Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE I I OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE Ficha de Identificação - Produção Didático-pedagógica Professor PDE/2014 Título Ensino da História da Antiguidade Clássica: o Egito Antigo – Olhares por meio de Trechos do Filme “A Múmia” Autor Marli Aparecida de Andrade Disciplina/Área História Escola de Implementação Colégio Estadual Amyntas de Barros EF M PROFIS - Rua Salgado do Projeto e sua Filho, 1371, Vila Esplanada - Pinhais –PR localização Município da Escola Pinhais Núcleo Regional de Área Metropolitana Norte Educação Professor Orientador Nadia Gaiofatto Gonçalves Instituição de Ensino Universidade Federal do Paraná – UFPR Superior Relação Interdisciplinar Resumo Os docentes da disciplina de História têm utilizado filmes e trechos de filmes, na tentativa de ilustrar, esclarecer ou simplesmente complementar um conteúdo que não foi trabalhado na íntegra. Porém, não há muitas vezes a preocupação em desenvolver no discente o que Miceli (2009) chama de “sentido histórico”, para que ele possa atuar na sociedade. Para Napolitano (2013) trabalhar com o cinema em sala de aula é ajudar a escola reencontrar e aprofundar a cultura cotidiana. Contudo, o professor precisa planejar as aulas, escolhendo o filme que se relaciona com conteúdo e elaborando atividades que possibilitem que o aluno atinja os objetivos propostos. O que se pretende é desenvolver a consciência histórica partindo do uso dos recursos visuais para que o aluno possa analisar a sociedade na sua totalidade, ou seja, em todas as suas dimensões sociais, políticas, econômicas e religiosas. E, com isso, espera- se que o aluno se perceba como sujeito histórico capaz de atuar efetivamente na construção da história individual e coletiva. A utilização de fundamentos teórico-metodológicos que contemplem registros iconográficos para o ensino de História pode oportunizar uma melhoria significativa no desempenho escolar dos estudantes. Sendo assim, objetiva-se desenvolver proposições didáticas para o ensino do tema o Egito Antigo, para o 6º ano do Ensino Fundamental, a partir do filme “A Múmia”. Palavras-chave Ensino de História; trechos de filme; estratégias de ensino; Formato do Material Unidade Didática Didático PDE 2014 Público Alvo Turma inclusiva de 6º ano Marli Aparecida de Andrade APRESENTAÇÃO Caro Professor, Este material didático foi elaborado para servir como apoio pedagógico em classes de 6º ano. A proposta visa contribuir com o processo ensino-aprendizagem por meio da utilização de trechos do filme “A Múmia” como ferramenta para o ensino de História, favorecendo condições para que os discentes possam desenvolver novos conhecimentos relacionados ao Egito Antigo. Durante minha jornada profissional percebi que muitos alunos chegam ao 6º ano com dificuldades em solucionar atividades que exigem uma linha de pensamento mais complexa. Demonstram preocupação excessiva em buscar respostas no livro didático e têm dificuldade em elaborar ideias próprias a respeito do que foi questionado. Por isso se faz necessário a utilização de uma metodologia que desperte a curiosidade do educando, e o uso de trechos do filme pode contribuir no desempenho do aluno ilustrando o conteúdo de forma mais significativa e atraente, porém, com problematizações necessárias. A estrutura deste material foi organizada de forma a possibilitar a utilização, com os alunos do 6º ano de trechos do filme, abrangendo conteúdos relacionados ao Egito por meio de atividades pré e pós-exibição, culminando na construção de um Edublog coletivo sobre o tema. Este material pode contribuir para que as aulas sejam ainda mais atrativas, instigando os alunos a se envolver com os conteúdos propostos. Profª Marli EGITO ANTIGO No processo de formação das primeiras civilizações, por volta do IV milênio antes