r--- -- - ~ - ,- Teixeira Coelho 72OJ .2 BC , O QUE E . - --L AÇAO CULTURAL editora brasiliense )1~$2. J BN Copyright iÇ)byJosé Teixeira Coelho Neto, 1988 Nenhuma parte destapublicação pode ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada, ooS 2 4 AGO.2004 reproduzida por meios mecânicos ou outros quaisquer sem ir autorização prévia do editor. i' ISBN: 85-11-01216-8 C6)'J,et PREÇO Primeira edição, 1989 REGISTR6O:3 7S. 5 c{7- [5 2"reimpressão, 2002 Capa eilustrações: May Shuravel DATADOREGISTRO) {,. B. o o lf Revisão: José WS.deMoraes eRosemary C.Machado INDICE Dados Internacionais deCatalogação naPublicação (CIP) (Cãmara Brasileira do Livro, SP,Brasil) Coelho,Teixeira Oqueéaçãocultural!TeixeiraCoelho. --SãoPaulo: Brasiliense, 200I. --(Coleçãoprimeirospassos; 216) Emnomedobanquetesonhado. .......... 7 - - Açãooufabricaçãocultural. ............. 12 I'reimpr.da1.ed.de1989. - Açãocontraabarbárie 19 ISBN85-11-01216-8 - Culturaeeducação:ojogodossimulacros.. 28 Açãoculturalouarte-ação............... 32 - - Tendênciasdaaçãocultural. ............. 35 I.Cultura I.Titulo. lI.Série. - Ampliaçõesesimplificaçõesdaaçãocultural 44 01-3152 CDD-306 - Espontaneísmo ou dirigismo? ............. 52 - Agente cultural, profissão: aventura. ...... 60 Índices para catálogo sistemático: Sistemadaaçãocultural. .....,.......... 73 I. Ação cultural: Sociologia 306 - - Teatro, forma privilegiada daação cultural.. 86 Apressaramudadalagarta. .............. 93 - editora brasiliense - fndicações para leitura. .................. 95 Rua Airi,22 -Tatuapé -CEP 03310-010 -SãoPaulo -SP Fone/Fax: (Oxxll)6198.1488 E-mail: [email protected] www.editorabrasiliense.com.br livraria brasiliense Rua Emília Marengo,216 -Tatuapé .. .a .. CEP 03336-000 -São Paulo -SP-Fone/Fax (Oxxll)6671.2016 EM NOME DO BANQUETE SONHADO Em 1945, nas páginas de um Banquete cultural ,11 que na vida dê todo dia até hoje não aconteceu, II ." Máriode Andrade dizia que se os artistas brasileiros ::1 "quisermos ser funcionalmente verdadeiros, e não nos tornarmos mumbavas inermes e bobos da corte (...) temos de adotar os princípios da arte-ação", Isso, explicava Mário, significava sacrificar "nossas liberdades, nossas veleidades e pretensõezinhas pessoais e colocar como cânone absoluto de nossa estética o princípio de utilidade. O PRINCípIO DE UTILIDADE".Toda arte brasileira que não se orga- nizasse segundo o princípio da utilidade seria vã, pedante, diletante e idealista. Nunca ficou suficientemente claro em que con- sistia aquele "princípio de utilidade". Mário esbo- çava-lhe algumas vagas linhas de conteúdo (não 8 Teixeira Coelho o que éAção Cultural 9 pretender ser perfeito e eterno, optar pelo nacional, gar, mas quando chega alastra-se e se intensifica criar à feição dos elementos que o Brasilfornece - rapidamente. Todas as cidades e cidadezinhas brasi- temas sobre os quais não se parou de discutir, nes- leiras sonharam primeiro com uma biblioteca. De- tes últimos quarenta anos) e era apenas mais defi- pois, com um teatro e, mais tarde, um cinema. Em nido quanto aos efeitos que deveria produzir: pro- seguida foi a vez dos museus - ainda que servis- mover a consciência da função histórica do brasi- sem apenas para guardar a foto da vovó e o sapato leiroatual, colocar a arte aserviço da educação e da roto de algum poderoso de duvidosa reputação. formação do público. Seja como for, falava de uma Agora, chegou definitivamente a vez dos centros de arte-ação que de algum modo seria - como outros cultura. Emesmo quando estes ainda não existem, já haviam defendido antes dele, claro - uma arte ou a seu lado, desenvolvem-se programas de "cul- não preocupada apenas com os próprios projetos, turalização" da