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Redalyc.TECNOLOGIA COMO DETERMINANTE DE CUSTO PDF

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Revista Universo Contábil ISSN: 1809-3337 [email protected] Universidade Regional de Blumenau Brasil Reichelt Ayres, Paulo Roberto; de Souza, Marco Antonio TECNOLOGIA COMO DETERMINANTE DE CUSTO: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA TELEVISIVA Revista Universo Contábil, vol. 11, núm. 4, octubre-diciembre, 2015, pp. 27-43 Universidade Regional de Blumenau Blumenau, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=117043928003 Como citar este artigo Número completo Sistema de Informação Científica Mais artigos Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Home da revista no Redalyc Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto Revista Universo Contábil, ISSN 1809-3337 Blumenau, v. 11, n. 4, p. 27-43 out./dez., 2015 doi:10.4270/ruc.2015430 Disponível em www.furb.br/universocontabil TECNOLOGIA COMO DETERMINANTE DE CUSTO: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA TELEVISIVA1 TECHNOLOGY AS A DETERMINANT OF COST: CASE STUDY IN A BUSINESS TELEVISION TECNOLOGÍA COMO DETERMINANTE DE COSTO: ESTUDIO DE CASO EN UNA TELEVISIÓN DE NEGOCIOS Paulo Roberto Reichelt Ayres Mestrando em Ciências Contábeis pela Universidade do Vale dos Sinos (UNISINOS) Endereço: Av. Unisinos, nº 950, Bairro Cristo Rei Campus São Leopoldo CEP: 93022-750 – São Leopoldo - RS E-mail: [email protected] Telefone: (51) 3590-8186 Marco Antonio de Souza Doutor em Controladoria e Contabilidade (FEA/USP) Professor e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade do Vale dos Sinos (UNISINOS) Endereço: Av. Unisinos, nº 950, Bairro Cristo Rei Campus São Leopoldo CEP: 93022-750 – São Leopoldo - RS E-mail: [email protected] Telefone: (51) 3590-8186 RESUMO O objetivo do estudo é analisar o impacto da tecnologia como fator determinante de custos de uma empresa televisiva, sediada em Porto Alegre (RS), dada a mudança do sistema de transmissão analógica para o sistema digital. A pesquisa, desenvolvida no segundo semestre de 2014, utiliza a estratégia metodológica do estudo de caso único, com abordagem descritiva e qualitativa. A coleta de dados se deu por entrevistas com gestores da empresa, pela análise documental e verificações in loco. Os resultados indicam que a tecnologia impactou nos determinantes de custos estruturais e operacionais, tornando mais difícil alcançar a eficiência operacional existente com o sinal analógico. Os principais elementos de custos afetados relacionam-se ao consumo de energia elétrica, mudança de perfil dos profissionais contratados com maior qualificação e treinamento. Observou-se também que houve reflexos nos índices de audiência que, embora tenham melhorado no ano subsequente ao início das transmissões 1Artigo recebido em 11.10.2015. Revisado por pares em 16.11.2015. Reformulado em 28.12.2015. Recomendado para publicação em 05.01.2016 por Paulo Roberto da Cunha. Publicado em 12.01.2016. Organização responsável pelo periódico: FURB. Revista Universo Contábil, ISSN 1809-3337, FURB, Blumenau, v. 11, n. 4, p. 27-43, out./dez., 2015 28 Paulo Roberto Reichelt Ayres – Marco Antonio de Souza digitais, apresentaram tendência de queda, porém, de acordo com a empresa, menos acentuada do que o previsto. Quanto às receitas, percebeu-se comportamento semelhante ao identificado nos índices de audiência, à exceção do ano de 2013 em que houve um incremento importante. De modo geral, essas constatações contrariam os ganhos reportados por estudos realizados sobre a tecnologia como determinante de custos. Palavras-chave: Gestão estratégica de custos; determinantes de custos; tecnologia; televisão digital. ABSTRACT The aim of the study is to analyze the impact of technology as a determining factor costs of a television company, based in Porto Alegre (RS), given the change of analog broadcasting system to digital. The research, developed in the second half of 2014, using the methodological strategy of the single case study, with descriptive and qualitative approach. The data collection was carried out through interviews with company managers, the document review and on-site checks. The results