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Passifloraceae da mata de encosta do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e arredores, Rio de Janeiro, RJ PDF

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nnnnnniiiTitOiiinMnnifrttfninnnnnnii Arquivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, v.62, n.4, p.367-374,out./dez.2004 ISSN 0365-4508 PASSIFLORACEAE DA MATA DE ENCOSTA DO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO E ARREDORES, RIO DE JANEIRO, RJ 1 (Com 3 figuras) MICHAELE ALVIM MILWARD-DE-AZEVEDO 2>3 MARIA DA CONCEIÇÃO VALENTE 4 RESUMO: As Passifloraceae da mata de encosta do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e arredores estão representadas por cinco táxons: Passiflora amethystina Mikan, P. capsularis L., P. racemosa Brot., P. sidaefolia M. Roemer e P. truncata Regei. Para identificação das espécies apresenta-se uma chave analítica, seguida de descrições morfológicas, citação do material examinado, distribuição geográfica, nomes populares, dados fenológicos e do hábitat, comentários e ilustrações. Palavras-chave: Passifloraceae, Passiflora, taxonomia, Rio de Janeiro. ABSTRACT: Passifloraceae in the Rio de Janeiro Botanical Garden hillside forest and surroundings, Rio de Janeiro, RJ. The inventory of the Passifloraceae family in the Rio de Janeiro Botanical Garden hillside forest and surroundings was realized and five taxa was found: Passiflora amethystina Mikan, P. capsularis L., P. racemosa Brot., P. sidaefolia M.Roemer and P. truncata Regei. A key for Identification of the species, with their morphological descriptions, examined material, geographic distribution, popular names, phenology, habitats, taxonomic comments and illustrations are presented. Key words: Passifloraceae, Passiflora, taxonomy, Rio de Janeiro. INTRODUÇÃO afloramentos rochosos, fazendo parte da Serra Carioca e limitando-se com o Parque Nacional A família Passifloraceae está representada por da Tijuca. 17 gêneros (BRUMMITT, 1992; MABBERLEY, O estudo desta flora vascular iniciou-se com 1997) e aproximadamente 630 espécies as coletas de Kuhlmann que, em 1927, (HOLM-NIELSEN, J0RGENSEN & LAWESSON, apresentou um mapa fitogeográfico assinalando 1988; DEGINANI, 1999), com distribuição as espécies arbóreas do Horto Florestal tropical pelas Américas e África (METCALFE (MARQUETE etal, 1994). & CHALK, 1965; JOLY, 1993). A maioria está O presente estudo faz parte do Projeto subordinada ao gênero Passiflora L. (KILLIP, “Vegetação das áreas do entorno do Jardim 1938; PURI, 1947; BARROSO et dl., 1978), que Botânico do Rio de Janeiro, Parque Lage e possui cerca de 400 espécies (BRIZICKY, 1961; Horto Florestal”, desenvolvido pela equipe SACCO, 1980; CERVI, 1986; ESCOBAR, 1988; do Projeto “Avanços Taxonômicos e DEGINANI, 1999). Coleções Botânicas (Programa Diversidade A família é facilmente reconhecida por Taxonômica - PROTAXON)”, do Instituto de apresentar hábito escandente, folhas Pesquisas Jardim Botânico do Rio de alternas com gavinhas axilares, pecíolo Janeiro. Ao dar-se continuidade à geralmente com glândulas e flores com divulgação, atualização e complementação corona e androginóforo. da listagem de espécies, objetiva-se A área investigada compreende 147,06ha contribuir para a publicação de dados mais referente à mata de encosta do Jardim Botânico abrangentes sobre a flora local e, do Rio de Janeiro e Horto Florestal, e 34,8ha do conseqüentemente, para o conhecimento da Parque Lage, composta por floresta ombrófila diversidade das espécies no Estado do Rio densa submontana alterada, com regiões de de Janeiro, e conseqüentemente, do Brasil. 