cidade que conseguem sobreviver com seu próprio mundo, e que se ofereceria como às administrações sucessivas de partidos políticos instrumento de mudança estética esocial. diferentes e enraizar-se nas comunidades visadas A expressão que ele propôs não vingou, o que (como as dos bairros periféricos das metrópoles). A foi uma pena, mas o desejo de fazer da arte e da demanda pelo bem cultural aumenta, os governos cultura, instrumentos deliberados de mudança do se vêem forçados a abrir um tópico em seus orça- homem e do mundo permaneceu - sob o novo ró- mentos paraessetipo de gasto (que hoje já reverte tulo de "ação cultural". Ao final da década se- em votos, afinal)e otrabalho dos que têm de desen- guinte, embora não no Brasil,começaria a febre dos volver esses programas abandona aos poucos o "centros de cultura", já existentes sob formas va- campo do empirismo e requer mais sistematização, riadas em alguns países, mas que entram então na maior aprofundamento, teorias e experimentação moda depois da defesa que deles faz, na França, o controladas. escritor André Malraux. No Brasil - embora já se Nesse quadro, a cultura aparentemente proli- falasse do assunto nos tempos do próprio Mário e- fera. Mas, o que se está fazendo exatamente, que de Gustavo Capanema, ministro da Educação e cultura é essa que está sendo multiplicada? Na me- Saúde de Getúlio Vargas até a queda do Estado trópole, quando os grupos no poder, sob a capa do Novo ditatorial em 1945- só no final da década de Estado ou da iniciativaprivada, abrem seus teatros e 70éque se começam a construir centros de cultura, museus "ao povo", quase nunca pensam em criar intensificando-se a discussão sobre seu instrumento as condições para esse povo chegar à criação, mas privilegiado, aação cultural. Otema demorou a che- apenas em cultivar novos espectadores e admira- - 10 Teixeira Coelho o que éAção Cultural 11 dores, quer dizer, novos públicos, novos consumi- nhecimentos e técnicas com o objetivo de adminis- dores. E não é menos raro que a difusão cultural trar o processo cultural - ou sua ausência, como é (melhor seria chamá-Ia por seu nome verdadeiro: mais comum entre nós... - de modo a promover, propaganda cultural), materializada nas críticas e digamos, uma distribuição mais eqüitativa da cul- reportagens dos segundos cadernos JJculturais", tura, de suas apregoadas benesses. A ação cultural tenha por objetivo não confessado levar as pessoas surge assim para responder à pergunta "0 que fa- a sentir o abismo que as separa dos "tesouros cul- zer?" com a cultura e a arte hoje, neste tipo de so- turais" cujo segredo de acesso pertence, como na ciedade a que chegamos. máfia, a um pequeno grupo de iniciados menos ou mais intelectualizados que borboleteiam em conluio com as figuras das colunas sociais sempre em trân- sito entre restaurantes caros e pistas de aeroportos estrangeiros, na ânsia de ascenderem ao status que Ihes falta, econômico para estes, cultural para aqueles. Eenquanto uns querem fazer da cultura um es- petáculo, pago ou gratuito, outros começam a usá- Iapara tirar os jovens das ruas e da violência e ofe- recer-Ihes uma alternativa para a TV. Ao mesmo tempo, um outro grupo, de boa-fé, por ignorância ou descuido, confunde cultura com educação equer transformar o teatro, o cinema, a biblioteca ou o centro de cultura em substitutivos para um sistema educacional que, neste país, faliu por cumplicidade de quase todos edesejo de vários. Nesse estado de confusão e de encenações po- líticas que oscilam entre a tragédia e a comédia, e que não éde hoje, aação cultural, além de definir-se como área específica de trabalho, ensino e pes- quisa, começou a constituir-se num conjunto de co- .. .. .., o que.