de Cristo, a região do Crescente Fértil foi um importante espaço, no qual a relação de dependência do homem em relação à natureza diminuía e vários grupos se sedentarizavam. A domesticação de animais, a invenção dos primeiros arados, a construção de canais de irrigação eram exemplos de que a agricultura viria a ocupar um novo lugar no cotidiano do homem. Mais do que isso, todo esse conhecimento contribui para a formação de amplas Para que as comunidades. práticas docentes tenham Entre todas essas civilizações, o Egito destacou-se pela sua êxito o trabalho pedagógico com organização. Situado no nordeste da África não parecia muito os conteúdos promissor e provavelmente não sobreviveria sem um importante fator: históricos deve o maior rio do mundo, para suprir suas necessidades. O Rio Nilo, não ser fundamentado sem motivos, tornou-se essencial (e sagrado) para o povo do Antigo em vários Egito (3000 – 30 a.C.), essa relação entre eles transformou-se numa autores e suas respectivas bela história, que pode ser refletida na frase “O Egito é a dádiva do interpretações, Nilo”, do historiador grego Heródoto. Tomando conhecimento do seja por meio do sistema de cheias desse grande rio, os egípcios organizaram uma livro didático ou por meio de avançada atividade agrícola que garantiu o sustento de um grande textos número de pessoas. historiográficos referenciais. O Egito, dentre todas as sociedades do Oriente Próximo (PARANÁ, 2008, p. 69). Antigo, é a civilização mais rica de material arqueológico, sendo então a civilização com mais fontes históricas para pesquisa. Entre o período de 5000 e 3000 a.C, acontece o surgimento do reino unificado do Egito. Entre aproximadamente 3000 e 332 a.C., o Egito conheceu várias épocas de unidade dinástica e centralização de poder, em alternância com períodos de descentralização, dinastias paralelas ou domínio estrangeiro (CARDOSO, 1988). É importante que o professor A partir do período Pré-Dinástico (até 3200 a.C.), começam a desperte a surgir mudanças sociais drásticas, notadas pela arqueologia. Estudos curiosidade ao sul do Vale do Nilo Egípcio revelaram que no final deste período já sobre o assunto por meio de se encontrava lá uma população aglomerada em construções atividades fortificadas e com boas condições de irrigação de sua agricultura, prévias (aqui propiciadas pelas cheias do Nilo. O rio em si, ao mesmo tempo em que citadas), posteriormente fertilizava, inundava (PINSKI, 1994). trabalhar os trechos do filme. Os egípcios acreditavam na vida após a morte. Imaginavam E, então utilizar- que os mortos seriam julgados por vários deuses e poderiam retornar se do apoio do livro didático aos seus corpos se fossem absolvidos. Para isso eles eram para realização conservados pela técnica da mumificação. Havia diferentes tipos de de atividades mumificação, desde os processos mais simples e baratos até os mais complementares . caros e luxuosos (COTRIM, 2005). A relação entre religião, ciência e arte é estreita e significativa no Egito. As concepções dos egípcios acerca dos reis mortos propiciaram enorme desenvolvimento científico, já que sem matemática, geometria, mecânica e outros conhecimentos, construções A civilização como as pirâmides não teriam sido possíveis. Também a pintura, a faraônica ocupa um lugar arquitetura, a escultura, a arte de embalsamar, entre outras artes, primordial na desenvolveram-se para dar forma às convicções religiosas (PINSKI, história da África antiga. Através 1994). de seus monumentos, de seus textos e do interesse que, CURIOSIDADES SOBRE O EGITO ANTIGO no passad o, despertou nos viajantes, Um faraó nunca deixava seu cabelo ser visto. Ele sempre fornece-nos um grande usava uma coroa ou um toucado chamado nemes. volume de Tanto as mulheres como os homens egípcios usavam informações sobre a maneira maquiagem. A pintura dos olhos