UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO VALDENIA PINTO DE SAMPAIO ARAÚJO EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE(S): QUAL A COR DA HOMOFOBIA NO ARCO-ÍRIS DA ESCOLA? Teresina – PI 2012 VALDENIA PINTO DE SAMPAIO ARAÚJO EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE(S): QUAL A COR DA HOMOFOBIA NO ARCO-ÍRIS DA ESCOLA? Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Educação da Universidade Federal do Piauí, como requisito parcial para obtenção do título de mestra em Educação. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria do Carmo Alves do Bomfim Teresina – PI 2012 A658e Araújo, Valdenia Pinto Sampaio. Educação e diversidade(s): qual a cor da homofobia no arco-íris da escola? / Valdenia Pinto Sampaio Araújo. – 2012. 139 f. Impresso por computador. Orientador: Maria do Carmo Alves do Bomfim. Dissertação (mestrado em Educação)—Universidade Federal do Piauí, Centro de Ciências da Educação, 2012. 1. Homossexualidades. Homofobia. 2. Escola. 3. Jovens LGBT’s. 4. Homofobia I. Título. CDD 370 VALDENIA PINTO DE SAMPAIO ARAÚJO EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE(S): QUAL A COR DA HOMOFOBIA NO ARCO-ÍRIS DA ESCOLA? Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Educação da Universidade Federal do Piauí, como requisito parcial para obtenção do título de mestra em Educação. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria do Carmo Alves do Bomfim Data de aprovação: 31 de agosto de 2012 Orientadora: Maria do Carmo Alves do Bomfim (Doutora em História e Filosofia da Educação / Universidade Federal do Piauí – UFPI) Examinadora Interna: Shara Jane Holanda Costa Adad (Doutora em Educação Brasileira / Universidade Federal do Piauí – UFPI) Examinador Externo: Francisco de Oliveira Barros Júnior (Doutor em Ciências Sociais / Universidade Federal do Piauí – UFPI) Suplente: Francis Musa Boakari (Ph.D em Educação para a Diversidade/ Universidade Federal do Piauí – UFPI) “Fica decretado que agora vale a verdade, agora vale a vida, e de mãos dadas, marcharemos todos/as pela vida verdadeira. [...] Fica decretado que as pessoas estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem a armadura de palavras. As pessoas se sentarão à mesa com seus olhares limpos porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa. [...] Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar-se amor a quem se ama [...] Só uma coisa fica proibida: amar sem amor. [...] Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração das pessoas”. (Parafraseando o poema “Estatuto do Homem”, de Tiago de Mello). AGRADECENDO E RECONHECENDO... A todas as expressões espirituais e de luz que me acompanham, que acredito e que “mudaram minha história e ressuscitaram meus sonhos”: Deus, Oxalufan, Iemanjá, Dona Maria Padilha, Dona Sete e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. À Mariá Sampaio, minha mãe, exemplo de força e disponibilidade, que lutou muito para que eu pudesse ir mais longe e alcançar os meus sonhos. Mesmo não sabendo o significado de um mestrado já torcia e rezava para que eu pudesse chegar aqui. Sei que sempre posso voltar e pousar no seu colo... À Valdirene Sampaio, minha irmã “TUTI-FRUTTI”, por dedicar a mim esperança e força e estar presente nos momentos mais importantes da minha vida, desde o digitar de um simples texto até o apoio incondicional. Em todos os momentos da minha vida sinto o seu amor e carinho por mim como um facho de luz a me guiar. A Vagner Lucas Sampaio, meu filho-irmão “PITOTE”, que a cada dia me faz crer que sua existência é um motivo de alegria. Desejo que nos encontremos mais pra estreitar o amor que sempre nos uniu. Espero ver você realizar todos os seus sonhos e tocar as músicas mais lindas para embalar nossa jornada e nosso amor. À Vera Lúcia Jorge, minha segunda-mãe, que serenamente me ensina a desacelerar para perceber o que me rodeia. Sempre serei grata por me presentear com a Agda, pelos ensinamentos aprendidos dia a dia e pelas palavras que me alimentam a alma. À Maria do Carmo Alves do Bomfim, orientadora, amiga e que em meus momentos de fraqueza soube conduzir-me pelos mais floridos e belos campos do saber e não desistiu de mim em nenhum segundo. Sua generosidade, competência, altruísmo e humanidade são inquestionáveis e foram imprescindíveis em meu caminhar. Agradeço por transformar meus fragmentos em algo sólido, em unidade. Já seria grata apenas por me deixar fazer parte de sua vida. O mundo precisa tomar conhecimento do seu legado! À Shara Jane “de Barros” Holanda Costa Adad, amiga e co-orientadora eleita por mim, que me afetou e me “atravessou” desde o nosso primeiro encontro com seu olhar que traz a paz, o carinho, a verdade e a serenidade. Você foi uma das responsáveis por grandes mudanças em minha vida e inspirou novos sonhos em meu caminhar acadêmico. Segurando sua mão me permiti aproximar da Sociopoética e descobrir novas