Título original: Le Regard Eloigné © Librairie Plon, 1983 Tradução de Carmen de Carvalho Revisão de José Antônio Braga Fernandes Capa de Edições 70 Bastão polinésio, mulher pintada (ilhas Audaman), vasilha Zuni e poste de casa Haida Ilustrações no interior: Anita Albus, Der Garten der Lieder e Anita Albus, Vanitas Schrank in Eia Popeia et-cetera Direitos reservados para Portugal por Edições 70, Lda., Lisboa Todos os direitos reservados para a língua portuguesa por Edições 70, Lda., Lisboa — PORTUGAL EDIÇÕES 70, LDA.—Avenida Duque de Ávila, 69-r/c Esq. —1000 LISBOA Telefs. 578365/556898/572001 Telegramas: SETENTA Telex: 64489 TEXTOS P Delegação do Norte: Rua da Fábrica, 38-2.°, Sala 25 — 4000 PORIO Telef. 38 22 67 Distribuidor no Brasil: LIVRARIA MARTINS FONTES Rua Conselheiro Ramalho, 330/340 — São Paulo Esta obra está protegida pela Lei. Não pode ser reproduzida, no todo ou em parte, qualquer que seja o modo utilizado, incluindo fotocópia e xerocópia, sem prévia autorização do Editor. Qualquer transgressão à Lei dos Direitos de Autor, será passível de procedimento judicial. O OLHAR DISTANCIADO CLAUDE LÉVI-STRAUSS «O grande defeito dos europeus é estarem sempre a filosofar sobre as origens das coisas segundo o que se passa à sua volta.» J.-J. ROUSSEAU, Ensaio sobre a Origem das "Línguas, capítulo VIII. À MEMÓRIA DE ROMAN JAKOBSON ÍNDICE Pág. Prefácio 11 O INATO E O ADQUIRIDO Capítulo I — Raça e cultura 21 II —O etnólogo perante a condição humana... 51 FAMÍLIA, CASAMENTO, PARENTESCO Capítulo III — A família 69 IV— Um «átomo de parentesco» australiano... 99 V — Leituras cruzadas 113 VI — Do casamento num grau aproximado ... 133 O MEIO AMBIENTE E AS SUAS REPRESENTAÇÕES Capítulo VII — Estruturalismo e ecologia 149 VIII—Estruturalismo e empirismo 175 IX—As lições da lingüística 201 X — Religião, língua e história: a propósito de um texto inédito de Ferdinand de Saussure 213 XI — Da possibilidade mítica à existência social 227 CRENÇAS, MITOS E RITOS Capítulo XII — Cosmopolitismo e esquisofrenia 253 XIII— Mito e esquecimento 265 XIV— Pitágoras na América 275 XV — Uma prefiguração anatômica da gemelari- dade 289 Pág. XVI— Um pequeno enigma mítico-literário.... ....... 303 XVII — De Chrétien de Troyes a Richard Wagner e nota sobre a tetralogia .............................. 313 COAÇÃO E LIBERDADE Capítulo XVIII — Uma pintura meditativa 341 XIX— A uma jovem pintora 347 XX — Nova Iorque pós e prefigurativa 361 XXI — Palavras retardatárias sobre a criança cria dora 373 XXII'— Reflexões sobre a liberdade 387 Lista das primeiras publicações .' 399 Índice remissivo 403 Composto e impresso na Tipografia Guerra, Viseu para EDIÇÕES 70 em Jaineiro de 1986 Depósito legal n.º 11299/86 PREFÁCIO Este livro teria o seu lugar lógico no seguimento dos dois que foram publicados em 1958 um, e em 1973 o outro. Poderia então intitular-se Antropologia Estrutural Três. Eu não o quis assim por diversas razões. O título do livro de 1958 tinha um valor de manifesto; quinze anos mais tarde, o estru- turalismo tinha passado de moda e era oportuno que me afir masse fiel aos princípios e ao método que me não tinham dei xado de guiar. Repetir uma terceira vez o mesmo título pode ria dar a impressão de que, durante estes últimos dez anos, em que a minha pesquisa enveredara por vias para mim novas, eu me tinha contentado em marcar passo e que os resultados submetidos hoje ao exame do leitor consistiam apenas em repetições. Em segundo lugar, pareceu-me, com razão ou sem ela, que, se os dois primeiros livros formam, cada um deles, um todo, tal era ainda mais verdadeiro, talvez, para este. Os dez anos decorridos desde a Antropologia Estrutural Dois leva ram-me ao termo senão, espero, da vida activa, pelo menos ao de uma carreira universitária que se estendeu por meio século; sabendo que a minha docência atingia o seu termo, cuidei de que aqui figurassem problemas que tive de deixar de lado, sem me preocupar demasiado com uma continuidade que entre eles possa ter havido. À maneira de uma strette, consa grei, então, o pouco tempo disponível a idas e vindas entre 11 os grandes temas —parentesco, organização social, mitologia, ritual, arte — que até à altura tinham retido a minha atenção, mas fazendo-os alternar a um ritmo mais lento do que aquele que agora poderia ter. Disto resulta que o presente livro, ao reunir, como os dois precedentes, escritos esparsos e dificilmente acessíveis, toma a envergadura de um pequeno tratado de etnologia, ou de uma introdução a esta disciplina, cujos capítulos maiores estão praticamente representados. Podia, pois, sublinhar-se este carácter dando ao livro um título separado e escolhendo-o por forma a exprimir aquilo que a meus olhos constitui a essência e a originalidade da abordagem etnológica, ilustrada por tra balhos práticos ou experiências de laboratório (quarta parte) incidindo sobre matérias que não tememos variar. Esta preocupação de ser completo persuadiu-me, não sem que muito tenha hesitado, e porque mo pediram de diversos lados, a incluir um texto mais antigo sobre a família, escrito directamente em inglês para aquilo a que nessa língua se chama um textbook, com a colaboração de diversos autores, e do qual tinha já surgido uma versão francesa, em 1971, nos Anais da Universidade de Abidjan. Não desaprovo esta tradução escru- pulosa e que na altura revi, mas ela apresentava-se-me como literal; assim, achei por bem redigir uma nova versão, menos respeitadora do texto original (capítulo III). Mesmo modificada como foi, não escondo que continua chatamente didática e que se apoia sobre uma base documental, clássica na época em que a escrevi, mas que hoje está ultrapassada. Invocarei outras duas desculpas para esta republicação. Este texto é, tanto quanto me lembro, o único em que tentei pôr em perspectiva cavaleira — embora colocando-me de outro ângulo — o conjunto dos problemas tratados nas Estru turas Elementares do Parentesco; o leitor pouco familiarizado com esta obra encontrará aqui, assim, as vantagens (e também os inconvenientes) de um resumo. Tentei de igual modo expli car neste texto a leitores supostamente novatos em que con siste a revolução coperniciana, que as ciências humanas devem à lingüística estrutural: saber que para compreender a natu reza dos laços sociais não se deve pôr, à partida, os objectos e, procurar em seguida, estabelecer conexões entre eles. Inver- 12
Description: