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O Papel da Cultura nas Ciencias Sociais PDF

61 Pages·1980·4.693 MB·Portuguese
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rn "O trabalho é a fonte de toda a riqueza, dizem os economistas. £ é- tf) o de fato... juntamente com a Natureza que lhe fornece a matéria por ele transformada em riqueza. Mas é infinitamente mais do que isso. É a con- rP Engels - C. Geertz - Z. Bauman dição fundamental de toda a vida humana, e em tão elevado grau que, !8o g.e certo sentido se pode dizer: foi o trabalho que criou o próprio homem." A. Leontiev - E. Marcarian FRIEDRICH ENGELS m N II "A era glacial, com as suas rápidas e radicais variações nas forma- ções terrestres, e na vegetação, é reconhecida desde há muito tempo co- mo um período durante o qual as condições foram ótimas para o acelera- do e eficiente desenvolvimento evolutivo do homem. Julga-se também atualmente que terá sido um período em que o meio ambiente cultural te- rá substituído gradualmente o meio ambiente natural no processo de se- leção, de tal modo, que acelerou ainda mais o ritmo evolutivo do homem fazendo-o atingir uma velocidade sem precedentes." CLIFFORD GEERTZ "Entre as concepções erradas, pseudocientíficas, sobre o homem, sobre o seu desenvolvimento e cultura, há que incluir, antes de mais na- da, aquelas que pressupõe que a maioria esmagadora da população está predestinada por natureza a viver, a trabalhar com carências e sem direi- los, eiu|iianlo que outra fração, a dos eleitos, têm por missão governar essa maioria e usufruir de todos os bens materiais e espirituais." ALEIXEI NIKOLAEVICH LEONTIEV "Para que a cultura se torne "massiva", não basta construir uma eslação de televisão: é necessário que algo aconteça primeiro na estrutura social. A cultura de massas é de certa forma uma superestrutura que as- senta sobre aquilo a que poderemos chamar "uma estrutura social massi- va". ZYGMUNT BAUMAN "Apesar do conceito de "cultura" se encontrar entre as categorias mais importantes das ciências sociais e do seu interesse crescer de ano pa- ra ano, as definições dadas pelos diferentes autores não têm nem de lon- ge a mesma acepção. Como muito justamente assinala Jan Schepanski é difícil imaginar um conceito de que se tenha abusado tanto e que tenha O P/ mais significado que o conceito de "cultura", que aparece com muitos sentidos, não só na linguagem corrente como também nas diversas ciên- cias e na filosofia. Tal estado de coisas levanta, naturalmente, a necessi- DACUITURA dade de elaborar, o mais rapidamente possível, uma definição rigorosa- mente científica, com aceitação geral, do conceito de "cultura". AS CIÊNCIAS SOOAI EDUARDO S. MARCARIAM osa-dos-ventos MIA MARTHA Este livro apresenta cinco ensaios sobre "cultura", conceito dos mais discutidos em Ciências Sociais ecu- ja definição tem gerado mais con- trovérsia, que propriament~ um es- clarecimento científico, sobre o que seja a "cultura" como ente socioló- gico. O sentido que se lhe atribui, sua origem, sentido e esfera de influên- cia, têm variado de época para épo- ca, deautor para autor, eapolêmica que à sua volta se tem gerado per- manece ainda hoje longe de se dar por concluída. Nossa intenção não foi, nem po- deria ter sido, esgotar o tema, mas através da visão de autores devárias épocas e de diversas nacionalidades (alemães, soviéticos e norte-ameri- canos) esboçar uma linha da ori- gem, sentido eâmbito da cultura in- tegrada ao desenvolvimento históri- co e social da humanidade. "As grandes batalhas da nossa época são asbatalhas pelo bem-estar dos homens, pela libertação do homem de todas as formas de opressão e de escravidão." R Engels - C. Geertz - Z. Bauman Coleção rosa-dos-ventos A. Leontiev - E. Marcarian Vol. 3 O PAPEL DA CULTURA NAS CIÊNCIAS SOCIAIS I11III EDITDRIAL VILLA MARTHA Capa Estúdio da Villa TRANSFORMAÇÃO DO MACACO EM HOMEM, por Friedrich Engels . TRANSIÇÃO PARA A HUMANIDADE, por Clifford Geertz. ............................ 