Apoio ao Ensino Básico no Arquipélago dos Bijagós CIDAC/FASPEBI/UE Material Didáctico de Apoio Aulas de Oralidade de Português (2ª classe) Ana Isabel Rebelo da Silva Carvalho, Lino Bicari, Vanda Medeiros, Luigi Scantamburlo Índice pag. Introdução 3 Parte I - Tema 1: Identificação 5 Lição nº 1 : Bom dia 5 Lição nº 2 : Apresentação 7 Lição nº 3 : Cumprimento 8 Lição nº 4 : Onde é que nós estamos? 10 Lição nº 5 : A Família 11 Lição nº 6 : A Escola 13 Lição nº 7 : Desenho da Família 15 Lição nº 8 : A minha Família 18 Lição nº 9 : Quem é o mais velho? 20 Lição nº 10 : Desenho 22 Lição nº 11 : Revisões 23 -Tema 2: Escola 24 Lição nº 12 : A nossa Escola 24 Lição nº 13 : O que é isto? 25 Lição nº 14 : Para que serve isto? 27 Lição nº 15 : O que há fora da Sala de Aula 29 - Tema 3: Corpo 30 Lição nº 16 : O Corpo 30 Lição nº 17 : O Chefe manda 32 Lição nº 18 : Para que servem as partes do Corpo? 34 Lição nº 19 : A Saúde 36 Lição nº 20 : Vamos ao Médico 40 Lição nº 21 : Peso e Altura 42 - Tema 4: Roupa/Cores 44 Lição 22: As cores e as roupas 44 Lição 23: A roupa 44 - Tema 5: Família - Morança – Tabanca 45 Lição 24: A Família 45 Lição 25 A tabanca e a morança 46 - Tema 6: Tempo/horas 48 Lição 26: O tempo e as horas 48 Lição 27: As horas do dia 49 Lição 28: As horas e os Pronomes demonstrativos 49 Lição 29: As horas do dia 50 - Tema 7: Animais 52 Lição 30: Os animais da aldeia 52 Lição 31: Animais – história 53 Lição 32: Pronomes relativos e Advérbios 54 2 - Tema 8: Plantas 56 Lição 33: As plantas 56 - Tema 9: Água 57 Lição 34: A Água 57 - Tema 10: Profissões 59 Lição 35: As profissões 59 - Tema 11 Transportes 61 Lição 36: Os meios de transporte 61 - Tema 12 Meios de Comunicação 63 Lição 37: Os meios de Comunicação 63 - Tema 13 Jogos 64 Lição 38: Jogos recreativos 64 Lição 39: Advinhas 65 INTRODUÇÃO 1. Material elaborado Aulas-exemplo: conjunto de textos que contêm a descrição pormenorizada das aulas iniciais de Oralidade de Português. 2. Acerca do material de apoio As aulas de Oralidade de Português estão divididas por diferentes temas. Os primeiros dois temas incluem o seguinte material de apoio para o professor: Tema 1 – Identificação: 11 lições-exemplo. Tema 2 – Escola: 4 lições-exemplo. Estas 15 lições-exemplo têm como objectivo ajudar os professores durante a fase inicial do ensino da oralidade de português. Através das lições-exemplo pretende- se demonstrar como se concretiza uma aula prática. O professor deve ir progressivamente adaptando estas lições ao contexto cultural e social da sua escola e às necessidades e conhecimentos específicos dos alunos da sua classe, de forma a desenvolver as suas próprias aulas. Tema 3 – Corpo: 6 lições exemplo. Após este período inicial de 21 lições, alguns professores deverão ser capazes de elaborar as suas próprias aulas. Assim, o professor pode optar por dar as aulas de acordo com os exemplos fornecidos ou por criar as suas próprias aulas a partir dos objectivos e conteúdos definidos na ficha de apoio. 3 3. Orientações gerais A primeira preocupação que o professor deve ter é que o aluno perceba o sentido do objecto ou da acção antes do nomear ou expressar numa língua segunda (deve já possuir ou deve descobrir, à partida, o modelo conceptual). Por isso, cada lição de oralidade deve partir do que o aluno já conhece por experiência própria ou do que, logo no início da lição, pode ver, ou ouvir, ou gostar. É a partir deste conhecimento conceptual averiguado nos alunos que deve começar a segunda preocupação do professor que é a de ensinar aos alunos qual é o modelo lexical (palavras) da língua que vão aprender que se aplica ao modelo conceptual que os alunos já conhecem. Isto é: o aluno deve dar um nome ao que já conhece aliás, só pode falar do que já conhece. Para que as aulas decorram com sucesso é indispensável que o professor as prepare com antecedência. Na preparação das aulas devem constar os seguintes momentos: A) Formação dos professores antes do início das aulas de oralidade de português. Os professores devem ser familiarizados com os conteúdos dos materiais didácticos de apoio (aulas-exemplo). Devem