indicate that the technology impacted in determining structural and operating costs making it more difficult to achieve with existing operating efficiency analog signal. The main affected cost elements relate to the consumption of electricity, change of professionals hired profile with higher qualifications and training. It was also observed that there has been reflected in the indices of hearing that, although they have improved in the year following the start of digital broadcasts showed downward trend, however, according to the company, less pronounced than expected. On the revenue side, it was noticed behavior similar to that identified in the ratings, with the exception of 2013 when there was an important increase. Overall, these findings contradict the gains reported by studies on the technology as a determinant of costs. Keywords: Strategic cost management; determinant of costs; technology; digital television. RESUMEN El objetivo del estudio es analizar el impacto de la tecnología como un factor determinante de los costos de una empresa de televisión, con sede en Porto Alegre (RS), dado el cambio de sistema de radiodifusión analógica a la digital. La investigación, desarrollada en la segunda mitad de 2014, mediante la estrategia metodológica del estudio de caso único, con enfoque descriptivo y cualitativo. La recolección de datos se realizó a través de entrevistas con directivos de la empresa, la revisión de documentos y visitas in situ. Los resultados indican que la tecnología impactó en la determinación de los costes estructurales y de funcionamiento por lo que es más difícil de lograr la eficiencia operativa que se tenía con la señal analógica. Los principales elementos de coste afectados se relacionan con el consumo de electricidad, el cambio de los profesionales contratados con más calificaciones y entrenamiento. También se observó que no se ha reflejado en los índices de audiencia que, a pesar de que han mejorado en el año siguiente al inicio de emisiones digitales mostraron tendencia a la baja, sin embargo, según la compañía, menos pronunciada de lo esperado. Por el lado de los ingresos, se observó un comportamiento similar a la identificada en las calificaciones, con la excepción de 2013, cuando se produjo un aumento importante. En general, estos resultados contradicen los beneficios reportados por los estudios sobre la tecnología como determinante de los costos. Palabras clave: Gestión estratégica de costos; determinante de costos; tecnología; televisión digital. Revista Universo Contábil, ISSN 1809-3337, FURB, Blumenau, v. 11, n. 4, p. 27-43, out./dez., 2015 29 TECNOLOGIA COMO DETERMINANTE DE CUSTO: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA TELEVISIVA 1 INTRODUÇÃO As empresas inseridas em ambientes de acirrada competição enfrentam desafios que exigem dinamismo e rapidez na escolha das alternativas de negócio. Neste cenário complexo, torna-se mais importante ainda estabelecer uma vantagem competitiva que, de acordo com Porter (1989, p. 34), significa o valor que as organizações criam para seus stakeholders. Para ter a capacidade de amparar as decisões que aumentem ou contribuam para a manutenção da vantagem competitiva, torna-se necessário gerir os custos com um enfoque sistêmico e que proporcione uma visão ampla e externa para a empresa (CINQUINI; TENUCCI, 2010, p. 5). Kumar e Shafabi (2011, p. 123) destacam que o foco tradicional da gestão de custos baseava-se no cumprimento de metas e era direcionada pelo volume de produção, apoiando-se nos conhecimentos de contabilidade de custos e finanças e tinha como preocupação o valor adicionado e o impacto do custo interno nos produtos ou serviços. Cooper e Kaplan (1988, p. 23) já em seus estudos iniciais salientavam que é o grau de complexidade das operações que influencia na geração dos custos e não o volume de produção. Logo, o enfoque da gestão de custos torna-se mais abrangente, requerendo uma visão estratégica. Nesta perspectiva, Shank e Govindarajan (1995, p. 14) ressaltam que a gestão estratégica de custos (GEC) alinha a gestão de custos aos objetivos estratégicos da empresa, considerando outros fatores importantes na abordagem de custos, dentre eles, os fatores determinantes