21 O HOMEM E A CULTURA, por AleixeiNikolaevich Leontiev 37 UMA PRIMEIRA NOTA SOBRE A CULTURA DE MASSAS: A INFRA-ESTRUTURA, por Zygmunt Bauman .......................... 73 LUGAR E PAPEL QAS INVESTIGAÇÕES DA CULTURA NAS CIENCIAS SOCIAIS MODERNAS, por Eduardo S. Marcarian ...................... 93 1. Para uma caracterização geral da atual etapa da elaboração doconceito de"cultura" ......... 94 2. Sobreoproblema da relação entre osconceitos: "Sociedade" e"Cultura" 97 3. Acultura, uma função da vida socialdas pessoas ................................. 103 4. Oconceito da "cultura" eoproblema da classificação do conteúdo dos elementos do sistemasocial ............................ 107 2? semestre de 1980 5. Oconceito de "técnica" àluzdo atual conceito Direitos desta edição reservados à: decultura. .............................. 112 EDITORIAL VILLA MARTHA LTDA. Rua Visconde do Herval, 777 90.000-PORTO ALEGRE -RS-BRASIL TRANSFORMAÇÃO DO MACACO EM HOMEM o trabalho é a fonte de toda a riqueza, dizem osecono- mistas. E é-o de fato ... juntamente com a Natureza que lhe fornece a matéria por ele transformada em riqueza. Mas é infinitamente mais do que isso. É a condição fun- damental de toda a vida humana, e em tão elevado grau que, certo sentido, se pode dizer: foi o trabalho que criou o próprio homem. Há várias centenas de milhares de anos, provavel- mentenosfinais de um período ainda não determinado da eraterrestre a que os geólogos chamam terceária, vivia algures nazona tropical - muito possivelmente num vasto continente hoje submerso no oceano índico - uma raça de macacos antropóides que alcançaram um desenvolvi- mento particularmente elevado. Darwin deu-nos uma des- cri~o aproximada desses símios que seriam nossos ante- passados: tinham o corpo coberto de pêlos, possuíam barba e orelhas pontiagudas e viviam em bandos sobre asárvores. Sob a influência, fundamentalmente, do seu gênero de vida em que o subir às árvores exigia das mãos uma dos homens. Mas é precisamente neste ponto que se veri- função diferente da dos pés, esses macacos foram, pouco fica a diferença entre a mão pouco desenvolvida do macaco, a pouco, desabituando-se de empregar as mãos ao cami- por mais parecido que seja com o homem, e a humana, nharem em solo plano, adotando uma posição cada vez altamente desenvolvida pelo trabalho de centenas de mais ereta. Deu-se, assim, opasso decisivo para a transição milhares de anos. O número e a disposição geral dos ossos do macaco ao homem. e dos músculos são os mesmos, quer num, quer nooutro~ Todos os macacos antropóides que ainda subsistem mas a mão do mais primitivo dos selvagens pode executar conseguem erguer-se e caminhar sobre os dois pés, sem de operações que nenhuma mão de macaco consegue a ajuda das mãos, mas fazem-no apenas em caso de neces- imitar. Nenhuma mão de macaco conseguiu até hoje fa- sidade e muito desajeitadamente. A sua marcha natural bricar uma faca de pedra, por mais tosca que fosse. realiza-se em posição inclinada e com a ajuda das mãos. As operações a que os nossos antepassados aprende- Á maioriaapoia os nós dos dedos no solo, impulsionando o ram a adaptar gradualmente as suas mãos durante operí~do corpo para a frente, com as pernas dobradas entre os longos de transição do macaco ao homem, no decurso de mUItos braços, como um paralítico apoiado em muletas. De modo milênios, só podiam ter sido portanto, muito simples, a geral, podemos ainda hoje observar, entre os macacos, princípio. Os mais primitivos dos selvagens, mesmo aqueles todos os estádios de transição entre a marcha quadrú- em que se pode admitir um retrocesso a um estado bastante pede ea bípede. A marcha bípede não passa, em nenhum próximo do animal, acompanhado de regressão física, en- deles, porém, de um simples recurso de emergência. contra-se num nível bem mais elevado que esses seres de Uma vez que a marcha ereta se tornou, para os nossos transição. Antes da primeira pedra ter sido modelada peludos antecessores, primeiro num hábito e, depois, pela mão do homem para a transformar num~ faca, t~rão numa necessidade, énatural