Capa: desenho mediúnico de Picasso Psicopictoriografado pelo médium Luiz A. Gasparetto Obra atualizada pelo autor espiritual Revisão: Ana Maria Littiéri Editoração Eletrônica: Kátia Cabello Foto 4ª capa: Renato Cirone 44ª edição Dezembro • 2004 10.000 exemplares Publicação, Distribuição, Impressão e Acabamento: CENTRO DE ESTUDOS VIDA & CONSCIÊNCIA EDITORA LTDA. Rua Agostinho Gomes, 2312 Ipiranga • São Paulo • SP • Brasil Fone / Fax: (11) 6161-2739 / 6161-2670 E-mail: [email protected] Site: www.vidaeconsciencia.com.br É proibida a reprodução de parte ou da totalidade dos textos sem autorização prévia do editor. Intróito Baseado nas leis reencarnacionistas foi que escrevi este livro. Somente elas, traduzindo verdades vigorosas que os homens tentam negar a cada passo, podem explicar os mistérios em que a humanidade se debate há milênios, tentando compreender o passado através do estudo de outros povos e de outras civilizações. Este trabalho é despretensioso. No intuito de contribuir de alguma forma para a atual necessidade de divulgação das leis básicas que regem a vida terrena, voltei ao passado distante, buscando no arquivo da minha consciência milenar, a história que procurei narrar, pura e simplesmente. Desejo esclarecer que se trata de uma história real, extraída dos entrechoques constantes que outrora presenciei. Como poderíamos explicar o segredo das civilizações mais antigas sem o auxílio das leis a que me referi? Como explicar o adiantamento do povo egípcio, cuja civilização existia milhares de anos antes da Era Cristã? Seus conhecimentos científicos, gravados em hieróglifos, parte nas ruínas dos templos ainda existentes, parte nas pirâmides, surpreendem o mundo de hoje que ainda se orienta por esses escritos. Mas, como poderiam ser obtidos se não possuíam telescópios, radar, rádio, telégrafo e outros instrumentos de experimentação de que dispõe a ciência moderna? O povo, por si mesmo, nada sabia, mas os sacerdotes que governavam juntamente com o rei a quem chamavam faraó, eram os donos desses conhecimentos. Esses sacerdotes reuniam-se amiúde, recebendo através da prática mediúnica os conhecimentos científicos. Mesmo entre eles, existia a seleção, pois que destas reuniões somente podiam participar os grã-chefes. Houve mesmo um faraó chamado Ramsés II, que era contra a idolatria do povo, o qual fazia imagens de animais e as adorava, rendendo-lhes homenagens. Procurou instituir costumes menos bárbaros, porém de acordo com seus conhecimentos espirituais. Conhecedor das leis mais sagradas do monoteísmo que lhe eram reveladas pelos sacerdotes de Ísis e Ivanhoé, quis abolir o culto da adoração dos animais, porém, receoso da reação popular, pois o povo não estava em condições de compreender um culto mais abstrato, consentiu que adorassem o Sol que, jorrando sua luz magnífica, poderia simbolizar a potência divina. Ainda hoje, já com os tempos mudados, peregrinando pelos vales egipcianos de Tebas, de Tiocletes, podemos observar culturadores do astro-rei, genuflexos, com a fronte no solo crestado pelo sol causticante. Remanescentes de seus antepassados, não querem abolir suas crenças para evoluir. Entretanto, não como no Ocidente, não da mesma forma, eles também conhecem Jesus e o admiram. Isentos da deturpação romana, conhecem um Cristo mais semelhante ao que ele foi realmente. Aliás, seus conhecimentos sobre a reencarnação lhes oferecem uma visão maior da realidade. Em Tebas, principalmente, onde a civilização de outrora reinou, a aragem do tempo transformou muitas coisas, porém, às margens do Mar Vermelho, ainda encravadas em suas rochas bafejadas constantemente pelas ondas, existem cavernas e hieróglifos dos sacerdotes ivanoenses quando se recolhiam à meditação. Recentemente, um cientista belga descobriu um desses recantos e tentou decifrar suas égides, apenas conseguindo conhecer uma parte: tratava-se de um culto a deus, oferecendo seus