Pam Johnson-Bennet Psico-Gato? Entendendo o comportamento louco do seu gato Madras - 2004 ISBN 978-85-737-4819-2 Título original: Psycho Kitty? Understanding Your Cat's Crazy Behavior” Crossing Press, 1998 Introdução Você adotou um cão. Sim, um cão. Você chama o adestrador de cães para ajudar o cãozinho a superar alguns problemas domésticos, ou talvez porque ele necessite de treinamento para acabar com um comportamento agressivo diante de estranhos. Nenhum dos seus vizinhos ri de você ou o chama de maluco porque você chamou um adestrador. De fato, estão contentes por não precisarem ser vizinhos de um cão mal-educado. Por outro lado, conte aos seus vizinhos que você está chamando alguém para trabalhar com os problemas do seu gato com relação à sua caixinha de areia ou por causa da sua agressividade, e você vai virar piada entre a vizinhança. Desde que decidi dedicar minha vida a ajudar os donos a resolverem os problemas de comportamento dos seus gatos, tenho ouvido todas as desculpas e declarações de que isso não pode ser feito. "Os gatos não são treináveis!" "Os gatos são independentes demais!" "Os gatos fazem o que querem!" "Os gatos treinam seus donos!" Há muitos anos, quando tive meu primeiro gato, eu também achava impossível treinar gatos. Quanto mais familiarizada ficava com eles, mais percebia que eu podia influenciar suas personalidades, fortalecer os laços que nos uniam e corrigir problemas de comportamento. A maneira como os gatos pensam começou a me fascinar. Fiquei espantada ao perceber quão pouco conhecemos a respeito do comportamento desses lindos animais com os quais muitos de nós compartilhamos nossas vidas. Deparei-me com essa interessante carreira de Consultora de Comportamento Felino simplesmente por acidente. Ao tentar resolver os problemas comportamentais periódicos dos meus gatos, vime mergulhando cada vez mais comportamentais periódicos dos meus gatos, vime mergulhando cada vez mais fundo na psicologia animal. Não queria apenas corrigir aquilo que rotulamos como mau comportamento. Queria saber por que meus gatos faziam aquilo. Comecei a tentar mudar o comportamento dos meus gatos, depois passei a ajudar meus amigos a resolverem seus problemas com gatos. Quando me dei conta, havia-me tornado consultora de veterinários. Todos os anos, gatos sofrem eutanásia por problemas de comportamento mais do que por qualquer outro motivo. Isso é um fato terrível. A coisa mais importante que você vai aprender neste livro é ver o mundo pelos olhos do seu gato. Esse é o segredo para solucionar problemas de comportamento. Você não consegue resolver de fato um problema comportamental se não descobrir sua causa. Ao tentar ver as coisas como os gatos, você será capaz de deixar para trás todas essas noções preconcebidas de que seu gato se comporta assim do nada. Vamos assumir que o problema que você está vivendo com o seu gato é comportamental. Eis a ordem das coisas se o veterinário sente que é preciso recorrer a um profissional de comportamento: observe que o final do quadro do plano de tratamento é dividido em três partes — dono, animal de estimação e ambiente. Um profissional de comportamento deve avaliar os três para elaborar um plano de tratamento completo. Neste livro, usei casos reais para ajudar a ilustrar os diversos pontos de vista: o dono frustrado, o gatinho culpado, familiares céticos e outros animais de estimação confusos. Também espero que essa abordagem ajude você a sentir que não é o único a experimentar um problema em particular com um gato. Frequentemente, quando visito um novo cliente, ele fica chocado ao saber que outros donos de gatos tiveram as mesmas crises. Isso ajuda você a saber que não está sozinho. Se você estiver lidando com uma crise de comportamento agora, vou fazer dois pedidos muito importantes. Primeiro, se você estiver tentando disciplinar seu gato por causa do seu mau comportamento, quero que pare. Castigo não funciona. Repito: Não funciona! De fato, pode ter o efeito contrário e tornar ainda pior uma situação ruim. Sei que provavelmente lhe disseram para esfregar o focinho do gato nos seus excrementos quando ele não usa a caixa de areia, ou bater no seu focinho com o dedo quando ele tentar morder. Errado, errado, errado. A punição física pode aumentar a agressão porque aumenta o medo do animal. Um gato agressivo já está num mundo conturbado e, ao puni-lo fisicamente, você poderá fazê-lo ficar ainda mais defensivo. Bater num gato também causa confusão porque ele não