary de Souza Bulle de Oliveira, MD, PhD, José Cláudio Marino, MD, São Paulo, SP Marcelo Ken-It Hisatugo, MD, São Paulo, SP Reabilitação / Rehabilitation São Paulo, SP Chefe / Head Membros / Members Interdisciplinaridade e história da Sissy Veloso Fontes, PhD, São Paulo, SP Edimar Zanoteli, MD, PhD, São Paulo, SP Neurociência / Interdisciplinarity and Membros / Members Helga Cristina Almeida e Silva, MD, PhD, History of Neuroscience Jefferson Rosa Cardoso, PhD, Londrina, PR. São Paulo, SP Chefe / Head Márcia Cristina Bauer Cunha, PhD, São Paulo, SP Leandro Cortoni Calia, MD, PhD, São Afonso Carlos Neves, MD, PhD, São Paulo, SP Ana Lúcia Chiappetta, PhD, São Paulo, São Paulo, SP Membros / Members Paulo, SP Luciana de Souza Moura, MD, PhD, São João Eduardo Coin de Carvalho, PhD, São Carla Gentile Matas, PhD, São Paulo, SP Paulo, SP Paulo, SP Fátima Abrantes Shelton, MD, PhD, Edmond, Flávio Rocha Brito Marques, MD, São Paulo, SP OK, USA Laboratório e Neurociência Básica / Vinícius Fontanesi Blum, MD, São Paulo, SP Sandro Luiz de Andrade Matas, MD, PhD, São Laboratory and Basic Neuroscience Rubens Baptista Júnior, MD, São Paulo, SP Paulo, SP Chefe / Head Márcia Regina Barros da Silva, PhD, São Paulo, SP Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela, PhD, Belo Maria da Graça Naffah Mazzacoratti, PhD, São Eleida Pereira de Camargo, São Paulo, SP Horizonte, MG Paulo, SP Dante Marcello Claramonte Gallian, PhD, São Fátima Valéria Rodrigues de Paula Goulart, Membros / Members Paulo, SP Beatriz Hitomi Kyomoto, MD, PhD, São PhD, Belo Horizonte, MG Patricia Driusso, PhD, São Paulo, SP Paulo, SP Neuropediatria / Neuropediatrics Célia Harumi Tengan, MD, PhD, São Paulo, SP Chefe / Head Distúrbios do Sono / Sleep Disorders Maria José S. Fernandes, PhD, São Paulo, SP Luiz Celso Pereira Vilanova, MD, PhD, São Chefe / Head Mariz Vainzof, PhD, São Paulo, SP Paulo, SP Lucila Bizari Fernandes do Prado, MD, PhD, Iscia Lopes Cendes, PhD, Campinas, SP Membros / Members São Paulo, SP Débora Amado Scerni, PhD, São Paulo, SP Marcelo Gomes, São Paulo, SP Coordenação editorial, criação, diagramação e produção gráfica: Atha Comunicação & Editora Rua Machado Bittencourt, 190 - 4º andar - conj. 410 CEP: 04044-000 - São Paulo - SP - Tel.: (11) 5087-9502 - Fax: (11) 5579-5308 - email: [email protected] Os pontos de vista, as visões e as opiniões políticas aqui emitidas, tanto pelos autores, quanto pelos anunciantes, são de responsabilidade única e exclusiva de seus proponentes. Tiragem: 3.000 exemplares REVISTA NEUROCIÊNCIAS V13 N1 - JAN/MAR, 2005 Neurociências 5 Artigo Original Análise crítica de ensaios clínicos aleatórios sobre fisioterapia aquática para pacientes neurológicos Critical analysis of randomized clinical trials in aquatic physical therapy applied to neurological patients Rafaela Okano Gimenes1, Sissy Veloso Fontes2 , Márcia Maiumi Fukujima3, Sandro Luis de Andrade Matas4, Gilmar Fernandes do Prado5 RESUMO Objetivos: Revisão da literatura na busca de evidências da efetividade da fisioterapia aquática em pacientes com doença neurológica e análise crítica dos ensaios clínicos aleatórios (ECA). Método: Loca- lização dos ensaios clínicos aleatórios através da busca em bases eletrônicas e análise crítica dos ECA utilizando a lista Delphi. Resultados: Dos 207 trabalhos localizados 157 foram recuperados. Destes, 22 foram utilizados, sendo apenas 6 ECA. Um trabalho apresentou o método de aleatorização, mostrando que este não é um método utilizado regularmente em estudos clínicos sobre este assunto, devendo estudos futuros utilizar-se deste método para a alocação dos pacientes. A maioria dos estudos apresen- tou grupos similares com relação aos indicadores prognósticos mais importantes dos pacientes e, todos