INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DA SAÚDE DO PORTO MARISA TEIXEIRA CARDOSO Reorganização dos Ajustes Posturais Antecipatórios do Tibial Anterior e do Solear no início da marcha, em pacientes com AVE, face a uma intervenção de fisioterapia baseada no Conceito de Bobath RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO Dissertação submetida à Escola Superior de Tecnologia a Saúde do Porto para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Fisioterapia – opção Neurologia, realizada sob a orientação científica da Professora Doutora Maria Augusta Ferreira Silva e sob co-orientação da Professora Doutora Andreia Sousa e da Mestre Joana Ferreira Setembro 2013 ÍNDICE Capítulo 1 – Introdução ...................................................................................................... 1 1- Introdução ........................................................................................................................ 3 Capítulo 2 – Estudo série de casos ..................................................................................... 7 2- Estudo série de casos ....................................................................................................... 9 Resumo .............................................................................................................................. 9 Abstract ............................................................................................................................ 10 1. Introdução .................................................................................................................... 10 2. Metodologia ................................................................................................................. 12 2.1 Participantes .......................................................................................................... 12 2.2 Instrumentos e materiais ........................................................................................ 13 2.3 Procedimentos ........................................................................................................ 14 2.3.1 Procedimentos de avaliação ............................................................................ 14 2.3.2 Procedimentos de intervenção ......................................................................... 15 2.3.3 Procedimentos de ética .................................................................................... 19 3. Resultados .................................................................................................................... 19 4. Discussão ..................................................................................................................... 23 5. Conclusão ..................................................................................................................... 26 Capítulo 3 – Discussão/Conclusão .................................................................................... 27 3 – Discussão ...................................................................................................................... 29 4 – Conclusão ..................................................................................................................... 30 5 – Bibliografia ................................................................................................................... 31 Anexos ................................................................................................................................. 35 Anexo 1 ............................................................................................................................ 37 Anexo 2 ............................................................................................................................ 39 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1- Caracterização dos indivíduos quanto ao género, idade, área de lesão do SNC e tempo de evolução .............................................................................................. 13 Tabela 2- Principal problema e Hipóteses de trabalho dos participantes no momento Inicial……………………………………………………………………...……17 Tabela 3- Estratégias e procedimentos ............................................................................... 18 Tabela 4- Média do instante temporal de activação muscular dos músculos TA e SOL, nos quatro participantes, nos dois momentos de avaliação ....................................... 20 Tabela 5- Análise do conjunto postural de pé nos quatro participantes, nos dois momentos de avaliação ......................................................................................................... 21 Tabela 6- Resultados obtidos na FM dos quatro participantes, nos dois momentos de avaliação ............................................................................................................. 22 Tabela 7- Itens da CIF selecionados para os participantes do estudo nos dois momentos de avaliação ............................................................................................................. 