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Ideologia e cultura moderna PDF

216 Pages·2011·15.673 MB·Portuguese
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~ T o livro de John B. , Thompson chega. IDEOLOGIA E cuiiro'RA MODERNA tinaimente. aos leitores de lingua portuguesa num momenta importante. Vem preencher uma enorme lacuna. principal mente em tres importantes setores: Primeiro. porque nos brinda com uma disGussao oritica que aJuda a colocar ordem no complexo campo das tearias sobre ideologia. Thompson 0 faz com a clareza didatica de alguem que possui uma visao ampla e profunda desse territorio Tdnado. Segundo. porque nos :Jferece uma teoria social :;a ra a Gompreensao do c8pe da midia nas ' scc'edades modernas. Sua o:"alise da 'midia<tao" da e :~:Jr8 moderna uma 3x:e.enie contribuic;ao para ~ssangente tarefa que c~·cs oela trente. :::·'aimente. temos nesse :; ~"n referencial ,,:c~ 6gleo claro, profundo p8 ra 0 estudo das ':;5 sClbolicas, em geral. ceccgi8. em particular. IDEOLOGIA E CULTURA MODERNA Teoria social crftica na era dos meios de comunicayao de massa Dados lntemacionais de na (CIP) Cataloga~ao Publica~ao (Camara Brasileira do Uvro, Sp, Brasil) Thompson, John B. iii Ideologia e cultura modema : teoria social eritka na era dos EDITORA meios de comunica,ao de massa I John B. Thompson. 9. ed. Y VOlES Petr6polis, RJ : Vozes, 2011. PetropoliS Tradu<;i\o do Grupo de Estudos sobre Ideologia, comunica,ao e representa~Oes sociais da p6s-graduay3.o do Instituto de Psicologia da JOHN B. THOMPSON PUCRS. TItulo Original: Ideology and modem culture: critical social "'J/, . ;.-{ theory in the era of mass cornunication. ISBN 978-85-326-1484-1 1. Comunica,ao de massa 2. Cultura 3. Idealogia 4. Jdeologia - Tradw;:ao do Grupo de Estudos sobre Ideologia, Aspectos socials 1. Titulo. II. TItulo: Teana social critica na era dos meios Comunicagao e Representagoes Sociais da de comunic8<;3o de massa. P6s-graduayao do Instituto de Psicologia da PUCRS: Carmen Grisci, Jefferson Bernardes, Marcos de O. CDD-306A Muller, Rosana Nora, P. Valerio Maya, sob a indices para cahilogo sistematico: responsabilidade do Prof. Pedrinho A. Guareschi 1. Ideologia e cultura : Sociologia 306.4 © John B. Thompson, 1990 .r.. .... ~, . Sumario Publicado primeiramente por Polity Press em associa<;il.o com Blackwell Publishers, 1990 Titulo do original ingles: Ideology and modern culture: Critical social theory in the era of mass communication Direitos de publicac;il.o em lingua portuguesa no Brasil: 2000, Editora Vozes Ltda. Rua Prei Luis, 100 25689-900 Petropolis, RJ Internet: http://www.vozes.com.br Brasil Pre/acio, 7 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra IntrodufaO,9 podera ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletronico ou mecanico, 1 0 CONCErTO DE IDEOLOGIA incluindo fotoc6pia e grava<;il.o) ou arquivada em qualquer Ideologia e os ide6logos, 44 sistema ou banco de dados sem permissao escrita da editora. As concep<;oes de ideologia de Marx, 49 Da ideologia para a sociologia do conhecimento, 62 Repensando a ideologia: uma concep<;ao critica, 71 Resposta a algumas possiveis obje<;Oes, 90 Editora~ao e organizarao literaria: Jaime A. Clasen Capa: Bruno Margiotta 2 IDEOLOGIAS NAS SOOEDADES MODERNAS Uma amilise critiea de alguns enfoques te6ricos Ideologia e era modema, 105 ISBN 978-85-326-1484-1 (edi<;iio brasileira) Ideologia e reprodu<;iio social, 116 ISBN 0 7456 00816 (edi<;ao inglesa) A crftica da industria cultural, 130 ISBN 0745600824 (pbk) A transforma<;iio da esfera publica, 144 3 0 CONCEITO DE CULTURA Cultura e dviliza<;ao, 167 Concep<;Oes antropol6gicas de cultura, 170 Repensando a cultura: uma concep<;ao estrutural, 181 A contextualiza<;ao social das formas simb6licas, 193 A valoriza<;ao das formas simb6licas, 203 Este livro foi composto e impresso pela Editora Vozes