os estudos apresentaram critérios de elegibilidade especificados, intenção de tratar e foram relatadas estimativas das medidas de tendência central e variabilidade nas medidas de desfecho primário propici- ando, assim estudos de melhor qualidade. Conclusão: existem fracas evidências na literatura dos bene- fícios da fisioterapia aquática quando aplicada à pacientes com doenças neurológicas, sendo fundamental a elaboração de um ensaio clínico aleatório de grande amostra para avaliar o efeito da fisioterapia aqu- ática em pacientes com doença neurológica específica. Unitermos: Hidroterapia, Fisioterapia aquática, Doenças neurológicas. Citação: Gimenes RO, Fontes SV , Fukujima MM, Matas SLA, Prado GF. Análise crítica de ensaios clínicos aleatórios sobre fisioterapia aquática para pacientes neurológicos. Rev Neurociencias 2005; 13(1):005-010. SUMMARY Purpose: to carry out a systematic literature review in order to find evidence of the efficiency of aquatic therapy for neurologically impaired patients with motor disorders; to critically analyze the randomized clinical trials (RCT) identified. Methods: Identification of RCT through electronic sources, and critical analysis of the RCT according to the Delphi checklist. Results: the method of randomization was found in only one out of six studies, which leads to the conclusion that this method is not used in a consistent manner by clinical studies on the topic. Thus, future research should employ the randomization method for the Trabalho realizado: Universidade Bandeirante de São Paulo - UNIBAN 1 - Fisioterapeuta, Mestre em Ciências da Reabilitação Neuromotora pela UNIBAN, Docente do Centro Universitário São Camilo e UNISANTA 2 - Fisioterapeuta, Educadora Física, Mestre em Neurociências e Doutora em Ciências pela UNIFESP, Docente da UMESP e UNISANTA 3 - Neurologista do Serviço de Urgência da UNIFESP 4 - Neurologista, Doutor em Medicina pela UNIFESP, Docente da UNIBAN 5 - Neurologista, Docente da UNIFESP Endereço para correspondência: Sissy Veloso Fontes R: Francisco Tapajós, 513 ap. 122 Jd. Santo Estéfano - São Paulo - SP - CEP: 04153-001 - Email: [email protected] Trabalho recebido em 25/01/05. Aprovado em 10/04/05 REVISTA NEUROCIÊNCIAS V13 N1 - JAN/MAR, 2005(005-010) Neurociências 6 allocation of patients, for there are no restrictions for its usage in physiotherapeutic studies. In addition, the majority of the studies presented similar groups in terms of the most significant prognostic indicators of the patients, and all papers provided enough information about the eligibility criteria, intention to treat and statistical analysis (point estimates and measures of variability), which ensures the quality of the studies. Conclusion: there is no clear evidence in the literature about the benefits of aquatic physical therapy when applied to neurologically impaired patients with motor disorders. Given this gap in the literature, it becomes essential to develop a RCT in order to assess the effects of aquatic physical therapy on patients with specific neurological dysfunctions. Keywords: Hydrotherapy, Aquatic Physical therapy, Neurological Disease. Citation: Gimenes RO, Fontes SV , Fukujima MM, Matas SLA, Prado GF. Critical analysis of randomized clinical trials in aquatic physical therapy applied to neurological patients. Rev Neurociencias 2005; 13(1):005-010. INTRODUÇÃO saios clínicos aleatórios (ECA) de fisioterapia aquáti- ca em pacientes neurológicos com comprometimen- Atualmente não há um consenso sobre a termino- to motor, para averiguarmos se existem evidências logia mais adequada para denominar o procedimen- científicas sobre os efeitos da fisioterapia aquática para to fisioterapêutico cinesioterapia, quando executado estes pacientes. em