Paulo Mendes Campos só podia ser Botafogo. Como o Botafogo, ele é “mais abstrato que concreto; tem folhas-secas, alterna fervor com indolência”. É botafoguense como Bach, Stendhal e Dostoievski seriam se fossem contemporâneos da Estrela Solidária. Nas arquibancadas do Maracanã, do pequeno estádio de General Severiano, Lord Byron, como Nelson Rodrigues o descreveu, era um torcedor típico, curtido no flagelo que só os botafoguenses se infligem, mas recompensado por momentos de júbilo únicos. Paulo Mendes Campos era devoto do futebol. Nem de longe foi cronista esportivo, mas se incluía entre os adoradores da bola. É pena que Paulo Mendes Campos não tenha escrito mais sobre futebol. Ajudaria a liberar o divino esporte bretão das mordaças de tantos clichês.