éAção Cultural 13 até resultar de todo o processo, mas não se pensou nele quando se deu inícioao processo, e nisso está toda a diferença. O CPC, o Centro Popular de Cultura (que não era um mas vários), da década de 60, fazia, sem di- zê-Io, fabricação tanto quanto o fazem as casas de cultura de Cuba, cujo regimento deixa claro que seu objetivo deve ser a divulgação e o desenvolvi- AÇÃO OU FABRICAÇÃO CULTURAL mento do marxismo-Ieninismo. Éo que estabelece a Constituição cubana, ao dizer que sua política cul- tural baseia-se na "concepção científica do mundo, estabelecida e desenvolvida pelo marxismo-Ieninis- mo", e procura "promover a formação comunista Aanálise dos dois conceitos recobertos pelaex- das novas gerações e a preparação das crianças, pressão "ação cultural" produz por si só todo um dos jovens e dos adultos para a vida social". Existe ,11 programa de atuação. um ponto de partida determinado (o marxismo-Ieni- ':1 "Ação" é um conceito cujo sentido fica mais nismo),um objetivo claro (divulgar e desenvolver claro quando confrontado com outro, "fabricação", essa ideologia através da preparação das gerações de amplo trânsito não explicitado e não confessado. jovens) e uma série de procedimentos a serem se- A fabricação é um processo com um iníciodetermi- guidos (ou evitados) para que isso se consiga (o nado, um fim previsto e etapas estipuladas que de- mesmo artigo da Constituição cubana que trata da vem levar ao fim preestabelecido. A ação, de seu educação e da cultura diz, por exemplo, ser livre a lado, é um processo com inícioclaro e armado mas criação artística "sempre que seu conteúdo não seja sem fimespecificado e, portanto, sem etapas ou es- contrário à Revolução", ressaltando que as "for- tações intermediárias pelas quais se deva necessa- mas" de expressão em arte são livres...) riamente passar - já que não há um ponto terminal Citei o caso cubano porque é fácil localizar, ao qual se pretenda ou espere chegar. Na fabri- nele, a fabricação: está tudo escrito e reconhecido cação, o sujeito produz um objeto, assim como o no papel, não há o que ocultar. Mas nos países de marceneiro faz um pé torneado. Na ação, o agente regime diverso do adotado em Cuba a fabricação gera um processo, não um objeto. O objeto pode não é, quase nunca, menor. A diferença é que não 14 Teixeira Coelho o que éAção Cultural 15 se admite estar promovendo fabricações, procura- volvido como a França, não para uma terra precária se disfarçá-Ias ideologicamente, apresentá-Ias sob como o Brasil. Pode ser. Mas a esse seria possível as máscaras de seu contrário. No Brasil, por exem- responder que, para se conseguir alguma coisa de plo, há muito tempo está em moda, em setores inte- durável em cultura, política e organização social, ou lectualizados das camadas com assento direto ou se aposta com firmeza naação, quer dizer, na possi- indireto no poder, a ideologia do liberalismo. Mas o bilidade de terem as pessoas condições para inven- que se faz sob esse rótulo, na educação ou na polí- tar seus próprios fins, ou se estará sempre criando tica cultural, nada mais é do que a mesma fabri- situações artificiais que mais cedo ou mais tarde fa- cação, o mesmo processo de conduzir a prática para zem ruir o edifício que se tentou erguer sobre elas, um certo fim e não outro. Já sabemos, aliás, que, provocando-sé mesmo o contrário do que se pre- como brasileiros, membros da elite pensante ou tendia, o retrocesso histórico. Como aconteceu não, participantes do poder ou não, somos todos com o CPC. Sob este aspecto, a fabricação estaria mais ou menos autoritários e dirigistas, como têm sempre marcada por um sinal de nascença que não demonstrado os cientistas sociais: afabricação, por- pode ocultar ou alterar: fabricação significa, como tanto, deve estar por toda parte. num de seus sentidos originais em latim, engano, ,11 Ação ou fabricação cultural? Os bons modos, intriga, artifício, dolo. O mundo da "ação cultural" i:1 "~I ou a utopia, mandam que se opte sempre pela ação. está cheio disso. O da vida política também. Por '" Neste caso, o a!;lente apenas daria início a um pro- qual optar, ação ou fabricação? A prudência manda cesso cujo fim ele não prevê e não controla, numa dizerque só o momento histórico determinado pode prática cujas etapas também não lhe são muito cla- dar a resposta - o momento histórico e sua ideo- ras no momento da partida. Nada de autoritarismo, logia. Aos olhos desta, o que eu faço é sempre nada de dirigismo, nada de paternalismos. Na ano- "ação", quer dizer, a coisa correta, o certo, o justo; tação de Francis Jeanson, intérprete e biógrafo de fabricação éa "do outro", assim como o que faço é Sartre, além de diretor de uma casa de cultura no ciência e o que faz o outro, ideologia. Essa história interior da França nos anos 60, um processo de ação já é conhecida. Mas, se a prudência manda dizer cultural resume-se na criação ou organização das isso, a mola que faz a cultura andar - e cujo passo condições necessárias para que as pessoas inven- é aquele que a ação cultural deve tentar acompa- tem seus próprios fins e se tornem assim sujeitos - nhar - exige que se aposte tudo na ação. O pro- sujeitos da cultura, não seus objetos. Seria o ideal. blema é que nem todos têm, o tempo todo, cacife Alguém poderia dizer: o ideal para um país desen- para isso... - - 16 Teixeira Coelho o que éAção Cultural 17 Da animação à ação "Ação cultural" não foi sempre o termo usado. (E"fabricação" ninguém dizque faz.) Desde o início do século (e, na França, antes ainda), corrente era a idéia da "animação cultural". Éuma expressão ina- 1 dequada, viciada, que revela desde logo sua ideo- logia: o agente cultural é, aqui, um animador, é dele que parte a ação - nessa terminologia teológica, é ele o criador. É ele o sujeito, o grande sujeito. Os outros são meros objetos nos quais, como na lenda clássica, ele sopra a alma, anima. Não apenas pelo sentido que carrega, como pelas práticas por ela re- cobertas durante longo tempo (práticas diversio- nistas, mais voltadas para o lazer - quer dizer, para ,11 'il o esquecimento do tempo e da vida, para o diverti- mento inócuo que deve rechear as horas mortas, 'I' mortas para o trabalho, para a produção economi- camente rentável), deve ser uma expressão recu- sada, junto com todo seu arsenal de truques que. nunca levaram a nada além da alienação e do con- formismo tingido de "atividade cultural". O ani- mador cultural era a alma da festa - a festa dele, animador, ou dos que o contratavam; inventava os fins e dizia às pessoas como chegar até eles. Era a alma boa, o dispen.sador. Hoje é literalmente uma alma do outro mundo. Os tempos da animação cul- tural se acabaram; opções foram feitas, máscaras caíram, a história se moveu, a escolha está entre ação efabricação. -- --- 18 Teixeira Coelho Uma opção difícil e Como difícil optar pela ação, deixar que as pessoas inventem seus fins e o modo de chegar até eles! Épreciso uma confiança no processo, uma dis- posição para pagar para ver, que não se tem todos osdias - que não temos todos os dias. AÇÃO CONTRA A BARBÁRIE o segundo conceito embutido na ação cultural é o de cultura. De que cultura trata a ação cultural? Um dos equívocos do bem-pensar contemporâneo ,11 que se pretende libertáriotem sido aextensão dada à li! 1'1 noção de cultura (tanto quanto ao que pode ser cha- ::1 mado de arte). Hoje, tudo é cultura. Nos anos