testar em aulas simuladas o material existente e proceder às adaptações e alterações gerais necessárias. Deve dar-se especial atenção ao primeiro tema, prever o tempo necessário para cada lição. Se tal for considerado necessário, as “lições-exemplo” podem ser desdobradas em duas (uma lição passa a ocupar o tempo de duas lições) ou agrupadas (duas lições passam a constituir uma única lição). Deve também tentar-se prever a data previsível da conclusão deste tema nas diferentes escolas. Os professores devem fazer uma lista do material didáctico necessário para estas lições e tentar, com a ajuda dos formadores, encontrá-lo ou criá-lo a partir de materiais locais e/ou disponíveis na área da escola. As aulas de oralidade de português devem ser relacionadas com as restantes disciplinas. Os professores e os formadores devem encontrar um “equilíbrio” para os horários escolares de forma a alternar aulas “práticas” com aulas mais “teóricas”; aulas mais “calmas”, com aulas mais “movimentadas”. A) Formação em exercício: acompanhamento do primeiro tema e preparação de novos temas Os formadores e os professores devem organizar um calendário de “encontros” regulares (por ilha?) de forma a acompanhar as aulas do primeiro tema, a corrigir planificações que se revelem desajustadas, e a preparar as aulas dos restantes temas. 4 TEMA 1 - IDENTIFICAÇÃO - LIÇÃO 1 – BOM DIA Vocábulos: Bom/boa Ser (sou / és) Dia/ tarde/ noite Chamar (chamo/as) Como Até Eu / me Já Tu / te Logo Amahnã O professor entra na sala e diz:: - Bom–dia! (ou boa tarde, conforme a hora do dia) O professor explica que aquela aula é para começarem a aprender a falar português. Fala-lhes também porque é que é importante aprenderem a falar português. O professor deve ser capaz de explicar aos seus alunos o porquê de aprenderem a falar a língua portuguesa, qual a importância desta língua na Guiné-Bissau e quais os benefícios que o seu domínio lhes poderá trazer futuro. O professor deve pedir aos alunos para se sentarem em círculo ou semi-círculo, de modo a todos se verem uns aos outros. O professor volta então a repetir:: - Bom-dia! O professor pede para os alunos repetirem O professor ensina depois aos alunos a cumprimentar em português conforme a hora do dia. E diz:: Boa-tarde! E pede para os alunos repetirem Depois ensina: - Boa –noite! E pede para os alunos repetirem Depois cumprimenta-os de novo e fá-los repetir o cumprimento, apertando a mão a cada um e dizendo a uns bom-dia, a outros boa-tarde e a outros boa-noite. A seguir o professor apresenta-se: aponta para si e diz:: - Eu sou o professor (deve falar claramente, devagar e repetir). Depois o professor chega ao pé da criança e tocando nela diz: -Tu és o aluno Volta a indicar a sua pessoa e diz: - Eu 5 Dirige-se depois para o aluno e diz:: -Tu Faz o aluno dizer “eu” apontando com a mão o seu próprio corpo e dizer “tu” apontando o professor. Faz isto com todos os alunos. Depois diz:: - O meu nome é...(nome do professor)! (E repete a mesma frase). Depois o professor aponta um dos alunos e diz: - Qual é o teu nome? O professor espera que o aluno tenha entendido e dá tempo para ver se ele responde. O aluno pode não ser capaz de se lembrar como se diz em português e responder em crioulo, o que já quer dizer que entendeu a pergunta em português. Então o professor diz a resposta em português para o ajudar: - O meu nome é .... (o nome do aluno). Pode ir junto do aluno, pegar-lhe na mão para ele a levar ao peito indicando-se a si próprio. E faz o aluno repetir: - O meu nome é... O professor faz esta pergunta a todos e ajuda sempre que for necessário (com certeza que as crianças que ficaram para o fim já ouviram o suficiente e são capazes de dar a resposta em português). Quando já todos responderam à sua pergunta o professor diz de novo: -Eu sou o professor! (E repete a frase). Aponta depois um aluno e diz:: Tu és o..., tu és um aluno! Faz isto para todas as crianças. Depois, pegando na mão de cada criança e fazendo-a indicar o seu próprio corpo, faz cada um dizer: Eu sou o (nome) Eu sou o aluno! (Quando a criança não sabe o professor ajuda-o