era verde Os egípcios de pensar, de acreditavam que a maquiagem tinha poder de cura e sentir e de viver dos originalmente, era usada como proteção contra o sol, não como africanos. adorno. (UNESCO, 2010, p. 61) FICÇÃO Pensando sobre as antigas civilizações da África e do Oriente percebemos o quanto os currículos escolares se eximem de uma abordagem mais aprofundada sobre tais povos. O Egito já serviu de inspiração para diversos filmes. O filme “A Para o historiador Múmia” (1999), de Stephen Sommers é uma boa oportunidade de Marcos Napolitano (2013) o professor inserir os discentes a uma viagem à fascinante terra dos faraós. precisa planejar as Também será possível problematizar qual a percepção que possuem aulas, escolhendo o dessa antiga civilização e notar de que maneira acabam construindo filme que se relaciona com o uma visão do Egito Antigo por meio desse filme, em particular. conteúdo e elaborando É importante salientar que o filme “A Múmia” é uma obra que atividades que não foi produzida para fins didáticos e que trata-se de uma ficção. possibilitem que o Porém, a função de entreter não impede que o docente perceba aluno atinja os objetivos aspectos históricos relevantes que podem permitir abordar o conteúdo propostos. Egito Antigo, mesmo alertando-os de que o contexto do filme ocorre nos anos de 1920. FICHA TÉCNICA Gênero: Aventura Direção: Stephen Sommers Roteiro: Kevin Jarre, Lloyd Fonvielle, Stephen Sommers Elenco: Arnold Vosloo, Brendan Fraser, John Hannah, Kevin J.O'Connor, Rachel Weisz, Stephen Dunham Produção: James Jacks, PatriciaCarr, Sean Daniel Fotografia: Adrian Biddle Trilha Sonora: Jerry Goldsmith Duração: 125 min. Ano: 1999 RESENHA DO FILME “A Múmia" é um filme de aventuras pouco dado a elaborações de argumento e por vezes até revela incoerências, mas o seu ritmo frenético, marcado por muita ação e aventura, adornada por humor e alguns elementos históricos e um protagonista carismático conduzem a que as suas limitações não interfiram no seu valor de entretenimento. Com um conjunto de cenários Os alunos podem impressionantes, evocando o misticismo e a cultura do Antigo Egito, o filme ser também incentivados a fazer começa desde logo por nos apresentar a história de Imhotep (Arnold Vosloo), uma resenha do um alto sacerdote que se envolve com Anck-su-Namun (Patricia Velásquez), filme antes da uma das mulheres do Faraó Seti I (1290 a 1279 a.C.). Quando o Faraó análise dos trechos descobre a traição, Imhotep e Anck-su-Namun eliminam-no, algo que lhes a fim de facilitar sua compreensão e traz uma série de infelizes acontecimentos. Anck-su-Namun comete suicídio análise. perante a perseguição dos guardas de Seti, enquanto Imhotep consegue fugir, indo mais tarde recuperar o corpo da amada e tentar a sua ressurreição em Hamunaptra, a cidade dos mortos. No entanto, este ato é interrompido pelos guardas do Faraó, conduzindo a que a alma da amada de Imhotep regresse para o outro mundo, os homens deste último sejam mumificados vivos, enquanto o sacerdote é condenado ao Hom Dai, a pior das maldições, sendo fechado num sarcófago com escaravelhos comedores de carne. Após esta intensa e dramática introdução, a narrativa sai de 1290 antes de Cristo e avança para a década de vinte do século XX, onde Rick O'Connell (Brendan Fraser) consegue descobrir a localização de Hamunaptra, embora a expedição não termine da melhor maneira, sendo ele preso. Em 1926, a jovem Evelyn, uma bibliotecária desastrada e aspirante a egiptologista, depara-se com uma estranha caixa que contém um mapa, sendo-lhe apresentada pelo irmão Jonathan (John Hannah, a funcionar muitas das vezes como o alívio cómico), que a roubara de Rick O'Connell, que se encontra na prisão e prestes a ser executado. O mapa conduz até Hamunaptra, um local onde Rick jura já ter estado, o que conduz Evelyn a tentar salvar o