Este livro, de título tão instigante, remete-nos à vida em seu turbilhão e seu contínuo transformar-se. Ele começa no centro de Porto Alegre e ali termina. Nas histórias, que nos apanham como num vórtice, perpassamos tempos e geografias; conhecemos personagens como Teco e seus poderes mágicos; Cândida, o velho pintor e seus filhos; sabemos da Pintinha, da Milene; dos vizinhos Pedro e Antônio e seus desentendimentos, de Paula e suas lembranças, de Anton, Jan, Aniela e suas guerras dentro da guerra; somos petrificados por um homem que esbofeteia um anjo; crianças que pensam numa vingança cruel – enfim, tomamos conhecimento de outras vidas, diferentes da nossa, prontas para serem estigmatizadas por nosso preconceito; mas nosso autor, Felipe Pinha, não nos deixa incidir nesse erro primário de perspectiva. Ele nos mostra que, ao fim e ao cabo, todos pertencemos a um mesmo ciclo, e todos vivemos as mesmas circunstâncias que derivam da precária condição humana. Na leitura de Pelo que vale a pena morrer sabemos que há coisas pelas quais vale morrer, mas em igual medida, essas coisas também mostram que há muitas coisas pelas quais vivemos. E isso não é difícil. Basta trilhar o caminho da solidariedade. E este livro, para além de sua inegável literatura, superior literatura, nos ensina o olhar que entende o outro e, se possível, o perdoa.
FELIPE PINHA nasceu em 1980 em Porto Alegre, RS. Professor e pesquisador, cursa o doutorado em Filosofia na PUCRS. Estudou na Oficina de Criação Literária de Luiz Antônio de Assis Brasil em 2011, publicou os contos Lapsos no começo do teu tempo e Manico e Celeste na antologia intitulada De tudo fica um pouco, Editora Dublinense, em 2011.