1 Submetido em 13 de maio de 2003. Aceito em 03 de novembro de 2004. Parte da monografia de M.A.Milward-de-Azevedo, Curso de Ciências Biológicas/Botânica, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). 2 Museu Nacional/UFRJ, Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas/Botânica. Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, 20940-040, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 3 E-mail: [email protected]. 4Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rua Pacheco Leão, 915, Jardim Botânico, 22460-030, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 368 M.A.MILWARD-DE-AZEVEDO & M.C.VALENTE MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram realizadas excursões mensais na área em Passiflora L., Sp. Pt 1: 955. 1753. estudo, de 1991 a 1999, pelo “Projeto vegetação Trepadeiras herbáceas com gavinhas axilares. das áreas do entorno do Jardim Botânico do Rio Folhas alternas, pecíolos com ou sem glândulas, de Janeiro, Parque Lage e Horto Florestal”, lâminas membranáceas a cartáceas, simples, procurando complementar as coletas realizadas lobadas a levemente lobadas para o ápice, antes da implantação do mesmo. margem inteira a levemente serreada, 3-5 Foi utilizado material adicional, de áreas nervuras saindo da base. Estipulas foliáceas ou próximas à estudada, para completar a linear-subuladas. Brácteas 3, ovadas a descrição das espécies, quando estas se lanceoladas, ou ausentes. Flores hermafroditas, encontravam sem flor ou fruto. axilares, isoladas ou aos pares; pedicelo Dados sobre a distribuição geográfica, articulado; tubo do cálice curto-cilíndrico a floração e frutificação, além de outras campanulado; 5 sépalas membranáceas, informações importantes, como nome vulgar oblongas a lanceoladas; 5 pétalas membranáceas, e características das espécies no hábitat oblongas a lanceoladas; corona filamentosa, com natural, foram obtidos nas etiquetas das 1-5 séries; opérculo membranoso; límen anular, exsicatas dos herbários consultados (siglas de cupuliforme ou ausente; androceu com 5 estames acordo com HOLMGREN, KEUKEN & livres aderidos ao ginóforo, formando o SCHOFIELD, 1990): GUA, HB, R, RB e RFA e androginóforo, anteras dorsifixas; gineceu com acrescidos de dados descritos na bibliografia 3 estiletes, estigmas capitados. Frutos bagas ou especializada. A caracterização da vegetação cápsulas; sementes comprimidas, numerosas, está de acordo com a classificação de com testa endurecida, costada, foveolada, VELOSO, RANGEL FILHO & LIMA (1991). reticulada ou sulcada transversalmente. Chave para identificação das espécies de Passiflora DA MATA DE ENCOSTA DO JARDIM BOTÂNICO DO RlO DE JANEIRO E ARREDORES 1. Pecíolos sem glândulas; coronas com 1 série de filamentos; brácteas ausentes; frutos cápsulas .Passiflora capsularis 1 ’. Pecíolos com glândulas; coronas com 2-5 séries de filamentos; brácteas presentes; frutos bagas.2 2. Lâminas com ápice truncado a obtuso, glândulas entre as nervuras laterais, 3 nervuras saindo da base; estipulas linear-subuladas; testas das sementes irregularmente sulcadas. .Passiflora truncata 2\ Lâminas com ápice agudo a obtuso, glândulas nos bordos entre os lobos, 5 nervuras saindo da base; estipulas ovadas, oblíquas ou assimétricas ovadas, foliáceas; testas das sementes costadas, foveoladas ou reticuladas.3 3. Inflorescências racemosas; sépalas corniculadas no ápice, límens ausentes.Passiflora racemosa 3’. Flores solitárias; sépalas com carena no ápice ou não, límens cupuliformes.4 4. Lâminas nitidamente 3-lobadas, 5-8 glândulas nos pecíolos; sépalas com carena no ápice; coronas com 4 séries de