ebook img

O Amor Chegou Tarde em minha Vida PDF

184 Pages·2016·2.58 MB·Portuguese
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview O Amor Chegou Tarde em minha Vida

DADOS DE COPYRIGHT Sobre a obra: A presente obra é disponibilizada pela equipe Le Livros e seus diversos parceiros, com o objetivo de oferecer conteúdo para uso parcial em pesquisas e estudos acadêmicos, bem como o simples teste da qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura. É expressamente proibida e totalmente repudíavel a venda, aluguel, ou quaisquer uso comercial do presente conteúdo Sobre nós: O Le Livros e seus parceiros disponibilizam conteúdo de dominio publico e propriedade intelectual de forma totalmente gratuita, por acreditar que o conhecimento e a educação devem ser acessíveis e livres a toda e qualquer pessoa. Você pode encontrar mais obras em nosso site: LeLivros.us ou em qualquer um dos sites parceiros apresentados neste link. "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível." Aos estranhos, aos que se sentem estranhos, aos deslocados, aos que amam as misérias, aos que buscam um motivo, aos que perseguem a coerência. Aos que não pertencem a lugar algum e por isso conseguem fazer tanto por tantos em tantas partes do planeta. Às complexas mulheres sozinhas da minha geração e a todas as mulheres honestas do mundo. I wish I was special You’re so very special But I’m a creep I’m a weirdo What the hell am I doing here? I don’t belong here “Creep”, Radiohead Sumário Prefácio 1. Estranha tranquilidade 2. Uma janela para a vida 3. Muito além de Brasília 4. O amor no gelo e outras viagens 5. Vamos falar honestamente? 6. O amor chegou tarde em minha vida Posfácio: Nós, as mulheres do mundo Prefácio Este livro já estava pronto quando comecei a escrevê-lo. Durante anos adiei essa decisão e, quando percebi, já estava tudo ali: textos, fotos, ideias, trechos de artigos publicados em revistas e jornais, colunas esporádicas, capítulos inteiros não terminados, frases ouvidas em tantos encontros, seminários e eventos, citações nas redes sociais, histórias de amigos queridos, além da história das mulheres brasileiras e de minha própria trajetória desenhada sob o cenário das mulheres da minha geração. Todos nós temos algo a acrescentar ao que já foi dito sobre as mulheres e seus dilemas — inclusive porque o tema é relativamente recente. Em perspectiva, na longa cauda do curso da humanidade, só se vê registro da história das mulheres e do que elas desejam nos últimos sessenta anos. Por isso começo este livro agradecendo a todos os citados nas próximas páginas. Com suas declarações, reflexões ou apenas frases ditas sem qualquer intenção, essas pessoas me ajudaram a transformar em tese o que antes poderia não passar de uma vaga sensação. Gostaria de poder dizer aqui que sempre fui feminista. Mas seria uma inverdade. Ainda que por vocação eu tenha abraçado a defesa de questões muito femininas ao longo da vida, o fato é que, circunstancialmente, quando comecei a trabalhar estava preocupada demais comigo mesma para prestar atenção na bandeira defendida pela geração anterior à minha. Hoje sei que, se encontrei portas abertas para o trabalho que desenvolvi e pelo qual sou reconhecida, devo essa condição às mulheres que gritaram que nós também poderíamos ser o que desejássemos. Obrigada a todas elas. Registro ainda minha expectativa e esperança na próxima geração, que me parece naturalmente mais equilibrada e capaz de levar todas as mulheres a um estado de beleza mais pleno. Há muitas outras pessoas presentes no longo caminho que percorri catando retalhos da minha vida até formar o patchwork da história narrada neste livro. Conheço Guta Nascimento desde sempre. Ou pelo menos assim me parece. Não há nada mais que precise ser dito entre nós, e por isso Guta é não apenas coautora deste relato mas também parte da memória que ajudou a construí-lo. Trabalhamos juntas há mais de uma década e foi Guta quem gravou comigo os depoimentos que dariam origem a cada capítulo — além de ter escrito a primeira versão de todos eles. Beatriz Alessi foi incansável, como sempre, relendo cada frase e usando sua inteligência, sua sagacidade e todo o seu conhecimento sobre a escorregadia gramática da língua portuguesa para corrigir meus inúmeros deslizes. Obrigada, Bia. Outras amigas queridas se dispuseram a ler os originais e emitir sua preciosa opinião. Por isso agradeço a Mônica Gugliano, Natália Leite e Nuria Casadevall. Curioso que a maioria dos que desejo citar aqui pela importância que tiveram neste processo seja mulher. Muitos me disseram, durante as conversas que tive para a elaboração deste livro, que as mulheres são nossas principais inimigas. Segundo o dito popular, não seríamos suficientemente solidárias e, pior, seríamos nossas mais severas críticas. Não tenho argumentos sólidos para rebater a conclusão, mas consigo imaginar um futuro próximo menos previsível para as que se ajudam na tarefa de usar com sabedoria o que sabemos fazer melhor. Fomos treinadas na observação do outro. Temos alguns milênios de vantagem competitiva na tarefa de compreender o próximo e, por conseguinte, o intrincado tecido social. Concluo, portanto, que somos bastante competentes na desafiadora missão de liderar transformações e não nos deixar corromper. E só tornaremos essa missão verdadeira se