supor-se que, ao mesmo tempo, decorrido períodos de tempo ao lado dos qUaIS o penodo as mãos. se terão dedicado, cada vez mais, a outras novas histórico que conhecemos é insignificante. Mas o pas.so tarefas. Na própria atividade dos macacos se verifica decisivo fora dado; a mão tinha sido libertada; ela podena, já uma certa divisão de funções entre as mãos e os pés> a partir daí, adquirir cada vez mais novas aptidõ~s, e a Ao trepar, como já foi dito, a mão é usada de maneira maior capacidade assim obtida, ser herdada e aperfeIçoada, diferente da dos pés: é utilizada, geralmente, para colher de geração em geração. os frutos e segurar os alimentos, tal como fazem, com as Deste modo, a mão não é apenas oórgão de trabalho, patas dianteiras, determinados mamíferos inferiores. Várias é também oproduto do trabalho. Só pelo trabalho, pela sua espécies de macacos se servem delas na construção de adaptação a operações sempre novas, pela tr~nsmissã? ninhos nas árvores e até, como no caso dos chimpazés, hereditária do desenvolvimento particular, asSIm adqUI- de coberturas entre os ramos, para seprotegerem das chuvas. rido, dos músculos, dos tendões e, em intervalos mais lon- Com as mãos se armam de paus para se defenderem, e de gos, dos próprios ossos, pela aplicação constant~ desse pedras e frutos para atacarem. Com elas realizam, quando aperfeiçoamento hereditário a novas e cada vez maIS com- em cativeiro, uma série de operações simples, imitadas plexas operações, foi possível à mão humana alcançar esse O domínio da Natureza pelo homem, iniciado com o desen- elevado grau de perfeição que lhe permitiu fazer surgir o volvimento da mão, com o trabalho alarga-lhe, a cada milagre dos quadros de Rafael, das estátuas de Thorwal- progresso, o horizonte. Nos objetos naturais, descobria dsen, da música de Paganini. constantemente propriedades novas, até então desconhe- Mas a mão não estava só. Era apenas uma parte de cidas. Por outro lado, o desenvolvimento do trabalho con- todo um organismo extremamente complexo. O que era tribuiu necessariamente para o estreitamento de laços proveitoso para a mão, era-o igualmente para todo o corpo, entre os membros da sociedade à medida que se multi- a cujo serviço se encontrava - e isto de duas maneiras. plicavam os casos de ajuda mútua, de ação em comum, Em primeiro lugar, em virtude da lei da correlação do e em que a utilidade dessa cooperação se tornava clara na desenvolvimento, como a denominou Darwin. Segundo consciência de cada indivíduo. Em resumo, os homens esta lei, determinadas formas de uma certa parte do orga- em formação atingiram um ponto em que tinham qualquer nismo estão sempre ligadas a outras formas de outras partes coisa a dizer uns aos outros. A necessidade criou um órgão que, aparentemente, não têm relação com aquelas. Tanto apropriado: a tosca laringe do macaco transforma-se assim é que todos os animais que possuem glóbulos ver- lentamente, mas num sentido definido, obtendo modula- melhos sem núcleo, e cujo crânio está ligado à coluna ções cada vez mais desenvolvidas, e os órgãos da boca vertebral por intermédio de uma dupla ligação (condilos) foram, pouco a pouco, aprendendo a pronunciar sons têm, sem exceção, glândulas mamárias para alimentação articulados. das suas crias. Também, nos mamíferos, os cascos bifur- A comparação com os outros animais demonstra ser cados estão geralmente associados a um estômago múl- esta explicação da origem da linguagem, devido ao trabalho tiplo para ruminação. Os gatos brancos, de olhos azúis, e por meio dele, a única correta. Estes, mesmo os mais são sempre, ou quase sempre surdos. O aperfeiçoamento desenvolvidos, têm tão pouco a comunicar entre si que o progressivo da mão humana e a adaptação simultânea podem fazer sem recorrer à linguagem articulada. No do pé à marcha ereta, repercutiram-se igualmente, por estado natural, nenhum animal considera como imperfei- efeito duma correlação semelhante, sobre outras partes ção o fato de não poder falar ou não compreender a lin- do organismo. Todavia, esta