de custos. Os determinantes referem-se aos fatores que antecedem a geração dos custos e estabelecem as condições centrais que irão delimitar o nível dos custos que ocorrerão durante a execução das atividades (SOUZA; MEZZOMO, 2012, p. 135). A essa nova abordagem da gestão de custos são requeridos conhecimentos multidisciplinares (marketing e economia, por exemplo) e integração com o processo decisório da empresa (ROSLENDER; HART, 2003, p. 256). A literatura dispõe de obras que tratam dos determinantes de custos, tanto no âmbito internacional (FOSTER, GUPTA, 1990; BANKER, POTTER, SCHROEDER, 1995; COKINS, CAPUSNEANU, 2010; MICULESCU, MICULESCU, 2012), quanto nacional (DIEHL, MIOTTO, SOUZA, 2010; COSTA, 2011; SOUZA, MEZZOMO, 2012). Entretanto, não foram identificados estudos que tratam dos determinantes de custos no setor televisivo, o qual tem sido objeto de profunda inserção tecnológica. Neste contexto, o objetivo deste estudo é analisar a influência da tecnologia do sistema digital nos determinantes de custos de uma empresa televisiva. O estudo tem relevância, pois discute o tema determinante de custos, que é elemento abordado na gestão estratégica de custos, sob o aspecto da tecnologia e com enfoque no sistema digital de televisão. Além desta seção introdutória, este estudo apresenta, na seção dois, a revisão da literatura e, na sequência, descreve a metodologia proposta de estudo de caso único. Na seção quatro aborda o resultado da pesquisa realizada e, por último, na seção cinco, a conclusão seguida das referências utilizadas na pesquisa. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Gestão Estratégica de Custos Na década de 1980 intensificaram-se as discussões sobre novas e avançadas tecnologias de produção e filosofias de gestão empresarial que buscavam processos mais produtivos, inovadores e exigentes no quesito qualidade. Percebeu-se, então, que a contabilidade deveria abordar questões sobre gestão de custos, estratégia e competitividade (SIMMONDS, 1981, p. 26). Cooper e Kaplan (1988, p. 34) salientam que nesse ambiente a capacidade de administrar o ambiente externo é limitada e a estrutura de custos da empresa precisa ser gerenciada de forma mais apropriada. Essas mudanças de cenário impactaram o papel da contabilidade que também precisou inovar em sua forma de atuação, aproximando-se de áreas de engenharia, produção e Revista Universo Contábil, ISSN 1809-3337, FURB, Blumenau, v. 11, n. 4, p. 27-43, out./dez., 2015 30 Paulo Roberto Reichelt Ayres – Marco Antonio de Souza marketing, visando colaborar ativamente com a gestão da empresa (TURNEY; ANDERSON, 1989, p. 40). Neste contexto, em que o aumento da competição e a exigência de análises gerenciais que contemplem ações sustentáveis e com metas de longo prazo, Shank e Govindarajan (1995, p. 13) apresentaram o conceito da GEC que surge para oferecer alternativas às demandas mercadológicas enfrentadas pelas organizações, fundamentando-se em análises da cadeia de valor, do posicionamento estratégico e direcionadores de custos. Para Kumar e Shafabi (2011, p. 122), a GEC tem uma visão mais ampliada, não se preocupando apenas com a redução de custos, e considera também as receitas, a produtividade, a satisfação do cliente e a estratégia da organização. A GEC é muito mais dirigida para o uso da gestão da informação de custos para a tomada de decisão, possuindo uma orientação estratégica para a geração, interpretação e análise das informações contábeis, bem como atividade dos concorrentes (LANGFIELD-SMITH, 2008, p. 206). A aplicação do conjunto de práticas da GEC prescinde de uma boa compreensão dos fatores causais que levam a ocorrência de custos, os quais podem estar inter-relacionados e implícitos na estrutura econômica da empresa (SILVI, 2012, p. 6). É tal realidade que insere os determinantes de custos na GEC. 2.2 Determinantes de Custos Para Souza e Mezzomo (2012, p. 134), a expressão “determinantes de custos” advém do termo inglês “cost driver” e permite conhecer os fatores que irão gerar e delimitar os custos, dada a adoção de uma determinada estrutura, antes mesmo do início da execução das atividades operacionais da empresa. Para os autores, o termo inglês também se equivale, em outros