filamentos; frutos elípticos; testas das sementes costadas.Passiflora amethystina 4\ Lâminas levemente 3-lobadas no ápice, 2 pares de glândulas nos pecíolos; sépalas sem carena no ápice; coronas com 5 séries de filamentos; frutos globosos; testas das sementes reticuladas. .Passiflora sidaefolia Arq. Mus. Nac., Rio de Janeiro, v.62, n.4, p.367-374, out./dez.2004 PASSIFLORACEAE DA MATA DO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO E ARREDORES 369 1. Passiflora amethystina Mikan, Delect. Fl. etFaun. por apresentar lâminas nitidamente 3-lobadas, 5-8 Bras. 39. 1820. (Fig.l a-e) glândulas no pecíolo, carena no ápice das sépalas, corona com quatro séries de filamentos e semente Descrição - Caule cilíndrico, tricomas esparsos. com testa costada. SACCO (1980) caracteriza a Folhas com pecíolos 2,0-6,5cm compr., 5-8 espécie pelas folhas escurecidas quando submetidas glândulas curto-estipitadas, tricomas esparsos; à secagem, flores azul-purpúreas e ovário em geral lâminas membranáceas, 3-lobadas, 2,8-9,4cm ferrugíneo-viloso-tomentoso. Pertence ao subgênero compr. na nervura média, 2,5-7,5cm compr. na Passiflora L. série Lobatae Killip. nervura lateral, 4,l-12,7cm larg., ápice de agudo a obtuso, apiculado, base subcordada a 2. Passiflora capsularis L., Sp. Pl. 1: 957. 1753. subpeltada, margem inteira a levemente serreada, (Fig.lf-j) glândulas nos bordos entre os lobos, 5 nervuras Descrição - Caule anguloso, pubescente. Folhas saindo da base, glabras em ambas as faces. com pecíolos 0,5-3,0cm compr., glândulas Estipulas 1,5-2,7 x 0,4-l,5cm, foliáceas, ovado- ausentes, pubescentes; lâminas membranáceas, 2- assimétricas, ápice apiculado, base oblíqua. lobadas, raro 3-lobadas, l,0-8,0cm compr. na Brácteas 0,6-3,0 x 0,3-l,3cm, lanceoladas, nervura média, 2,0-10,6cm compr. na nervura caducas. Flores azuis, liláses, púrpuras ou alvas, lateral, 2,5-8,3cm larg., ápice agudo, apiculado, axilares, solitárias; pedicelos 7,0-ll,0cm compr., base cordada, margem inteira, 3 nervuras saindo glabros; sépalas 1,6-2,6 x 0,4-0,5cm, oblongo- da base, pubescente em ambas as faces. Estipulas lanceoladas, ápice obtuso, carena dorsal aristada 0,4-0,7cm compr, linear-subuladas, levemente 0,4-0,7cm compr., glabras; pétalas 1,8-2,7 x 0,3- falcadas. Brácteas ausentes. Flores alvas ou 0,4cm, oblongas, ápice obtuso; corona com 4 séries, cremes, axilares, solitárias ou aos pares; pedicelos 2 externas ca. 2,0cm compr., filamentos l,0-5,0cm compr., pubescentes; sépalas 1,5-2,7 x liguliformes, 2 internas ca. l,2cm compr., 0,3-0,4cm, linear-lanceoladas, ápice agudo, sem filamentos filiformes; opérculo plicado; límen carena, pubescentes, 3 nervuras proeminentes na cupuliforme; androginóforo 2,0-3,0cm compr., face dorsal; pétalas 1,0-1,5 x 0,2cm, oblongo- estames 0,5-0,8cm compr., anteras 0,6-0,8 x 0,1- lanceoladas, ápice obtuso; corona com 1 série, ca. 0,3cm; ovário 0,4-0,6 x 0,2-0,3cm, oblongo, viloso, l,2cm compr., filamentos filiformes, unidos na base ferrugíneo-tomentoso, estilete 0,8-l,0cm compr. por membrana delgada; opérculo plicado; límen Frutos 4,0-6,2 x l,0-2,3cm, bagas, elípticos; anelar; androginóforo 0,7-l,5cm compr., estames sementes ca. 0,5 x 0,3cm, ovadas, testa costada. 