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O Assassinato de Roger Ackroyd PDF

16 Pages·2011·0.14 MB·Portuguese
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AGATHA CHRISTIE O Assassinato de Roger Ackroyd Tradução Alberto Gomes Í NDICE 1 O Dr. Sheppard à mesa do pequeno-almoço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 2 Quem é quem em King’s Abbot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 3 O homem que cultivava abóboras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 4 Jantar em Fernly . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 5 Assassínio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 6 Aadaga tunisina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 7 Tomo conhecimento da profissão do meu vizinho . . . . . . . . . . . . . . . . 64 8 O inspector Raglan está confiante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 9 O tanque dos peixes dourados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 10 Acriada de mesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 11 Poirot faz uma visita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 12 À volta da mesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 13 Apena de ganso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124 14 Mrs. Ackroyd . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 15 Geoffrey Raymond . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140 16 Um serão a jogar Mahjong . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 17 Parker . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158 18 Charles Kent . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169 19 Flora Ackroyd . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175 20 Miss Russell . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184 21 Anotícia no jornal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193 22 Ahistória de Ursula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200 23 Apequena reunião de Poirot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207 24 Ahistória de Ralph Paton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218 25 Toda a verdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 222 26 E nada mais do que a verdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228 27 Apologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231 CAPÍTULOI O D . S - R HEPPARD À MESA DO PEQUENO ALMOÇO Mrs. Ferrars morreu na noite de 16 para 17 de Setembro — uma quinta- -feira. Mandaram-me chamar às oito da manhã de sexta-feira, dia 17. Não havia nada a fazer. Ela já estava morta há algumas horas. Passavam poucos minutos das nove quando voltei para casa. Abri a porta da frente com a minha chave e demorei-me propositadamente por uns segundos no hall enquanto pendurava o chapéu e o sobretudo leve com que prudentemente me precavi contra o frio do início de uma manhã de Outono. Para dizer a verdade, sentia-me consideravelmente perturbado e preocupa- do. Não me vou pôr aqui a alegar que naquele momento previa já os aconte- cimentos das semanas seguintes. Afirmo enfaticamente que não previa. Mas o meu instinto dizia-me que vinham aí tempos conturbados. Da sala de jantar à minha esquerda veio o chocalhar de chávenas e a tosse curta e seca da minha irmã Caroline. — És tu, James? — perguntou. Uma pergunta desnecessária, pois quem mais poderia ser? Para dizer a verdade, foi precisamente a minha irmã Caroline a causa dos meus breves minutos de demora. O mote da família das doninhas, diz-nos Mr. Kipling, é: «Vai e descobre». Se a Caroline alguma vez adoptasse um brasão, eu sugerir- -lhe-ia certamente uma doninha em relevo. Podia-se omitir a primeira parte do mote. A Caroline pode fazer as descobertas placidamente sentada em casa. Não sei como é que ela o consegue, mas assim acontece. Desconfio que os criados e os comerciantes constituem o seu Departamento de Serviços Secretos. Quando ela sai, não é para recolher informações mas para as espa- lhar. E nisso, também é espantosamente perita. Este último traço seu era realmente aquilo que estava a causar-me estes ataques de indecisão. O que quer que eu lhe contasse agora a propósito do falecimento de Mrs. Ferrars seria do conhecimento geral de toda a aldeia no 9 espaço de hora e meia. Como profissional, o meu objectivo é naturalmente