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Refletir & Ecoar - Patrimônio Cultural e Religiões Afro-brasileiras PDF

28 Pages·2017·0.86 MB·Portuguese
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Refletir & Ecoar - Patrimônio Cultural e Religiões Afro-brasileiras: uma experiência compartilhada de ensino- aprendizagem, memórias, afetos e potências 1 Sobre as autoras: Carla Ferreira Cruz Atua na área de Educação Patrimonial no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan, atualmente no Iphan/SC e, anteriormente, na Superintendência no Pará (2010-2016). Possui experiência em educação patrimonial e processos e metodologias participativas. Mestranda em Preservação do Patrimônio Cultural no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (PEP/MP/IPHAN/2017). Bacharel em Turismo pela Universidade Federal do Pará (2006). Mestre em Turismo pela Universidade de Brasília (2009), com área de concentração em Cultura e Desenvolvimento Regional e linhas de pesquisa relacionadas à Economia do Turismo, Cultura, Políticas Públicas, Gestão, Direitos Humanos e Sustentabilidade. ([email protected]) Danielle Alves de Sousa Mestranda em Preservação do Patrimônio Cultural no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (PEP/MP/IPHAN/2016). Bacharel em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP). Entre setembro de 2013 e março de 2014, realizou intercâmbio acadêmico na Universidade de Cabo Verde, Cabo Verde, como bolsista do programa de intercâmbio Bolsa Mérito Acadêmico da Vice-Reitoria Executiva de Relações Internacionais (VRERI- USP). Foi estagiária na Seção Técnica de Educação para o Patrimônio do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP); Elaboração de Material Didático Sobre Questões Afro-Brasileiras; e realizou estágio na mesma instituição junto à área de Etnologia Africana, no projeto Avaliação e Controle do Registro Visual das Coleções de Etnologia Africana do MAE-USP. ([email protected]) Vanda de Oliveira Gomes Pinedo Gaúcha, foi criada na Umbanda/RS, mas foi na Nação Angola Tumbajunçara, que foi feita no santo pelo falecido Tata de Inquice, Arolegy, Pai Leco, como era conhecido, e se tornou Axoque. É militante do Movimento Negro Unificado, professora da rede estadual e integrante do Fórum de Religiões de Matriz Africana de Florianópolis e Região. ([email protected]) 2 CO-AUTORAS(ES) PROCESSO PEDAGÓGICO Alexandra Alencar Ana Paula Evaristo Russi Anderson Loureiro Bárbara Marques (Yalorixa Bárbara de Ogum) Cintia Aparecida Pereira Costa Chamas Guilherme Filipe Andrade dos Santos Hermano Fabricio Oliveira Guanais e Queiroz Ivoni Aguiar Tacques (Babá Tacques de Xangô) Jéssica Caroline Godoi João Vítor Araújo Schincariol Júlia Moraes Callado Kellen Aparecida Cardoso de Lima Larissa Maria de Almeida Guimarães Liliane Janine Nizzola Luciana Nunes Jasmim Marina Cañas Martins Pedro Henrique de A.B.Damin Rafael Muniz de Moura Raissa Balthazar Raquel Fronteira (Iyá de Umbanda) Regina Helena Meirelles Santiago Rosiane Rosa Guimarães Rossano Lopes Bastos Sulimar Alves Vargas (Babá Sulimar de Oxum) Yuri Eller Vezorla 3 "Se queres saber quem sou, se queres que te ensine o que sei, deixa um pouco de ser o que tu és e esquece o que sabes" Tierno Bokar “A escrita é uma coisa, e o saber, outra. A escrita é a fotografia do saber, mas não o saber em si. O saber é uma luz que existe no homem. A herança de tudo aquilo que nossos ancestrais vieram a conhecer e que se encontra latente em tudo o que nos transmitiram, assim como o baobá já existe em potencial em sua semente." Tierno Bokar “Eu vou mostrar na escola, que vou falar o meu segredo, que eu sou de candomblé.” Kehinde Alexandra Vicente, no documentário “Crianças de Terreiro” 4 Sumário Apresentação ................................................................................................................................. 6 Revisitando memórias – percurso 2010-2018 ............................................................................... 7 Processo de amadurecimento da proposta ..................................................................................... 9 Metodologia ................................................................................................................................ 11 Investimentos .............................................................................................................................. 12 Considerações finais .................................................................................................................... 14 Referências bibliográficas ........................................................................................................... 16 ANEXOS..................................................................................................................................... 17 ANEXO I – CARTA ABERTA .............................................................................................. 17 ANEXO II – Roteiro “Vivência Refletir & Ecoar” ................................................................. 18 ANEXO III - Transcrição das fichas utilizadas nas Vivências ............................................... 