22 Reorganização dos APA’s do TA e do SOL no início da marcha, em pacientes com AVE Capítulo 1 Introdução 1 Reorganização dos APA’s do TA e do SOL no início da marcha, em pacientes com AVE 2 Reorganização dos APA’s do TA e do SOL no início da marcha, em pacientes com AVE 1. INTRODUÇÃO A Fisioterapia centra-se na análise e avaliação do movimento e da postura, baseadas na estrutura e função do corpo, utilizando modalidades educativas e terapêuticas específicas, com base, essencialmente, no movimento, nas terapias manipulativas e em meios físicos e naturais, com a finalidade de promoção da saúde e prevenção da doença, da deficiência, de incapacidade e da inadaptação e de tratar, habilitar ou reabilitar indivíduos com disfunções de natureza física, mental, de desenvolvimento ou outras, incluindo a dor, com o objetivo de os ajudar a atingir a máxima funcionalidade e qualidade de vida (APF, Decreto-Lei n.o 564/99). A fisioterapia, dentro de todas as suas áreas, tem vindo a sofrer uma evolução positiva no sentido do desenvolvimento da ética e sentido de responsabilidade profissional, permitindo uma integração numa equipa multidisciplinar, salientando o papel do relacionamento interpessoal. Por conseguinte, o fisioterapeuta tem desenvolvido competências que lhe permitem autonomia na avaliação em Fisioterapia e desenvolvimento de raciocínio clínico específico e direcionado a cada paciente, de forma a estabelecer objetivos e um plano de intervenção devidamente fundamentado e de forma a poder acompanhar a evolução clínica do utente e programar ajustes nos objetivos e plano de tratamento, em função das suas reavaliações. No caso específico da reabilitação neurológica, a evolução tem sido muito acentuada tendo-se nos últimos anos realizado alguns estudos importantes dentro desta temática. Partridge et al. (1997) cit. in Raine (2009) referem que antes de 1950 a reabilitação neurológica tinha uma via ortopédica muito forte e promovia o uso de massagem, calor, movimentos ativos e passivos, reforço com pesos entre outros. No entanto após esta data, houve uma explosão do conhecimento na neurociência que permitiu o surgimento de abordagens dentro da neurologia baseadas no sistema de controlo motor e na neuroplasticidade (Bobath, 1990; Brock et al., 2002, Lennon, Baxter & Ashburn, 2001; Dobkin, 2004; Naritomi & Krieger, 2013). De facto, um dos fundamentos subjacentes aos benefícios da fisioterapia baseia-se na existência de neuroplasticidade que confere a possibilidade de se conseguirem alterações morfológicas e funcionais através da reorganização das redes neuronais induzidas por uma atividade de reabilitação repetida no tempo. Esta parece constituir a razão pela qual os sujeitos após lesão do Sistema Nervoso Central (SNC) são capazes de 3 Reorganização dos APA’s do TA e do SOL no início da marcha, em pacientes com AVE aprender novas tarefas motoras ou melhorar a sua execução (Lennon, Baxter & Ashburn, 2001; Barbro & Johansson, 2000; Dobkin, 2004; Dimvan & Cohen, 2011; Bowden, Woodbury & Duncan, 2013). Neste seguimento, uma das abordagens que se tornou um ponto de referência para a intervenção em pacientes com lesão neurológica foi o conceito de Bobath. Esta é uma abordagem baseada no modelo do sistema de controlo motor, no conceito de neuroplasticidade, princípios de aprendizagem motora e conhecimento e compreensão do movimento humano funcional (O’Dell et al. 2009; Mastos et al. 2007). Esta é a abordagem mais utilizada no Reino Unido (Raine, 2007), na Europa (Maytson, 2008), EUA, Canadá, Japão, Austrália e Israel (Paci, 2003) sendo que o que a destaca das restantes é o facto de ser um conceito e como tal em constante adaptação ao contrário de um método estático. De facto, este conceito tem a capacidade de se adaptar no tempo, não só às necessidades do individuo sendo possível alterar os objetivos e a intervenção de acordo com a situação atual do paciente, mas também adaptando-se ao desenvolvimento e investigação do conhecimento de controlo motor e da neurofisiologia. Nesta abordagem, os indivíduos têm um papel ativo durante o seu processo de reeducação neuromotora, contribuindo para potencializar as modificações a nível do SNC (Lennon, 2003; Lennon & Ashburn, 2000). Nesta modalidade, a intervenção resulta também da interação entre o Fisioterapeuta, o indivíduo e o ambiente que o rodeia, onde a facilitação do movimento visa a integração da função. A importância é dada à melhoria da eficiência dos movimentos funcionais, a fim de minimizar estratégias compensatórias (Meadows & Williams cit. in. Raine et al, 2009). Nos últimos anos evidenciou-se um crescente número de pacientes com lesões do SNC em todo o Mundo e de todas as lesões do foro neurológico, sendo a mais incidente o acidente vascular encefálico (AVE). Em Portugal, o AVE é a principal causa de morbilidade e incapacidade prolongada (DGS, 2003). A localização e extensão da lesão provocada pelo AVE determinam o quadro neurológico, tendo em conta as estruturas lesadas para cada utente (Mausner & Bath,1999). Estes pacientes apresentam normalmente défices a nível das funções motoras, sensoriais, comportamentais, percetivas e da linguagem. As alterações motoras estão frequentemente relacionadas com dificuldades no sistema de controlo postural não permitindo uma performance de movimento segura e eficiente (Stephenson, De Serres, & Lamontagne, 2010). De facto, alguns trabalhos que se têm realizado em pacientes com lesão do SNC evidenciaram uma relação entre alterações do controlo postural e alterações da marcha, da sequência sentar/levantar ou mesmo do 4
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