protagonista, prometendo uma parte das descobertas a um guarda (OmidDjalili) que se junta à expedição. É assim que Rick, Evelyn, Jonathan e a sua equipe se reúnem, contando com a rivalidade de uma equipe de exploradores norte-americanos, guiados pelo egiptologista Allen Chamberlain e Beni Gabor, o traiçoeiro antigo companheiro do personagem interpretado por Brendan Fraser. A viagem de barco que fazem é atribulada e, em Hamunaptra, as duas equipes são atacadas por Ardeth Bay (Oded Fehr) e os seus guerreiros, que juraram proteger o território. No entanto, ao invés de obedecerem às ordens para abandonar o local, os investigadores acabam por enfrentar os perigos da pirâmide, sobretudo quando Evelyn lê algumas inscrições do Livro dos Mortos, e desperta inadvertidamente Imhotep. O despertar de Imhotep traz consigo um conjunto de pragas, enquanto este procura a todo o custo retomar a forma humana e ressuscitar a sua amada, tendo em Evelyn o alvo para esse feito, conduzindo Rick e companhia a correr contra o tempo para salvar a aspirante a egiptóloga, salvar o Egito e o mundo da fúria de Imhotep. Se no prólogo assistimos a uma intensa cena no Antigo Egito e na introdução tivemos direito a uma eficaz apresentação dos personagens e do contexto que os integra, a partir do momento em que Imhotep regressa dos mortos a narrativa ganha uma maior intensidade, mesclando com assertividade ação, aventura, misticismo e alguns elementos de terror, revelando-se um bom entretenimento. Stephen Sommers não poupa em escaravelhos comedores de carne, tempestades de areia, múmias que regressam à vida, lendas egípcias, armadilhas, entre muitos outros contratempos para os protagonistas, perdendo-se em alguns excessos, mas ocasionando imenso divertimento pelo caminho. Por vezes aparecem vários erros históricos, elementos narrativos que nem sempre fazem sentido, mas é exatamente esse balancear entre o exagero meio estapafúrdio e a procura em nos apresentar personagens que nos compelem a acreditar na história, aliados ao sentido de grandiosidade de Stephen Sommers, que produz o envolvimento do filme. (Fonte: Adaptado de Resenha Crítica: "The Mummy" (1999) disponível em: http://bogiecinema.blogspot.com.br/2013/11/resenha-critica-mummy.html) TRECHOS DO FILME Os trechos do filme “A Múmia” foram selecionados após uma análise minuciosa de todo o filme, relacionando-o aos aspectos Os trechos podem históricos que se propõe abordar neste material. Tal análise não foi ser baixados do exaustiva, já que há várias outras que podem fomentar www.youtube.com e/ou editados com problematizações. Porém as que foram selecionadas ilustram outras o auxílio de possibilidades. programas como o aTubeCatcher . TRECHO 1: Pirâmides (0 min até 3 min) Início do filme em que são exibidas as pirâmides na cidade de Tebas até a morte do faraó. O trecho possibilita uma análise da arquitetura egípcia e da divisão de classes ao evidenciar o trabalho escravo e o culto ao Faraó, que era o rei supremo do Egito (3000 a 30 a.C.), considerado um deus vivo, responsável pela proteção e prosperidade do seu povo, de modo geral ele detinha autoridade religiosa, administrativa, judicial e militar. A arquitetura egípcia é considerada misteriosa, ela se desenvolveu ao longo de um extenso período, por cerca de 3000 anos, durante a maior parte do qual o Egito esteve livre de invasores, foi rico e bem-organizado (GLANCEY, 2001). Proposta de atividade: será feita a leitura do texto que se refere às pirâmides, que faz parte do conteúdo no livro didático. Problematização: levar os alunos a analisar que as pirâmides se destinavam a abrigar os corpos mumificados dos faraós e seus tesouros. Deverão conseguir compreender que para os egípcios a alma era imortal e o faraó, um deus, e, que no seu devido tempo, as almas
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