Description:O escândalo do petróleo e Georgismo e comunismo - Não perfurar e não
deixar que se perfure”. Esta era a situação que Monteiro Lobato, o
grande ativista de sua época sobre a exploração do petróleo,
diagnosticou no Brasil. Ele simplesmente não admitia que num país de
enormes dimensões, e num continente no qual as descobertas se
multiplicavam, não houvesse um esforço para explorar a fonte de energia
que substituía rapidamente o carvão naquela primeira metade de século
20.
O livro O escândalo do petróleo deu origem às principais
bandeiras do movimento da sociedade civil que viria anos depois
contribuir para a criação da Petrobras. E é este texto, acrescido de
Georgismo e comunismo, que a Editora Globo resgata, neste momento em que
o Brasil – passadas sete décadas – se prepara para se tornar uma das
maiores potências petrolíferas do planeta.
O Escândalo do
petróleo foi lançado originalmente em 1936, durante o primeiro mandato
de Getúlio Vargas. Ele relata a aventura vivida pelo próprio escritor,
que reuniu capital de pequenos investidores e tentou por dez anos
encontrar petróleo no subsolo brasileiro. Por conta de sucessivos
empecilhos do governo da época, as tentativas de prospecção acabaram
frustradas. Mas, a repressão não se resumiu ao Lobato empresário e
ativista; também o escritor acabou tendo seu texto proibido pela
ditadura do Estado Novo em 1937, após o sucesso editorial do lançamento
com algumas tiragens sendo vendidas rapidamente. Essa situação só iria
se modificar com Vargas deixando o poder em 1945.
Já o texto
Georgismo e comunismo, que compõe a edição da Globo, é de 1948. Nele o
autor apresenta o pensamento econômico do norte-americano Henry George,
como forma de promover avanços sociais numa democracia capitalista e
assim evitar a ameaça comunista que havia se tornado realidade com a
participação da União Soviética na vitória sobre as forças do Eixo na
Segunda Guerra Mundial. A proposta de George tem como ponto principal a
criação de um “imposto único” sobre a terra improdutiva.
Nesses
dois textos o leitor vai constatar como as reivindicações de Lobato são
atuais. Afinal, os cenários mudaram, mas não os problemas que o Brasil
continua enfrentando tanto tempo depois. E, à falta do homem público,
restam seus textos cheios de coragem e esperança no futuro.