e a criança repete). - No fim de cada um se apresentar, o professor repete, indicando-se a si mesmo: Eu sou o professor! Vós sois os alunos. (e aqui faz um movimento circular com o braço e com a mão, indicando todos os alunos). Acaba a lição a repetir esta frase fazendo os gestos E despede-se, dizendo adeus com a mão: Até já ou até logo ou até amanhã (conforme o caso) – pronunciando bem em português todas as palavras que são muito parecidas com as palavras em crioulo. Pede aos alunos para repetirem no caso de eles não terem respondido. ************************* 6 LIÇÃO 2 – APRESENTAÇÃO Vocábulos: Verbo estar (estou / estás) Rapaz /rapariga Verbo ser (é) Ele / ela Que Menino / a Professor Aluno / a Nome O professor entra na sala e diz: - Olá! Bom dia! (ou boa tarde) Espera que os alunos o cumprimentem, repetindo o que ouviram, apesar da nova palavra: “olá”. O professor volta a dizer “olá” e pede aos alunos que repitam. Depois continua, dirigindo-se a um aluno e estendendo-lhe a mão, para o cumprimentar, diz: - Olá! Eu sou o professor... (o nome do professor). E pergunta-lhe: - E tu? Qual é o teu nome? Se a criança não se lembrar da pergunta (da aula anterior), o professor ajuda-o e volta a perguntar. A criança poderá responder em português, ou dizer apenas o seu nome, ou responder em crioulo, o que demonstra que percebe o que lhe está a perguntar. Se responder em crioulo, ou disser apenas o seu nome, o professor repetirá a resposta completa em português, acrescentando a palavra “olá”: - Olá! Eu sou o... (nome do aluno) (e pede à criança para repetir). Depois o professor pede a esse aluno que cumprimente em português o colega do lado e pergunte qual é o nome dele (ou dela). Se o aluno não se lembrar o professor fá-lo repetir: - Olá! Eu sou (nome do aluno). E tu, qual é o teu nome? O colega do lado deve responder: - Eu sou o ... (nome) e professor pede-lhe para perguntar a outro colega: - Olá! Eu sou (nome do aluno). E tu, qual é o teu nome? E todos se vão cumprimentando e perguntando ao colega do lado. O professor ajuda sempre que necessário para que pronunciem bem o português. Os últimos já saberão dizer correctamente. No fim de todos se apresentarem o professor aponta um aluno e olhando para os outros diz. Ele é o... (nome do aluno). Ele é um menino. Ele é um aluno. Depois aponta para uma rapariga: Ela é a... (nome dela). Ela é uma menina. Ela é aluna. Diferenciando bem quando diz as palavras: “ele”, “ela”, “menino”, “menina” e “aluno”, “aluna”, para que as crianças percebam que se trata de diferença entre masculino e feminino. 7 Volta a repetir, apontando de novo as crianças e olhando para os outros. Depois o professor continua a fazer isto com todos os alunos, dizendo quer “menino”/menina”, quer “rapaz/rapariga”: Ele é o... (nome). Ele é um rapaz. Ele é aluno; Ela é a... (nome). Ela é uma rapariga. Ela é aluna. E volta dizer apontando os mesmos e continuando até apontar todos. JOGO As crianças colocam-se numa roda em pé (em círculo), o professor fica no centro com uma bola na mão. O professor começa por se apresentar (apontando-se a si mesmo): Olá! Eu sou o...(nome do professor). Eu sou um homem. Eu sou o professor. E repete. Atira depois a bola a uma criança que quando a apanhar, tem de vir ao centro dizer: Olá! Eu sou o...(nome). Eu sou um menino. Eu sou aluno. Se atirar a uma rapariga ela terá de dizer: Olá! Eu sou a...(nome). Eu sou uma menina. Eu sou aluna. Sempre que necessário o professor ajuda para as crianças perceberem e repetirem. No fim de cada criança se apresentar, atira a bola a outra criança que virá ao centro apresentar-se da mesma forma, até todas as crianças terem apanhado a bola. Sugere a alguns que digam: Olá! Eu sou o (nome). Eu sou um rapaz. Eu sou um aluno; Olá! Eu sou a (nome). Eu sou uma rapariga. Eu sou aluna. Explicando que rapaz/menino e rapariga/menina são palavras que querem dizer a mesma coisa. O professor ajuda a pronunciar bem em português e pede para repetirem sempre que for necessário. No fim do jogo que termina quando todos se tiverem apresentado, o professor despede- se: Adeus! Até amanhã. O professor pede aos alunos que acenem com a mão e digam também: - Adeus e até amanhã. ************************* LIÇÃO 3 – CUMPRIMENTO Vocábulos: Como Bem Obrigado Idade Verbo ter (tenho / tens) O professor entra na sala dirige-se a um aluno, estende-lhe a mão para o cumprimentar e diz: Bom-dia! Como é que tu estás? 