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O atlas do amor PDF

422 Pages·2011·2.05 MB·Portuguese
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1 2 O Atlas do AMOR Três jovens e uma pequena surpresa Laurie Frankel 3 Sinopse Ninguém sobrevive à maternidade sem aliados - principalmente quando se está em meio a um curso de pós-graduação. Por isso, apesar de descobrir no fim de um semestre que está grávida e de ser abandonada pelo namorado sete anos mais novo, Jill - uma pessoa que considera abrir um pacote de bolachas para o jantar uma grande habilidade doméstica -, ainda pode se imaginar sortuda quando suas duas melhores amigas imediatamente se prontificam a ajudá-la a criar Atlas, o bebê. Jill, Katie e Janey se mudam então para uma casa maior, arranjam um cachorro e montam uma programação sem intervalos, que inclui cuidar do bebê, assistir às aulas da pós-graduação, lecionar matérias de introdução à literatura, corrigir trabalhos e cumprir a agenda de leituras. Elas esperam que seu esforço seja suficiente para formar uma família para Atlas, mas é claro que tudo acaba se complicando, como acontece em todas as famílias, embora de maneiras que ninguém poderia imaginar. 4 Para Paul, literariamente e literalmente 5 PARTE I ANTES DE TUDO 6 1 Quando eu tinha seis anos, encontrei um bebê no saguão do Waldorf-Astoria. Envolto por um lençol e aninhado em uma verdadeira selva de vasos de plantas ao canto, ele estava num lugar em que somente uma criança de seis anos o encontraria. Para se enfiar ali, só mesmo alguém tão obcecado por onde vivem os monstros que saberia reconhecer aquela floresta misteriosa e cuja avó fazia o check-in havia horas e nem estava prestando atenção mesmo. A não ser que você fosse uma recepcionista de vinte e poucos anos que escondera a gravidez e estava apavorada após ter dado à luz na hora do almoço em uma suíte no terceiro andar que não seria ocupada a semana inteira porque o carpete estava sendo trocado. Nesse caso, acho que aquela selva de vasos de plantas pareceria um bom lugar. Eu tinha escapado da minha avó e me aventurado naquela floresta porque estava em busca de monstros. Lá, 7 encontrei só poeira, uma moedinha que guardei no bolso para dar sorte, dois pedaços de rocambole grudados no chão — dos quais nem cheguei perto porque, mesmo aos seis anos, eu não comia pedaços de rocambole grudados no chão — e, debaixo de um tinhorão, uma coisinha se remexendo que a princípio pensei ser Max vestido de lobo. É claro que eu não tinha idade para entender, mas de alguma maneira devo ter entendido, porque me agachei com o bebê no colo e me encostei-me à parede da selva de plantas e, para tentar acalmar meu novo amigo, olhei fixo em seus olhos sem piscar nem uma vez, ignorando os gritos histéricos da minha avó e o tumulto de um saguão cheio de gente estranha chamando meu nome, espiando embaixo da porta dos banheiros, na lojinha, na calçada e em mais um monte de outros lugares onde uma criança de seis anos poderia ter ido parar sem querer. Foi preciso outra criança para me achar, sua cara suja enfiada na minha selva gritou — Achei! Achei! Eu achei! — como se ele é que tivesse feito algo heroico. Vi o rosto de a minha avó passar do alívio à raiva e à confusão continuamente, enquanto ela tentava entender como a neta de seis anos tinha conseguido escapar dela e dar à luz em cinco minutos. Ela abriu e fechou a boca algumas vezes antes de finalmente dizer: — Janey, querida, por favor, me diga que você não roubou o bebê. * 8 Mais tarde, no nosso quarto perfeito com camas brancas enormes e toalhas macias enormes e janelas enormes com milhões de luzinhas brilhantes, depois de escapar do frenesi da imprensa, que tinha tomado conta do saguão quando uma recepcionista lívida percebeu que estava na hora de abrir o jogo, coloquei meu pijama e minha avó me abraçou e disse que estava muito orgulhosa de mim. — Você não está zangada? — Um pouquinho, — ela admitiu, — por isso nunca, mas nunca mesmo fuja de mim e se esconda como você fez hoje. Mas eu também estou muito impressionada. — Por quê? — Porque posso ver a grande garota que você vai ser quando crescer. E é uma garota adorável. — Por quê? — Porque você estava assustada, mas foi corajosa. Não sabia o que aconteceria se alguém te achasse, por isso ficou calma, quietinha e não largou aquele bebê. Mesmo sabendo que eu provavelmente ia ficar zangada. Mesmo sem nunca ter cuidado de um bebê antes. Foi corajosa, esperta e carinhosa. Você tem um coração enorme, — explicou minha avó. Fiz uma proposta. — Deveríamos levá-lo para casa para morar com a gente. — Não, meu bem. Aquele bebê pertence à outra pessoa. — Mas se a mãe não queria o bebê... 9 — O bebê não é seu, querida. Mas amanhã vamos à loja de brinquedos escolher um só para você. Mais tarde ainda - muito mais tarde, para dizer a verdade, - minha avó disse que foi ali que tudo começou. As pessoas costumam reduzir tudo a óvulos e espermatozoides, mas quase sempre começa muito antes disso. Jill acha que começou quando Dan salvou o diretório acadêmico. Katie acha que foi com os profiteroles. Mas minha avó insiste que foi vinte anos antes, no saguão do Waldorf-Astoria. É difícil saber com certeza, mas parece um pouco cedo demais. Eu mesma acho que o momento derradeiro foi com Jill na parte de bolachas do supermercado. Todo o resto se seguiu dali. Família não é uma questão de sangue, mas de destino. Não dá para escolher. 10 2 Conheci Jill na parte de bolachas do supermercado na noite anterior ao início do ano letivo, a última noite antes de começarmos a pós-graduação e a dar aulas. Achei que seria bom ter algo para beliscar enquanto esperava o amanhecer em pânico. Jill enchia o carrinho de bolachas água e sal. — Ei, você é aquela estrangeira, — ela disse, reconhecendo-me da orientação. — Sou de Vancouver, — respondi. — O Canadá é outro país, — explicou Jill com razão. É verdade, pensei. Mas eu me sentia completamente em casa. Seattle é quase no Canadá. — Quantas bolachas, — eu disse. O papo não estava indo nada bem.

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