influência não foi ainda sufi- guagem humana. O mesmo não acontece quando domes- cientemente estudada para que possamos ir além da sua ticado pelo homem. O cão e o cavalo, adquirem através constatação em termos gerais. do trato com o homem, um ouvido de tal modo ajustado A influência direta e verificável do desenvolvimento à linguagem articulada que conseguem fácilmente aprender da mão sobre o resto do organismo é, porém, muito mais a compreender qualquer linguagem, dentro dos limites importante. Conforme já dissemos, os nossos anteces- do seu campo de representações. Adquirem também a sores simiescos eram seres sociáveis; é evidentemente faculdade de nutrir sentimentos que antes lhes eram es- impossível admitir que o homem, o mais sociável dos ani- tranhos, tais como carinho pelo homem, gratidão, etc.; mais, procedesse deum antepassado direto que onão fosse. quem tenha muitos contatos com esses animais dificil- mente deixará de seconvencer de que muito frequentemente cérebro provoca o aperfeiçoamento de todos os sentidos. os mesmos sentem então como insuficiência o fato de não A águia consegue ver muito mais longe do que o homem, poderem falar, insuficiência essa que éjá impossível reme- mas o olho humano vê muito melhor que o da águia. diar dada a excessivaespecialização dos seusórgãos vocais. O cão tem um olfato muito mais apurado que o homem, Mas quando existe um órgão adequado, essa incapacidade mas não distingue uma centésima parte dos odores que, desaparece, dentro de certos limites. Os órgãos bucais dos para o homem, são características definidas de diferentes pássaros são extraordinariamente diferentes dosdo homem; coisas. E o sentido do tato que existe, no macaco, apenas mas, no entanto, os pássaros são os únicos animais que sob forma muito rudimentar, só com a mão do homem, conseguem falar e é precisamente o que tem a voz mais pelo trabalho, se desenvolveu. detestável, o papagaio, que melhor fala. E que não se diga O desenvolvimento do cérebro e dos sentidos que lhe que não se percebe o que ele diz. Pelo simples prazer de estão subordinados, a crescente clareza da consciência, falar ou para estar em companhia do homem, é capaz de o aperfeiçoamento da capacidade de abstração e de racio- palrar durante horas a fio, repetindo semcessar o seu voca- cínio influenciaram o trabalho e a linguagem eforneceram- bulário. Mas, dentro dos limites do seu campo de repre- -lhes constantemente estímuios sempre renovados no sentação, consegue também compreender o que diz. Ensine- sentido do seu contínuo aperfeiçoamento. Este aperfeiçoa- -se um papagaio a proferir injúrias, de forma a que adquira mento não terminou no momento em que o homem se a noção do seu significado (uma das distrações preferidas diferenciou definitivamente do macaco; muito pelo contrá- dos marinheiros que regressam das regiões tropicais); rio, continuou a partir desse momento. Com progressos quando irritado, depressa se verificará que sabe utilizar diferentes, em grau e em direção, de povo para povo, as suas injúrias tão corretamente como uma vendedeira de de região para região, interrompido mesmo, por vezes, hortaliças de Berlin. O mesmo verificaremos selhe ensinar- por uma regressão temporária e local, prosseguiu sempre a mos a pedir guloseimas. sua grandiosa marcha, recebendo, por um lado, um novo Primeiro o trabalho, e depois em simultâneidade com e poderoso impulso, por outro, uma direção mais definida ele, a linguagem; eis os dois principais estímulos sob de um novo elemento que surgiu com o aparecimento do cuja influência o cérebro do macaco sefoi, pouco a pouco, homem acabado: a sociedade. transformando em cérebro humano, que, a despeito de Terão passado seguramente centenas de milhares de ~odasassemelhanças, o supera de longe, quer em dimensão, anos - o equivalente na história da terra a um segundo na quer em perfeição. Paralelamente ao desenvolvimento do vida do homem (1) - antes que, de um bando de macacos cérebro, efetuou-se o aperfeiçoamento dos seus mais que trepavam às