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Novo Aeon: Raul Seixas no torvelinho de seu tempo PDF

234 Pages·2010·0.983 MB·Portuguese
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Vitor Cei Santos N A ovo eoN Raul Seixas no torvelinho de seu tempo Editora Multifoco Simmer & amorim Edição e comunicação ltda. av. Mem de Sá, 126, lapa rio de Janeiro - rJ cEP: 20203-152 Autor • Vitor Cei Santos CApA • Luan Pirola/Aline Marion Foto dA CApA • Folhapress diAgrAmAção • Tayanne Cura revisão • Andréia Delmaschio/ Rodrigo Afonso CAtAlogAção • Saulo de Jesus Peres - CRB12/676 Dados Internacionais de Catalogação na publicação (CIP) Santos, Vitor Cei, 1983- S237n Novo Aeon : Raul Seixas no torvelinho de seu tempo / Vitor Cei Santos. – Rio de Janeiro : Multifoco, 2010. 234 p. ; 14 x 21 cm. Originalmente apresentado como dissertação do autor (mestrado– Universidade Federal do Espírito Santo) ISBN XXXXXXX 1. Seixas, Raul, 1945-1989 – Crítica e interpretação. 2. Pós - modernismo – Filosofia. 3. Indústria cultural – Brasil. 4. Música popular – Brasil – História e crítica. 5. Nova Era (Movimento esotérico). 6. Teoria literária. I. Título. CDU: 316.722 78:133.3 78.071.1 82.09 Todos os direitos reservados. A reprodução de qualquer parte desta obra, por qualquer meio, sem prévia autorização do autor e da Editora Multifoco, constitui violação da LDA 9610/98. Vitor Cei Santos N A ovo eoN Raul Seixas no torvelinho de seu tempo luminária luminária academia academia um selo da editora multifoco rio de Janeiro, 2010 S ´ umArio Agradecimentos 7 Do Monstro SIST e arredores 8 (Sérgio da Fonseca Amaral) Um livro em alto e bom som 13 (Wilberth Salgueiro) Introdução 18 1. O ouro de tolo do Velho Aeon 1.1. Desbunde & censura 45 1.2. O torvelinho da modernidade 53 1.3. O retado Monstro SIST 65 1.4. Pipoca aos macacos 79 2. um trem para o Novo aeon 2.1. A Lei de Thelema 99 2.2. O raulseixismo em seu tempo 130 2.3. Ói o trem 151 3. Melancolia e promessas de amor 3.1. Charrete sem condutor 167 3.2. Kamikaze em marcha lenta 190 3.3. No final, carpinteiro de si 202 Epílogo 213 Bibliografia 223 Discografia 231 A grAdecimeNtoS O solitário trabalho de indagar, pensar e escrever não seria possível sem a companhia e a colaboração de muitas pessoas, que de diversos modos deixaram suas marcas neste livro. Nos três estágios desta pesquisa, das graduações em fi- losofia e jornalismo ao mestrado em Estudos Literários, eu tive o privilégio de ser orientado por Claudia Murta, Darcília Moysés e Sérgio da Fonseca Amaral. A vocês, agradeço o clima aberto de pensamento e a acolhida oferecida a esta pesquisa. Agradeço aos membros das bancas examinadoras, Adilson Vilaça, Jorge Luiz do Nascimento, Luis Eustáquio Soares, Marcelo Paiva de Souza, Ronaldo Lima Lins e Wilberth Salgueiro, pelas valiosas críticas e sugestões. À minha família e aos meus amigos, colegas, pro- fessores e alunos que, de algum modo, tenham contri- buído com a minha formação. Em especial, agradeço a Adolfo Oleare, Délio Freire, Luan Pirola, Miriam Costa Cordeiro, Paulo “Futeco” Carvalho e Sthefanny Gozze. À toda equipe da Multifoco, em especial aos edi- tores Frodo Oliveira e Rodrigo Afonso Magalhães, pela confiança em meu trabalho. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela bolsa de mestrado que financiou a pesquisa. E por fim, evocando o princípio, agradeço ao ami- go Welder da Silva Dalla Bernardina, por ter me apre- sentado a obra do Raul Seixas. Novo Aeon: Raul Seixas no torvelinho de seu tempo 7 d m SiSt o oNStro e ArredoreS C om este livro, escrito inicialmente para uma dis- sertação de mestrado, na Universidade Federal do Espírito Santo, Vitor Cei Santos apresenta um estudo instigante e intrigante sobre um dos mais polêmicos músicos na dé- cada de 70, no Brasil. O trabalho desenrola um fio cheio de nós o qual poderia não apontar a saída do labirinto histórico, artístico, político, cultural e biográfico no qual se embrenhou. Pois o resultado apresentado demonstra uma solução muito bem resolvida da situação. Primeiro, consegue destacar o músico e suas canções tanto no con- texto no qual estava inserido, como ressaltar sua proposta de transformação voltada para aspectos místicos e alter- nativos em relação ao embate dominante do período; se- gundo, por perseguir um método que não perde de vista a transição sócio-político-econômica