ebook img

Pequeno Tratado Em Louvor de Dante Ou Vida de Dante PDF

152 Pages·1.058 MB·Portuguese
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview Pequeno Tratado Em Louvor de Dante Ou Vida de Dante

DADOS DE ODINRIGHT Sobre a obra: A presente obra é disponibilizada pela equipe eLivros e seus diversos parceiros, com o objetivo de oferecer conteúdo para uso parcial em pesquisas e estudos acadêmicos, bem como o simples teste da qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura. É expressamente proibida e totalmente repudíavel a venda, aluguel, ou quaisquer uso comercial do presente conteúdo. Sobre nós: O eLivros e seus parceiros disponibilizam conteúdo de dominio publico e propriedade intelectual de forma totalmente gratuita, por acreditar que o conhecimento e a educação devem ser acessíveis e livres a toda e qualquer pessoa. Você pode encontrar mais obras em nosso site: eLivros. Como posso contribuir? Você pode ajudar contribuindo de várias maneiras, enviando livros para gente postar Envie um livro ;) Ou ainda podendo ajudar financeiramente a pagar custo de servidores e obras que compramos para postar, faça uma doação aqui :) "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível." eeLLiivvrrooss ..lloovvee Converted by ePubtoPDF A PRESENTAÇÃO Gonçalo de Barros Carvalho e Mello Mourão Q uando Giovanni Boccaccio, aos 37 anos, escreveu a primeira e mais longa versão deste Pequeno tratado em louvor de Dante, por volta de 1351, Dante Alighieri havia morrido apenas trinta anos antes. Sua fama já era grande, sobretudo devido à Divina comédia, de que cópias manuscritas circulavam de mão em mão (a imprensa só seria inventada um século mais tarde). Mas essa fama era dúbia, pois muitos, por um lado, condenavam Dante por ter escrito obra de assunto tão elevado em linguagem popular, a “língua vulgar”, o italiano que Boccaccio aqui chama de “nosso idioma florentino”, e não em latim – e dentre estes figurava, inicialmente, o próprio Petrarca; enquanto outros, por outro lado, criticavam-no por suas ideias e sua conduta políticas: Dante foi condenado à morte em Florença, sua casa foi saqueada e, em Bolonha, seu livro Monarquia foi queimado em praça pública por autoridades do momento. Boccaccio admirava Dante – e especialmente a Comédia – desde seus primeiros estudos, e o admirou durante toda a vida, tendo morrido em meio à elaboração de vastos comentários sobre o grande poema, de que fazia leituras públicas em Florença, por conta da comuna, na igreja de Santo Estêvão de Badia: foi seu primeiro grande comentador. Porém, mais do que admirá-lo, Boccaccio foi o primeiro a entender o alcance, a grandeza e a singularidade da obra de Dante. Este Pequeno tratado em louvor de Dante demonstra, de maneira singela, aquela admiração e aquele entendimento. Nele se vê, por primeira vez associada ao poema, aquela qualificação que depois já não mais se dissociaria dele: divina. Divina comédia o chama aqui Boccaccio, não apenas como um qualificativo encomiástico mas como uma justificativa racional de toda a admiração que tinha pelo poema. Boccaccio realiza, pela primeira vez desde a antiguidade, neste Pequeno tratado e, mais tarde, em seus Comentários à Divina comédia, uma crítica a uma obra literária valendo-se de todas as formas de interpretar que até então apenas se aplicavam às Sagradas Escrituras. Tão extraordinária era a obra de Dante para ele que sua compreensão somente poderia ser abarcada em sua integralidade se utilizados todos os instrumentos críticos e exegéticos destinados à interpretação das Sagradas Escrituras. Mas Boccaccio vai além neste seu Tratado. Se a obra dantesca era extraordinária, o poeta também o era, mas não era um santo nem um varão de Plutarco. Boccaccio traça uma biografia em que registra a grandeza do poeta, mas também os defeitos que via no homem Dante Alighieri: uma certa luxúria, uma extremada paixão política, um comportamento algo ranzinza. Foi esta também uma inovação, em um mundo onde se faziam apenas biografias de santos impolutos ou de guerreiros sem mácula. E mais: para escrever seu livrinho, Boccaccio procura pessoas que lidaram com Dante, a