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Os Novos Bálcãs PDF

121 Pages·2014·1.35 MB·Portuguese
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JOSÉ A. LINDGREN ALVES O N B S OVOS ÁLCÃS Brasília, 2013 M R E M E - INISTÉRIO DAS ELAÇÕES XTERIORES INISTRO DE STADO E L A F M S -G - MBAIXADOR UIZ LBERTO IGUEIREDO ACHADO ECRETÁRIO ERAL E E S F A G MBAIXADOR DUARDO DOS ANTOS UNDAÇÃO LEXANDRE DE USMÃO Presidente - Embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais Diretor - Embaixador José Humberto de Brito Cruz Centro de História e Documentação Diplomática Diretor - Embaixador Maurício E. Cortes Costa A Fundação Alexandre de Gusmão, instituída em 1971, é uma fundação pública vinculada ao Ministério das Relações Exteriores e tem a finalidade de levar à sociedade civil informações sobre a realidade internacional e sobre aspectos da pauta diplomática brasileira. Sua missão é promover a sensibilização da opinião pública nacional para os temas de relações internacionais e para a política externa brasileira. Ministério das Relações Exteriores Esplanada dos Ministérios, Bloco H Anexo II, Térreo, Sala 1 70170-900 - Brasília-DF Telefones: (61) 2030-6033/6034/6847 Fax: (61) 2030-9125 Site: www.funag.gov.br Direitos de publicação reservados à Fundação Alexandre de Gusmão Ministério das Relações Exteriores Esplanada dos Ministérios, Bloco H Anexo II, Térreo, Sala 1 70170-900 Brasília-DF Telefones: (61) 2030-6033/6034 Fax: (61) 2030-9125 Site: www.funag.gov.br E-mail: [email protected] Equipe Técnica: Eliane Miranda Paiva Fernanda Antunes Siqueira Gabriela Del Rio de Rezende Guilherme Lucas Rodrigues Monteiro Jessé Nóbrega Cardoso Vanusa dos Santos Silva Projeto Gráfico: Daniela Barbosa Programação Visual e Diagramação: Gráfica e Editora Ideal Ltda. E-book: Gráfica e Editora Ideal Jefferson Mota A474 ALVES, José A. Lindgren. Os novos Bálcãs / José A. Lindgren Alves. – Brasília : FUNAG, 2013. (Em poucas palavras) ISBN: 978-85-7631-514-8 1. Bálcãs - história. 2. Iugoslávia - história. 3. Bósnia-Herzegóvina - história. I. Título. II. Série CDD 949.7 Bibliotecária responsável: Ledir dos Santos Pereira, CRB-1/776. Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional conforme Lei nº 10.994, de 14/12/2004. C E ONSELHO DITORIAL DA F A G UNDAÇÃO LEXANDRE DE USMÃO Presidente: Embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima Presidente da Fundação Alexandre de Gusmão Membros: Embaixador Ronaldo Mota Sardenberg Embaixador Jorio Dauster Magalhães e Silva Embaixador Gonçalo de Barros Carvalho e Mello Mourão Embaixador Tovar da Silva Nunes Embaixador José Humberto de Brito Cruz Ministro Luís Felipe Silvério Fortuna Professor Francisco Fernando Monteoliva Doratioto Professor José Flávio Sombra Saraiva Professor Antônio Carlos Moraes Lessa J A L A OSÉ UGUSTO INDGREN LVES Diplomata que iniciou a carreira na Divisão da Europa Oriental, em 1970, e conhece de perto os Bálcãs, onde esteve diversas vezes, desde essa época. Foi Chefe da Divisão das Nações Unidas (1990-5) e primeiro Diretor do Departamento de Direitos Humanos e Temas Sociais (1995-96) do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, no período em que ocorreram as guerras na antiga Iugoslávia (menos a do Kosovo). Serviu, como Secretário, nas Embaixadas em Viena (1973-4), Praga (1997-8) e Túnis (1978-9), como Conselheiro na Missão junto às Nações Unidas (Nova York, 1985-8), nas Embaixadas em Caracas (1988-9) e Windhoek (1990). Cônsul-Geral em S. Francisco (1997-2002), Embaixador em Sófia, (2002-6), Budapeste (2006-2008), é atualmente Embaixador em SarajeRvo, onde abriu a Embaixada do Brasil em junho de 2011. A título pessoal foi membro da antiga Subcomissão para a Prevenção da Discriminação e Proteção de Minorias, das Nações Unidas (1994-7, Genebra), e, desde 2002, é membro da Comissão para a Eliminação da Discriminação Racial (órgão de tratado, nas Nações Unidas, em Genebra). S UMÁRIO I. Os difíceis caminhos do sonho 1.1. De nomes e expressões que determinam destinos 1.2. Os “ódios ancestrais” 1.3. A peculiaridade “nacional” da Bósnia e Herzegovina 1.4. Os esboços mais próximos do quadro atual 1.5. A Iugoslávia de Tito II. A utopia estilhaçada 2.1. A vertigem do abismo 2.2. Primeiros degraus do inferno: Croácia e “República da Krajina” 2.3. Inferno no fundo dos vales: a Bósnia 2.4. Macedônia, Kosovo e Montenegro 2.5. Os Acordos de Dayton e