meio aquático. Sendo assim, dos vários termos que vêm sendo utilizados (reabilitação aquática, hidro- Os ECA podem ser definidos como experimen- cinesioterapia, exercícios aquáticos), consideramos o tos analíticos nos quais os investigadores alocam termo “fisioterapia aquática” o mais indicado, por isso, aleatoriamente os sujeitos elegíveis para o grupo o eleito neste trabalho para denominar o procedimen- de tratamento e grupo controle e, os resultados são to fisioterapêutico a ser estudado. avaliados comparando ambos os grupos. A fisioterapia aquática possui uma longa histó- Os objetivos deste trabalho abrangem: 1. Revi- ria e é tão importante atualmente quanto foi no são da literatura na busca de evidências da passado. Hoje, com o crescimento de sua popula- efetividade da fisioterapia aquática em pacientes ridade, os fisioterapeutas são encorajados a utili- neurológicos com comprometimento motor; 2. Aná- zarem a água aproveitando ao máximo suas lise crítica dos ECA sobre fisioterapia aquática. propriedades. Para que possamos compreender este recurso MATERIAL E MÉTODO fisioterapêutico faz-se necessário o amplo conhe- cimento sobre as propriedades hidrostáticas, Foi realizada revisão abrangente da literatura, hidrodinâmicas e termodinâmica da água (mecâ- obedecendo aos seguintes critérios: nica de fluidos). 1 - Estratégias usadas para identificação dos A imersão aquática possui efeitos fisiológicos estudos relevantes que se estendem sobre todos os siste- Ensaios clínicos aleatórios relevantes foram iden- mas e a homeostase. Estes efeitos podem ser tan- tificados eletronicamente por busca nas bases de to imediatos quanto tardios, permitindo assim, que dados: Medline, Embase, Scielo, Lilacs, Cochrane a água seja utilizada para fins terapêuticos em uma Library, além da procura manual nas referências dos grande variedade de problemas orgânicos. A tera- artigos. A pesquisa compreendeu o período de 1950 pia aquática parece ser benéfica no tratamento de a 2004. A estratégia adotada e os descritores utili- pacientes com distúrbios músculo-esqueléticos, zados foram: randomized-controlled trial in pt, neurológicos, cardiopulmonares, entre outros [1]. randomized-controlled-trials, random-allocation, double-blind-method, single-blind-method, clinical- Campion [2] cita que apenas por meio da experiên- trial in pt, neurological disorders and hydrotherapy, cia clínica pode-se sugerir que a fisioterapia aquática neurological disorders and aquatic physical therapy; seja um meio efetivo e prático para a recuperação de neurological disorders and exercise in water, pessoas que estão com disfunções neurológicas, neurological disorders and aquatic exercises, neuro- uma vez que poucas pesquisas têm sido realizadas. logical disorders and water therapy, neurological Portanto, o foco deste estudo consiste em anali- disorders and water immersion, neurological sar apenas os trabalhos científicos baseados em en- diseases and hydrotherapy. REVISTA NEUROCIÊNCIAS V13 N1 - JAN/MAR, 2005(005-010) Neurociências 7 2 - Tipos de estudos zir uma revisão sistemática adequada. É composta por oito itens, e as respostas são apresentadas nas Foram considerados todos ECA onde os gru- formas de “sim/ não/ não sei”, onde uma das alter- pos de estudo receberam tratamento com fisiote- nativas deve ser assinalada para cada item, como rapia aquática, e os grupos controle receberam é mostrada abaixo. tratamento tanto de fisioterapia tradicional (ci- nesioterapia em solo) como a fisioterapia aquáti- 1. Alocação de tratamento: ca ou natação adaptada. A. Foi realizado um método de aleatorização? 