árvores, surgisse uma sociedade de seres imediatos instrumentos, os órgãos dos sentidos. Assim como a linguagem, no seu desenvolvimento progressivo, é acompanhada de um adequado aperfeiçoamento do (1) Ver Jan Schepansfli, Conceitos éleméntares da sociologia, Mos- órgão da audição, assim também o desenvolvimento do cou , 1969, pp. 38-40 (edição russa). humanos. Existia, finalmente. E que voltamos a encontrar mentação, o aumento do número de partes dessa planta como diferença característica entre aquele bando de ma- que eram consumidas, uma alimentação mais variada, cacos e a sociedade humana? O trabalho. O bando de em resumo, e, ao mesmo tempo, a criação, por parte dos macacos contentava-se em colher os alimentos existentes novos elementos introduzidos no organismo, das condições na área que lhe era determinada pela situação geográfica químicas necessárias à passagem do macaco ao homem. ou pela resistência de bandos vizinhos; errava de local em Tudo isto, porém, não constituía, ainda, trabalho propria- local ou entrava em luta com os bandos vizinhos com o fim mente dito. O trabalho começa com a fabricação de ferra- de conquistar uma nova área rica em alimentos, mas era mentas. E, quais são as mais antigas que conhecemos? incapaz de extrair do seu domínio mais do que a natureza Que forma tomam os primeiros instrumentos, a julgar lhe oferecia, com exceção para o fato de o adubar in- pelos vestígios deixados pelos homens pré-históricos e conscientemente com os seus excrementos. Quando todos pelo modo de vida dos primeiros povos da história e dos os territórios susceptíveis de fornecerem alimentos aos atuais selvagens mais primitivos? São instrumentos de macacos estivessem ocupados, era impossível haver qual- caça e de pesca, servindo, os primeiros, também de armas. quer aumento da sua população. O seu número podia, Mas a caça e a pesca pressupõem a passagem da alimenta- na melhor das hipóteses, manter-se estacionário. Mas todos ção exclusivamente vegetariana ao consumo simultâneo os animais desperdiçam alimentos e destroem, para além da carne: um novo passo no sentido da humanização. disso, os rebentos quando germinam. O lobo não respeita, Aalimentação carnívora contém, sobforma quase completa, como o caçador, a cabra que lhe dará, no ano seguinte, todos os elementos essenciais de que o corpo necessita os cabritos; na Grécia, as cabras que devoram o tojo para o seu metabolismo; sendo mais curta a digestão, recente, tornaram áridas as montanhas desse país, Esta torna-se menor o tempo requerido pelos outros processos «economia de saque» levada a cabo pelos animais desem- vegetativos, correspondentes ao processo da vida das penha um importante papel na progressiva transformação plantas, ganhando, assim, tempo, mais substância e mai~r das espécies, obrigando-as a adaptarem-se a uma alimen- força para a vida animal, propriamente dita. Quanto maIS tação que não a habitual, em consequência do que o sangue o homem em formação se afastava dos vegetais, mais se adquire uma nova composição química e toda a constitui- elevava ao do animal. Assim como o hábito da alimentação ção física se modifica, pouco a pouco, enquanto que as associada à carne transformou o gato e o cão em servido- espécies definitivamente fixadas se vão extinguindo. Não res do homem, assim também o hábito da alimentação .resta dúvida de que esta devastação contribuiu poderosa- carnívora associada aos vegetais, contribuiu essencial- mente para a transformação dos nossos antecessores em mente para dar ao homem em formação a força física e homem. Numa raça de macacos muito mais avançada independência. Mas o mais importante neste tipo de ali- que as outras, quer em inteligência quer em capacidade de mentação foi a sua ação sobre o cérebro, que recebia as adaptação, esta prática teria tido como resultado o au- substancias necessárias à sua alimentação em quantidades mento do número de plantas que entravam na sua ali- muito mais abundantes do que anteriormente e que por

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