a discrição. Por conseguinte, adquiri o hábito de ocultar continuamente à minha irmã toda a informação possível. Mesmo assim, ela geralmente des- cobre, mas pelo menos fico com a satisfação moral de saber que não podem deitar-me nenhuma culpa. O marido de Mrs. Ferrars morreu há pouco mais de um ano e a Caroline alegou constantemente, sem o mínimo fundamento para tal asserção, que a mulher o tinha envenenado. Desdenha da minha réplica invariável de que Mr. Ferrars morreu de uma gastrite aguda, agravada pelo habitual abuso de bebidas alcoólicas. Concor- do que os sintomas da gastrite e os do envenenamento por arsénico não são dissemelhantes, mas a Caroline baseia a sua acusação em linhas bem dife- rentes. «Basta olhar para ela», ouvi-a dizer. Embora já não sendo jovem, Mrs. Ferrars era ainda uma mulher muito atraente, e a roupa, apesar de simples, assentava-lhe sempre muito bem; mas muitas mulheres compram as suas roupas em Paris e nem por isso enve- nenaram necessariamente os maridos. Enquanto eu estava assim hesitante no hall, com tudo isto a passar-me pela cabeça, chegou-me novamente a voz da Caroline, com um tom um pouco mais agudo. — Mas o que é que estás aí a fazer, James? Por que é que não vens tomar o pequeno-almoço? — Já vou, querida — disse eu apressadamente. — Estava a pendurar o sobretudo. — Tiveste tempo para pendurar meia dúzia de sobretudos. Tinha razão, claro. Era verdade. Entrei na sala de jantar, dei-lhe a costumeira beijoca na face e sentei-me para comer os ovos e o bacon. O baconjá estava bastante frio. — Chamaram-te cedo — observou a Caroline. — Sim — disse eu. — Em King’s Paddock. Mrs. Ferrars. — Eu sei — disse a minha irmã. — Como soubeste? — AAnnie disse-me. AAnnie é a criada. Uma rapariga simpática, mas uma tagarela inveterada. 10 Houve uma pausa. Continuei a comer os ovos e o bacon. Apontinha do nariz da minha irmã, que é comprido e fino, estremeceu ligeiramente, como sempre que fica interessada ou excitada com qualquer coisa. — E então? — perguntou ela. — Uma coisa triste. Nada a fazer. Deve ter morrido durante o sono. — Já sei — disse a minha irmã novamente. Desta vez fiquei aborrecido. — Não podes saber — respondi secamente. — Eu próprio só soube quando lá cheguei, e ainda não o mencionei a uma única alma. Se essa rapa- riga, a Annie, sabe, só pode ser uma vidente. — Não foi a Annie que me contou. Foi o leiteiro. Soube-o pela cozinheira dos Ferrars. Como eu disse, a Caroline não precisa de sair para obter informações. Fica sentada em casa e as informações vêm ter com ela. Aminha irmã continuou. — De que morreu ela? Ataque de coração? — O leiteiro não te contou isso? — inquiri sarcasticamente. Mas o sarcasmo é um desperdício com a Caroline. Toma aquilo a sério e responde em concordância. — Ele não sabia — explicou. Afinal de contas, a Caroline ia ter de saber mais cedo ou mais tarde. Mais valia que fosse eu a dizer-lhe. — Morreu de uma overdosede veronal. Andava a tomá-lo nos últimos tempos para a insónia. Deve ter tomado demasiado. — Disparate — disse a Caroline de imediato. — Tomou-o de propósito, é? Não me digas! É estranho, termos uma convicção secreta só nossa, que não desejamos admitir, e sermos levados a negá-la furiosamente quando ouvimos isso ser pronunciado por outra pessoa. Irrompi logo num discurso indignado. — Lá estás tu outra vez — disse eu. — Afazeres juízos apressados sem qualquer razão. Por que é que havia de querer suicidar-se? Uma viúva, razoa- velmente jovem, com uma situação financeira bastante cómoda, de boa saúde e sem nada para fazer a não ser gozar a vida. É absurdo. — Não é nada. Até tu deves ter notado que ela parecia muito diferente 11 ultimamente. E isso de há seis meses para cá. Parecia completamente embru- xada. E tu acabaste de admitir que ela não conseguia dormir. — Qual é o teu diagnóstico? — perguntei friamente. — Um caso amoroso infeliz, não? Aminha irmã abanou a cabeça. — Remorsos!— disse ela com grande entusiasmo. — Remorsos? — Sim. Nunca quiseste acreditar em mim quando te dizia que ela tinha envenenado o marido. Agora estou mais convencida do que nunca. — Creio que não estás a ser muito lógica — objectei. — Seguramente que se uma mulher praticasse um crime como o assassínio, revelaria o sangue-frio necessário para disfrutar disso sem qualquer sentimentalismo frouxo como o arrependimento. ACaroline abanou a cabeça. — Provavelmente há mulheres assim… mas Mrs. Ferrars não era uma delas. Era uma pilha de nervos. Um impulso incontrolável levou-a a livrar-se do marido porque ela era desse tipo de pessoas que simplesmente não conseguem suportar qualquer espécie de sofrimento, e não há dúvida de que a mulher de um homem como Ashley Ferrars deve ter tido muito que sofrer… Acenei com a cabeça em concordância. — E desde então tem andado assombrada pelo que fez. Coitada! Não posso deixar de ter pena dela. Não creio que a Caroline alguma vez tenha sentido pena de Mrs. Ferrars enquanto esta era viva. Agora que ela partira para onde (presumivelmente) já não se pode usar os vestidos de Paris, a Caroline estava preparada para se entregar a emoções mais suaves como a piedade e a compreensão. Asseverei-lhe com firmeza que toda aquela sua ideia era um disparate. E fui ainda mais firme porque concordava secretamente com parte, pelo menos, do que ela dizia. Mas não era nada correcto que a Caroline chegasse à verdade por via de um simples processo de palpites inspirados. Não era eu que ia encorajar esse tipo de coisa. Ia pôr-se logo a andar aí pela aldeia a expor os seus pontos de vista e toda a gente ia pensar que ela andava a fazer aquilo baseada em dados médicos que eu lhe fornecera. Avida é muito dura. — Disparate — disse a Caroline em resposta às minhas repreensões. — Vais ver. Aposto que de certeza deixou uma carta a confessar tudo. 12 — Não deixou carta nenhuma — disse eu secamente, sem ver até onde aquela afirmação me ia levar. — Oh! — disse a Caroline. — Com que então andaste mesmo a fazer perguntas sobre isso, não foi? Creio que, mesmo lá no fundo do teu coração, James, pensas o mesmo que eu. És um refinado farsantezinho. — Deve-se tomar sempre em consideração a possibilidade de suicídio — disse eu num tom solene. — Vai haver algum inquérito? — Pode haver. Depende. Se puder declarar-me absolutamente satisfeito com o facto de que a overdosefoi tomada acidentalmente, isso poderia dis- pensar um inquérito. — E estás absolutamente satisfeito? — perguntou a minha irmã com perspicácia. Não respondi, mas levantei-me da mesa. 13 CAPÍTULOII Q K ’ A UEM É QUEM EM ING S BBOT Antes de avançar mais com o que eu disse à Caroline e com o que a Caroline me disse, talvez seja melhor dar uma ideia daquilo que eu descre- veria como a nossa geografia local. Anossa aldeia, King’s Abbot, é, imagino, muito parecida com outra aldeia qualquer. A nossa grande cidade é Cranchester, a catorze quilómetros de distância. Temos uma grande estação de caminhos de ferro, um pequeno posto dos Correios e dois «Armazéns Gerais» rivais. Os homens saudáveis tendem a abandonar o lugarejo ainda jovens, mas temos riqueza de senhoras solteiras e oficiais militares apo- sentados. Os nossos passatempos e entretenimentos podem ser sintetizados numa só palavra: «coscuvilhice». Há apenas duas casas com uma certa importância em King’s Abbot. Uma é King’s Paddock, deixada a Mrs. Ferrars pelo falecido marido. Aoutra, Fernly Park, é propriedade de Roger Ackroyd. Ackroyd sempre me interessou por ser impossivelmente mais fidalgo rural do que qualquer fidalgo rural realmente seria. Lembra um daqueles participantes corados que apareciam sempre no primeiro acto de uma antiquada comédia musical, sendo o cená- rio o espaço verde da aldeia. Geralmente cantavam uma canção sobre irem até Londres. Hoje temos teatro de revista, e o fidalgo rural morreu por já estar fora das modas musicais. Claro que Ackroyd não é realmente um fidalgo rural. É um imensamente bem sucedido fabricante de (creio) rodas de vagões. É um homem próximo dos cinquenta anos, rosto rubicundo e modos afáveis. É unha e carne com o vigário, contribui generosamente para os fundos da paróquia (embora corram boatos de que é extremamente avarento nos gastos com a sua pessoa), fomenta desafios de críquete, Clubes de Rapazes e Institutos para Soldados Incapacitados. É, de facto, a vida e a alma da nossa pacífica aldeia de King’s Abbot. 14

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Fernly Park, é propriedade de Roger Ackroyd. Ackroyd sempre me interessou por ser impossivelmente mais fidalgo rural do que qualquer fidalgo
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