0,3-0,5cm compr., anteras ca. 0,4 x 0,1 cm, ovário 0,3-0,5 x 0,2-0,4cm, obovóide, levemente pubérulo, Material examinado - BRASIL, RIO DE JANEIRO, estilete 0,4-0,6cm compr. Frutos 2,3-8,5 x 0,7- município do Rio de Janeiro, encosta do Jardim 4,5cm, capsulares-loculicidas, elipsoidais ou Botânico do Rio de Janeiro, Lagoinha, fl., RB23561, fusiformes, violáceos; sementes ca. 0,4 x 0,2cm, A.Ducke e J.G.Kuhlmann s.n., 20/111/1922. elípticas, testa sulcada transversalmente. Material adicional - BRASIL, RIO DE JANEIRO, Material examinado - BRASIL, RIO DE JANEIRO, município do Rio de Janeiro, estrada da Vista município do Rio de Janeiro, estrada para o Horto Chinesa, fr, RB, J.A.Jesus 1608, 30/V/1972; fl, do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento RB, V.G.L.Klein e M.L.Pereira 1065, 09/V/1991. Florestal, fl., RB340717, s.col., s.n., sem data. Distribuição geográfica - Bolívia, Brasil e Paraguai. Material adicional - BRASIL, RIO DE JANEIRO, No Brasil: Goiás, Distrito Federal, Bahia e nas município do Rio de Janeiro, Tijuca, Exclesior, fr., regiões Sudeste e Sul. HB, E.Pereira 66, 21/XII/1940. Nome popular - Maracujá-azul, maracujá-de- Distribuição geográfica - América Central; cobra, maracujá. Colômbia, Equador, Brasil, Paraguai e Uruguai. No Dados fenológicos - É encontrada, ocasionalmente, Brasil: Pará, Mato Grosso, Goiás, Piauí, Ceará e em flor e fruto o ano todo. nas regiões Sudeste e Sul. Hábitat- Floresta Ombrófila Densa e Savana. Espécie Nome popular - Maracujá-branco-miúdo, maracujá- heliófila a semi-heliófila, ocorrendo principalmente branco, maracujá-mirim, maracujazinho, maracujá. em beira de estrada e em clareiras da mata. Dados fenológicos - Foi encontrada em flor nos meses Comentários - Passiflora amethystina é uma espécie de janeiro a maio, e outubro a dezembro, e em fruto bem distinta das outras estudadas, principalmente em janeiro, março a maio, novembro e dezembro. Arq. Mus. Nac., Rio de Janeiro, v.62, n.4, p.367-374, out./dez.2004 370 M.A.MILWARD-DE-AZEVEDO & M.C.VALENTE Hábitat - Floresta Ombrófila Densa, Vegetação de flores com corona unisseriada e frutos Influência Marítima, Savana e Estágio Sucessional capsulares. Suas folhas são geralmente Secundário. É uma espécie heliófila a semi- bilobadas, podendo ser encontrado um curto lobo heliófila, e tem preferência por capoeiras e orla de central em alguns espécimes. Pertence ao florestas, em terrenos com boa drenagem, subgênero Decaloba (DC.) Rchb. seção Xeroga raramente encontrada no interior da floresta (Raf.) Killip. Esta espécie pode apresentar uma (CERVI, 1981;1992), sendo uma planta de segunda série de filamentos da corona de 3,0 mm formação secundária que sofre intensa herbivoria. compr., de coloração violeta (CERVI, 1986). Suas Comentários - Passiflora capsularis distingue-se folhas são abortivas e suas raízes são suspeitas das demais espécies estudadas principalmente de prejudiciais ao gado e hemenogogas (PIO- pela ausência de glândulas no pecíolo e de brácteas, CORRÊA, 1984). Fig. 1- Passiflora amethystina: (a) forma da folha e aspecto geral da nervação, (b) esquema geral da flor, (c) ápice da sépala, (d) fruto, (e) semente; Passiflora capsularis: (f) forma da folha e aspecto geral da nervação, (g) esquema geral da flor, (h) ápice da sépala, (i) fruto, (j) semente. Escalas: a, b, d, f, i = lcm; c, e, h, j = lmm; g = 2cm. Arq. Mus. Nac., Rio de Janeiro, v.62, n.4, p.367-374, out./dez.2004 PASSIFLORACEAE DA MATA DO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO E ARREDORES 371 3. Passiflora racemosa Brot., Trans. Linn. Soc. 12: 71. principalmente pelas inflorescências racemosas, 1817. (Fig.2 a-f) flores com os ápices das sépalas corniculados, ausência de límen e três séries de filamentos da Descrição - Caule cilíndrico, glabro. Folhas com corona, e testa das sementes foveoladas. As lâminas pecíolos 0,8-6,0cm compr., 2 pares de glândulas são polimorfas, apresentando-se desde inteiras até sésseis, glabros; lâminas membranáceas a cartáceas, 3-lobadas, alguns exemplares desta espécie