Sequestrado, torturado e morto. Em 1955, esse foi o "destino" de um garoto de 14 anos de Chicago, chamado Emmett Till. Seu linchamento até hoje é considerado um dos crimes mais extremos dos Estados Unidos. No best-seller do New York Times O SANGUE DE EMMETT TILL, Timothy B. Tyson, historiador da Universidade Duke, coloca o crime em seu contexto cultural e histórico mais amplo, recontando a história deste terrível assassinato e suas consequências ainda ressonantes. Em agosto de 1955, o garoto supostamente flertou e agarrou pela cintura Carolyn Bryant, uma mulher branca que trabalhava como caixa em um mercado local. Carolyn comunicou seu marido Roy Bryant e J. W. Milam, meio-irmão de seu marido, que mais tarde sequestraram, espancaram e mataram o garoto. O corpo mutilado do jovem foi encontrado num rio três dias depois. O linchamento de Emmett Till, em 1955, ainda hoje é considerado o crime de ódio mais notório da história norte-americana. Milhares de pessoas acompanharam seu funeral, e fotografias de seu rosto desfigurado percorreram o mundo, geraram protestos e ajudaram a galvanizar o movimento pelos direitos civis. O impacto das imagens foi tão forte que voltou a ressoar na bienal de arte do Museu Whitney de Nova York, em 2017, com a obra Open Casket, pintada em 2016 pela artista Dana Schutz, que retrata o rosto e o peito de Till em seu caixão. Mais tarde essa ação gerou um debate na mídia sobre apropriação cultural por artistas brancos e seu "lugar de fala", assunto muito discutido tanto lá quanto aqui. A existência da violência contra os negros na América infelizmente não é um fenômeno singular. De Emmett Till (1955) e James Byrd Jr. (1998) a Trayvon Martin (2012) e George Floyd (2020), essas mortes brutais fazem parte de uma ideologia em que a vida negra é sistemática e intencionalmente alvo de morte.