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O fantástico na Ilha de Santa Catarina PDF

274 Pages·2015·18.991 MB·Portuguese
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Franklin Joaquim Cascaes nasceu em 16 de outubro de 1908, em Itaguaçu, localidade na época pertencente ao município de São José (SC). Faleceu em 15 de março de 1983, em Florianópolis (SC). Estudou na Escola de Aprendizes Artífices, depois Escola Industrial de Santa Catarina, onde chegou a ser professor. Como artista, foi autodidata. Utilizou todo o seu talento – a escrita, o desenho, a escultura e o artesanato – para registrar o universo legado pelos antigos colonos açorianos através dos seus descendentes, dos quais foi um de seus maiores representantes. O grande acervo deixado por Franklin Cascaes – constituído de 925 desenhos, 286 cadernos com anotações de campo e 1.250 esculturas e acessórios cenográficos e exposto no Museu da Universidade Federal de Santa Catarina – dá-nos a certeza de que ele foi um dos maiores defensores da tradição popular ilhoa. Na sua paciente pesquisa, desenvolvida ao longo de trinta anos, conseguiu salvar a memória da cultura popular da Ilha de Santa Catarina. O FANTÁSTICO NA ILHA DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Reitora Roselane Neckel Vice-Reitora Lúcia Helena Martins Pacheco EDITORA DA UFSC Diretor Executivo Fábio Lopes da Silva Conselho Editorial Fábio Lopes da Silva (Presidente) Ana Lice Brancher Andreia Guerini Clélia Maria Lima de Mello e Campigotto Fernando Jacques Althoff Ida Mara Freire João Luiz Dornelles Bastos Luis Alberto Gómez Marilda Aparecida de Oliveira Effting Editora da UFSC Campus Universitário – Trindade Caixa Postal 476 88010-970 – Florianópolis-SC Fones: (48) 3721-9408, 3721-9605 e 3721-9686 [email protected] www.editora.ufsc.br Franklin Cascaes O FANTÁSTICO NA ILHA DE SANTA CATARINA Estabelecimento do texto e elaboração do glossário por Oswaldo Antônio Furlan 1a edição 2a reimpressão 2015 © 2012 Universidade Federal de Santa Catarina Coordenação editorial: Paulo Roberto da Silva Editoração: Fernanda do Canto Paulo Roberto da Silva Capa: Maria Lúcia Iaczinski Revisão: Letícia Tambosi Desenhos do artista Franklin Joaquim Cascaes, pertencentes à “Coleção Elizabeth Pavan Cascaes” – Acervo do Museu Universitário Oswaldo Rodrigues Cabral/UFSC. Ficha Catalográfica (Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina) C336f Cascaes, Franklin O fantástico na Ilha de Santa Catarina / Franklin Cascaes. – Florianópolis : Ed. da UFSC, 2015. 272 p. – (Col. Repertório) 1. Bruxismo. 2. Folclore – Santa Catarina. 3. Santa Catarina – Folclore. I. Título. CDU: 398.47(816.406.02:210.7) ISBN 978-85-328-0607-9 Este livro está sob a licença Creative Commons, que segue o princípio do acesso público à informação. O livro pode ser compartilhado desde que atribuídos os devidos créditos de autoria. Não é permitida nenhuma forma de alteração ou a sua utilização para fins comerciais. br.creativecommons.org ▪ ▪ ▪ SUMÁRIO O texto, sua linguagem e o glossário – Oswaldo Antônio Furlan .....................................7 Narrativas 1 Eleição bruxólica .............................21 2 Congresso bruxólico ..........................31 3 Balanço bruxólico ............................43 4 Mulheres bruxas atacam cavalos ...............55 5 Baile de bruxas dentro de uma tarrafa de pescaria ..................................67 6 Estado fadórico das mulheres bruxas ...........77 7 Vassoura bruxólica ...........................85 8 Orquestra selenita bruxólica. . . . . . . . . . . . . . . . . . .89 9 Bruxas roubam lancha baleeira de um pescador ..97 10 Lamparina e catuto em metamorfose ......... 105 11 Bruxas atacam pescador .................... 111 12 Bruxa rouba meio alqueire feito armadilha para apanhá-la .............................117 13 Bruxas gêmeas ............................ 125 14 Armadilha feita com pilão de chumbar café para apanhar bruxas ....................... 133 15 Balé de mulheres bruxas .....................149 16 Bruxa metamorfoseou o sapato do Sabiano .... 157 17 Bruxas metamorfoseadas em bois .............169 18 Armadilhas para apanhar bruxas. Pais em vigília .....................................179 19 As bruxas e o noivo ........................ 187 20 A bruxa mamãe ............................ 197 21 Reumatismo bruxólico ..................... 205 22 Três bruxas viraram galinhas brancas ........ 211 23 Madame bruxólica e o saci-pererê .............217 24 Velha bruxa-chefe ......................... 225 Glossário ..................................... 229 Anexo A ...................................... 269 Anexo B ...................................... 271 ▪ ▪ ▪ O TEXTO, SUA LINGUAGEM E O GLOSSÁRIO Oswaldo Antônio Furlan Como se enquadram as 24 narrativas de Franklin Joaquim Cascaes no contexto dos estudos da linguagem popular açoriano- catarinense? Quais as características dessa linguagem nas 24 narrativas? Na presente versão, quais os critérios adotados pelo revisor para o estabelecimento do texto das narrativas e a elaboração do seu glossário? 