formos amigas umas das outras — e admiradoras de nós mesmas. Esse processo já está em curso. Sou fã de todas as mulheres que, mesmo sem tempo, mesmo cansadas, mesmo tímidas, mesmo culpadas, reúnem-se em grupos para discutir como caminhar na direção do conforto individual sabendo que ele só virá se for acordado coletivamente. Quando comecei a escrever este livro, não havia muitos fóruns de mulheres falando sobre a condição feminina. Eu mesma ajudei a formar alguns deles e participo até hoje de outros tantos. Essas discussões fizeram com que muita coisa mudasse em pouco tempo, e a velocidade das mudanças só cresce. Nesses grupos aprendemos que nossos problemas, nossas angústias e nossos desejos não são individuais. Somos parte de um momento da história em que, juntas, faremos a diferença. O momento da ênfase em valores como a ética e a lealdade. Ambos substantivos femininos. Mas também há muitos homens que empunham a bandeira da equidade de gêneros e a quem devo um muito obrigada. Homens sem os quais eu não teria nem começado a escrever este livro. O publisher Matinas Suzuki Jr. é um deles. Matinas me convenceu de que, apesar de meus dramas pessoais quanto à relevância daquilo que eu pudesse escrever, era hora de falar — publicamente. Ele e a editora Thais Pahl nunca duvidaram de que teriam um documento do qual se orgulhariam e por isso me incentivaram e respeitaram meu tempo na construção desta narrativa. Agradeço aos padrinhos de casamento Suzy e Leonardo Lachman por serem amigos, por compreenderem como poucos o sentido de apadrinhar o outro — cuidar, estar perto, aceitar. Eles sempre estiveram e sempre estarão ao meu lado, e eu sempre serei grata por isso. E meu maior obrigada, claro, é para Walter Mundell, meu marido, que abdicou de tantos momentos de lazer para que eu pudesse escrever — esse ofício tão solitário. Walter é a grande fonte de inspiração deste livro. É por sua causa que tenho episódios importantes para contar aqui, e sei que minha vida continuará sendo interessante e inspiradora para muitas outras mulheres porque estou ao seu lado. Apesar disso, O amor chegou tarde em minha vida não é apenas sobre o amor que aprendi com Walter. O amor a que me refiro no título é também o amor por mim mesma. Ele demorou para chegar. Hoje me sinto capaz não só de amar, mas de espalhar amor de várias maneiras. Escrevendo este livro, por exemplo. O sentimento não é piegas nem excessivamente romântico. O amor que sinto é objetivo e um tanto racional. O amor que sinto se parece comigo. Decidi amar porque a vida não seria a mesma sem essa graça. Decidi amar assim como resolvi, ainda menina, lá em Brasília, tantas outras coisas fundamentais para meu futuro e minha história. Sim, amar pode ser um aprendizado e todos nós podemos aprender o que quisermos. Nunca é tarde demais. Pode acreditar. E quanto mais a gente ama, mais esse amor se acumula — por você e pelos que você admira. 1. Estranha tranquilidade Eu estava muito tranquila, excepcionalmente tranquila. Conduzia meu carro para mais um dia de trabalho que, sabia, seria o último ali. Depois de dezoito anos, eu deixaria a TV Globo. Avancei devagar os seis quilômetros que separavam a minha casa da emissora. Sem pressa. Calma. Dali a poucas horas, eu deixaria de apresentar o Jornal da Globo. Bancada nobre da televisão, uma das cadeiras mais cobiçadas do jornalismo brasileiro. Olhar o passado a partir de algum distanciamento nos permite percebê-lo de outro ângulo. Hoje, aquela decisão talvez não tivesse tanto peso. Estar à frente de um jornal na televisão aberta ainda é uma das posições mais nobres entre os veículos de mídia. Mas esse posto agora disputa espaço com inúmeras outras plataformas. É como se a janela da TV tivesse diminuído de tamanho e várias outras tivessem se aberto. Os ventos da informação circulam mais livremente, o que, na teoria, é ótimo. Na prática, no entanto, ainda estamos longe do ideal de qualidade da notícia e de sua disseminação. Mas, quando decidi deixar aquela cadeira, estava desafiando paradigmas e tradições. E sabia que seria cobrada por isso. Certeza é uma casa de tijolos muito bem assentados. Demora para ficar pronta. Tem alicerce. A minha casa de certezas ficou pronta depois de muitos anos de reflexão sobre a mulher que eu era e a mulher que eu realmente queria ser. Por isso começo este livro assim. Deixar a Globo foi um ponto de inflexão em minha vida, o início de outro trajeto. A pessoa que conduziu aquele carro em direção à demissão não era dada a impetuosidades. Ainda não é. Sou de longos raciocínios e muitos estudos. Apesar de reservada, não me considero única e me sinto confortável trabalhando em grupo. Fiz muitas pesquisas sobre as mulheres da minha geração. E concluí que, como elas, queria e — mais do que isso — precisava de equilíbrio. Pedir demissão resultara do complexo somatório de planejamento, estratégia, razão e emoção. Não era apenas a decisão de mudar de trabalho. Era um gesto consciente para mudar de vida. O que eu não sabia até ali era para onde exatamente essa guinada me levaria. Uma grande amiga me disse: “Agora você vai saber o tamanho que realmente tem”. A frase me assustou. Nunca tinha pensado nisso. Mesmo dando inúmeras voltas na racionalidade, qual era meu tamanho no mercado era uma questão que

See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.