são polimorfas, ovadas quando inteiras, assimétricas encontrados somente com lâminas inteiras, ou seja, quando lobadas de um só lado, ou simetricamente um indivíduo jovem, geralmente, este tipo de material 3-lobadas como na forma adulta com 4,0-10,5cm pode dificultar a identificação. Pertence ao subgênero compr. na nervura média, 3,5-9,0cm compr. na Calopathanthus (Harms) Killip, que antes nomeava nervura lateral, 5,5-14,6cm larg., lobos oblongos 1,1- uma seção, devido à forma de seu opérculo. Sendo 4,5cm larg., ápice agudo, base subpeltada ou uma das mais vistosas passifloras, tem sido muito cordada, margem inteira, glândulas nos bordos entre introduzida no cultivo, produzido extensamente na os lobos, 5 nervuras saindo da base, glabras em hibridação artificial (PIO-CORRÊA, 1984). Passiflora ambas as faces. Estipulas 1,2-2,0 x 0,8-l,3cm, racemosa é conhecida também sob o nome de P. foliáceas, ovadas, oblíquas, ápice apiculado, base princeps Lodd., ambos os nomes foram propostos em obtusa. Brácteas 0,8-1,0 x 0,5-0,6cm, ovadas, ápice 1817 (KILLIP, 1938). Comestível, medicinal e agudo, base obtusa, róseas a vinosas. Inflorescências ornamental, sendo própria para pergolados de jardins axilares, racemosas. Flores alvas, rosas ou vermelhas, residenciais (FUKS etal, 1999). solitárias ou aos pares; pedicelos l,5-2,0cm compr., glabros; sépalas 3,5-4,0 x 0,8-0,9cm, oblongas, ápice 4. Passiflora sidaefolia M. Roemer, Fam. Nat. Syn. corniculado, sem carena, glabras; pétalas 2,0-2,5 x 2: 173. 1846. (Fig.2 g-1) 0,4-0,5cm, oblongas, ápice obtuso; corona Descrição - Caule cilíndrico, glabro. Folhas com filamentosa até a base com 3 séries, ca. 0,4cm compr.; pecíolos 0,8-3,lcm compr., 2 pares de glândulas opérculo divergindo horizontalmente, denticulado; sésseis, glabros; lâminas membranáceas a cartáceas, límen ausente; androginóforo 3,5-4,8cm compr., levemente 3-lobadas para o ápice, 3,2-8,6cm compr. estames 0,7-l,2cm compr., anteras 0,6-0,8 x 0,1- na nervura média, 2,8-6,5cm compr. na nervura 0,2cm; ovário 0,6-0,7 x ca.0,2cm, oblongo, glabro, lateral, 2,4-7,lcm larg., ápice agudo a obtuso, base estilete 0,6-0,8cm compr. Frutos 5,0-7,0 x 2,0-3,0cm, arredondada, subtruncada ou subpeltada, margem bagas, oblongos; sementes 0,5-0,6 x 0,3-0,4cm, inteira, glândulas nos bordos entre os lobos, 5 elípticas, testa foveolada. nervuras saindo da base, glabras em ambas as faces. Material examinado - BRASIL, RIO DE JANEIRO, Estipulas 1,3-3,0 x 0,5-l,8cm, foliáceas, município do Rio de Janeiro, matas do Jardim assimétrico-ovadas, ápice apiculado a aristado, base Botânico do Rio de Janeiro, RB, A.P.Duarte 140, 04/ oblíqua. Brácteas 3,5-6,0 x l,8-3,5cm, lanceolado- VII/1946; fl., RB, Miguel e outros 4,06/111/1963; Pedra ovadas, imbricadas, ápice apiculado, base do Marinheiro, fl., GUA, M.Santos e outros 37, 24/V/ auriculada. Flores azuis, alvas ou alva-esverdeadas, 1979; fl., fr., RB, N.M.F.Silva e outros 274, 02/VI/ axilares, solitárias; pedicelos ca. 2,5cm compr., 1992; fl., RB, R.Marquete e outros 1996,24/VIII/1994; glabros; sépalas 2,5-3,0 x l,0-l,2cm, oblongo- fl., RB, P.Botelho e outros 60, 29/VIII/1995; RB, lanceoladas, ápice agudo, sem carena, glabros; M.Milward e R.Marquete 32, 20/X/1999; Grotão, pétalas 2,5-3,0 x l,0-l,3cm, oblongo-lanceoladas, Pedra d’água, fl., RB, G.Martinelli 2829,01/VIII/1977. ápice agudo; corona com 5 séries, 2 externas, 2,5- Distribuição geográfica - Brasil: Espírito Santo e 3,0cm compr., filamentos ligulados, 3 internas com Rio de Janeiro. Introduzida na horticultura filamentos filiformes; opérculo membranoso, européia (KILLIP, 1938). encurvado, crenado na