serviços, nesta existência e na próxima, como um extravasamento de sua fé e certeza na reencarnação. Tebas, magnífica cidade de guerreiros e luz, onde a púrpura dos faraós cinzelou nos templos e castelos, magníficas construções arquitetônicas de pedra, tijolo, gesso, mármore e ouro. Se nos reportássemos àqueles dias, no ano 1200 a.C., veríamos suas ruas repletas de gente, movimentando-se na labuta diária. Levantando a poeira dos caminhos, muitos iam e vinham, incessantemente. Seus trajes bizarros constituíam uma alegre sarabanda para nossos olhos. Naquele dia, porém, um sábado cheio de sol que apesar de entardecer recrudescia ainda fervescente, o movimento era maior e desusado. Todos com seus trajes festivos comentavam alegremente o retorno de Pecos, guerreiro respeitado, que fora a Sídon, a fim de buscar os escravos como de praxe era feito de tempos em tempos, para enriquecer o Império, a mando do soberano. Geralmente, Pecos, para exercer tal incumbência, levava consigo um número de soldados e lanceiros, pois embora o poderio do Faraó dominasse toda a parte baixa do Mediterrâneo, não era sem trabalho que conseguia seu objetivo. Geralmente procedia a uma “caçada” e como caçador, agia furtivamente surpreendendo a presa. Tão bem desempenhava suas funções neste setor, que granjeara a confiança do Faraó a ponto de chefiar seu exército de guarda pessoal. O Faraó, mantido no poder pela violência, era odiado pelos povos das terras subjugadas e receoso de um atentado, possuía um pequeno exército sem o qual nunca saía do palácio e não permitia também que se ausentasse deixando-o desguarnecido. Pecos era o chefe, o comandante desse pequeno exército de lanceiros e quando se ausentava, era substituído por seu imediato, homem de sua inteira confiança. A cidade regurgitava, festejando o regresso de Pecos. Geralmente, ao chegar a caravana, o Faraó dava uma grande festa em sua homenagem, e o povo assistia do pátio externo, recebendo trigo e vinho à vontade, tocando alaúdes e cítaras alegremente, improvisando danças, quando os efeitos do vinho se faziam sentir, e esperando pelas sobras do banquete do palácio. Muitos se deixavam empolgar pelos prazeres do festejo e a orgia prosseguia até que todos, extenuados, rolassem por terra. No palácio, entretanto, a festa constituía-se de um lauto banquete de finas iguarias e depois, quando todos já estavam saciados, envoltos pelos vapores do vinho após a dança das melhores bailarinas do palácio, desfilavam os escravos mais importantes, ou mais interessantes, para serem ofertados a alguém. Nesse ambiente, inicia-se a nossa história. CAPÍTULO I Duas almas, um destino Naquela tarde, o povo rumava para o pátio externo do palácio, conhecedor da chegada, pela manhã, da caravana de Pecos. Viam-se criaturas de todos os tipos: lavradores vestidos com suas túnicas de pano vermelho ou de listrado preto e amarelo, mulheres carregando os filhos pequeninos às costas, jovens alegres, sacudindo os brincos reluzentes, deslizando como felinos pelas ruas poeirentas, com suas túnicas colantes, deixando a nu seus ombros morenos e parte do colo exuberante, calçando finas sandálias de couro de cabra e trazendo os véus cobertos de pedrarias que tilintavam e luziam aos reflexos solares. No palácio, a atividade ia em meio. Escravos cruzavam os vastos salões enfeitados de brocado e púrpura, em uma azáfama constante, dispondo objetos e flores em cochichos e risinhos abafados. Dali a poucos instantes começaria o festim. Décios, escravo que gozava de singulares regalias perante Pecos, e conseqüentemente perante o Faraó e seus sacerdotes, dirigia os outros escravos, nem sempre deixando-se levar pela benevolência e compreensão. Ostentava naquele dia uma túnica cor de vinho, com uma insígnia de pedras no peito, presa ao pescoço por um cordão azul. Fora um régio presente do Faraó por um serviço prestado, que ele orgulhosamente ostentava nas ocasiões