Para um explorador da alma humana como James Joyce, o amor jamais poderia deixar de ser um tema de interesse. E, como não poderia deixar de ser no caso de um autor capaz de esmiuçar como ninguém a vida interior de seus personagens, suas visões sobre a experiência amorosa se descortinam por meio de reflexões reveladoras, suas tão comentadas epifanias. Como a de Gabriel Conroy — de “Os mortos”, conto que encerra a coletânea Dublinenses —, que numa festa descobre fatos novos sobre a vida afetiva pregressa da esposa e a partir de então começa a repensar sua relação conjugal e até mesmo seu próprio conceito de amor.
Ou a epifania do protagonista de “Arábias”, outro conto do mesmo volume, um garoto que, incapaz de encontrar num bazar um presente para a menina por quem é apaixonado, descobre a falsidade por trás da ideia da idealização do amor romântico. Ou ainda a do célebre “sim” de Molly Bloom ao final de seu monólogo no último capítulo de Ulysses — um dos solilóquios mais lidos e admirados de todos os tempos —, aceitando Leopold Bloom em sua cama assim como a mítica Penélope acolheu de volta o herói da Guerra de Troia.
Os mortos compreende três grandes momentos do amor na literatura, na prosa de um dos maiores escritores do século XX.érie Minha luta.