margem; límen cupuliforme; androginóforo ca. 4,0cm compr., estames ca. l,0cm Nome popular - Maracujá-mirim, maracujá. compr., anteras ca.0,6 x 0,2cm; ovário ca.0,6 x 0,3cm, Dados fenológicos - Foi encontrada em flor nos ovóide, glabro, estilete ca.l,2cm compr. Frutos 2,5- meses de março a dezembro e em fruto em maio a 4,5 x 2,l-3,8cm, bagas, globosos; sementes 0,5-0,6 junho, agosto a dezembro. x 0,3-0,4cm, obovadas, testa reticulada. Hábitat - Floresta Ombrófila Densa e Vegetação de Material examinado - BRASIL, RIO DE JANEIRO, Influência Marítima. Espécie ombrófila a heliófila, município do Rio de Janeiro, entorno do Jardim ocorrendo em bordas de florestas e clareiras. Botânico do Rio de Janeiro, Lagoinha, fl., RB21315, Comentários - Passiflora racemosa caracteriza-se D.Constantino s.n., 07/XI/1925. Arq. Mus. Nac., Rio de Janeiro, v.62, n.4, p.367-374, out./dez.2004 372 M.A.MILWARD-DE-AZEVEDO & M.C.VALENTE Material adicional - BRASIL, RIO DE JANEIRO, Dados fenológicos - Foi encontrada em flor nos município do Rio de Janeiro, Vista Chinesa, fr., RB, meses de janeiro, e outubro a dezembro, e fruto R.Marquetee outros 2171, 23/VI/1995; estrada das em janeiro, junho, julho, outubro e dezembro. Paineiras, fl., fr., RB, J.P.Fontella e outros 405, 20/ Hábitat - Floresta Ombrófila Densa. Espécie heliófila, 1/1970; estrada do Redentor, fl., RB, A.P.Duarte 347, ocorrendo em orla de floresta e beira de estrada. 08/X/1946; fl., RB, A.P.Duarte 8743, X/1964; Comentários - As principais características morro do Corcovado, fl., fr., RB, R.Marquete e outros diagnósticas para P. sidaefolia são as lâminas 228, 04/X/1989; fr., RB298876, L.C.S.Silva s.n., levemente 3-lobadas para o ápice, flores com dnco séries 28/VII/1992. de filamentos na corona e testa da semente reticulada. Distribuição geográfica - Brasil: Minas Gerais, Rio De acordo com MASTERS (1872), as brácteas são um de Janeiro e São Paulo. atributo de fácil reconhecimento. Pertence ao Nome popular - Maracujazinho. subgênero Passiflora L. série Imbricatae Killip. Fig.2- Passiflora racemosa: (a) forma da folha jovem e aspecto geral da nervação, (b) forma da folha adulta e aspecto geral da nervação, (c) esquema geral da flor, (d) ápice da sépala, (e) fruto, (f) semente. Passiflora sidaefolia: (g) forma da folha e aspecto geral da nervação, (h) esquema geral da flor, (i) detalhe do ramo frutífero, (j) ápice da sépala, (1) semente. Escalas: a- c, e, g-i = lcm; f, j, 1 = lmm; d = 5mm. Arq. Mus. Nac., Rio de Janeiro, v.62, n.4, p.367-374, out./dez.2004 PASSIFLORACEAE DA MATA DO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO E ARREDORES 373 5. Passiflora tmncata Regei, Gartenflora 8: 356, est. município do Rio de Janeiro, Parque Lage, bt., fr., 276. 1858. (Fig.3 a-e) RB, B.Kurtz e outros 166, 27/11/1991. Descrição - Caule triangular, glabrescente. Folhas com Material adicional - BRASIL, RIO DE JANEIRO, pecíolos 0,5-2,8cm compr., 1 par de glândulas sésseis, município do Rio de Janeiro, Vista Chinesa, bt., glabrescente; lâminas membranáceas, levemente 3- fl., R, A.C.Brade 10624, 01/111/1931; bt., fl., HB, lobadas para o ápice, 3,0-6,4cm compr. na nervura RFA, E.Pereira 4264, 29/1/1959; bt., RB, média, 3,9-7,0cm compr. na nervura lateral, 4,4-8, lcm V.F.Ferreira 3356, 04/V/1984; Mesa do Imperador, larg., ápice truncado a obtuso, apiculado, base obtusa, fl., R90277, A.C.Brade s.n., 22/1/1932; Caminho margem inteira, 1-5 glândulas entre as nervuras do Pico da Tijuca, bt., fl., fr., RB55798, Altamiro e laterais, 3 nervuras saindo da base, glabrescente em outros s.n., 06/11/1946. ambas as faces. Estipulas ca. 0,3cm compr, linear- Distribuição