contextos, aos “direcionadores de custos” que tratam das medidas utilizadas para atribuição dos custos às atividades e aos produtos. Para os fins desta pesquisa é utilizada a expressão “determinantes de custos”, pois se busca entender as causas dos custos. Na fase inicial de planejamento da empresa se busca a definição sobre qual área ou segmento de negócios ela irá atuar e quais produtos a oferecer e quais estratégias operacionais e mercadológicas que serão adotadas. Serão a partir de tais definições que se constituirão os determinantes de custos (COSTA, 2011, p. 64). Riley, citado por Shank e Govindarajan (1995, p. 22), sugere uma divisão de categorias para os determinantes, classificando-os como estruturais e operacionais, conforme definição descrita abaixo: a) Estruturais: são as opções estratégicas primárias da empresa, levando em consideração sua estrutura econômica subjacente. Assim, a análise desses determinantes permite que os gestores tomem decisões com base na estrutura organizacional da empresa; b) Operacionais: são aqueles determinantes de custos que dependem da capacidade de executar de forma bem sucedida os processos internos e tem relação com os determinantes de custo estruturais. Porter (1989, p. 62) utiliza a expressão “condutores de custo” para abarcar o mesmo conceito de determinantes, sugerindo uma lista de fatores que podem influenciar nos custos. Shank e Govindarajan (1995, p. 23 e 24) e Rocha (1999, p. 42) complementam a relação com outros itens de determinantes de custos, conforme apresentado no Quadro 1. Embora Porter não faça a distinção entre estruturais e operacionais, é dado o entendimento de que os determinantes podem favorecer a criação de uma estrutura de custos que propicie a manutenção da vantagem competitiva sustentável. Deve-se observar que a tecnologia é citada como um determinante de custo para Diehl, Miotto e Souza (2010, p. 195) e a tecnologia pode impactar nos custos com pessoal, na escala de produção e na qualidade dos produtos. Revista Universo Contábil, ISSN 1809-3337, FURB, Blumenau, v. 11, n. 4, p. 27-43, out./dez., 2015 31 TECNOLOGIA COMO DETERMINANTE DE CUSTO: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA TELEVISIVA Quadro 1 - Determinante de custos estruturais e operacionais Fonte: Porter (1989); Shank e Govindarajan (1995); Rocha (1999). 2.3 Sistema Digital de Televisão No final da década de 1990, o Brasil iniciou estudos com o objetivo de modernizar sua infraestrutura televisiva, visando mudar o sistema analógico para o digital. Em 2003, é instituída a legislação que estabelece as principais diretrizes para implantação do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), destacando-se, dentre outros aspectos, a transição entre os sistemas com garantias de acesso a nova tecnologia digital, o aperfeiçoamento do espectro de radiofrequências, o incentivo à indústria nacional na produção de instrumentos e serviços digitais e a convergência tecnológica e empresarial dos serviços de comunicação (BRASIL, 2003). Posteriormente, nova legislação é estabelecida e ocorre a escolha do padrão japonês, denominado ISDB-T (Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial), que é a base para o sistema digital brasileiro. Em dezembro de 2007, ocorreu a primeira transmissão oficial de sinal digital (BRASIL, 2006; MATTOS, 2009, p. 103). Para Straubhaar e Larose (2004, p. 19), o sinal digital possibilita a existência de formatos híbridos de mídia que combinem áudio, vídeo, texto e imagem, ofuscando a distinção entre televisão, imprensa e telefone. A mudança de tecnologia permite que a televisão digital ofereça serviços interativos (correio eletrônico, maior informação sobre a grade de conteúdo, serviços bancários, comércio eletrônico) que, articulados com o uso da internet, podem ampliar a atração do uso do televisor junto aos telespectadores (BRITTOS; BOLAÑO, 2012, p. 45). Apresenta- se. na Figura 1, um modelo conceitual de sistema de televisão digital interativo. Figura 1 – Modelo de sistema de TV digital Difusor Receptor Serviços de difusão Canal de difusão Receptor digital (emissora) cabo radiodifusão satélite Provedor de serviços Canal de interatividade Telespectador interativos Fonte: Adaptado de Montez