Ltda. , 4 TRANSMISSAO CULTURAL E COMUNICA<;:AO DE MASSA or.. ..... - PrefoCio o desenvoluimenta das indus trias da midia Aspectos da transmissao cultural, 221 A escrita, a imprensa eo surgimento do comercio nas noticias, 228 o desenvolvimento da difusao, 241 Tendencias recentes nas indus trias da midia, 253 o impacto social das novas tecnologias da comturica~ao,266 E 5 PARA UMA TEORIA SOCIAL DA COMUNICA<;:AO ste livro e um desenvolvimento das ideias que foram ini DE MASSA cialmente esbo.:;adas num volume anterior chamado Studies in Algumas caracteristicas dos meios de comunica~ao, 287 the Theory of Ideology. Esse volume anterior se interessava princi palmente por uma avalia.,ao critica de um grande numero de im Comunica.,ao de massa e intera<;ao social, 295 portantes contribui~6es it teoria social contemporanea. No curso Reconstituindo as fronteiras entre vida publica e vida dessa avaiia<;;ao, apresentei algumas ideias construtivas sobre a privada,311 natureza e 0 pape! da ideologia, sua rela<;;ao com a linguagem, Meios de comunica~ao de massa entre 0 mercado e com 0 poder e corn 0 contexte social e as maneiras como a ideolo gia pode ser analisada e interpretada em casos especfficos. Meu o estado, 322 e objetivo, neste livro, retcmar essas ideias, desenvolve-Ias e in o princfpio do servi<;o publico de difusao, 330 e corpora-las dentro de um referendal te6rico sistematico. Esta Repensando a ideologia na era da comunica<;ao de uma tentativa que certamente con tara comcontribui<;;6es de mui e, massa, 341 tos outros, isto recebera a colabora<;;ao de outros te6ricos e pes soas engajados na pesquisa empfrica e hist6rica. Tento, contudo, ir alem do material sobre 0 qual me fundamentei, e ao qual eu sou 6 A METODOLOGIA DA INTERPRETA<;:AO devedor, numa tentativa de delinear os referendais de analise Algumas condi~6es herrneneuticas da investiga~ao existentes e trazer algum estimulo para uma reflexao e pesquisa s6cio-hist6rica, 357 posterior. o referencial metodo!6gico da hermeneutica de Embora, de muitos modos, este livro possa ser uma conti profundidade, 361 nua~ao do projeto anunciado ern Studies, existe urn aspecto pelo qual ele difere significativamente do volume anterior: neste livro, A interpreta~ao da ideologia, 377 procuro dar mais aten<;ao as formas e aos processos sociais dentro Analisando a comturica.:;ao de massa: 0 enfoque dos quais, e pelos quais, as formas simb6licas permeiam 0 mun triplice ,391 do social. Dediquei, por isso, urn espa.:;o consideravel a natureza A apropria.:;ao quotidiana dos produtos da comunica.:;ao e ao desenvolvimento dos meios de comunica~ao social, que eu de massa, 402 considero como a caracteristica essencial da cultura moderna e uma dimensao central das sociedades modemas. Minha analise Interpreta.:;iio, autorreflexao e critica, 410 da natureza dos meios de comturica<;ao social e do desenvolvi Condusao: Teoria critica e sociedades modemas, 423 mento das institui<;;6es desses meios levanta mais problemas do 7 que posso discutir adequadamente dentro do escopo deste livro, .,s - - mas sao problemas que penso discutir posteriormente, num vo <oi'.. ... Introdupl0 lume subsequente sobre teoria social e meios de comunica<;ao. Ao refletir sobre as ideias discutidas neste livro, recebi gran de auxilio dos comentarios e criticas de outras pessoas. Anthony Giddens e David Held merecem men<;iio especial: foram meus companheiros num dialogo permanente que tern sido e certa mente continuanl a ser de incalculavel valor. Peter Burke, Lizbeth Goodman, Henrietta Moore e William Outhwaite leram uma pri meira versao do texto e forneceram-me urn excelente e encoraja dor retorno. Sou tambem grato a Avil Symonds pela sua inteli gente processa<;ao do texto, a Gillian Bromley por sua meticulosa revisao e as muitas outras pessoas da Blackwell-Polity e Stanford ~vemos University Press