fim de colher depoimentos idôneos e poder realizar, assim, uma obra o mais possível verídica. Dessas entrevistas terá guardado, por exemplo, a notícia, que é o único a nos transmitir, sobre a família de Beatriz, quando registra ter sido ela uma das filhas do banqueiro e benemérito florentino Folco Portinari; ou a curiosa anedota das mulheres que diziam que Dante estivera mesmo passeando pelo Inferno, pois era muito bronzeado. Boccaccio foi um homem de três épocas e as viveu, intelectualmente, de maneira intensa. Sentiu as forças da Idade Média, vislumbrou a amplidão do Renascimento e transitou entre as duas, fundindo-as muitas vezes e pendendo, ora para lá, ora para cá. Assim, com a mesma satisfação com que enviaria a Petrarca um códice com as Enarrationes in Psalmos [Comentários aos salmos], de Santo Agostinho, recuperaria, na Biblioteca de Montecassino, a obra licenciosa de Apuleio. Disso também é exemplo este Pequeno tratado, em que a força religiosa e moral do cristianismo ombreia com a novidade da riqueza deslumbrante da cultura greco-romana; em que o poder oracular dos sonhos convive com a realpolitik dos embates entre o papado e o império. Boccaccio tudo aceita e tudo conjumina: talvez não por acaso, seria designado uma dezena de vezes por Florença para desempenhar funções diplomáticas junto a outras cidades e potentados, papas e reis. Expressão máxima dessa fusão civilizatória é, sem dúvida, a definição a que chega neste Pequeno tratado, ao aproximar a poesia da teologia, quando diz: “Fica, portanto, bastante claro não somente que a poesia é teologia mas também que a teologia é poesia. [...] E digo mais, que a teologia nada mais é que uma poesia de Deus”. A essa poesia de Deus, Boccaccio compara o poema de Dante e, sobre o próprio Dante, poderá então dizer: “Se me fosse permitido eu diria que ele foi um Deus na terra”. Por isso, também, este Pequeno tratado não é apenas uma “Vida de Dante”, mas, muito explicitamente, um “louvor de Dante”. E um louvor que Boccaccio quis amplo e acessível a todos, não somente aos literatos e letrados de sua época entre os quais circulava o saber, mas também ao povo em geral. E, por isso, escreve sua biografia não em latim, mas em italiano, aquele “nosso idioma florentino” no qual ele estava, pela mesma época, acabando de escrever o Decameron. E para maior edificação dos que o lerem, escreve dentro de todas as regras da melhor retórica de seu tempo, com exórdio, excursos, apêndice e conclusão, em um italiano cuja sintaxe e estilo são não só elegantes, mas expressos com requintes da eloquência da época. Muito mais se sabe hoje sobre Dante, naturalmente, do que quanto nos diz aqui Boccaccio em seu breve Tratado. Mas sua quase contemporaneidade com Dante, seu contato com pessoas que conviveram com o poeta, seu entusiasmo incontido pela obra dantesca, sua admiração sem limites pela Comédia, que ele foi o primeiro a chamar de “divina”, as interpretações fascinantes que elabora sobre aspectos da vida e da obra de Dante, a simpatia amorosa pelo poeta, a certeza com que o contempla, a apenas trinta anos de sua morte, como um marco inigualável e fundacional da nascente literatura italiana, a certeza inquestionável de estar diante de algo divino, fazem deste Pequeno tratado em louvor de Dante uma pequena obra-prima, ela também, permanente. Alguns dados biográficos de Giovanni Boccaccio Tanta é a fama de Boccaccio que com facilidade se podem encontrar biografias ou breves dados biográficos seus aqui ou ali. Arrisco alguns dos traços mais pertinentes para a construção de uma imagem sua. Giovanni di Boccaccio nasceu em 1313, em Florença ou numa localidade próxima chamada Certaldo, não se sabe em que dia de junho ou julho. Seu pai, Boccaccino di Chelino, o tivera antes de casar-se, com uma mulher cujo nome se perdeu. Pouco antes de casar-se, perfilhou-o. Teve um outro filho, Francesco, com sua primeira mulher, Margherita dei Mardoli, e, após a morte desta, casou-se com Bice dei Bostichi. Boccaccino era rico comerciante e banqueiro e atingiria altas funções governamentais em Florença.

See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.