3 - Tipos de participantes Sim / Não / Não Sei Todos os pacientes dos estudos apresentavam B. A alocação do tratamento foi sigilosa? doença neurológica com comprometimento motor Sim / Não / Não Sei (paralisia cerebral, poliomielite, lesão medular, 2. A entrada no estudo, os grupos eram simi- traumatismo crânio-encefálico, acidente vascular lares com relação aos indicadores prognósti- cerebral, aneurisma cerebral e esclerose múltipla) cos mais importantes? de faixas etárias diversas (criança, adolescente, Sim / Não / Não Sei adulto e idoso). 3. Os critérios de elegibilidade foram especifica- 4 - Tipos de intervenção dos? Foi considerado qualquer protocolo de interven- Sim / Não / Não Sei ção fisioterapêutica aquática, que consistiu na apli- 4. Os avaliadores dos desfechos foram masca- cação de cinesioterapia em meio líquido, com rados? movimentos passivos, ativos, ativo-resistidas, exer- Sim / Não / Não Sei cícios de coordenação motora, treino de marcha 5. Os que ofereceram a intervenção eram masca- subaquática e nado livre, quando possível. Estes rados? protocolos foram comparados com os seguintes Sim / Não / Não Sei grupos controle: que receberam intervenção de ati- vidade física sem fins terapêuticos na água, 6. Os pacientes eram mascarados em relação a cinesioterapia em solo e natação adaptada. intervenção? Sim / Não / Não Sei 5 - Aplicação dos critérios iniciais de inclusão 7. Em relação às medidas de desfecho primá- Nesta primeira fase foi verificado se o estudo era rio, foram relatadas estimativas das medidas ECA e analisada a ocultação da alocação, seguin- do a classificação: de tendência central e variabilidade? Sim / Não / Não Sei A. Medidas adequadas para o sigilo da alocação como aleatorização central, números seriados, en- 8. A análise foi realizada pela intenção de tratar? velopes, ou outras descrições de ocultação consi- Sim / Não / Não Sei derada adequada; B. Estudos clínicos com descrição vaga da RESULTADOS ocultação da alocação e que não se enquadram Dos 207 trabalhos localizados na leteratura, por na categoria anterior; meio dos descritores utilizados, 50 foram excluídos C. Ensaios clínicos controlados, em que o mé- devido suas referências apresentarem erros de todo de alocação não era oculto. confecção, por exemplo, ausência do número do 6 - Qualidade metodológica dos estudos in- fascículo, nome dos autores e outras falhas, im- cluídos possibilitando a obtenção dos artigos na integra para análise. Os 157 artigos restantes foram anali- De acordo com Verhagen et al [3] atualmente, sados, sendo selecionados 22 artigos pois, ape- as revisões sistemáticas contam com uma avali- nas estes utilizaram o recurso “fisioterapia aquática” ação mais fidedigna da qualidade metodológica para tratamento, os demais utilizaram a “hidro-te- dos ECA. rapia” como meio de intervenção, ou seja, qualquer A lista de Delphi foi desenvolvida com a finalida- forma de aplicação externa de água, não condi- de de avaliar a qualidade dos ECA, a fim de condu- zente com o objetivo deste estudo. Dos 22 artigos, REVISTA NEUROCIÊNCIAS V13 N1 - JAN/MAR, 2005(005-010) Neurociências 8 preencheram os critérios de inclusão do estudo 6 zação[4], mostrando que este não é um método uti- trabalhos, ou seja, eram ensaios clínicos aleatóri- lizado regularmente em ensaios clínicos sobre este os, os demais eram relatos de caso ou opinião do assunto devendo, estudos futuros utilizar-se deste especialista. A catalogação e as características dos método para a alocação dos pacientes. 