brasileira para uma pós-modernidade que se anunciava. Houve um tempo no Brasil, especificamente o final da década de 60 e toda a de 70, que todas as discussões encaminhavam-se para polarizações acaloradas diante da circunstância política em que o país vivia. Estávamos sob o tacão da ditadura militar, portanto nada mais natural que assim o fosse. Todos eram chamados, ou constrangidos, em qualquer debate – do botequim ao congresso nacional –, a tomar partido sobre a situação existente. Isso não sig- nificava, necessariamente, posicionar-se na prática efetiva da luta política partidária, mas, mesmo nos assuntos mais gerais, demarcar uma linha imaginária entre o que corro- 8 Vitor Cei Santos borava o regime vigente e a oposição a ele. Diante disso, a produção cultural do país não poderia passar incólume às pressões vindas de todas as partes envolvidas no processo: dos produtores aos receptores. Então vivíamos uma situação paradoxal: o país final- mente deslanchava a sua indústria cultural de massa por ter construído e sistematizado um parque hegemonicamente explorado pela televisão, em grande parte fomentado pelos governos da ditadura militar. A televisão, na década de 70, assume o espaço outrora ocupado pelo rádio. Com isso, a indústria fonográfica também expande-se e uma nova ge- ração de músicos ocupa o cenário dentro dos vários ritmos que consolidam a audiência: notadamente, a Jovem Guarda, a MPB, a música chamada brega e o rock. Paradoxal por- que, se de um lado a ditadura incentivava e implementava técnica e tecnologicamente tal parque, por outro censurava uma boa parcela de sua produção realizada pelos artistas envolvidos no processo de criação. Nem a chamada música brega escapou da tesoura dos censores. A censura alegava motivos de ordem moral e antissubversiva para vetar certas obras, porém, evidentemente, a atenção era voltada para qualquer palavra que pusesse sob suspeita o governo insta- lado. Nesse quadro, fervilharam os festivais que impulsio- naram carreiras como as de Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso. O Tropicalismo, movimento surgido para repensar a cultura nacional num contexto prenunciador do que hoje se chama globalização, afirma-se como uma vertente estético-cultural consciente da necessidade de modernizar e inserir definitivamente o país numa massificação que es- capasse às fronteiras do nacionalismo caricato. Assim, o palco musical transformou-se, ele também, num campo Novo Aeon: Raul Seixas no torvelinho de seu tempo 9 de batalha ideológico com partidários de tais e tais mú- sicos ou músicas. Concomitantemente, existia o movi- mento jovem em escala planetária, pelo menos da banda ocidental. Tais injunções não podiam deixar de reverberar no país, e, como expressão político-ideológico-existencial, os artistas da música ganharam uma notoriedade além de suas atribuições de músicos: uns viram-se transformados em gurus para uma nova ordem social. Se, de um lado, havia uma devoção, quase religiosa, de outro, a racionali- dade técnica comandava o espetáculo, o show business e a organização empresarial sobre o apelo estético. Em tal imbricação curiosa floresceu uma massa de jovens ansio- sos por transformação social, embebidos em canções e em rock’n’roll. Desbundando-se, ou engajando-se, muitos elegeram músicos como ídolos para verdadeiras adora- ções. Acreditava-se que, pela música, uma revolução seria possível, pois, segundo um jargão da época, conscienti- zaria as massas. Em tal conjuntura é de se esperar que os ânimos se acirrassem, por vezes. Como exemplo, lembre- mos a vaia recebida por Caetano num dos festivais e o seu famoso desabafo; o incensamento de Geraldo Vandré e de sua canção, transformada em hino contra a ditadura militar. Por outras bandas, para tocar a vida, simplesmen- te, havia a música brega e suas enxurradas de amores fra- cassados e doridos, levando à comoção um público refém de um romantismo residual, porém ainda dominante no imaginário estandardizado. Resumidamente, a configuração do período apresen- tava o quadro descrito acima. Assim, é compreensível que opções estético-políticas fossem feitas, defendidas e vivi- das por grupos sociais que se conflitavam num país vio- lentamente silenciado. Contudo, deve-se tentar entender 10 Vitor Cei Santos

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