que contribufram para sua produ.:;ao e divulga hoje num mundo em que a circula.:;ao generali <;ao. Finalmente, gostaria de agradecer aos amigos que durante os zada de formas simb6licas desempenha urn papel fundamental e ultimos dois anos me ajudaram a criar 0 espa.:;o para que esse li sempre crescente. Em todas as sociedades, a produ<;ao e a troea de vro fosse escrito: sua generosidade significou, para mim, muito formas simb6licas - express6es lingufsticas, gestos, a.:;5es,obras mais que algumas poucas palavras de agradecimento possam de arte, etc. - e, e sempre tern sido, uma caracterlstica onipresente sugerir. da vida social. Mas, com a chegada das sodedades modernas, im pulsionadas pelo desenvolvimento do capitalismo no inicio da John B. Thompson era modema europeia, a natureza e a abrangencia da circula.:;ao Cambridge de formas simb6lieas assumiu um aspecto novo e qualitativa Dezembro de 1989 mente diferente. Foram desenvolvidos meios tecnicos que, em conjunto com institui.:;5es orientadas para a aeumula.:;ao capita !ista, possibilitaram a produ.:;ao, reprodu.:;ao e circula<;ao das for mas simb6licas numa escala antes inimaginavel. Jornais, panfle tos e livros foram produzidos em quantidade sempre crescente atraves dos seculos XVII, XVIII e XIX; e, a partir do seculo XIX, os meios de produ~ao e circula<;iio em expansao foram acompanha dos pelo crescimento significativo nos niveis de alfabetiza~ao, na Europa e em outros lugares, de tal modo que os materiais impres- 50s pudessem ser lidos por uma propor<;ao sempre crescente da popula<;ao. Esses desenvolvimentos do que normalmente se eha mou de meios de eomunica<;ao de massa receberam urn impulso posterior com os progressos na transmissao e codifica<;ao eletr6- nica de forma. simb6lieas, avan<;os que nos trouxeram varieda des de teleeomunicac;oes eletr6nicas, caracteristicas do final do s.kulo XX. Em muitas sociedades industria is do Ocidente de hoje pessoas adultas gastam entre 25 a 30 horas por semana olhando televisao - e isso sem contar 0 tempo que eles empregam escutan do radio ou musica estereof6nica, lendo jornais, livros e revistas e consumindo outros produtos do que sao hoje as industrias de co munica<;ao transnacionais de grande porte. Ainda mais: ha pou- 8 9 cas sociedades, hoje, que nao foram atingidas pelas institui~Oes e cursos emergentes das ciencias sociws; infiltrou-se na linguagem mecanismos da comunica<;ao de massa, e, como consequencia, corrente da vida social e politic~omo esse conceito e teoria da a que nao estejam abertas circula~ao das formas simb6licas me ideologia como meu ponto de partida, e porque eu acredito que diadas pelos meios de comunica<;ao de massa. existe nele algo de valioso e que vale a pena preservar, na tradi<;ao de reflexao que se interessou pela ideologia. Embora haja muita Apesar da crescente importancia da comunica~ao de massa coisa enganadora e erronea nessa tradi<;ao, podemos, contudo, no mundo modemo, sua natureza e implicac;oes receberam relati destilar dela urn residuo de problemas que retem sua relevilncia e vamente pouca aten<;ao na literatura da teoria social e polftica. Ate urgencia nos dias de hoje. 0 conceito e a teoria de ideologia defi certo ponto, esta negligencia deve-se a uma divisao disciplinar do nem urn campo de analise que permanece central as ciencias so trabalho: te6ricos sociais e polfticos se contentaram - erroneamen ciais contemporilneas e que constitui urn espac;o para um debate te, a meu ver - em deixar 0 estudo dos meios de comunicac;ao de te6rico contfnuo e animado. massa a especialistas em pesquisa da rnidia. Ate certo ponto essa negligencia e tambem uma consequencia do fato de que os proble Minha preocupac;ao seni, entretanto, argumentar que a tra di<;ao de reflexao sobre a ideologia padece tambem de certas limi mas que preocupam muitos teoricos hoje sao um legado