possibilidades de pesquisar com o corpo. Compartilhei contigo os voos mais altos e os mergulhos mais profundos do saber. Obrigada pelas experimentações e partilhas em Foucault, Nietzsche, Deleuze, Guatarri, Veiga-Neto, Pelbart, Canevacci, Chimamanda e tantas/os que interferiram positivamente em minha trajetória. Às amigas-irmãs, Leila Medeiros e Conceição Souza, companheiras inconfundíveis em minha vida e que sempre me dedicaram carinho, generosidade, atenção e amor. Vocês são a expressão do companheirismo. Todas as pessoas no mundo deveriam ter anjos em suas vidas iguais a vocês. Não esquecerei a promessa que as três fizemos, ao meio-dia na escadaria da igreja, de não nos separarmos pela vida! Aos amigos Lucivando Martins e Romário Nascimento, que se aproximaram de mim durante esta caminhada “mestradeana” e que partilham comigo “a dor e a delícia de ser” o que somos. Agradeço todos os momentos vividos junto a vocês e a ajuda imprescindível e generosa de suas leituras, críticas e sugestões. Quero estar perto de vocês pra compartilhar toda a paz, os saberes, o carinho e a atenção que lhes são peculiares. Meu caminho se iluminou desde que a luz que irradia de vocês me alcançou. Aos sujeitos da pesquisa que se despiram, desvelaram e segredaram para o mundo o seu afeto e o seu desejo e demonstraram coragem ao decidir participar deste momento de estudo. À 18ª turma do Mestrado em Educação da UFPI, pelas aprendizagens, partilhas e vivências. Especialmente quero agradecer a Emanoela Maciel (Manu), irmã gêmea, que me trouxe a paz e alegria sempre que precisei e me levantou nos momentos difíceis desta caminhada; Vicelma Sousa, que me presenteou com mais sabedoria e força e tem escritos e rabiscos intensos na minha história; Wladimy Silva, que não mediu esforços para me mostrar o que é ser amigo de verdade; Francilene Silva, que trouxe a arte, fortaleza e beleza para o meu caminhar; Cristiana Barra, pelos sorrisos e lágrimas em nossas conversas; Patrícia Amarante, pelos momentos alegres e por me trazer recados providenciais de Nossa Senhora de Fátima sempre; Grasiela Coêlho, pela amizade e por ser uma inspiração de força quando eu pensava que podia não conseguir chegar até aqui. À família OBJUVE que me acolheu e contribuiu para meu crescimento. Obrigada Dilma, Tamyra, Dolores, Waldílio, Cruz, Claudilene, Adriana, Daniela, Socorro Borges, Mary Michele, Ilana e Darlane Stela. Em especial a Ana Paula, que prontamente auxiliou com os documentos do Comitê de Ética; a Vanessa Stefáne, sempre prestativa, colaborou nas transcrições das falas, a Elisângela Fernandes, que socorreu-me nas dúvidas da Sociopoética e Pollyana das Graças, que sem sua ajuda a última oficina não teria tido o mesmo brilho. À Eleyne Deyannys de Sousa Silva, uma das primeiras pessoas que acreditou que eu podia ir mais longe do que meus olhos alcançavam. Obrigada pelo carinho e incentivo a mim dedicados por muitos anos. Ao Professor Doutor Francisco de Oliveira Barros Júnior, que o encantamento do destino encaminhou para minha vida e foi um clarão arrebatador de sabedoria em todos os momentos em que partilhamos desde uma simples conversa, passando pela experiência de aluna-professor, até a travessia do mestrado. Obrigada por me apresentar “Flicts” na qualificação e pelos direcionamentos para este trabalho e para minha vida. Ao Professor Doutor Solimar Oliveira, amigo, guru, irmão, referência de caráter e saber. Sempre soube o que me dizer e como me tratar para que meu crescimento pessoal e acadêmico fosse visível. Obrigada pela oportunidade de me deixar ser, a partir daquele domingo de 2004, a sua “mais nova amiga”! Ao Professor Doutor Francis Musa Boakari, referência em elegância, gentileza e saber. Foi maravilhoso partilhar da sua experiência e sabedoria durante esta caminhada e desejo fortemente que não nos percamos por esta vida. À família Jorge, que me recebeu desde o primeiro momento como se fora parte dela desde sempre. Agradeço especialmente a Tia Carminha, Yanamara, Fernanda, André, Kamila e Adriana. Ao grupo das “colegagens” SÓ NÓS.COM, que nos bingos, consórcios, encontros, viagens e festas contribuíram para que esta caminhada fosse mais alegre e leve. Especialmente quero agradecer a Gilvaneide Pontes, minha lindinha, que sempre esteve comigo em todos os momentos e me dedicou todo o seu carinho e amor desde a culinária às palavras singelas de afeto. Você significa muito para mim! À Ana Célia Santos, Elmo Lima e Raimundo Dutra, pela amizade e pelas leituras, críticas e sugestões no projeto de pesquisa para a seleção. Meu caminho tem muito de suas contribuições e sou grata por fazerem parte de minha vida. À Dulce Silva, que se tornou referência de postura feminista em minha vida e que ocupa um grande espaço em meu viver com sua força e sua amizade. À Andrea Barros, amiga fiel, responsável por grandes mudanças em minha vida e um exemplo de dedicação, força, coragem e caráter. Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí-IFPI, que colaborarou para que minha pesquisa fosse possível, tornando meu crescimento profissional e acadêmico mais sólidos. Às colegagens “ifpianas”: Ellen Mourão, que inspira dedicação; Regianny Monte, que é exemplo de força e coragem; Gabriela Rosa, que me mostrou delicadeza até nas “rochas”; José Neto, que é referência de amizade e ética. Ao PPGED, em especial às professoras Ivana Ibiapina, exemplo de dedicação ao que se propõe a realizar; Carmem Cabral, que me apresentou de fato a Filosofia; Glória Lima, referência em generosidade; Antônia Edna, exemplo de serenidade; Bárbara Macêdo, expressão da alegria deste mestrado. Às secretárias, Fernanda e Suely, que sempre me receberam com atenção e respeito e nunca me deixaram sem respostas. À amigas e amigos conquistadas/os durante toda uma vida e que são luz para minha vida: Adailma Santana, Kátia Simmone, Alda Costa, Áurea Regina, Dércia Santana, Lígia Maria, Waldemar Neto, Fátima Brito e Irá. Ao Wellington Sérgio, da Bambu Xerox e Ana Célia e Belita do Trailler Lanches, que sempre me receberam com carinho e respeito e contribuíram com seus serviços nesta etapa da minha vida acadêmica. DEDICANDO COM TODO AMOR QUE HOUVER NESSA VIDA... Ao meu pai, Valdemar Sampaio (In memoriam), que, mesmo não estando mais aqui neste plano para partilhar comigo este momento, eu acredito que da sua morada olha por mim e por todos os meus caminhos... À Agda Jorge, meu “amor do céu”, minha vida, “VIDINHA”, que compartilhou comigo o desejo e a realização deste mestrado desde o momento em que tudo era apenas um sonho. Você minimizou muitos momentos difíceis desta caminhada apenas com um abraço ou um sorriso. Como diz o poeta “estranho seria se eu não me apaixonasse por você”. Uma pessoa com sua dedicação, amor, força e serenidade era o meu pedido de todas as noites. Saiba que minha vida se redimensionou desde a sua chegada. Sigo cantando e explodindo de amor por e pra você: “e assim viemos nos assimilando, nos assemelhando a nos absorver, e agora não tem onde, não tem quando, quando fecho os olhos, vejo só você!”. A Paulo Neto, sobrinho-filho querido, que em sua existência breve já conhece e exerce plenamente o significado de amar, partilhar e viver. Minha vida se ressignificou desde a sua chegada. À Maria Cecília, sobrinha-filha querida, que no seu sorriso e no seu viver carrega muito do que sou e magnificamente tem poesia na alma. Você traz a luz para meu caminho. À Maria Alice, sobrinha-filha querida, que me trouxe a inocência, calma e fortaleza que preciso para seguir. O seu amor e sua capacidade de resiliência me guiam pela minha jornada. A todas as pessoas da população LGBT que em algum momento de suas vidas sofreram e ainda sofrem algum tipo de violência apenas por desejarem viver o seu amor na plenitude. Corre-se, sempre, o risco de esquecer-se de dizer algo de ou citar alguém... Perdão! RESUMO A sexualidade no universo escolar tem sido um tema polêmico, considerando a multiplicidade de visões, crenças e valores dos diversos atores e atrizes sociais – alunas/os, mães, pais, professoras/es e gestoras/es, entre outras/os, assim como tabus e interditos relacionados. Quando se trata das homossexualidades, certamente a questão se torna mais delicada. Frente a estas constatações, este trabalho apresenta a investigação realizada sobre as práticas homofóbicas no espaço da escola, no caso, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI). A pesquisa cartografa, problematiza e analisa o ponto de vista de um determinado grupo de jovens lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT’s) em relação à orientação sexual, às suas manifestações de sociabilidades afetivas, ao conceito de diversidade sexual, seus posicionamentos relativos à homofobia e como ocorre a convivência entre pessoas com estas diferenças e outras, dentro da escola pesquisada. Este estudo está ancorado nas questões relativas às homossexualidades fundadas nos estudos de Junqueira (2007, 2009), Louro (1997, 1999, 2004) e Foucault (1983, 1984, 1985, 2001) dentre outros. No percurso metodológico, utilizou-se a pesquisa qualitativa baseada nos ditos de Barbier (2007) e Melucci (2005) através de oficinas com inspiração na abordagem Sociopoética (ADAD, 2004), contatos pessoais, observações e questionário. Neste texto, registram-se resultados do processo de pesquisa, no qual foram envolvidos quatro jovens, sendo uma lésbica, duas bissexuais e um gay. Os principais achados assim se configuram: a existência de intolerâncias na família no que se refere às homossexualidades; a escola como espaço de apoio e opressão para esta população e a esperança na mudança de conceitos e atitudes da sociedade em relação às homossexualidades. Palavras-chave: Homossexualidades. Escola. Jovens LGBT’s. Homofobia.
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