mais pesados da recente ditadura, um canal de TVinsistia em dizerque esporte é cultura. Na mesma época, as capas dos discos traziam gravadas a inscrição "Dis- co é cultura". Se fossem, não seria preciso afirmá- 10,a não ser por razões não-culturais. Esses slogans eram reflexos distorcidos da tendência segundo a qual definir cultura configurava uma atitude autori- tária, elitista, classificatória e portanto restritiva e que a essa concepção deveria ser oposta uma outra .. regida pelo princípio de que cultura era aquilo que .. .. assim fosse visto. Nada mais proveitoso para ogran- de diluidor da vida contemporânea, omercantilismo, --- 20 Teixeira Coelho o que éAção Cultural 21 eseus campeões, o marketing, o merchandising e a exercício. A publicidade foi o principal motor dessa publicidade. Há pouco tempo, o Museu da Imagem indução. Tudo é indistinto, tudo vale a mesma coi- e do Som de São Paulo promoveu uma Mostra do sa. Um anúncio publicitário na TV é "tão bom" Cinema Cultural Paulista. O reporter da seção "cul- quanto um filme de Glauber Rocha, a letra pueril de tural" de um dos grandes jornais da cidade indignou- um rock babante é tão "genial" ou "chocante" se com o título: "Por que cinema cultura!? Não é quanto um poema de Oswald de Andrade. todo cinema cultura!?". O repórter, com essa falsa Uma das heranças contraditórias dos movimen- indagação que traz em si sua própria resposta, colo- tos contesta dores dofimda década de 60foioques- cava-se claramente na linha panculturalista e pre- tionamento da noção de cultura. A cultura predomi- tendia ignorar que o Museu, com sua mostra, tra- nante na época, nas regiões onde a contestação ori- çava uma linha divisória entre os dois grandes tipos ginariamente explodiu - EUAe Europa -, foi vista de cinema existentes, o cultural e o comercial, e in- como cristalizada e opressora de outras realidades. dicava sua opção momentânea. Ignorar essa divisão Eeclodiu a palavra de ordem democratizante: tudo é básica é ignorar a composição atual dos interesses cultura. As teses anarquistas, no entanto, já no iní- em conflito nesta sociedade. Mais que isso, é mos- cio dos anos 70foram recuperadas pela direita mais trar que se está atacado pelo mal básico destes radical e postas a serviço de seus objetivos dilui- tempos: a incapacidade de distinguir entre as coisas dores. Etanto que hoje a questão não é discutir se - antes de mais, de distinguir entre uma coisa e seu novela é cultura ou não, mas, muito antes disso, contrário. Éa isso que se chama de crise de valores, conseguir distinguir entre cultura e seu oposto, a na qual parecemos mergulhar mais e mais. Atônica barbárie. Não deveria ser muito complicado saber o é a impossibilidade de estabelecer valores diferen- que é cultura. Cultura é o que move o indivíduo, o ciados e, conseqüentemente, julgar, determinar cri- grupo, para longe da indiferença, da indistinção; é térios que permitam isolar uma coisa de outra. Inca- uma construção, que só pode proceder pela diferen- pacidade de julgar, quer dizer, de exercitar o juízo ciação. Seu oposto é a diluição. Oque faz o cinema crítico, e, acima de tudo, medo de julgar. Numa com~rcial, por exemplo - e com ele toda a não- reação precária às práticas dos tempos do autorita- cultura - é promover a diluição. Para esse cinema, rismo (os da recente ditadura tanto quanto, na ver- tudo se funde e se iguala. Tudo deve se misturar dade, um período que avança por um longo pas- num magma indistinto, as coisas e as mentes, para sado), as pessoas se condicionaram para rejeitar a que ele mesmo possa sobreviver e se multiplicar. valoração e o juízo crítico e, por conseqüência, seu Apenas se tudo for igualado, se não houver como .J