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O Nome e o Sangue: uma Parábola Genealógica No Pernambuco Colonial PDF

271 Pages·2.437 MB·Portuguese
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Quevedo SUMÁRIO           Prefácio   I. O CAPITÃO-MOR DO CABO   II. BRANCA DIAS E OUTRAS SOMBRAS   III. PROVANÇAS PÓSTUMAS DE FELIPE PAIS BARRETO     Apêndice Notas Sobre o autor PREFÁCIO           O narra a história de uma manipulação genealógica NOME E O SANGUE destinada a esconder, no Pernambuco colonial, o costado sefardita de importante família local. Genealogia e genealogista são atualmente palavras que fazem sorrir complacentemente o leitor, sujeito de um ordenamento jurídico teoricamente igualitário, agente de uma economia de mercado teoricamente competitiva e motivado por uma escala de estima social em que o currículo pro�ssional substituiu a carta de brasão. Que ele suspenda, contudo, o seu sorriso. Numa sociedade como a do Brasil colonial, para onde, como se não bastasse o pecado original da escravidão, se haviam transplantado os valores vigentes na versão ibérica das sociedades européias do Antigo Regime, caracterizada pela fenda étnica, social e religiosa entre cristãos-velhos e cristãos- novos, a genealogia não podia constituir o passatempo inofensivo que é hoje. Ela era, na realidade, um saber crucial, pois classi�cava ou desclassi�cava o indivíduo e sua parentela aos olhos dos seus iguais e dos seus desiguais, reproduzindo assim os sistemas de dominação. O valor que legitima este saber, a “honra” ou “reputação”, é objeto de abundante literatura desde os trabalhos de Américo Castro, cujo feitio ensaístico não nos deve induzir a descartar, como se costuma ultimamente, suas agudas percepções sobre o passado ibérico como produto da convivência e con�ito de três castas (cristãos, mouros e judeus), embora, como ocorre muitas vezes a quem atina com uma idéia seminal, Castro tenha levado demasiado longe a utilidade explicativa da sua concepção, querendo nela incorporar mais história do que ela podia comportar. Parafraseando o que já se disse a respeito de Burckhardt, ele nos ensinou mais com seus grandes equívocos do que outros com suas pequenas verdades de �lólogo. Desmontar o mecanismo de uma fraude genealógica, como se tenta fazer neste livro, é o gênero de investigação que, mais que nenhum outro, diz respeito a “um passado que se estuda tocando em nervos, um passado que emenda com a vida de cada um”, “uma aventura da sensibilidade, não apenas um esforço de pesquisa nos arquivos”, para usar a fórmula de Gilberto Freyre. Ao procurar reconstituir as tramóias que viciaram o processo de habilitação de Felipe Pais Barreto a cavaleiro da Ordem de Cristo, defrontou-se o autor, em primeiro lugar, com a questão do sangue judaico que corria nas veias de vários dos troncos que haviam povoado a Nova Lusitânia, isto é, o Pernambuco que vai da fundação da capitania por Duarte Coelho à ocupação holandesa (1535- 1630), tema prudentemente ocultado pelos genealogistas coloniais e ignorado pelos atuais e, em segundo lugar, com a necessidade de narrar a história da família a que Felipe pertencia pelo costado da sua avó materna, os Sá e Albuquerque, do engenho Santo André, cujo caráter paradigmático em termos da história genealógica da oligarquia pernambucana da Colônia e do Império logo se impôs. Fundada por um colono meio cristão-novo, a linhagem ligou-se à prole de Jerônimo de Albuquerque, praticou a endogamia com os Pais Barreto e, em meados do século , recebeu o aporte de sangue plebeu de uma família de XVIII mercadores enriquecidos na terra. O nome e o sangue não é obra sobre cristãos-novos no Brasil colonial, tema que já mereceu a atenção de vários historiadores, embora o autor se tenha visto obrigado a algumas excursões pela documentação inquisitorial relativa a Pernambuco de �nais do século . A XVI historiogra�a dos conversos vem, aliás, privilegiando, por moda ou bom tom intelectual, os contestatários, ou seja, os que continuaram a judaizar, recusando-se a se integrar plenamente na sociedade colonial. Destarte, comete-se a injustiça de esquecer os outros, mais numerosos, que se converteram ao catolicismo ou que aceitaram a conversão que os pais e avós haviam feito por eles. A história não se faz apenas com a elite dos rebeldes mas também com a multidão dos conformistas. O autor só pode esperar que se lhe perdoe a preferência politicamente incorreta por estes últimos, como também a opção por um estudo que, transgressão indesculpável para muitos, ocupa-se não das classes dominadas mas das dominantes, cuja análise detida, inclusive quanto ao seu recrutamento e composição, parece-lhe indispensável à compreensão do nosso passado regional. Pretende um lugar-comum — herança da historiogra�a oitocentista, mas nem por isso menos verdadeiro — que a história não se escreve sem documentos. Recordando-se da infância, Abraham Lincoln aludiu aos “uneventful annals of the poor”, mas melhor teria dito “[unrecorded] annals of the poor”, pois, como os ricos, os pobres também têm história, carecendo apenas de registro escrito. Glosando a conhecida observação de romancista norte-americano segundo a qual os ricos são diferentes dos pobres porque têm dinheiro, pode-se aduzir que também o são porque, ao menos antigamente, produziam bem mais documentos. Tanto pior para os historiadores, pois dada a disponibilidade atual das fontes é de duvidar que, no tocante por exemplo à escravidão nas áreas canavieiras do Nordeste, eles possam oferecer muito além do que ofereceu Stuart Schwartz no seu livro admirável sobre o recôncavo baiano, verdadeiro vade mecum para quem quer que se interesse pela economia e sociedade açucareiras coloniais. O que remete a outro lugar- comum, não menos verdadeiro porém recente: o de que o documento é função do poder e instrumento de dominação. Os historiadores da velha escola pegavam o passado pelos chifres. A partir da certeza acerca da veracidade da fonte, esta como que se desvanecia, deixando o estudioso sozinho, frente a frente com a realidade nua e crua do que havia efetivamente ocorrido. Inocência epistemológica que se perdeu mercê do êxito do marxismo, da psicanálise e do estruturalismo, os quais, entre os historiadores e o passado, vieram interpor, como um biombo, a exasperante opacidade do texto. O autor também pede desculpas à voga do dia no Brasil por ter buscado recapturar a dimensão narrativa ostracizada pela escola dos Annales, mas a que, na verdade, sua revolução historiográ�ca veio enriquecer como que por tabela, ou em conseqüência do que seus discípulos mais aferrados à história das estruturas econômicas devem considerar um efeito perverso. Contudo, diante da página em branco e das suas notas de pesquisa, o historiador não tem como fugir ao dilema muito bem de�nido por um o�cial de outro ofício, Lévi-Strauss, quando assinalou que ele deve sempre optar “entre uma história que informa mais e explica menos e uma história que explica mais e informa menos”, pois dependendo do nível em que se coloque “ele perde em informação o que ganha em compreensão e vice-versa”.

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