do pensa xx. ta<;Oes. E mais importante ainda: os escritores que se interessaram mento do seeulo XIX e infcio do seculo Foram os escritos de pelos problemas da ideologia nao conseguiram tratar adequada Marx e Weber, de Durkheim, Siromel, Mannheim e outros que, sob muitos aspectos, estabeleceram a agenda para os debates teoricos mente a natureza e 0 impacto dos meios de comunica<;ao no mun contemporaneos. E claro, 0 legado desses e de outros pensadores do modemo. Alguns desses escritores certamente reconheceram e a importancia dos meios de comunicac;ao de massa - na verdade, nao necessariamente urn empecilho. Como analistas das transfor eles estao entre os primeiros te6ricos sociais e politicos que cha ma.;Oes sociais e das insurrei<;Oes politicas que acompanharam 0 de maram a aten<;ao para 0 papel crescente desses meios. Mas mes senvolvimento do capitalismo industrial, esses pensadores chama mo esses escritores tenderam mais a adotar uma visao pessimista ram a aten~ao para urna gama de fenomenos sociais e elaboraram da natureza e do impacto dos meios de comunica¢o. Eles tende urna serie de conceitos e teorias que permanecem importantes, sob ram a olhar 0 desenvolvimento dos meios de comunicaC;ao de muitos aspectos, para as situa<;Oes do final do secuIo XX. Mas onde massa como a emergencia de um novo mecanismo de controle so ha intui<;6es e ilumina<;iio, ha tambem cegueira, grandes simplifica cial nas sociedades modernas, um mecanismo atraves do qual as <;6es, otimismo ingenuo. Parte da tarefa que confronta os te6ricos ideias dos grupos dominantes pudessem ser propagadas e difun e socials e politicos, hoje, joeirar este legado e procurar determinar didas e atraves do qual a consciencia dos grupos dominados pu que aspectos podem e devem ser retidos, e como esses aspectos po desse ser manipulada e controlada. A ideologia foi entendida dem ser trabalhados, de modo a levar em conta 0 carater de mudan como uma espede de "cimento social", e os meios de comunica c;a das sociedades modernas. Ao confrontar fenomenos sociais e po <;cao de massa foram vistos como mecanisme especialmente eficaz liticos, nao podemos comec;ar de uma tabula rasa: aproximame-nos para espalhar 0 dmento. Este enfoque geralsobre a rela~ao entre desses fenomenos al uz dos conceitos e teorias que nos foram trans ideologia e comunica.;ao de massa e um aspecto que irei criticar mitidos do passado e prucuramos, denossa parte, revisar ou recole detalhadamente. E urn enfoque que, explidta ou implicitamente, car, criticar ou refazer estes conceitos e teorias a luz dos desenvolvi moldou muitas das recentes contribui<;oes ao permanente debate mentos que estil.o acontecendo em nosso meio. sobre ideologia e seu papel nas sociedades modernas, bern como algumas das tentativas para refletir-se teoricamente sobre a natu E, Nos capitulos seguintes, tomarei como meu ponto de partida reza e 0 impacto da comunica¢o de massa. contudo, no meu entender, um enfoque fundamentalmente falho. o conceito e a teoria da ideologia. Uma no~ao que apareceu pela primeira vez no final do seculo XVIII, na Franc;a, 0 conceito de Um dos meus objetivos centrais, neste livro, e elaborar urna ideologia passou por muitas transforma~oes nos dois seculos se teoria diferente da rela~ao entre ideologia e meios de comunica guintes. Esse conceito foi torcido, reformulado e purificado; foi <;ao - ou, para colocar isso com mais precisao, repensar a teoria da a adotado por analistas sociais e politicoS e incorporado nos dis- ideologia luz do desenvolvimento dos meios de comunica¢o. 10 11 Ao procurar atingir esse objetivo, adotarei uma estrategia argu cos desenvolvidos nos capitulos anteriores, e mostrar que esses mentativa em tres est<igios. Come~arei pela reconsidera~ao da his argumentos, por mais abstrato~~~~ejam, fazem uma diferen~a t6ria do conceito de ideologia, retra~ando