20 ANEXO IV – Programa do Minicurso entregue aos participantes ......................................... 22 ANEXO VI – Material gráfico para divulgação ..................................................................... 26 ANEXO VII – Carta de princípios do Fórum das Religiões de Matriz Africana de Florianópolis e Região ............................................................................................................ 27 5 Apresentação Este livro possui dois objetivos principais: o de funcionar como registro de um trabalho realizado e o de servir como detalhamento de um caminho já percorrido que possa impulsionar o percurso de outras propostas ainda mais inspiradoras. Para além de sua função documental, a proposta do presente material nasceu do anseio de incentivar a autonomia das(os) agentes interessadas(os) em fazer ecoar a temática, possibilitando, assim, um efeito multiplicador mais amplo sem necessariamente contar com a presença das pessoas que inicialmente realizaram a ação, considerando previamente a impossibilidade física, emocional e orçamentária das autoras em atenderem todas as demandas colocadas. O livro está num campo que o coloca entre um relato de experiências, um relatório técnico e um roteiro de memórias, talvez mais próximo de um ensaio sobre uma experiência vivida, sem o objetivo de se enquadrar num rigor metodológico-científico, mas também não se enquadrando num campo de devaneios abstratos. Todas(os) as(os) palestrantes, assim como as(os) participantes com mais de 75% de presenças foram convidadas(os) para serem co-autoras(es) deste livro, tendo em vista que essas pessoas são elos fundamentais de todo o processo e não apenas objetos em alguma de suas partes. Em Florianópolis, os terreiros - assim como as(os) religiosas(os) de Matriz Africana - passam por processos de grandes desafios, tanto nas suas relações extra quanto intra-institucionais, tais como: fechamentos de terreiros, especulação imobiliária, fiscalização truculenta, ridicularização da fé em instituições públicas por agentes públicos, o enquadramento legal das casas religiosas de Matriz Africana diante da prefeitura na categoria de bares e restaurantes ou, ainda, aplicação de legislação relacionada a crimes ambientais e poluição sonora (lei estadual n. 9.605/1998 e lei municipal n. 003/1999), onde acabam se enquadrando práticas rituais, como o uso de defumadores. A ação nasceu de parceria entre o Fórum das Religiões de Matriz Africana de Florianópolis e a Superintendência do IPHAN em Santa Catarina, e conseguiu ser concretizada pelo empenho e dedicação de representantes das religiões de Matriz Africana que se disponibilizaram a ministrar as palestras do evento e a compartilhar o seu saber com as (os) participantes. O minicurso “Refletir & Ecoar – Patrimônio Cultural e Religiões Afro-brasileiras” aconteceu no inverno de 2018, nos dias 20 e 21 de julho, na Antiga Casa da Alfândega, ao lado do Mercado Público de Florianópolis, lugar emblemático onde tantos africanos e africanas sequestrados foram comercializados como se mercadorias fossem, sem direito à voz, herança, memória e ancestralidade. 6 Revisitando memórias – percurso 2010-2018 As relações entre os terreiros de Florianópolis e o IPHAN tiveram seu marco inicial no primeiro semestre de 2010 quando, num intervalo de poucos meses, duas casas localizadas na capital catarinense chegaram ao Instituto em busca da utilização de seus instrumentos de proteção patrimonial1. Para que possamos compreender a complexidade dessa aproximação, é necessário relembrar que Santa Catarina figurou no Censo populacional, realizado pelo IBGE em 2010, como o estado com a maior população que se autodeclarava branca no país e que, para além de suas características demográficas, são as manifestações culturais relacionadas à imigração europeia que figuram no imaginário nacional e regional sobre o estado, o que se traduz nas políticas públicas de patrimônio, por exemplo. Assim, quando esses dois terreiros começaram diálogo com o IPHAN, foi necessário que a própria instituição fosse em busca de conhecimento sobre manifestações afro-brasileiras em Santa Catarina e especificamente, do contexto afro-religioso de Florianópolis. Dentre essas medidas podemos destacar duas: 1) o pedido de uma(um) pesquisadora(o) para trabalhar com a temática dos terreiros e 2) um estudo, realizado em parceria com o Núcleo de Identidade e Relações Inter étnicas/Universidade Federal de Santa Catarina (NUER/UFSC), que pudesse dar conta de reunir informações sobre o universo e a diversidade cultural dos terreiros de Florianópolis. A pesquisadora, Danielle, é uma das autoras deste trabalho e está em fase final de sua dissertação de mestrado e o estudo tornou-se o Projeto Territórios do Axé - Religiões de Matriz Africana de Florianópolis e Municípios Vizinhos. Este último foi realizado por uma equipe 1 Por diferentes questões, nenhum dos dois terreiros foi objeto de Tombamento ou Registro até o presente momento. Um dos terreiros já não necessita dessa espécie de proteção e o outro, Abassá de Odé, terreiro de Vanda, uma das autoras deste livro, infelizmente encontra-se no meio de disputas judiciais, fechado desde o falecimento de seu zelador em 2010 - Pai Leco - e teve seu barracão derrubado por conta das chuvas e falta de manutenção. 