N A T R A V E O que falta para o futebol brasileiro ter uma gestão profissional Michel Fauze Mattar Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei no 9.610, de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográfi cos, gravação ou quaisquer outros. Copidesque: Tania Heglacy Moreira Revisão: Roberto Mauro Facce Editoração Eletrônica: Estúdio Castellani Elsevier Editora Ltda. Conhecimento sem Fronteiras Rua Sete de Setembro, 111 – 16o andar 20050-006 – Centro – Rio de Janeiro – RJ – Brasil Rua Quintana, 753 – 8o andar 04569-011 – Brooklin – São Paulo – SP – Brasil Serviço de Atendimento ao Cliente 0800-0265340 [email protected] ISBN 978-85-352-7867-5 ISBN (versão digital): 978-85-352-7868-2 Nota: Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação, impressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação ao nosso Serviço de Atendimento ao Cliente, para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão. Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas ou bens, originados do uso desta publicação. CIP-Brasil. Catalogação na Publicação Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ M386n Mattar, Michel Fauze Na trave: O que falta para o futebol brasileiro ter uma gestão profi ssional / Michel Fauze Mattar. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. 23 cm. ISBN 978-85-352-7867-5 1. Planejamento estratégico. 2. Esportes – Administração. 3. Marketing esportivo. 4. Futebol – Brasil. I. Título. 14-10570 CDD: 796.0698 CDU: 796.062 Aos meus pais, pela vida e pelo apoio incondicional. À Raquel e ao Luca, pela jornada e pela companhia. AGRADECIMENTOS Agradeço a André Wolff, Nina Bandeira e a toda a equipe da Edi- tora Elsevier, por acreditarem na proposta do livro e proporciona- rem todo o apoio para sua realização; à Maria Madalena Macedo Vicente por suas contribuições com pesquisa de materiais, revisões e correções do texto, críticas e sugestões; e, finalmente, aos meus familiares que compreenderam e suportaram minha ausência du- rante a elaboração deste livro. A todos, meus sinceros agradecimentos. Michel Fauze Mattar AUTOR Michel Fauze Mattar: Mestre em Administração e Bacharel em Esporte pela Universidade de São Paulo. Especializado em Mar- keting pela Fundação Instituto de Administração – FIA. Foi dire- tor executivo do Grêmio Barueri Futebol Ltda. É coordenador do curso de Gestão de Negócios Esportivos e professor dos cursos de MBA e Especialização da FIA nas disciplinas: Gestão Esportiva, Marketing Esportivo e Patrocínio. É professor do curso Master em Gestão do Futebol promovido pela Federação Paulista de Fu- tebol. Pesquisador e profundo conhecedor de Gestão no Espor- te e Marketing no Esporte. Sócio-diretor da Mattar Serviços de Marketing e Pesquisas. Outras obras do autor: Organizador e coautor do livro Gestão de negócios esportivos, pu- blicado pela Editora Elsevier. Coautor do livro Gestão do esporte no Brasil: desafios e perspectivas, publicado pela Editora Ícone. APRESENTAÇÃO Todo o movimento teve início na década de 1990. Foi aí que sur- giram no Brasil os primeiros canais de televisão exclusivamente de- dicados ao esporte, casos da SporTV e ESPN e, por consequência, iniciou-se por aqui um fenômeno já conhecido em outros países: o da hipercomercialização do esporte. Nesse contexto, o futebol, beneficiado pela cultura brasileira, genuinamente monoesportiva, invadiu e dominou as grades de programação. Ele, que outrora era acompanhado pela televisão ao vivo somente nos canais abertos, em horários preestabeleci- dos e em apenas alguns poucos dias da semana, agora entrava no sistema 24/7. Jogos, competições, disputas e campeonatos de todas as categorias e divisões dos mais diversos países e partes do mundo passaram a estar a apenas um clique de distância, em qualquer hora do dia. NA TRAVE Lembro-me de, na infância, acompanhar os jogos no rádio, imaginando cada lance e aguardando ansiosamente os programas de debates ou o VT (de um único jogo!) que iria ao ar um pouco mais tarde. Hoje, praticamente todos os jogos dos campeonatos do planeta estão ao nosso alcance por meio dos mais diversos ca- nais de televisão aberta, fechada, Internet, parabólica ou ainda no sistema