seus contomos princi na pratica - tanto na pratica da pesquisa social e nas maneiras pais e seus desvios ocasionais. Contrastando com 0 pano de fundo como n6s compreendemos a rela~ao entre a pratica da pesquisa dessa breve hist6ria analitiea, formularei uma concep~ao especial social, de urn lado, quanta nas praticas cotidianas dOB indivfduos de ideologia que preserve algo do legado desse conceito, enquanto que constituem esse mundo social, de outro. Ao discutir esses abandona pressupostos que me parecem iosustentaveis. Examina problemas metodol6gicos, tentarei mostrar 0 que esta implicado rei, entao, algumas das formula~6es te6rieas gerais que foram na analise das formas simb61icas em geral, e na analise das for apresentadas nos ultimos anos com respeito it natureza e ao papel da ideologia nas sociedades modernas. Defenderei que essas ex mas simb61icas mediadas pelos meios de comunica~ao de massa em particular. Apoiando-me no meu conceito reformulado de plica~6es sao inadequadas, sob inumeros aspectos, especialmente ideologia, tentarei mostrar como esse referendal metodol6gico no que se refere ao tratamento que elas dao aos meios de comuni pode ser empregado para a analise da ideologia. Essas reflex6es ca~ao de massa e a sua importancia para a teoria da ideologia. metodol6gicas nao tern como finalidade recolocar ou dispensar a A fim de superar essa deficiencia, devemos mudar 0 foco de pesquisa empfrica - nada poderia estar mais distante de minha analise: esse Ii 0 segundo estagio de minha estraregia argumentati inten<;ao. Ao contrario, elas sao apresentadas como urn estimulo va. Argumentarei, entao, que devemos elaborar urn referencial para pesquisa social e como uma contribui<;ao para nossa com te6rico que nos possibilite compreender as caracterfstieas distinti preensao do que esta implicado no estudo de urn campo objetivo vas dos meios de comunica~ao e 0 curso especifico de seu desen que consiste, entre outras coisas, de sujeitos que produzem, rece e volvimento. A chave desse marco referencial 0 que eu chamarei bern e compreendem as formas simb6licas como uma parte roti de midia~iio da cultura moderna. Entendo corn isso 0 processo geml neira de suas vidas cotidianas. atraves do qual a transmissao das formas simb6licas se tomou Seguindo essa estrategia argumentativa, desenvolverei uma sempre mais mediada pelos aparatos tecnicos e iostitucionais das serie de propostas construtivas a respeito da ideologia, da cultu industrias da midia. Vivemos, hoje, em sociedades onde a produ ra, dos meios de comunica~ao, da interpreta<;ao e da crftiea. Mi ~ao e recep~ao das formas simb6licas e sempre mais mediad a por e nha esperan~a que estas propostas constituam urn enfoque coe uma rede complexa, transnacional, de interesses iostitucionais. A rente e plausfvel para urn conjunto de assuntos, tanto te6ricos discussao desse processo implica varias considera~6es. Concei como metodol6gicos, que sao centrais aos debates correntes na tualmente, devemos exarninar a natureza das formas simb6licas e teoria social e politica e nas ciencias sociais em gemL No restante sua rela~o com os contextos sodais dentro dos quais elas sao pro desta introdu~ao, concentrar-me-ei nessas propostas construti duzidas, transmitidas e recebidas, numa discussao que se situa vas. Tentarei tomar explicitas algumas das ideias e pressupostos dentro do territ6rio tradicionalmente marcado pelo conceito de que definem 0 enfoque que defendo e que subjazem as minhas cuItura. Historicamente, devemos reconstruir 0 desenvolvimento crfticas do trabalho de outros autores e indieam minha duvida de alguns dos meios tc€ nicos de transmissao e das formas institu para com eles. cionais dentro das quais esses meios tecnicos foram e, corrente mente, ainda sao tratados. Teorieamente, devemos refletir sobre a o CONCElTO E A rEORIA DE IDEOLOGIA natureza