Jean 7ieg1er da Universidade de Genebra os vivos Uma "sociologia da morte" no Ocidente e na diáspora africana no Brasil, e seus mecanismos culturais Z A H A R biblioteca de ci ênci as soc i ai s EDITORES GUERRA DE ORIXÁ Um Estudo de Ritual e Conflito Yvonne Velho (2.a edição) Este livro retoma, com nova perspectiva, uma área de estudo exemplarmente desbravada por pioneiros da Antropologia Brasileira como Nina Rodrigues, Artur Ramos e Edison Carneiro. Apoiada em instrumentos da Antropologia Social, como os conceitos de ritual e drama social, a Professora Yvonne Velho aproxima-se do es­ tudo da religiosidade popular preocupada em perceber a Umbanda não apenas como uma crença ou um conjunto de crenças, mas como um modo de vida. Realizando um estudo de caso na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, a autora, que ensina Antropologia Social na Uni­ versidade Federal do Rio de Janeiro, teve oportunidade de acom­ panhar, num período de três meses, toda a vida de um terreiro de Umbanda — sua formação, crise e extinção. Só por isso já se justificaria a publicação deste trabalho, pelo ineditismo dessa experiência. Anteriormente, outros investigadores focalizaram mo­ mentos ou reconstituíram a história de terreiros, mas este é o pri­ meiro estudo antropológico feito da fundação à extinção, baseado em observação direta e participante. Além disso, a sofisticação teórica da abordagem permite repor a Umbanda e as religiões “afro-brasileiras” em geral como objeto importante para a compreensão do estilo de vida e relações sociais de ponderáveis setores da sociedade brasileira, especialmente de seus estratos inferiores. Sem abandono do rigor acadêmico, a Professora Yvonne Velho, utilizando linguagem simples e direta, permite-nos entrar num mundo fascinante e complexo, que nos toca direta ou indireta­ mente. O impressionante crescimento desses cultos nos últimos tempos, a constante presença de suas crenças e código no próprio cotidiano da sociedade brasileira, coloca questões cruciais não só para a Antropologia como para as Ciências Sociais em geral. Por tudo isso, pode-se afirmar que Guerra de Orixá constitui-se num passo fundamental para a percepção desse código e linguagem que se difundem, a partir do exame das categorias e sistemas de classificação percebidos e examinados através de um contato direto e pessoal, em que a vida dos crentes não é apenas uma ilustração mas o próprio fio da meada da investigação científica. Z A H A I A cultura a serviço do progresso social EDITORES OS VIVOS E A MORTE É possível escrever uma sociologia da morte? É nulo o conhecimento direto que temos dela e, no entanto, nada inspira e domina mais profunda- mente uma cultura do que o lugar que ela confere à morte. O presente livro propõe-se ampliar o co­ nhecimento sociológico nessa zona obscura, sem separar a vontade de compreender da vontade de libertar. O autor construiu seu livro a partir do contraste entre a cultura do negro brasileiro, onde a morte é cultuada e integrada, e a cultura industrial do Ocidente, que procura negar a morte em proveito do produtor-consumidor. Do culto brasileiro do can­ domblé oferece-nos Jean Ziegler imagens im­ pressionantes: os ritos permitem que os mortos con­ tinuem detentores da vida e mestres dos vivos, numa comunidade que une Céu e Terra. Mas essa igual­ dade é insuportável para a nossa sociedade de consumo, a primeira, sem dúvida, a recusar um status aos defuntos. Entretanto, a morte negada res­ surge em neurose, loucura, e o homem privado de sua finitude deixa de ser sujeito ativo da história. Um estudo da