1 As nArrAtivAs de CAsCAes no Contexto dos estudos dA linguAgem populAr AçoriAno-CAtArinense 1) Os 6.071 imigrados do Arquipélago dos Açores e da Madeira para o Sul do Brasil entre 1748 e 1756 estabeleceram- se predominantemente na Ilha de Santa Catarina e em sua faixa litorânea continental fronteiriça, área na qual Franklin Cascaes coletou seus dados culturais.1 Depois os imigrados e seus descendentes expandiram-se para toda a faixa litorânea central do estado. O contato, sobretudo via marítima, com gente de outras regiões do país, levou-os a abrasileirarem amplamente sua cultura. Mas, ainda hoje, os nativos dessa área apresentam traços culturais (em especial linguísticos) que são diferentes dos traços das regiões circunvizinhas e que devem ser creditados 1 Contingente estabelecido por PIAZZA, Walter Fernando. Santa Catarina: sua história. Florianópolis: Lunardelli, 1983, p. 151. aos açorianos. Os estudos científicos do falar açoriano- catarinense são recentes, incipientes e limitados quase só à faixa sociolinguística dos falantes pouco ou nada escolarizados.2 2 Estudo pioneiro foi o de Oswaldo Antônio Furlan, cujas pesquisas foram relatadas em Influência açoriana no português do Brasil em Santa Catarina, Ed. da UFSC, 1989, 241 p., bem como numa dezena de ensaios publicados por ele: 1) Na Europa: a) Subsistência luso-açoriana no falar catarinense. Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, Angra do Heroísmo, Açores, Portugal, 1982, v. 40, p. 629-645. – b) Surpresas fônicas no açoriano (Portugal) e no açoriano- catarinense (Brasil). Revue de Phonétique Appliquée, Mons, Belgique, 1989, n. 91, 92, 93, p. 227-233. – c) Influência açoriana no Português do Brasil em Santa Catarina. Insulana, Ponta Delgada, Açores, Portugal, v. 45, 1989. Sep. 1990, 32 p. – d) Atlas linguístico da Região Sul do Brasil permite corrigir verbetes de açorianismos nos dicionários. Insulana, Ponta Delgada, Açores, Portugal, v. 50, n. 2, p. 431-441, 1995. 2) No Brasil: a) A questionada influência açoriana no Sul do Brasil. Letras de Hoje, Porto Alegre, PUC/RS, v. 72, p. 84-96, jun. 1988. – b) Vertentes étnico-históricas do atual português dos catarinenses de ascendência luso-açoriana. In: SEMANA DE ESTUDOS AÇORIANOS, 2., Florianópolis, UFSC, jul. 1987. Anais..., Florianópolis, UFSC, 1989, p. 74-95. – c) Influência açoriana no léxico de Santa Catarina (Brasil): nomes comuns, antropônimos e topônimos. Anais do Museu de Antropologia, UFSC, Florianópolis, n. 19, v. 87/88, 1992, p. 133-166. – d) Aspectos da influência açoriana no Português do Brasil em Santa Catarina. In: PEREIRA, Cilene da Cunha. Miscelânea de estudos lingüísticos, filológicos e literários in memoriam Celso Cunha. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995, p. 165-186. De interesse, pelo rigor científico, é a obra de Cleo Vilson Altenhofen et al. (Org.), Atlas Lingüístico-Etnográfico da Região Sul do Brasil – ALERS, Ed. da UFRGS e UFSC, volumes 1 e 2, 2011, respectivamente 505 e 954 p., cuja equipe este revisor integrou. Essa obra confirmou alguns dos traços linguísticos que este havia registrado no falar dos moradores da faixa litorânea de Santa Catarina, entre Laguna e Piçarras. Depois, uma dissertação de mestrado estudou a pronúncia deles; outra, suas formas de tratamento pessoal. Surgiram também dois minidicionários: o de Fernando Alexandre, Dicionário da Ilha: falar & falares da Ilha de Santa Catarina, Florianópolis, Ed. Cobra Coralina, 1994, 144 p.; e o de Isaque de Borba Corrêa, Dicionário catarinense: tratado de dialetologia, falares e expressões idiomáticas..., Florianópolis, Diário Catarinense e Editora Insular, 2000, 200 p. ▪ ▪ ▪ ▪ 8 2) Quais os fatores das referidas peculiaridades culturais açoriano-catarinenses? O principal de todos os fatores foi o isolamento sociocultural dos povoadores, que propiciou a preservação de traços culturais antigos, tanto continentais quanto ilhéus. Assim: a) para comunicar-se, os povoadores das nove ilhas do Arquipélago dos Açores, advindos desde 1439 de todos os quadrantes de Portugal continental e depois acrescidos de pequeno contingente de belgas, tiveram que vencer, via marítima, grandes distâncias entre elas e o continente; b) o povoamento do litoral da então Província de Santa Catarina foi iniciado em 1658 por isolados moradores da Vila de São Vicente, no litoral paulista, então ainda conservadores de antigos traços culturais de Portugal continental; c) era de apenas 4.197 o contingente dos habitantes da distante Província de Santa Catarina e, talvez, menos de mil deles na área da Ilha e do continente fronteiriço, quando a eles se acrescentaram os 6.071 açoriano-madeirenses de 1748-1756; d) a comunicação linguística entre falantes de comunidades diferentes sofreu as restrições inerentes às limitações dos meios de transporte e de comunicação de massa. 3) Qual a natureza da pesquisa de Franklin Cascaes? Ao longo de sua vida (1908-1983), antes, pois, do explosivo aumento demográfico e turístico do litoral catarinense, exerceu funções do cotidiano em pequenas comunidades dedicadas à pesca e à agricultura artesanal e sobressaiu como artífice de objetos pesqueiros, plasmador de imagens e desenhista, atividades que ele aprimorou como professor da Escola de Aprendizes de Artífices de Santa Catarina e como funcionário do Museu de Antropologia da UFSC. Por sete décadas, ele observou e ▪ ▪ ▪ ▪ 9

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