festivas. Décios, pressurosamente, dirigiu-se à sala do banquete, examinando mais uma vez se tudo estava como determinara. Sorriu embevecido: na sala havia magníficas flores, frutos, nozes, tâmaras, uvas, pães, carne e muitos outros apetitosos manjares daqueles dias: tudo disposto sobre maravilhosos coxins de púrpura e ouro ao redor das paredes cobertas por finos tecidos da Pérsia e da Macedônia. No centro, a pista onde as dançarinas deveriam efetuar seus bailados, tendo em cada canto, piras, donde saíam constantes línguas de fogo que os escravos reavivavam amiúde, ajuntando-lhes finos extratos de ervas aromáticas que balsamizavam a sala agradavelmente. Os archotes já estavam preparados para serem utilizados assim que o sol se escondesse no crepúsculo róseo do céu de Tebas. O barulho lá fora já principiara, demonstrando que o povo aguardava o início da festa com impaciência. As liteiras e os cavaleiros já começavam a chegar ao palácio e os salões receptivos regurgitavam. Súbito, dois pajens, vestindo a túnica da antecâmara do soberano, saíram pelas cortinas que circundavam o coxim do Faraó. Traziam dois clarins e postando-se eretos, desceram as cortinas, tocando em seguida – como era de praxe – o sinal para anunciar o soberano. Imediatamente o silêncio se estabeleceu. Um homem magro, calvo, moreno, envergando túnica de alvo linho, coberta de pedrarias rutilantes, carregando ao peito a Grã-pedra, penetrou majestosamente no salão. Era o Faraó. Todos se curvaram em reverência. – Meus amigos, – disse ele – saúdo-vos e como anfitrião, espero que todos façam jus à minha hospitalidade. Desejo saudar em particular o emissário que valorosamente cumpriu mais uma vez sua missão em terras distantes. Do outro lado da sala, entrando garborosamente, fazendo reluzir seus atavios, surgiu um homem, seguido por mais seis outros, com suas lanças e escudos, em fila dupla. Pecos, que caminhava à frente, adiantou-se e postado aos pés do Faraó o adorou, saudando-o gentilmente. – Levanta-te, Pecos. Estou satisfeito com o cumprimento de tua missão e quero agraciar-te com a Grã-pedra opalina, para premiar o teu desvelo e tua perícia. Acercou-se então dele, já em pé, e colocou-lhe ao pescoço a grande e maravilhosa pedra rutilante, presa por um cordão luzidio. Pecos agradeceu reverente e ia retirar-se quando o Faraó continuou: – Hoje és o homenageado, portanto, participarás de minha ceia, ao meu lado. Antes quero aparecer à janela contigo e com Potiar, pois o povo quer aplaudir-te. Pecos, altaneiro, na exuberante beleza de seus 30 anos, simpático e forte, surgiu à plataforma que dava para o pátio externo. O povo aclamou freneticamente, satisfeito pelo início da cerimônia, ansioso por começar a divertirse. O Faraó, que aguardava um pouco atrás, adiantou-se por sua vez e disse: – Meu povo! Eis o nosso herói, que mais uma vez retorna de uma missão rendosa para o nosso país.Trouxe-nos muitas conquistas e, portanto, ordeno que seja iniciada a distribuição de vinho, trigo e frutos a todos os presentes e que seja também iniciada a música para o vosso divertimento! Verdadeira ovação aclamou as palavras do soberano, que vinham de encontro ao desejo de cada um. Tomando Pecos pelo braço, o Faraó entrou novamente na sala de recepção, sempre seguido pelo seu imediato Potiar, que silencioso e circunspecto, tudo observava calma e solenemente, passando em seguida para o salão do banquete, onde os demais o seguiram e os escravos começaram a servi- los. Enquanto todos se divertiam, gozando os prazeres que satisfazem as vaidades, um lugar havia onde o sofrimento imperava: eram as celas que continham os escravos prisioneiros. Eram eles o fruto da caçada covarde e ignominiosa. Conhecedores do atentado de que haviam sido vítimas, aguardavam esperançosos uma oportunidade para fugir. No entanto, eram bem vigiados pelos soltados. Nem para comer ou outras
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