6 artigos incluídos nesta revisão são apresentadas Houve, também apenas um estudo onde os ava- nos quadros 1 e 2 respectivamente. liadores dos desfechos eram mascarados [5], sen- do este item de grande importância, pois quando isto não ocorre, os resultados do estudo podem ser DISCUSSÃO tendenciosos. Dos 6 (seis) artigos selecionados e analisados, Em relação ao mascaramento sobre os nenhum dos artigos apresentou: terapeutas que ofereceram a intervenção, apenas A. Sigilo na alocação do tratamento, que os de- um dos estudos[4] utilizou-se deste critério, pois di- senhos de ensaios clínicos futuros sobre fisiotera- ficilmente os terapeutas pesquisadores não irão pia aquática devem descrever, ou seja, uma fazer parte da aplicabilidade do procedimento do seqüência aleatória de tarefa gerada por uma pes- estudo. Há, portanto, a necessidade da participa- soa independente do estudo (esta não pode ter in- ção de terapeutas que não tenham conhecimento formações sobre quais pacientes foram incluídos sobre os objetivos do estudo. no grupo de estudo, e também não pode influenci- A maioria dos estudos apresentou grupos simi- ar nas seqüências das tarefas realizadas pelos pa- lares em relação aos indicadores prognósticos mais cientes), a fim de melhorar a qualidade dos estudos importantes [4, 5, 7, 8] dos pacientes e, todos os estu- sobre esta temática. dos [4-9] apresentaram critérios de elegibilidade es- B. Mascaramento dos pacientes em relação à pecificados, intenção de tratar e, foram relatadas intervenção, isto se deve ao fato de que os pa- estimativas das medidas de tendência central e va- cientes submetidos a procedimentos fisiotera- riabilidade nas medidas de desfecho primário, pro- pêuticos têm conhecimento do tratamento, exceto piciando, assim estudos de melhor qualidade. quando submetidos a tratamentos eletroterápicos Em relação ao trabalho de revisão sistemáti- sem contato. ca, espera-se encontrar evidências científicas a Um estudo apresentou o método da aleatori- respeito do assunto pesquisado. Para tanto, ob- Doenças Neurológicas N ECA Ano Autores GE GC GE GC 1 1994 Prins JH, Hartung GH, Merritt poliomielite poliomielite 9 7 DJ, Blancq BS, Goebert DA. 2 1996 Dorval G, Tetreault S, PC PC 10 10 Caron C. 3 1998 Hutzler Y, Chacham A, PC PC 23 23 Bergman U, Szeinberg A. 4 1998 Hutzler Y,Chacham A, PC PC 23 23 Bergman U,Reches I. 5 1998 Zamparo P, Pagliaro P. EM, AVC, MP EM, AVC, MP 23 23 6 1999 Pagliaro P, Zamparo P. MP, EM, MP, EM, 26 26 AVC,TCE AVC, TCE PC = paralisia cerebral, EM = esclerose múltipla, AVC = acidente vascular cerebral, MP = mielopatia, TCE = traumatismo crânio-encefálico. Quadro 1. Ensaios clínicos aleatórios (ECA) segundo ano de publicação, autores, doenças neurológicas dos grupos de estudo (GE) e controle (GC) e número de pacientes (N) pertencentes aos GE e GC. REVISTA NEUROCIÊNCIAS V13 N1 - JAN/MAR, 2005(005-010) Neurociências 9 ECA Objetivos do Estudo Tipo de intervenção com Conclusões do Estudo Fisioterapia Aquática 1 Determinar o efeito Exercícios ativo-resistidos utilizando O grupo de estudo doprograma de exercícios equipamentos como “palmar” e apresentou aumento da força aquáticos sobre a força “nadadeira”. muscular quando comparado muscular. ao grupo controle. 2 Comparar o impacto acurto e Programa 1. Exercícios de Houve aumento na pontuação longoprazo de dois programas aquecimento e relaxamento, jogos das escalas de auto-estima e aquáticos específicos em aquáticos e natação adaptada sem independência funcional entre relação a autoestima e objetivos terapêuticos. os grupos de estudo e independência funcional e, Programa 2. Exercícios de controle, mas não houve averiguar a efetividade da Aquecimento, relaxamento, ativos diferença significativa entre fisioterapia aquática. individuais e em grupo com objetivos os grupos. terapêuticos gerais e específicos. 3 Averiguar o efeito do Exercícios individuais de habilidade Foi sugerido que a aplicação programa sobre a função de orientação aquática, exercícios associada dos procedimentos respiratória e avaliar o em grupo e de coordenação motora. de solo e água agem desempenho de habilidade de beneficamente sobre a função orientação aquática. respiratória dos pacientes. 