agonia e das circunstâncias da morte medicalizada mostra-nos que se constituiu uma “ta- natocracia” irresponsável e perigosa, que mata sem o dizer. Ziegler afirma que este livro foi governado por duas exigências: uma investigação comparada dos tratamentos culturais da morte na diáspora africana do Brasil, e no Ocidente, obedecendo aos cânones mais rigorosos da investigação empírica; e o enten­ dimento dos mecanismos culturais que engendram, mais do que o saber, os meios de uma luta liber­ tadora no Ocidente. Alimentado do saber iniciático do Babalorixá, o autor descreve primeiro e traduz depois em linguagem conceptual o tratamento da morte pelas sociedades africanas do Brasil. A pri­ meira parte compreende três estudos de casos dis­ tintos: o do Tambor dos Prantos do Maranhão, onde habitam os povos fons, jeje e nagô; o da Casa dos Mortos da Ilha de Itaparica, onde vivem os Nagô: e os ritos funerários de João da Gomeia, candomblé sincrétíco situado nos subúrbios do Rio de Janeiro, onde habitam os subproletários nagô. congo e (continua na 2.’ aba' BIBLIOTECA DE CIÊNCIAS SOCIAIS Sociologia e Antropologia Volumes publicados nesta coleção: FUNDAMENTOS DA TEORIA SOCIOLÓGICA, T. Abel HIERARQUIAS EM CLASSES, Neuma Aguiar UMA INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA, W. Anderson e F. Parker (3.3 ed.) IDÉIAS CENTRAIS EM SOCIOLOGIA. David Berry PLANIFICAÇAO E CRESCIMENTO ACELERADO, C. Bettelhelm (2.» ed.) INTRODUÇÃO À PESQUISA SOCIAL, H. M. Blalock (2.» ed.) INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA. T. B. Bottomore (6.3 ed.) INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ESTRUTURA SOCIAL, Pcler M. Blau TRABALHO E CAPITAL MONOPOLISTA. Harry Braverman SOCIOLOGIA DA BUROCRACIA, Edmundo Campos (3.» ed.) DEPENDÊNCIA E DESENVOLVIMENTO NA AMÉRICA LATINA, F. H. Car- dozo e E. Faletto INTRODUÇÃO CRITICA A SOCIEDADE, M. Coulson (3.» ed.) ENSAIOS DE TEORIA DA SOCIEDADE, Ralf Dahrendorf A REVOLUÇÃO BURGUESA NO BRASIL, Florestan Fernandes (2.» ed.) SOCIEDADE DE CLASSES E SUBDESENVOLVIMENTO, Florestan Fernandes (3.» ed.) A SOCIOLOGIA NUMA ERA DE REVOLUÇÃO SOCIAL, Florestan Fernandes (2.» ed.) ACUMULAÇAO MUNDIAL 1492-1789, A. Gunder Frank A SOCIOLOGIA DO TERCEIRO MUNDO, J. E. Goldthorpe ELEMENTOS DE SOCIOLOGIA, Samuel Koenig (4.a ed.) ANTROPOLOGIA SOCIAL, Godfrey Lienhardt (2.3 ed.) A ACUMULAÇÃO DO CAPITAL, Rosa Luxemburg (2.3 ed.) UMA TEORIA CIENTIFICA DA CULTURA, B. Malinowsky (3.» ed.) MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO SOCIOLÓGICA, P. Mann (3.a ed.) IDEOLOGIA E UTOPIA. Karl Mannheim (2.* ed.) PRINCÍPIOS DE SOCIOLOGIA. Henri Mendras (4.» ed.) O SIGNIFICADO DE SIGNIFICADO, C. K. Ogden e I. A. Richards (2.3 ed.) INICIAÇAO AO ESTUDO DA ANTROPOLOGIA, P. J. Peito (3.3 ed.) DISTRIBUIÇÃO DE RENDA NA AMÉRICA LATINA E DESENVOLVIMENTO, A. Pinto (2.3 ed.) AS CLASSES SOCIAIS NO CAPITALISMO DE HOJE, N. Poulantzas INICIAÇAO AO ESTUDO DA SOCIOLOGIA, Caroline B. Rose (2.3 ed.) MANUAL DE SOCIOLOGIA, J. Rumney e J. Maier (8.3 ed,) PRATICA MÉDICA: DOMINAÇAO E SUBMISSÃO, M. G. R. da Silva DA SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES AO CAPITALISMO FINANCEIRO, M. C. Tavares (5.3 ed.) TEORIA SOCIOLÓGICA, T. Timasheff (4.3 ed.) EM DEFESA DA SOCIOLOGIA. Alain Touraine ENSAIOS DE SOCIOLOGIA, Max Weber (3.3 ed.) A IMAGINAÇAO SOCIOLÓGICA, C. Wright Mills (4.3 ed.) A NOVA CLASSE MÉDIA, C. Wright Mills (2.a ed.) A ELITE DO PODER, C. Wright Mills (2.3 ed.) Jean Ziegler OS VIVOS E A MORTE Uma "sociologia da morte" no Ocidente e na diáspora africana no Brasil, e seus mecanismos culturais Tradução de