desse processo geral de "midia~ao", sobre seu impacto na vida social e politica do mundo modemo, sobre suas implica Quando empregamos 0 termo ideologia, quer seja na analise ~6es para a teoria sodal e politica ern geral e para a teoria da ideolo social e polftica, ou na conversa<;ao do dia a dia, n6s empregamos gia em particular. urn conceito que tern uma hist6ria longa e complicada. Parte dos motivos de este conceito ser tao ambiguo hoje, de ter tantas acep o estagio final de minha estrategia argumentativa se situa no <;6es e nuan<;as diferentes, deve-se ao fato de este conceito ter per e myel da metodologia. Aqui, meu interesse tomar presentes as corrido urn caminho longo e sinuoso desde que foi introduzido implica.;6es metodol6gicas dos argumentos conceituais e te6ri- nas Ifnguas europeias, hit dois seculos atras: a multiplicidade de 12 13 significados que ele tem hoje e um produto de seu itinerario his L rna segunda resposta a essa heran<;a arnbigua do conceito de t6rico. Mas ha outro fator que exacerba sua ambiguidade. Quan ideologia foi a de abandonar 0 COIJ&~nconceito sena, simples do n6s usamos 0 termo ideologia, hoje, OU quando n6s 0 escuta mente, muito ambiguo, muitocontrovertido e contestado, demasia mos empregado por outros, nao estamos totalmente seguros se ele damente marcado por urna hist6ria em que ele foi usado e abusado esta sendo usado descritiva ou prescritivamente, se ele esta sendo de diferentes mod os, a tal ponto que ele nao se presta mais, hoje em ll:sado simp!esmente p~ra descrever urn estado de coisas (p. ex. um dia, para fins de analise social e politica. Nos tiltimos anos, esta res sIstema de Idelas pohticas) ou se ele esta sendo usado tambem, e posta ganhou terreno entre alguns dos mais originais e inteligentes talvez como sentido principal, para avaliar urn estado de coisas. pensadores sociais, ern parte como resultado da contesta~ao intelec Essa ambiguidade e evidente no uso cotidiano do termo. Pou tual ao marxismo, corn 0 qual este conceito de ideologia esteve es e cas pessoas, hoje, proc!amar-se-iam orgulhosamente "ide6Iogos", treitarnente Iigado. Mas esta resposta, parece-me, superficial. Em embora muitos nao hesitassem em dedarar-se conservadores ou vez de irmos mais a fundo no exame da heran~ ambigua do concei soc~al~stas, liberais ou democratas, feministas ou ecologistas. Ideo to, e procurarrnos detectar se existe urn resid uo digno de ser conser logta, e 0 pe~ento do outro, 0 pensamento de alguem diferente vado, esta postura prefere abandonar - ou, mais comumente, reCU de nos. Caractenzar urn ponto de vista como ideol6gico e, tem-se a sa-se a iniciar-uma busca. Em vez de perguntar se a tradi¢o ou re impressao, ja critiea-lo implicitamente, pois 0 conceito de ideolo flexao associada ao conceito de ideologia levantou urna serie de pro gia parece transrnitir urn sentido negativo, eritico. blemas que continuam a merecer nossa aten¢o, mesmo que ela te nha tambem obscurecido esses mesmos problemas com pressupos Na literatura da teoria social e politica das duas tiJtimas de a tos enganosos e insustentaveis, essa postura prefere abandonar a cadas, ou mais ou menos, houve duas respostas comuns heran~a questao ou, com rnais frequencia, pressupOe urna resposta, fugindo ambigua do conceito de ideologia. Uma resposta foi tentar domar do trabalho intelectual irnplieado na tentativa de determina-la. o cor;ceito. Is~o implicou, geralmente, uma tentativa explicita ou ImplIclta de tirar do conceito seu sentido ne2:ativo e de incorpo A posi<;ao que desenvolvo aqui difere dessas duas respostas ra:lo .num ~o:,junto d~ conceitos descritivo~ empregados pelas a comuns heran<;a ambigua do conceito de ideologia. Diferente clenclas socials. Isso cnou 0 que hoje se pode chamar de concep~iio mente da segunda resposta, sustento que 0 conceito de ideologia neutra da Ideologla. De ~~~rdo com essa concep~ao, as ideologias permanece uma no<;ao util e irnportante no vocabulario intelec podem ser vistas como sistemas de pensamento", "sistemas de tual da analise social e politica. Mas, diferentemente da primeira cren~su, ou "sistemas simb6Iicos", que se referem a a~ao social ou resposta, argumento que 0 conceito nao pode ser tao facilmente a yratica p~li?ca. ~enhuma ~entativa e feita, dentro dessa concep despojado de seu sentido negativo, critico-ou, mais precisamen ~ao: para dlstingurr entre os t;pos de a<;ao ou projetos que a ideolo te, argumento que, na tentativa de despoja-lo de seu sentido ne ~Ia mce;ttive; a Ideolo~~ esta presente ern qualquer programa po gativo, as pessoas menosprezaram urn conjunto de problemas litico e e uma caractenstica de qualquer movimento polftico orga ern rela<;ao aos quais esse conceito, ern algumas de suas versoes, ~do. Armado com e:sa cor;cep~ao, 0 analista pode procurar de Imear e descrever.os pnncIpals sistemas de pensamento ou cren.;;a procurou chamar nossa aten<;ao. E esse conjunto de problemas que aru:nam a a<;ao social e poHtica. Essa linha de pesquisa e, pois, que tento discutir em minha reformula~ao do conceito deideolo exemplIficada pela tendencia de pensar as ideologias em termo5 gia. Sendo que reo tento eliminar seu sentido negativo mas, ao ~e "ismos". -.conservadorismo, comunismo, reaganismo, thatche contrario, toma-lo como urn indice dos problemas aos quais 0 nsmo, stalinismo, mannsmo. Esses e outros sistemas de pensa conceito se refere, como um aspecto que deve ser retido e desen mento ou cren~ - essas "ideologias" - podem ser eategorizados e volvido criativamente, essa reformula,ao pode ser vista como analisados, desmembrados em seus elementos constitutivos e re urna concep~iio critica da ideologia. Ela mantem a conota<;ao negati lacionados as SUitS fontes originais; e tudo isso pode ser feito, argu va que foi trazida pelo conceito atraves da maior parte de sua his mentana,o anahsta: sem fazer, o~ sem que esteja implicado, ne t6ria e liga a analise da ideologia a questao da critiea. nhum JUlZO peJoratlvo corn respelto aos sistemas de pensamento ou de cren<;a. Na reformula<;ao do conceito de ideologia procuro reenfocar esse conceito nurna serie de problemas que se referem as inter-re- 14 15 la~6es entre sentido (significado) e poder, Argumentarei que 0 garantir que, neste livro, tenha discutido esses problemas mais conceito de ideologia pode ser usado para se referir as maneiras amplos em todos os detalhes e co"t~(}o'rigorque eles exigem. como 0 sentido (significado) serve, em circunstancias particulares, Quando muito, indiquei urn caminho que, creio eu, pode ser coe para estabelecer e sustentar rela<;Oes de poder que sao sistematica rente e plausivelmente seguido. mente assimetricas-que eu chamarei de "rela<;Oes de domina¢o", Ideologia, falando de uma maneira mais amp la, es entido a servifo A reformula<;"1io do conceito de ideologia proposta aqui nos do poder. Consequentemente, 0 estudo da ideologia exige que in possibilita evitar um sem-n1imero de tendencias que prejudicam vestiguemos as maneiras como 0 sentido e construido e usado pe a maioria da literatura te6rica recente. Em primeiro lugar, ela nos las formassimb6licas de varios tipos, desde as falas lingulsticas co possibilita evitar a tendfficia, acenada anteriormente, de ver a tidianas ate as imagens e aos textos complexos. Ele exige que in ideologia como um U cimento social" que conseguiria estabilizar vestiguemos os contextos sodais dentro dos quais essas formas as sociedades, unindo conjuntamente seus membros e propician simbOlicas sao empregadas e articuladas. Ele requer que pergunte do-lhes valores e normas coletivamente compartilhados. Esse mas se - e, se este for 0 caso, como - 0 sentido em obilizado pelas pressuposto e generalizadona literatura contemporanea, mas