saberá se a mão vai acariciá-lo ou espancá-lo. Ele logo aprenderá a associar suas mãos à dor e vai ficar com medo de você. Não é exatamente o efeito que estava procurando, é? Outra punição comum infligida aos gatos — esfregar seus focinhos nos seus próprios excrementos — é a coisa mais destrutiva que você pode fazer. Você não estará ensinando ao seu gato que urinar fora da caixa de areia é ruim. Estará ensinando que urinar é ruim e ponto final! Isso vai deixar seu gato tão estressado que você vai apenas piorar um problema que já é sério. O que o castigo acarreta: . Confusão no gato sobre o porquê de ele estar sendo castigado. . Medo e distância do dono. . Continuação do comportamento indesejado na ausência do dono. . Mais problemas comportamentais como resultado da disciplina contraproducente. Por meio dos relatos das minhas visitas, você verá os erros que os donos cometem e como, com a mudança para o comportamento correto, conseguimos harmonia da relação dono/gato agora ameaçada. Às vezes, demora um pouco, dependendo de quanto tempo o problema ficou sem solução antes que se fosse buscar ajuda, mas na maioria dos casos os laços entre o dono e seu gato podem ser repara-os e fortalecidos. Se você comprou este livro porque seu gato está demonstrando problemas de comportamento, então é provável que vocês dois estejam vivendo sob tensão. Você olha para o seu bichano e imagina doce e meigo gato que ele costumava ser. Mas, hoje, ele é um gato possesso. Você pensa: por que ele está fazendo isso? Do outro lado o quarto, seu gato olha para você com igual confusão e com as mesmas perguntas. O problema é a comunicação entre vocês dois. Vocês não estão falando a mesma linguagem. De fato, não importa o quanto seu gato possa ser esperto, a chance de ele aprender a sua linguagem é quase nula. Penso que cabe a você aprender a dele. É aqui que eu entro. As histórias reunidas neste livro ajudarão você a ver a situação do ponto de vista do gato e isso é muito esclarecedor. A vantagem aqui é que, uma vez entendido o ponto de vista do gato, você pode aplicar esse conhecimento para resolver futuros problemas de comportamento do seu gato. Mas o ideal é usar o conhecimento para se antecipar aos problemas antes mesmo de eles acontecerem. Um termo que você verá repetidas vezes por todo este livro é terapia de brincadeira. As pessoas que já conhecem meus livros anteriores sabem o quanto vale brincar com seu gato. Em Twisted Whiskers: Solving Your Cat's Behavior Problems, devotei um capítulo inteiro para discutir a fundo o grande impacto que as brincadeiras podem ter sobre os problemas de comportamento. Basicamente, a terapia de brincadeira usa um brinquedo interativo (como uma vara de pesca, linha e um pequeno brinquedo na ponta para ser balançado). Gosto mais de brinquedos interativos do que dos ratinhos peludos jogados no chão e esquecidos por diversos motivos. Primeiro, porque o brinquedo interativo permite a você fazer exatamente isso: interagir com seu gato. É uma maneira maravilhosa de fortalecer os laços, construir confiança, ajudar um gato tímido a se soltar ou fortalecer os laços, construir confiança, ajudar um gato tímido a se soltar ou acelerar o processo de aceitação entre seu gato e um novo membro da família. A brincadeira interativa também é extremamente valiosa para se lidar com gatos agressivos porque redireciona a agressão para o brinquedo na ponta da linha, em vez de redirecionar para você. E, também, a vara de pesca mantém sua mão a uma distância segura dos dentes do gato. Se você estiver familiarizado com meus métodos de treinamento, sabe que uso uma abordagem positiva para corrigir o comportamento, e os brinquedos interativos são minhas armas secretas. Sendo o gato um predador, é muito difícil para ele resistir a um pássaro voando por perto ou um camundongo correndo pelo assoalho. Um gato com comportamento inaceitável normalmente pode distrair-se com o brinquedo interativo. Redirecionar o comportamento agressivo para o brinquedo torna positiva uma situação negativa. Pode parecer que você esteja recompensando o comportamento negativo, mas não está. Você, na realidade, está retreinando o gato. Por exemplo, digamos que seu gato recém-adotado está prestes a pular sobre seu velho gato de doze anos de idade que, sem suspeitar de nada, está dormindo inocentemente na cadeira. Talvez o novo gato ainda não tenha aceitado completamente sua nova casa, ou o gato residente, por isso sempre o ataca e pula sobre ele quando este