o Tribunal Internacional para a Antiga Iugoslávia 2.6. A etnização da política na Bósnia 2.7. Observações necessárias Bibliografia de referência Livros publicados Coleção Em Poucas Palavras I Os difíceis caminhos do sonho 1.1. D E NOMES E EXPRESSÕES QUE DETERMINAM DESTINOS Ce serait trop peu de dire que nous avons amoncelé des haines haut comme le Balkan; sous ce rapport nous avons beaucoup été aidés par l’Europe civilisée qui intervenait à chaque fois avec sa sollicitude toute européenne dans nos destinées... Yordan Raditchkov Para tentar entender o que possam ser os “Novos Bálcãs” é preciso saber primeiro o que é que se tem em mente quando se fala dos Bálcãs sem qualificativos. A larga península europeia separada da Ásia pelo estreito do Bósforo, que foi dominada pelo Império Otomano? Uma região marginal, primitiva e culturalmente afastada dos grandes centros da civilização que marcou todo o mundo? Um território ao sul do Danúbio habitado por povos bárbaros que se odeiam e vivem juntos em função da geografia? A quase dezena de novos países independentes, alguns minúsculos, localizados nessa área? Os atuais “Estados nacionais” oriundos da antiga República Federativa Socialista da Iugoslávia? De certa maneira, os Bálcãs são tudo isso e não são. Em primeiro lugar, porém, eles são uma área europeia em todos os sentidos, em que a Europa não se via. Ainda agora, quando se vê, reconhece-se com reservas. Quando digo que a Europa não se reconhece nos Bálcãs, não pretendo ser simplista, negando a existência de peculiaridades, nem simplório, atribuindo somente a terceiros a distorção visual e política que os fazia parecer tão distantes. Parte integrante que são, inclusive culturalmente, do velho continente europeu, os próprios povos balcânicos internalizam e reproduzem essa alienação redutora – um pouco como o Brasil se vê quase sempre pior do que é – ao mesmo tempo em que adora a imagem externa sensual e malandra de seu povo. Desde que passaram a existir como nações, no século XIX, os búlgaros, macedônios e romenos, como os portugueses de Eça, diziam que tomavam o comboio “para ir à Europa”. A linha ferroviária mais romantizada, ligando duas metrópoles fundamentais na história do continente, Paris e Istambul (ex-Constantinopla e ex-Bizâncio), era o Expresso do Oriente. Aos olhos de Paris, Londres ou Berlim, esse “Oriente” começaria, ao que tudo indica, antes de Belgrado e de Sófia, quiçá em Liubliana ou Zagreb, cidades tão “austríacas” (inclusive na arquitetura e na maneira de vestir) quanto Linz ou Salzburg. Sem dúvida os eslovenos, claramente centro-europeus, como os croatas e dálmatas, católicos, sob o domínio de Viena e Veneza, sempre se consideraram ocidentais e distintos dos demais povos balcânicos. Todos estes, sem exclusão dos gregos, antes helênicos e bizantinos, ou os romenos, de língua latina e ao Norte do Danúbio, são cristãos ortodoxos e têm hábitos mais “turcos”, patrioticamente nacionalizados. Apesar da ocidentalidade, de raízes austro-húngaro-venezianas, afirmada com orgulho pelos eslavos croatas, estes, assim como os sérvios, búlgaros, húngaros e poloneses, cultivam a figura dos hayduks, bandoleiros das montanhas e estradas, típicos dos Bálcãs e da Europa Centro-Oriental, que assaltavam os viajantes e são vistos em retrospecto como resistentes ao Império Otomano. Ainda se denomina Hajduk um dos times de futebol famosos da Croácia. Já os sérvios, montenegrinos, macedônios e outros, por mais que se declarem europeus, assumem o estereótipo de gente rústica, mística, explosiva, avessa a regras de urbanidade, de que dão exemplo os filmes de Emir Kusturica. Apenas para qualificar as demais hipóteses dadas como possíveis para a definição dos Bálcãs, lanço aqui algumas questões plausíveis, sem pretender estender-me na matéria. À primeira vista, irrelevante, a definição é, como se verá na fase contemporânea, profundamente marcante. Se, neste mundo pós-Guerra Fria, o Conselho da Europa (não confundir com o Conselho da União Europeia) engloba 47 Estados

Description:
As guerras dos anos 1990 na ex-Iugoslávia constituíram o pior conflito vivido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Pouco analisada fora de chavões preconceituosos sobre a “violência balcânica” e menos ainda entendida em suas características complexas, a chamada Guerra da Bósnia tem s
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