geográfica - Brasil: Rio de Janeiro, São subuladas. Brácteas ca. 0,1 x 0,05cm, linear- Paulo, Paraná e Santa Catarina. subuladas. Flores alvas, esverdeadas ou amareladas, Nome popular - Maracujá. axilares, solitárias ou aos pares; pedicelos 0,4-2,0cm compr.; sépalas 0,5-0,7 x 0,2 x 0,4cm, lanceoladas, Dados fenológicos - Foi encontrada em flor nos ápice agudo a obtuso, sem carena, glabrescente; meses de outubro a abril, e em fruto de fevereiro a pétalas 0,3-0,4 x 0,lcm, espatulada, ápice obtuso; abril e outubro a dezembro. corona com 2 séries, a externa 0,2-0,4cm compr., Hábitat - Floresta Ombrófila Densa. Espécie ciófila, filamentos falciformes, a interna ca. 0,lcm compr., ocorrendo principalmente no interior de mata e filamentos filiformes; opérculo plicado, ápice curvo; raramente em sua orla (SACCO, 1980). límen anelar; androginóforo ca. 0,5cm compr., estames Comentários - Passiflora tmncata distingue-se das ca. 0,2cm compr., anteras ca. 0,2 x 0,lcm, ovário 0,1- demais espécies estudadas principalmente pelas 0,2 x 0,lcm, elíptico, glabrescente, estilete ca. 0,3cm lâminas levemente truncadas no ápice, glândulas compr. Frutos 1,6-3,0 x l,6-3,0cm, bagas, globosos; laminares entre as nervuras laterais, flores com duas sementes ca. 0,5 x 0,3cm, elípticas, testa séries de filamentos na corona e testa da semente irregularmente sulcada. irregularmente sulcada. Pertence ao subgênero Material examinado - BRASIL, RIO DE JANEIRO, Decaloba (DC.) Rchb. seção Cieca (Medik.) DC. Fig.3- Passiflora tmncata: (a) forma da folha e aspecto geral da nervação, (b) esquema geral da flor, (c) ápice da sépala, (d) fruto, (e) semente. Escalas: a, b, d = lcm; c, e = lmm. Arq. Mus. Nac., Rio de Janeiro, v.62, n.4, p.367-374, out./dez.2004 374 M.A.MILWARD-DE-AZEVEDO & M.C.VALENTE CONCLUSÃO DEGINANI, N.B., 1999. Passifloraceae L. - Flora Del Valle de Lerma. Aportes Botânicos de Salta - Serie Flora, De acordo com os levantamentos feitos nos herbários Salta, 6:1-20. citados e excursões realizadas na mata de encosta do ESCOBAR, L.K., 1988. Passifloraceae. In: PINTO, P. & Jardim Botânico do Rio de Janeiro e arredores, foram LOZANO, G. (Eds.) Flora de Colombia. Bogotá: Universidad Nacional de Colombia, v.10 (?), 138p. encontradas para a família Passifloraceae as seguintes FUKS, R.; GUIMARÃES, E.F.; LACANNA, M.F. & cinco espécies Passiflom amethystina, P. capsularis, P. MONTEIRO, S.N., 1999. Plantas ornamentais I. In: racemosa, P. sidaefolia e P. tmncata. As espécies VALENTE, M.C. & MARQUETE, N.F.S. (Eds.) Plantas distinguem-se pelo formato das folhas, estipulas, úteis das áreas do entorno do Jardim Botânico do brácteas, fruto, testa da semente e pela disposição e Rio de Janeiro, Horto Florestal e Parque Lage I. número de glândulas na lâmina e pecíolo, além do Rio de Janeiro: Ministério do Meio Ambiente, Instituto número e formato das séries da corona. de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, p.61. (Série Estudos e Contribuições 16) Os táxons estudados ocorrem, preferencialmente, em HOLMGREN, P.K.; KEUKEN, W. & SCHOFIELD, E.K., 1990. beira de estradas, orla de florestas ou em clareiras, Index herbariorum, Part 1: The Herbaria of the World. sendo raramente encontrados no interior da mata e New York: New York Botanical Garden. 693p. sofrendo intensa herbivoria. Passiflora racemosa, P. HOLM-NIELSEN, L.B.; J0RGENSEN, P.M. & LAWESSON, sidaefolia e P. tmncata apresentam distribuição J.E., 1988. Passifloraceae. In: HARLING, G. & ANDERSSON, L. (Eds.) Flora of Ecuador. restrita no Brasil ocorrendo, até o momento, na região Copenhagen: Nordic Journal of Botany. v.31, 130p. Sudeste e a última sendo também encontrada na JOLY, A.B., 1993. Botânica - Introdução à taxonomia região Sul. Passiflora amethystina ocorre em toda vegetal. São Paulo: Ed. Nacional. 