Aurea Weissenberg ZAHAR EDITORES RIO DE JANEIRO Título original: Les vivants et Ia mort Traduzido da primeira edição francesa, publicada em 1975 por Éditions du Seuil, de Paris, França Copyright © 1975 hy Éditions du Seuil Capa de ÉRICO Edição para o Brasil Não pode circular em outros países 1977 Direitos para a edição brasileira adquiridos por ZAHAR EDITORES Caixa Postal 207, ZC-00, Rio que se reservam a propriedade desta versão Impresso no Brasil do mesmo autor: La Contrerévolution en Afrique Payot, 1963. Sociologie de la nouvelle Afrique coll. “Idées”, Gallimard, 1964. Sociologie et Contestation essai sur la société mythique coll. “Idées", Gallimard, 1969. Le Pouvoir africain éléments d’une sociologie de 1’Afrique noire et de la diaspora aux Amériques coll. “Esprit”, Le Seuil, 1973. Les Vivants et la Mort essai de sociologie coll. “Esprit", Le Seuil, 1975. Une Suisse au-dessus de tout soupçon Editions du Seuil, 1976 Obras em Colaboração: La société émergente in Vocabulaire de la sociologie contemporaine Gonthier, 1971. Anthologie des sociologues de langue française PUF, 1972. La mort dans la littérature sociologique française contemporaine in la Sociologie française contemporaine PUF, 1976. Le nomadisme de 1’au-delà: Les morts-revenants d’Itaparica in Nômades et Vagabonds coll. “10/18”, Union générale d’éditions, 1975. ÍNDICE Introdução ................................ 9 I A MORTE AFRICANA I. O Tambor de Choro ............................................................................ 23 1. A Casa de Mina ............................................................................. 23 2. A Morte em São Luís ................................................................ 28 II. Os Espíritos de Itaparica ..................................................................... 39 1. A Origem dos Egun ..................................................................... 39 2. A Casa dos Mortos ................................... 48 3. A Função Social dos Elspíritos dos Mortos .......................... 57 III. A Morte na Goméia ............................................................................. 74 1. O Pai-de-Santo da Goméia: Suas identidades civil e iniciática ............................................... 74 2. A Sucessão ....................................................................................... 78 a) O ato criador da sociedade ................................................. 78 b) Infância de mãe-de-santo ..................................................... 81 c) A guerra de sucessão ............................................................ 84 d) O assassino assassinado ......................................................... 87 IV. A Imortalidade Ioruba .......................................................................... 91 1. Os Mitos de Origem .................................................................... 91 a) Céu e terra .......... 91 b) O problema do mal ................................................................ 98 2. A Estrutura da Pessoa .............................................................. 102 3. A Voz de Ifá ......... 112 4. Os Vivos e os Mortos .................................................................. 117 II TRÊS TESES SOBRE A MORTE NO OCIDENTE I. A Máscara da Morte ............................................................................ 12Q II. O Canibalismo Mercantil ...................................................................... 140 III. A Igualdade pela Morte ....................................................................... 158