pay-per-view. Esse fenômeno foi extremamente relevante, pois produziu uma verdadeira revolução nas estruturas centrais que sustentavam o mo- tor financeiro dos clubes e federações do Brasil. Os recursos diretos provenientes das emissoras de televisão para a aquisição dos cha- mados direitos de transmissão, aliados a todas as receitas adicio- nais impulsionadas por essa nova amplitude de exposição e pela consequente valorização das marcas dos clubes e atletas, alteraram o patamar dessas instituições, dando-lhes grande visibilidade e ele- vando seu poderio econômico. O que até a década de 1980 tinha como matriz de receitas basi- camente a comercialização de ingressos e, eventualmente, as vendas pontuais dos extintos passes de atletas, tornou-se uma fonte ampla de oportunidades comerciais e mercadológicas, alavancadas pelo poder de amplificação que somente a contínua cobertura de mídia – em especial a televisiva – tem. Assim, receitas com patrocínios, produtos licenciados, parcerias com investidores privados, venda de produtos oficiais, ações promocionais de todas as naturezas, dentre XII inúmeras outras, foram todas alavancadas por esse novo e inevitável cenário. O futebol havia se transformado em negócio! Ao mesmo tempo que esse volume extraordinário de recursos financeiros criou a expectativa de promover um possível salto de qualidade do futebol praticado em nossos campeonatos, escancarou a ineficiência da gestão praticada nos clubes e federações. Assim surgiu a discussão sobre a profissionalização da gestão do futebol brasileiro. Afinal, se estávamos falando de negócios, preci- sávamos gerir aquilo como um verdadeiro negócio. O debate começou de forma tímida, com alguns poucos forma- dores de opinião aventurando-se a apontar a ineficácia e ineficiên- cia da gestão e a falta de visão de negócio dos dirigentes do futebol como uma das causas para os eventuais problemas e dificuldades vividas pelos clubes. Muitos passaram a confrontar nosso modelo de gestão com ou- tros, praticados no exterior, especialmente nos Estados Unidos, onde o esporte é, há muito tempo, gerido como negócio. Tentou-se, por meio da força de uma lei – a Lei Pelé no 9.615/1998 – tornar os clubes em empresas, imaginando-se que, sob esta configuração, pudesse haver um salto de qualidade na ges- tão; não vingou, pois a lei, antes de ser promulgada, sofreu ajustes XIII NA TRAVE que a descaracterizaram, em consequência do lobby exercido pelas partes contrárias ao texto original. A discussão ganhou ainda mais força a partir da publicação dos balanços dos clubes, resultado da transparência exigida pela mesma Lei Pelé – quando se pode então ter uma noção mais clara e precisa da dimensão da situação vivida pelos clubes. O que se viu foi um quadro de endividamento sistêmico em que quase a totalidade dos clubes de futebol do Brasil revelou-se com dívidas acumuladas – com o poder público e o setor privado – em volume muito superior à sua capacidade de geração de receitas, tornando-as praticamente impagáveis. Anos e anos de gestões ineficazes e descomprometidas com o equilíbrio e a saúde financeira estavam agora revelados. Mais ainda: anos após a publicação dos primeiros balanços o que se nota atualmente é um constante crescimento desse endivida- mento por parte dos clubes. Ou seja, ainda que revelado o quadro sombrio em que se encontrava, pouco se fez, de lá para cá, no sen- tido de reduzir o problema; ao contrário, o sangramento aumentou significativamente. Então, o que se pergunta nos dias de hoje é: por que, apesar de todo este cenário, o futebol brasileiro não encontra uma saída, uma solução? Por que, a despeito de tanta pressão popular e de outras XIV forças, a gestão dos clubes não muda? Qual é a solução mais viável e realista para que esta situação se altere? Como é o modelo norte- -americano de negócios no esporte, tão invejado mundo afora, e por que ele não é adotado aqui? O que podemos esperar em termos da gestão de nossos clubes de futebol? As respostas para todas essas perguntas você, leitor, encontrará ao longo do livro. Boa leitura! Michel Fauze Mattar [email protected] [email protected] XV
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