8 Pode ser que o aluno o entenda e lhe responda em crioulo ou, por não saber como o fazer em português, fique calado. O professor fá-lo responder em português dizendo: Bom dia. Eu estou bem, obrigado. Pede à criança que repita (o professor ajuda às vezes que forem precisas até que a criança diga bem). Depois o professor diz aos alunos, para aprenderem a perguntar-lhe: E o professor como está? O professor deve chamar a atenção para a diferença quando se cumprimenta uma pessoa mais velha ou por quem temos mais respeito. Que não se trata logo por tu e por isso a diferença entre “tu estás” e “o professor está “ (tempo verbal). Seguidamente o professor vai fazer este cumprimento a cada um dos alunos: - Bom-dia! Como é que tu estás? – pergunta o professor - Bom dia. Eu estou bem, obrigado – responde o aluno - O professor como está? – pergunta o mesmo aluno - Eu estou bem, obrigado –responde o professor O professor ajuda cada um fazendo a criança repetir as frases. Cumprimenta cada um dando-lhe um aperto de mão para iniciar o diálogo. Como vai fazer isso com todos, as crianças aprendem também de tanto ouvir os outros. Normalmente as crianças divertem- se a ver e ouvir os outros. Depois o professor aproveita para fazer uma revisão das lições anteriores e introduzir outro ensinamento. Pergunta a um aluno: Como é o teu nome? A criança deve responder O meu nome é (nome). Se o aluno não se lembrar o professor ajuda-o. Depois, dirigindo-se a esse mesmo aluno o professor faz uma nova pergunta: Que idade tens1? O aluno pode não entender e o professor repete a pergunta e dá exemplos: Que idade tens? Sete? Dez? E volta a perguntar: Que idade tens? O aluno responderá só com o número (por exemplo “dez”) ou responde em crioulo. O professor diz em português: Eu tenho dez anos. (e leva a mão da criança ao peito da criança quando diz “eu”). 1 Pode haver crianças que não sabem a idade que têm. Então será uma oportunidade interessante para o professor fazer com essas crianças uma investigação, um estudo no meio, para as ajudar a saber qual a idade delas. 9 (E pede para a criança repetir). O professor vai fazer estas duas perguntas: Como é o teu nome? Que idade tens? Vai fazer estas perguntas a todas as crianças que devem responder: O meu nome é...(nome). Eu tenho... anos. O professor deve repetir, corrigir e ajudar sempre que necessário. No fim pode pôr as crianças a perguntarem umas às outras para também aprenderem a fazer perguntas. Antes da lição acabar o professor pede que as crianças lhe perguntem a ele: E o professor que idade tem? O professor faz com que os alunos repitam esta frase e depois responde-lhes: Eu tenho... (idade do professor) E despede-se dizendo: - Adeus até amanhã! (E espera até ouvir as crianças repetirem despedindo-se). ************************* LIÇÃO 4 – ONDE É QUE NÓS ESTAMOS? Vocábulos: Verbo estar (estamos) Verbo morar (moro / moras) Escola Casa Sala de aula Verbo poder (podem) Onde Verbo sair O professor entra na sala e diz:: Olá! Bom dia! (ou boa tarde) Espera que os alunos o cumprimentem e continua: Nós estamos na escola (ao dizer “nós” aponta para ele e depois faz um gesto com o braço que mostra todos os alunos). Repete a frase e pede aos alunos para a repetirem. Depois continua: Nós estamos na sala de aula (voltando a repetir o gesto que fez anteriormente ao voltar a dizer “nós”). Repete a frase e pede aos alunos para a repetirem. Depois pergunta a um aluno: (nome do aluno), onde é que tu estás? Espera ver se a criança entendeu o que lhe perguntou e se consegue responder mesmo em crioulo. Se o aluno não entendeu o professor repete a pergunta e ajuda o aluno dizendo: Eu estou na escola. Eu estou na sala de aula. (E leva a mão da criança ao peito da criança quando diz “eu”. Volta a dizer e pede à criança para repetir). 10