4 Avaliar as alterações quanto Atividades aquáticas individuais Não houve alteração significativa às funções motoras e quanto consistindo de exercícios de na escala de autoconceito e ao autoconceito de crianças habilidade de orientação aquática. houve melhora em relação às submetidas a um programa de habilidades aquáticas em ambos tratamento. os grupos. 5 Analisar o gasto energético na Marcha subaquática, A fisioterapia aquática foi marcha subaquática de pacientes grupo A: velocidade pré-determinada e recomendada aos pacientes, hemiparéticos, paraparéticos e grupo B: velocidade eleita pelo próprio uma vez que melhorou às com alterações neuromotoras por paciente. Nado adaptado. características biomecânicas esclerose múltipla após programa da marcha e diminuiu seu de fisioterapia aquática. gasto energético. 6 Avaliação quantitativa do reflexo Exercícios passivos, ativos, de Não houve evidência da miotático dos músculos do coordenação motora, marcha Efetividade da fisioterapia quadríceps após programa de subaquática e nado adaptado aquática sobre os pacientes fisioterapia aquática. quando possível. estudados. Quadro 2. Relação de ensaios clínicos randomizados segundo os objetivos, tipo de intervenção e conclusões dos estudos. jetiva-se agrupar dados suficientes em número de realizados não apontaram malefícios desta inter- amostras, com homogeneidade entre elas e rigor venção nos pacientes com doença neurológica. científico dos protocolos utilizados para submetê- los a uma avaliação meta-analítica. Acredita-se CONCLUSÕES que somente assim haverá evidência de que o tra- tamento pesquisado tenha efetividade. Neste es- 1. Concluímos que as evidências na literatura são tudo não foi possível submeter os ECA fracas quanto aos benefícios da fisioterapia aquá- selecionados a uma avaliação meta-analítica, de- tica quando aplicada aos pacientes com doença vido estes utilizarem métodos diferentes, impos- neurológica e comprometimento motor. sibilitando alocá-los em um único grupo para A elaboração de ensaios clínicos aleatórios para análise. avaliar o efeito da fisioterapia aquática em pacien- No entanto, justifica-se a continuidade da prá- tes com doença neurológica específica é fundamen- tica da fisioterapia aquática, pois, os estudos já tal na decisão da prática fisioterapêutica. REVISTA NEUROCIÊNCIAS V13 N1 - JAN/MAR, 2005(005-010) Neurociências 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Becker BE, Cole AJ. Terapia Aquática Moderna. São Pau- on skills and self - concept of kindergarten children with lo: Manole; 2000. p.20-1. Cerebral Palsy. Percep Mot Skills 1998;86:111-8. 2. Campion MR. Hidroterapia: Princípios e Prática. São Pau- 6. Dorval G, Tetreault S, Caron C. Impact of aquatic program- lo: Manole; 2000. p. 185-6. mes on adolescents with cerebral palsy. Occup Ther Int 1996;3: 241-61. 3. Verhagen AP, De Vet HCW, De Bie RA, Kessels AGH, Bo- ers M, Bouter LM, Knipschild PG. The Delphi list for quality 7. Zamparo P, Pagliaro P. The energy cost of level walking assesment of randomized clinical trials for conducting sis- before and after hydrokinesy therapy in patients with spas- tematic reviews developed by Delphi consensus. J Clin tic paresis. Scand J Med Sci Sports 1998; 8:222-8. Epidemiol 1998;51:1235-41. 8. Prins JH, Hartung GH, Merrit DJ, Blancq RJ, Goebert DA. 4. Hutzler Y, Chacham A, Bergman U, Szeinberg A. Effects of Effect of aquatic exercise training in person with poliomye- a movement and swimming program on vital capacity and litis disability. Sports Med 1994;5:29-39. water orientation skills of a children with Cerebral Palsy. Dev Med Child Neurol 1998;40:176-81. 