está distraído. Você pode gritar com o novo gato, bater no seu focinho, ou persegui-lo até o outro quarto, mas tudo o que vai conseguir é convencê-lo de que ele estava certo em odiar o seu gato. Nunca serão amigos. Mas se você redirecionar o comportamento para o brinquedo, você o distrairá dos seus ataques. O predador vai preferir muito mais perseguir o ratinho atado ao brinquedo do que brigar com o outro gato. Além do mais, por meio dessa distração, você também faz seu novo gato começar a associar coisas positivas — tal como maior tempo de brincadeira — na presença do outro gato. Brinquedos interativos deveriam ser o equipamento padrão dos donos de gatos, tanto quanto caixas de areia e ração. Mas aqui vai uma palavra de alerta: certifique-se de guardar os brinquedos quando a brincadeira acabar, para que seu gato não mastigue a linha. Os brinquedos ficam ainda mais especiais na próxima vez que você os trouxer para a terapia de brincadeira. Você vai aprender mais acerca dos diferentes usos da terapia de brincadeira em todo este livro. "Meu gato não é normal!". Ouço isso de donos de gatos o tempo todo. Talvez você mesmo suspeite que seu próprio gato não é normal. Vamos pegar um minuto e tentar imaginar se seu gato é realmente louco. Problemas de comportamento caem em duas categorias: normal e anormal. Muitos donos de gatos pensam que seus gatos pertencem à categoria anormal. Em sua maioria, estão enganados. E claro que há gatos com problemas anormais, mas a maior parte do mau comportamento do seu gato é do tipo normal. Sei que você não parte do mau comportamento do seu gato é do tipo normal. Sei que você não acredita em mim ainda, mas é verdade. Digamos que seu gato rejeite a caixa de areia e esteja urinando e defecando no tapete atrás do sofá. Isso seria normal? Se você respondeu não, terá errado. Seria, de fato, um comportamento normal. Não, não estou louca; siga meu raciocínio: se sentir que não pode usar a caixa de areia por qualquer motivo (um problema médico, caixa de areia suja, razões emocionais, um problema com outro gato na casa, etc.), seu gato vai escolher um lugar que ofereça a ele uma sensação de conforto ou segurança. Mas, só porque eu disse que esse comportamento é normal, não quer dizer que seja aceitável. Ao perceber, porém, que esse comportamento é a reação normal do gato a uma crise, você pode começar a resolver o problema ao encontrar a causa. Vamos tomar o exemplo da caixa de areia suja demais. Entenda isso em termos humanos: você está viajando de carro e pára no posto de gasolina para usar o banheiro. Quando você entra, descobre que o local está imundo. Você opta por voltar ao carro e tentar ir ao banheiro do posto da outra rua. Bem, o seu gato não tem essa opção. Se ele vai até a caixa de areia e encontra-a suja demais para usar, ele pode sentir vontade, se estiver muito desesperado, de procurar um local mais limpo. Ao reconhecer que seu gato está tentando resolver um problema da única maneira que sabe, você abandonará sua velha convicção de que ele está sendo deliberadamente estúpido e provocador. Mudar sua interpretação a respeito do comportamento animal lhe permitirá identificar as possíveis causas com mais precisão. Outro exemplo de comportamento normal (porém inaceitável) é o gato que arranha os móveis. Arranhar é uma coisa normal e é parte essencial da vida do gato. Em vez de castigar o seu gato, ao considerar o comportamento normal e não mais deliberativamente destrutivo, você pode providenciar uma superfície para ele arranhar. Comportamentos verdadeiramente anormais existem (um exemplo poderia ser um gato que exibe agressão extrema sem ser provocado, talvez devido a algum desequilíbrio químico). Essas condições exigem que seu gato esteja sob o cuidado de um veterinário, talvez junto a um profissional de comportamento. Na maioria das vezes, os problemas de comportamento encontrados serão normais, embora isso não os torne necessariamente menos frustrantes. Mas, agora que estabelecemos os parâmetros, você pode abordar o problema de forma mais positiva. Veja o mundo do seu gato através dos olhos dele e você provavelmente encontrará a solução bem à sua frente. Espero que você aproveite essas histórias de alguns dos meus casos. Talvez, em algum deles, você encontre situação semelhante à sua. Ao menos, Talvez, em algum deles, você encontre situação semelhante à sua. Ao menos, saberá que você não é o único e que seu gato não é louco.
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