e Becker (2005) Revista Universo Contábil, ISSN 1809-3337, FURB, Blumenau, v. 11, n. 4, p. 27-43, out./dez., 2015 32 Paulo Roberto Reichelt Ayres – Marco Antonio de Souza A mudança do padrão de difusão do sinal, de analógico para digital provoca impactos no sistema de televisão do Brasil. Se por um lado observa-se a melhoria da qualidade de som e imagem, multiplicação da capacidade de sinais televisivos, serviços interativos e convergência, a alteração do padrão digital pode interferir nos índices de audiência, que tem relação direta com a capacidade das empresas difusoras em vender espaços publicitários e no planejamento das ações de marketing das empresas anunciantes (BRITTOS et al., 2011, p. 15). Por considerar que o sinal digital de televisão tem impacto na produção de conteúdo, na venda de publicidade e relação com os telespectadores (clientes), assume-se que tais alterações afetam a análise dos determinantes de custos, bem como a cadeia de valor e o posicionamento estratégico das empresas de televisão, razão do desenvolvimento deste estudo. E conforme abordado na seção 2.2 deste artigo, a tecnologia é considerada um determinante na estrutura de custos. 2.4 Estudos Relacionados O Quadro 2 traz estudos relacionados com o objetivo da pesquisa, os quais fornecem suporte para a análise dos determinantes de custos deste estudo em relação àqueles encontrados na literatura. Observa-se que o determinante de custos relacionado à tecnologia foi abordado em diversos segmentos, porém nenhum deles em relação às empresas televisivas. As pesquisas que se propuseram a tratar com maior profundidade o determinante de custos de tecnologia o abordaram no setor aéreo e de telefonia. Observou-se, nesses segmentos, que a tecnologia tem papel relevante na estrutura de custos das empresas analisadas. Quadro 2 – Estudos relacionados ao determinante de custos - tecnologia Determinantes Autor Objetivo Principais achados identificados Analisar a tecnologia das A tecnologia impacta diretamente no Diehl, Miotto e aeronaves como consumo de combustível, custo de Tecnologia Souza (2010). determinante de custos manutenção, depreciação e nas companhias aéreas. arrendamento. Identificar os fatores Citou-se a inovação e investimentos em determinantes de custos Todos os listados Costa (2011) pesquisa como fatores relacionados a em indústrias de no quadro 1. tecnologia. eletroeletrônicos. Analisar a utilização de Empresas pesquisadas comentaram que Souza e determinantes de custos Todos os listados máquinas com maior avanço tecnológico Mezzomo em três empresas do no quadro 1. geram menos desperdício de material e (2012) setor moveleiro do RS. menor gasto em manutenção. A tecnologia 3G desencadeou um Analisar os impactos da Souza, Zambon processo de mudanças significativas em implantação do 3G em e Pinheiro Tecnologia determinantes de custos estruturais e uma operadora de (2014) operacionais, refletindo na estrutura de telefonia móvel. custos e nas receitas. Fonte: Autores citados Na pesquisa sobre estudos relacionados também foram identificados artigos que abordam diferentes determinantes de custos. Embora não tenham referenciado a tecnologia como determinante, tais estudos contribuíram para esta pesquisa, pois mencionam itens que também impactam neste estudo de caso. Identificam-se, por exemplo, fatores associados à escala e escopo, grau de experiência e política discricionária. O Quadro 3 apresenta, resumidamente, esses outros artigos. Quadro 3 – Estudos relacionados a outros determinantes Determinantes Autor Objetivo identificados Bjornenak (2000) Analisar os determinantes de custos do setor público. Políticas discricionárias Revista Universo Contábil, ISSN 1809-3337, FURB, Blumenau, v. 11, n. 4, p. 27-43, out./dez., 2015 33 TECNOLOGIA COMO DETERMINANTE DE CUSTO: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA TELEVISIVA Weaver e Entender se os hospitais maiores são mais ou menos eficientes Escala e escopo Deolalikar (2004). do que hospitais menores. Farsi, Fetz, Estimar a função de custo total de 16 empresas múltiplas de Escala e escopo Filippini (2007). transporte. Investigar o efeito da concorrência entre TV a cabo e internet Höffler (2007) Localização DSL (banda larga). Verificar