777p., il. região Sudeste e Sul, além dos Estados da Bahia e KILLIP, E.P., 1938. The american species of Passifloraceae. Goiás, enquanto que P. capsularis apresenta ampla Publication Field Museum of Natural History, distribuição por quase todo o país. Botanical Series, Chicago, 19(1-2): 1-613. MABBERLEY, D.J., 1997. The Plant Book. A portable dictionary of the vascular plants. Cambrigde: AGRADECIMENTOS Cambrige University Press. p.532-533. MARQUETE, N.F.S.; VALENTE, M.C.; MARQUETE, R.; À Dra. Claudia Petean Bove (Museu Nacional - Rio MARQUETE, O.; GUIMARÃES, E.F.; FUKS, R.; de Janeiro), pela co-orientação neste trabalho; ao GIORDANO, L.C.; LACANNA, M.F.S.; MONTEIRO, S.N.; Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de MYNSSEN, C.M.; MEDEIROS, E.S. & GOMES, H.F.S., Janeiro, pelo apoio; ao Programa Institucional de 1994. Vegetação das áreas do entorno do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Horto Florestal e Parque Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq), pela Lage I. Rio de Janeiro: Ministério do Meio Ambiente, bolsa concedida durante o curso de bacharelado em Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Ciências Biológicas (Universidade do Rio de Janeiro). Janeiro. 69p., il. (Séries Estudos e Contribuições 12) MASTERS, M.T., 1872. Passifloraceae. In: MARTIUS, REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS C.F.P.; EICHLER, AW. & URBAN, I. (Eds.) Flora Brasiliensis, München, Wien, Leipzig, 13(l):529-628. BARROSO, G.M.; PEIXOTO, A.L.; ICHASO, C.L.F.; METCALFE, C.R. & CHALK, L., 1965. Anatomy of the GUIMARÃES, E.F. & COSTA, C.G., 1978. dicotyledons I. Leaves, stem, and wood in relation to taxonomy with notes on economic uses. Oxford: Sistemática de Angiospermas do Brasil. São Paulo: LTC/EDUSP. v. 1, p. 194-197, il. At the Clarendon Press. p.674-680. BRIZICKY, G.L., 1961. The genera of Turneraceae and PIO-CORRÊA, M., 1984. Dicionário de plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Passifloraceae in the southeastem United States. Journal of the Arnold Arboretum, Cambridge, 42:204-218. Imprensa Nacional, v.3, p.238-239; v.5, p.108-129. BRUMMITT, R.K., 1992. Vascular plants families and PURI, V., 1947. Studies in floral anatomy VI. Vascular anatomy of the flower of certain species of the genera. Kew: Royal Botanic Gardens. 804p. CERVI, A.C., 1981. Revision dei genero Passiflora L. Passifloraceae. American Journal of Botany, (Passifloraceae) dei Estado de Parana, Brasil Burlington, 34:562-573. (resumo). Barcelona. 27p. Tese (Doutorado em SACCO, J.C., 1980. Passifloráceas. In: REITZ, R. (Ed.) Ciências), Universistat de Barcelona. Flora Ilustrada Catarinense, Itajaí: Herbário Barbosa CERVI, A.C., 1986. Passifloraceae. In: RIZZO, S.A. (Org.) Rodrigues. Fascículo Passifloraceae. 132p., il. VELOSO, H.P.; RANGEL FILHO, A.L.R. & LIMA, J.C.A., Flora do Estado de Goiás - Coleção Rizzo. Goiânia: Editora UFG, v.7, 45p. 1991. Classificação da vegetação brasileira, CERVI, A.C., 1992. Passifloraceae. In: MELO, M.M.R.F. adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: et dl. (Eds.) Flora fanerogâmica da Ilha do Cardoso Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e (São Paulo, Brasil). São Paulo: Instituto de Botânica, Estatística (IBGE), Departamento de Recursos 3:11-20. Naturais e Estudos Ambientais. 124p. Arq. Mus. Nac., Rio de Janeiro, v.62, n.4, p.367-374, out./dez.2004

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