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Revolução Francesa: o Povo e o Rei (1774-1793) - Volume 1 PDF

530 Pages·1.888 MB·Portuguese
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Os próprios celerados que parecem conduzir a Revolução só participam dela enquanto simples instrumentos e, quando têm a pretensão de dominá-la, caem de maneira ignóbil.” J M OSEPH DE AISTRE Considerações sobre a França   “Este é um acontecimento imenso demais, misturado demais aos interesses da humanidade, de influência grande demais sobre todas as partes do mundo, para que os povos, em outras circunstâncias, não se lembrem dele e não sejam levados a repetir sua experiência.” I K MMANUEL ANT PRÓLOGO Segunda-feira, 21 de janeiro de 1793. “Povo, morro inocente! Perdoo...” E le era o rei da França, o 16o com o nome de Luís, herdeiro de uma linhagem que há mais de dez séculos edificara e governara o reino da flor-de-lis e que, pela graça de Deus, tornara-o um dos mais poderosos do mundo. Seus reis eram de direito divino; a França era a filha mais velha da Igreja, e um Luís, o IX, morto em uma cruzada, se tornara São Luís. No entanto, naquela manhã de segunda-feira, 21 de janeiro de 1793, exatos quatro meses depois da proclamação da República, em 21 de setembro de 1792, enquanto um nevoeiro gelado paralisa Paris e abafa o rufar dos tambores que batem sem interrupção, Luís XVI é apenas Luís Capeto, ex-rei da França, ex-rei dos franceses. Seu corpo será cortado em dois, e assim será separado o corpo do rei do da nação. Quando, depois de uma breve hesitação, Luís desce de uma grande carruagem verde que acaba de parar na Place de la Révolution, antiga Praça Luís XV, a primeira coisa que vê são fileiras de soldados, guardas nacionais e cavaleiros e, em seguida, a multidão imensa que invadira a praça. Da estátua do rei Luís XV só restara o pedestal de pedra, arrecife branco no meio de dezenas de milhares de corpos que se amontoam como que para se aquecerem, para se tranquilizarem. Faz frio. O rei será decapitado. Luís, neto daquele Luís XV cuja estátua fora derrubada e cuja praça fora rebatizada, ergue os olhos. Vê o cadafalso, a guilhotina montada entre o pedestal da estátua no centro da praça e o início da Champs-Élysées. Vê o cutelo, os montantes que guiarão a lâmina oblíqua, a prancha onde será colocado seu corpo, que oscilará depois que a lâmina cair. Luís dá um passo para trás quando o carrasco Samson e seus dois ajudantes se aproximam. Ele é o rei. É um sacrilégio tocá-lo. Ele mesmo tira o casaco e o colarinho, ficando apenas com um simples colete de algodão branco. Afasta-se de Samson mais uma vez. Não quer que seus cabelos sejam cortados, que suas mãos sejam atadas. A seu lado, o abade Edgeworth, seu confessor, murmura algumas palavras: – Sire, neste novo ultraje vejo apenas um último traço de semelhança entre Vossa Majestade e Deus, que será sua recompensa. Luís abaixa a cabeça. O corpo do rei pode sofrer como sofreu o corpo do Cristo. Luís se submete. Uma corda é amarrada ao redor de seus punhos. Para os homens, ele não passa de Luís Capeto, aquele que a Convenção Nacional declarara “culpado de conspiração contra a liberdade da nação e de atentado contra a segurança geral do Estado”. Ela decretara: “Luís Capeto receberá a pena de morte”. Luís tentara contestar o julgamento dos homens. Em 17 de janeiro de 1793, Luís dirigira aos 749 deputados da Convenção Nacional uma carta pedindo que o povo, sozinho, o julgasse. “Devo à minha honra, devo à minha família”, ele escreve, “nada subscrever de um julgamento que me inculpa de um crime pelo qual não posso me responsabilizar, e por isso declaro recorrer ao julgamento de seus representantes à própria nação.” Mas a Convenção se recusa a levar em conta seu pedido. E o carrasco Samson empurra Luís Capeto, ex-rei da França, em direção à escada que conduz à guilhotina. Luís cambaleia e, recusando qualquer ajuda, sobe os cinco degraus do cadafalso. Os tambores batem com mais força, rompendo a camada cinza e gelada que recobre a praça. Luís está na plataforma. Repete as frases que ditara em 25 de dezembro de 1792, último Natal de sua vida, como bem sabia, e que compunham seu testamento. – Entrego minha alma a Deus, meu criador. Rogo-Lhe que a receba em Sua misericórdia... “Morro na união da Santa Madre Igreja católica, apostólica romana... “Rogo a Deus que me perdoe de todos os meus pecados. Procurei conhecê-los escrupulosamente, detestá-los e humilhar-me em Sua presença... “Perdoo de todo coração aqueles que se fizeram meus inimigos sem que eu lhes tenha dado algum motivo... “Rogo a Deus, acima de tudo, que lance um olhar misericordioso sobre minha mulher, meus filhos e minha irmã, que há tempo sofrem a meu lado... “Recomendo meus filhos à minha mulher. Nunca duvidei de sua ternura materna... “Rogo à minha mulher que me perdoe de todos os males que sofreu por mim... “Recomendo a meu filho, se tiver o infortúnio de se tornar rei, que considere dever-se por inteiro à felicidade de seus concidadãos e que esqueça todo ódio e todo ressentimento, especialmente tudo o que tiver relação com os infortúnios e as tristezas que experimento... “Perdoo ainda, de boa vontade, aqueles que me reservaram maus tratos e gestos que acharam que deviam usar para comigo... “Concluo declarando diante de Deus, e prestes a surgir à sua frente, que não me responsabilizo por nenhum dos crimes que me foram imputados...” Luís, agora, está na frente da guilhotina e acima da multidão sobre a qual ecoa o rufar dos tambores. Livra-se, num movimento brusco, das mãos do carrasco e de seus ajudantes. Grita, voltado para a multidão: – Povo, morro inocente! Perdoo os autores de minha morte. Rogo a Deus que o sangue que vocês derramarão jamais recaia sobre a França. Samson agarra-o, puxa-o para trás. Ele ainda diz aos carrascos: – Senhores, sou inocente daquilo de que me acusam. Espero que meu sangue possa consolidar a felicidades dos franceses. Samson hesita. Luís se debate. É empurrado. A prancha oscila. Ouve-se um grito horrível, abafado pela lâmina. Samson pega a cabeça de Luís pelos cabelos, brande-a, mostra-a ao povo. Gritos se erguem: – Viva a nação! Viva a República! Viva a igualdade! Viva a liberdade! Danças circundam o cadafalso. Alguns homens e algumas mulheres se aproximam da guilhotina, tentam molhar seus lenços e suas capas no sangue de Luís Capeto, ex-rei da França.

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