se as operadoras de telefonia móvel brasileiras Vendruscolo e usufruíam de economias de escala no período pós- Escala Alves (2009) privatização. Hahn, Singer, Analisar contratos de exclusividade na produção de aparelhos Políticas discricionárias (2010). de telefone celular. Holanda, Demonstrar o relacionamento entre as políticas públicas, Políticas discricionárias Machado (2010) recursos, atividades e objetos de custo. Ameh, Soyingbe e Analisar os fatores que causam excesso de custos (overrun) no Grau de experiência Odusami (2010). desenvolvimento da infraestrutura de telecom. na Nigéria. Complexidade Fonte: Autores citados Dentre todos os artigos analisados, observa-se que a tecnologia é tratada como determinante de custo em quatro obras, sendo dada maior ênfase no estudo de Diehl, Miotto e Souza (2010) e Souza, Zambon e Pinheiro (2014). Em ambos os estudos ela é referenciada como um fator importante no planejamento e controle de custos e na diferenciação dos serviços prestados. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A pesquisa se classifica como descritiva e qualitativa e se desenvolveu por meio de estudo de caso único em uma empresa televisiva de Porto Alegre. Para Yin (2005, p. 32), o estudo de caso pode ser definido com uma investigação de fenômenos contemporâneos no contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos. Em relação ao seu objetivo a pesquisa tem caráter descritivo, pois visa descrever as particularidades de uma população específica (GIL, 2008, p. 28). Tendo em vista manter o rigor da pesquisa foi realizado um protocolo de estudo de caso, utilizando um cronograma das atividades da pesquisa, conforme recomendações de Yin (2005, p. 89). Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram as técnicas de entrevistas semiestruturadas e pesquisa documental, sendo acessados relatórios gerenciais e razões contábeis, objetivando identificar os investimentos e despesas. Nesse formato observa-se um aspecto importante da coleta de dados do estudo de caso que é a oportunidade de utilizar fontes diferentes para obtenção de evidências (YIN, 2005, p. 98). As entrevistas foram realizadas com diretor de controle (controller), diretor de tecnologia (TV), gerente de vendas, gerente de manutenção e gerente de programação. Os procedimentos e cronogramas das atividades da pesquisa que descrevem a forma de realização da pesquisa para a obtenção de dados estão no protocolo do estudo de caso. A etapa de entrevistas ocorreu no mês de novembro de 2014 e foram realizadas na sede da companhia. Esses encontros duraram aproximadamente duas horas, incluindo-se o esclarecimento dos objetivos e tema da pesquisa, buscando verificar os graus de transparência e confidencialidade exigidos pela empresa. Os principais conteúdos das pesquisas foram gravados, bem como as respostas das perguntas que nortearam as entrevistas semiestruturadas, mediante prévia concordância dos respondentes. Revista Universo Contábil, ISSN 1809-3337, FURB, Blumenau, v. 11, n. 4, p. 27-43, out./dez., 2015 34 Paulo Roberto Reichelt Ayres – Marco Antonio de Souza 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS DADOS 4.1 Caracterização da Empresa A empresa, sediada em Porto Alegre, é precursora no modelo regional de televisão no Brasil e possui 18 emissoras nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. A cobertura televisiva abrange 98% dos dois Estados, atingindo 789 municípios e mais de 16,7 milhões de telespectadores. A empresa é afiliada de um grupo televisivo nacional e retransmite o sinal da programação. A programação local apresenta um modelo pulverizado de distribuição, o que permite que o sinal chegue com maior qualidade a todas as regiões do RS e de SC. Em novembro de 2008 a emissora de Porto Alegre iniciou as transmissões televisivas com uso do sinal digital. Naquela oportunidade, vários programas de televisão foram realizados diretamente de locais públicos, visando destacar o pioneirismo da empresa no uso desta nova tecnologia. A partir de 2008, a empresa iniciou a expansão digital para suas outras 17 emissoras e, em 2014, concluiu a implantação da nova tecnologia, atingindo, atualmente, cerca de 80% da população dos dois Estados. 