ele formas simb6licas em con textos especfficos, para estabelecer e sus esta baseado em pressupostos que sao duvidosos e, provavel tentar rela<;6es de dOmina¢o. A distintividade do estudo da ideo mente, insustentaveis. Ha pouca evidencia que garanta que cer logia esta na ultima questao: ele exige que perguntemos se 0 senti tos valores e cren~as sejam compartilhados por todos (ou, mes do, construfdo e usado pelas formas simb6licas, serve ou nao para mo, pela maioria) os membros das sociedades industriais moder manter rela<;Oes de poder sistematicamente assimetricas, Desafia nas. Ainda mais, ha pouco fundamento para se supor que a esta mos a estudar as formas simbolicas sob ceria luz: a luz das rela<;OeS bilidade das sociedades industriais complexas exige e esta basea sociais estruturadas, cujo emprego e articula<;iio podem ajudar, em da sobre urn consenso no que se refere a valores e normas particu circunstiindas especfficas, a aiar, alimentar, apoiar e reproduzir. lares. Sendo nossas sociedades ordena<;"Oes sociais "estaveis", essa estabilidade pode ser 0 resultado de uma diversidade de va Se reformulamos 0 conceito de ideologia desta maneira, tra lores e cren<;as, uma prolifera<;ao de divis6es entre individuos e zemos a analise da ideologia para urn campo de problemas con grupos, ou uma falta de consenso naquele ponto espedfico onde ceituais e metodol6gicos que possuem uma finalidade e uma sig atitudes opostas devem ser traduzidas em a~6es politicas. Ao nificancia mais gerais. A analise da ideologia pode ser vista como acentuar esse ponto, nilo quero sugerir que nao haja espa~o para a uma parte integrante de um interesse mais geralligado as carac analise dos valores e normas, Quero, porem, tomar 0 conceito de terfsticas da a<;ao e da intera<;ao, as formas de poder e de domina ideologia separadamente da procura por val ores coletivamen a a "ao, a natureza da estrutura social, reprodw;ao e mudan<;a so te compartilhados, redirecionando-os para 0 estudo das manei cial, as qualidades das formas simb6licas e a seus papeis na vida ras complexas como 0 sentido e mobilizado para a manuten<;ao social. Este interesse mais amplo da animo aos argumentos e pro de rela<;5es de domina<;ao, postas que desenvolvo no decorrer deste livro. Alguns dos pro blemas mais amplos sao discutidos no capitulo 3, onde examino A reformula¢o proposta nos possibilita tambem evitar a algumas das caracterfsticas das formas sirnb6licas e discuto sua tendencia, prevalente na literatura, de pensar a ideologia como rela<;ao com os contextos sociais que sao estruturados de varias uma caracteristica ou atributo de certas formas simb6licas ou sis maneiras, Outros assuntos ou problemas de carater metodologi temas sirnb6licos como tais (conservadorismo, comunismo, etc,), co geral sao discutidos no capitulo 6, onde examino oqueesta im Do enfoque que desenvolvo aqui, segue-se que as formas simb6- plicado estudar campo objetivo que e, ao mesmo tempo, urn cam licas, ou sistemas simb6licos, nao sao ideol6gicos em si mesmos: po subjetivo, em que as pessoas produzem, recebem e compreen se eles sao ideol6gicos, e 0 quanto sao ideol6gicos, depende das dem formas simb6licas que sao significativas tanto para eles maneiras como eles sao usados e entendidos em contextos sociais como para 0 analista que procura interpreta-las. Pela reformu especfficos. Ao estudar a ideologia, nilo estamos simplesmente la<;ao do conceito de ideologia, em termos de inter-rela<;"Oes en interessados em categorizar e analisar urn sistema de pensamen tre sentido e poder, n6s somos convidados a procurar - e e-nos to ou cren<;a, nem em analisar uma forma ou sistema simbolico exigido que 0 fa<;"amos - esses problemas mais amplos. :-..lao posso tomado em si mesmo. Ao contra rio, estamos interessados em al- 16 17

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