7 interdisciplinar que reuniu pesquisadores em nível de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado das áreas de antropologia, história, geografia, linguística, sociologia, além de lideranças do ‘povo de santo’ das religiões de Matriz Africanas estudadas, os quais foram consultores ao longo de todo o processo de produção do mapeamento. A pesquisa mapeou 210 casas religiosas de Matriz Africana localizadas em Florianópolis e nos municípios de São José, Biguaçu e Palhoça. Em relação aos mapeamentos realizados em outras regiões do país, como a Bahia, o número de terreiros da capital catarinense pode parecer reduzido, porém, em números relativos, considerando-se o tamanho do território e o tempo de trabalho de campo (quatro meses de trabalho de campo, setembro a dezembro de 2017), trata- se de um universo amplo, rico e cheio nuances que se complexificam quando pensamos na trajetória histórica do estado onde estão inseridos. Além da dissertação de mestrado, do mapeamento dos terreiros, o IPHAN também participou, nos últimos dois anos, das reuniões mensais do Fórum de Religiões de Matriz Africana de Florianópolis e Região, buscando aproximar-se dos movimentos sociais e das demandas apresentadas pelos terreiros para compreender quais eram as demandas e de que forma o instituto poderia agir dentro de seu espectro de ações. Foram esses encontros entre IPHAN e o Fórum que propiciaram o entendimento de que uma ação que auxiliasse na escuta ampliada daquelas e daqueles que vivem os terreiros era de grande importância. Reforçamos aqui o papel primordial dos diversos agentes sociais para cobrar ações por parte do poder público, colocando pautas muitas vezes periféricas, contra hegemônicas ou pouco percebidas na agenda do dia. 8 Processo de amadurecimento da proposta Reconhecendo os limites institucionais, histórico-culturais e a complexidade de todas as questões envolvidas, a proposta do minicurso nasceu do anseio em fazer algo para além da inércia paralisante gerada pela impotência. A proposta inicial do minicurso foi elaborada por Danielle Sousa e Carla Cruz e amadurecida no âmbito da Superintendência do Iphan em Santa Catarina, em conjunto com a Superintendente, Liliane Nizzola, e com a Chefe da Divisão Técnica, Regina Helena Santiago. Neste contexto, as atividades propostas procuravam proporcionar um ambiente seguro onde reflexões e experiências fossem acolhidas com atenção e respeito, assim como a imersão em uma proposta de ensino- aprendizagem que despertasse no grupo olhar sensível e atitude corajosa para atuar de forma transformadora nas relações cotidianas, profissionais e pessoais. Havia também o anseio de oferecer instrumentos pedagógicos e conteúdo confiável a respeito da temática para fortalecer aquelas(es) que tenham interesse em realizar propostas pedagógicas, ações educativas e outras imersões relacionadas ao patrimônio cultural religioso afro-brasileiro. Foram realizadas reuniões entre o IPHAN e o Fórum das Religiões de Matriz Africana de Florianópolis e Região buscando construir uma proposta pedagógica que fosse a mais adequada e personalizada possível às demandas e temas de interesse das comunidades de terreiro de Florianópolis. Estivemos sempre atentas ao fato de que a proposta apresentada estaria no limiar entre o padrão oferecido pelas instituições 9 e os modos de viver, existir e experenciar o mundo dos povos de terreiro, constituindo-se numa interseção entre eles. Nesse contexto, faz-se importante destacar que as pessoas que vivem os terreiros são as mais habilitadas para falar sobre eles, entrando o IPHAN como facilitador deste processo de articulação de uma proposta que fosse o menos violenta e invasiva possível, respeitando as especificidades da temática a ser abordada, assim como dos agentes sociais envolvidos. Dessa forma, buscou-se construir uma metodologia que respeitasse os tempos, os momentos de fala, os momentos de escuta, de conexão com a fé, de corporalidade. Destacamos também a busca por não hierarquizar os saberes, nesse sentido não nos sentíamos no direito de traduzir as experiências vividas pelas(os) participantes e sim, instigar as(os) presentes a percorrerem os seus próprios caminhos de apreensão cognitiva e sócio-emocional da experiência proposta. Acreditando que a articulação em rede fortalece as ações, já iniciamos o processo de planejamento do minicurso tentando articular ações em rede com as outras superintendências do IPHAN, dentre todas as superintendências acionadas, encontramos receptividade em Roraima. Realizamos videoconferência, em março de 2018, com Larissa Guimarães, antropóloga do Iphan/RR. Ela também está construindo ações com povos de terreiros e está articulando a realização do minicurso em Boa Vista/RR. Após a realização do minicurso em Florianópolis/SC, em julho de 2018, outros estados também demonstraram interesse em conhecer mais a proposta, então provavelmente este livro inspirará novas ações em breve. 10

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