4.2 Análise do Custo da Implantação do Sinal Digital Os custos analisados referem-se ao período de 2007 a 2013, ou seja, intervalo pré e pós- implantação do sinal digital de televisão na emissora de Porto Alegre, realizada em 2008. Adicionalmente, foram analisados os investimentos realizados na compra de equipamentos e adaptações estruturais no prédio sede. Na entrevista realizada com o diretor de tecnologia – TV houve esclarecimento sobre os investimentos realizados pela emissora no projeto de implantação da digitalização do sinal televisivo. A infraestrutura para garantir a confiabilidade e qualidade na exibição da programação foi totalmente modificada, pois era necessário retransmitir o sinal digital recebido da emissora nacional, da qual a empresa é afiliada, e iniciar a geração de conteúdo jornalístico próprio, em sinal digital. Apresenta-se no Gráfico 1 os investimentos efetuados no período pré e pós implementação da tecnologia. Gráfico 1 – Investimentos (R$000) 25 000 20 000 15 000 10 000 5 000 0 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Fonte: Dados da Pesquisa Revista Universo Contábil, ISSN 1809-3337, FURB, Blumenau, v. 11, n. 4, p. 27-43, out./dez., 2015 35 TECNOLOGIA COMO DETERMINANTE DE CUSTO: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA TELEVISIVA Observa-se que o ano de 2008 concentra a maior parte dos investimentos para adequação a tecnologia do sinal digital. Naquele ano houve a preparação da sede da empresa televisiva e nos anos subsequentes, o foco dos investimentos foi nas torres retransmissoras do sinal de televisão. Essas estruturas servem para receber o sinal gerado pela emissora em Porto Alegre e difundir pela região de cobertura (região metropolitana e litoral do RS). Nas seções a seguir, apresenta-se a análise dos principais impactos da tecnologia nos custos operacionais da empresa, destacando-se a energia elétrica, pessoal e manutenção. 4.2.1 Custo de Energia Elétrica Em entrevista com o Diretor de Tecnologia obteve-se a informação de que a implantação do sinal digital teve impacto no custo com energia elétrica, dado que a tecnologia utilizada nos equipamentos requer ambientes altamente climatizados. Os razões contábeis foram disponibilizados pelo diretor de controle e pela análise efetuada, verifica-se que o custo deste insumo que era de R$ 1.177.463 (em 2007) e passou para R$ 1.479.081 (em 2013), implicando em aumento real de 26%, conforme apresentado no Gráfico 2. Gráfico 2 – Custo de energia elétrica 2 000 000 1 500 000 1 000 000 500 000 - 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Em R$ Fonte: Dados da Pesquisa No estudo de Diehl, Miotto e Souza (2010, p. 204), observa-se que o consumo de combustível, item relevante nos custos da aviação, apresenta-se menor naquelas empresas que possuem aviões com maior tecnologia. A pesquisa dos autores demonstra que a tecnologia desempenha papel importante nos determinantes de custos e tem reflexos significativos no consumo de combustível. Contudo, tal fato não é constatado no presente estudo, dado que a tecnologia não trouxe maior eficiência operacional e sim um aumento do custo, diretamente relacionado, a energia elétrica. 4.2.2 Custo com Pessoal Outro fator destacado na entrevista com o Diretor de Tecnologia e também citado pelo gerente de manutenção, foi o aumento nos custos com pessoal. Além de treinar os funcionários que estavam na época da implantação, a empresa efetuou novas contratações de pessoal já experiente com o novo sistema. De fato, observou-se que, com a tecnologia digital, seria necessário agregar outras competências no quadro de funcionários. Essa mudança refletiu na folha de pagamento, que teve um aumento real de custo de 17%, entre 2007 e 2013, conforme apresentado no Gráfico 3. Revista Universo Contábil, ISSN 1809-3337, FURB, Blumenau, v. 11, n. 4, p. 27-43, out./dez., 2015

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CEP: 93022-750 – São Leopoldo - RS. E-mail: [email protected]. Telefone: uma empresa televisiva, sediada em Porto Alegre (RS), dada a mudança do sistema de transmissão analógica para o Why the iPhone won't last forever and what the government should do to promote its successor.
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