9. Pagliaro P, Zamparo P. Quantitative evaluation of the stre- tch reflex before and after hydrokinesy therapy in patients 5. Hutzler Y, Chacham A, Bergman U, Reches I. Effects of a affected by spastic paresis. J Electromyogr Kinesiol movement and swimming program on the water orientati- 1999;9:141-8. REVISTA NEUROCIÊNCIAS V13 N1 - JAN/MAR, 2005(005-010) Neurociências 11 Artigo Original Tratamento Cirúrgico de Metástases Intracranianas Surgery treatment of brain metastases Franz J Onishi1, Julieta GSP Melo2, Paulo MP Melo2, Oreste P Lanzoni3, Flávio Settanni4, Fernando AP Ferraz5. RESUMO Introdução: As metástases cerebrais formam o grupo de neoplasias mais freqüente do sistema ner- voso central, e cerca de 40% dos pacientes com câncer desenvolvem metástases cerebrais. Pacientes com metástases únicas ou cujo quadro neurológico pode ser atribuído à lesão se beneficiam do trata- mento cirúrgico. A evolução e o tratamento desta doença ainda permanecem controversos. Objetivos: Descrever as características clínicas e epidemiológicas dos pacientes com metástases cerebrais ressecadas no período de 2002 a 2003 no Hospital São Paulo. Métodos: Trabalho retrospectivo, descritivo, analítico, com coleta de dados baseada em revisão de prontuários de pacientes submetidos a ressecção cirúrgica de neoplasia secundária cerebral. Buscou-se a caracterização da população de estudo. Resultados: 30 pacientes foram avaliados (16 do sexo feminino). A média das idades dos pacientes foi de 52,9 ± 11,7 anos. As metástases de pulmão e mama compreenderam a maioria dos tumores operados. Houve des- de então 12 óbitos registrados até a coleta de dados, com média de sobrevida pós-operatória de 72,92 dias, sendo o pior prognóstico relacionado às metástases de melanoma. Conclusão: As metástases cerebrais constituem ainda um grupo de doenças com prognóstico reservado, acometendo adultos eco- nomicamente ativos. Os pacientes com metástases de tumores de mama apresentaram tendência a maior sobrevida. A comparação de dados de diferentes centros é essencial para estabelecer a melhor conduta no tratamento destes casos. Unitermos: Tumores SNC, Metástases cerebrais, Neoplasias secundárias. Citação: Onishi FJ, Melo JGSP, Melo PMP, Lanzoni OP, Settanni F, Ferraz FAP. Tratamento Cirúrgico de Metástases Intracranianas. Rev Neurociencias 2005; 13(1):011-016. SUMMARY Introduction: Cerebral metastases are the most frequent group of central nervous system tumors, and up to 40% of cancer patient’s develop a brain metastasis. Single metastasis or neurological problems related to the metastasis injury can have benefits from the surgical treatment, besides patient’s evolution and even the treatment remains controversial. Objectives: To describe clinical and epidemiological features of patients with cerebral metastases resected from 2002 to 2003. Methods: This is a retrospective, descriptive and analytic study where data were collected from patients’ charts. All neurosurgically treated patients were included. Results: Thirty patients (16 female) were studied Trabalho realizado: Disciplina de Neurocirurgia – Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. 1 - Médico Residente da Disciplina de Neurocirurgia - UNIFESP 2 - Pós-graduandos da Disciplina de Neurocirurgia - UNIFESP 3 - Preceptor de Residentes da Disciplina de Neurocirurgia - UNIFESP 4 - Professor Livre Docente da Disciplina de Neurocirurgia – UNIFESP 5 - Professor Adjunto da Disciplina de Neurocirurgia – UNIFESP Endereço para correspondência: Dr. Franz J Onishi Rua Napoleão de Barros, 715, 6o andar. São Paulo – SP – Brasil - CEP 04024-002 E-mail: [email protected] Trabalho recebido em 26/01/05. Aprovado em 02/05/05 REVISTA NEUROCIÊNCIAS V13 N1 - JAN/MAR, 2005(011-016)
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