JULIANNE LARENS LOPES FERNANDES HETEROGENEIDADE MARCADA E REFERENCIAÇÃO Fortaleza, agosto de 2008. 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ JULIANNE LARENS LOPES FERNANDES HETEROGENEIDADE MARCADA E REFERENCIAÇÃO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Linguística da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Orientadora: Profª. Drª. Mônica Magalhães Cavalcante Fortaleza, agosto de 2008. 3 Esta dissertação constitui parte dos requisitos necessários à obtenção do Grau de Mestre em Linguística, outorgado pela Universidade Federal do Ceará, e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca Central da referida Universidade. A citação de qualquer trecho desta dissertação é permitida, desde que seja feita em conformidade com as normas da ética científica. Julianne Larens Lopes Fernandes BANCA EXAMINADORA Profa. Dra. Mônica Magalhães Cavalcante / UFC (Orientadora) Prof. Dr. Gilton Sampaio de Souza / UERN (1º Examinador) Profa. Dra. Maria Margarete Fernandes de Sousa / UFC (2º Examinador) Profa. Dra. Eulália Vera Lúcia Fraga Leurquin / UFC (Suplente interna) Prof. Dr. Francisco Alves Filho/ UFPI (Suplente externo) Dissertação defendida e aprovada em ___/___/_____ 4 A meu Painho e a Juju, meus amores, pelo apoio incondicional sempre; A Alcides, meu Marido Lindo, razão para tudo que faço, Dedico. 5 AGRADECIMENTOS _________________________________________________ A meus pais, meus amores, Wilson e Júlia, irremediáveis incentivadores, pelo apoio incondicional que me dedicam sempre. A meu pai, especialmente, por ter me mostrado que nem todos os ídolos têm os pés de barro: os dele são de carne e osso. A meu marido, Alcides, meu amor, por ABSOLUTAMENTE tudo. À minha irmã que tanto amo, Sue, minha melhor amiga, parceira de todas as horas, que, mesmo distante, está sempre perto. A meu sobrinho, Pedro Ayrton, por me fazer a titia mais feliz do mundo!!!!! A meu enteado Lucas, meu pinguinho de gente, anjinho mais querido por quem sou completamente apaixonada, por me fazer mais feliz. Às AMIGAS Camile, Carol, Clarissa, Karine, Michelle e Samarkandra. Fundamentais. Admiráveis. Pelos porres, pelo incentivo, pela confiança, pela lealdade... Aos colegas da turma de 2005, pelas aulas descontraídas e sempre produtivas, pelas discussões nada ontológicas depois das aulas, regadas (quase sempre) à cerveja, sempre com muuuuita alegria. À minha queridíssima orientadora, professora Drª. Mônica Magalhães Cavalcante – para mim, Monikita -, pela confiança e incentivo dispensados a mim desde o período da graduação e por não me ter deixado, nos momentos de fraqueza, angústia e de extrema insatisfação, desistir da carreira acadêmica. Ao professor Dr. José Américo Bezerra Saraiva, pelo apoio em todas as ―fases lingüísticas‖ por que passei, pelas orientações e por ter me apresentado à Semiótica, disciplina basilar em minha formação. Ao admirável e querido professor Dr. Fernando Pimentel – o Fernandinho! - , pelo aprendizado constante e pelo auxílio nas traduções que constituíram este trabalho. Às professoras Dras. Lívia Márcia Baptista e Margarete Fernandes, que vêm acompanhando meu trabalho desde a qualificação do projeto, pelas críticas sempre pertinentes, as quais me ajudaram na construção desta dissertação. Ao professor Dr. Clemilton Lopes Pinheiro, por ter se colocado à disposição para ler este trabalho, com (severas) considerações, também sempre pertinentes e de grande valia para o amadurecimento desta dissertação. Ao professor Dr. Francisco Auto Filho, Secretário da Cultura, intelectual admirável. Pelo exemplo de vida; pela confiança; pela compreensão. 6 ―Entre a intenção do autor e o propósito do intérprete, existe a intenção do texto‖ (Umberto Eco) ―Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros... Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento. Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena!!!‖ (Mário Quintana) 7 RESUMO _______________________________________________________________ Procedemos, a partir dos pressupostos da Lingüística da Enunciação, à problematização do quadro das heterogeneidades do tipo mostrada (marcada vs. não-marcada), proposto por Authier-Revuz (1982). Nossa proposta consiste em sugerir que o escopo das ocorrências dos fatos de heterogeneidade marcada seja flexibilizado, de modo a abarcar fenômenos de natureza (mais) cognitiva que evidenciam a presença do alheio na materialidade lingüística num ponto específico da cadeia do dizer, promovendo, destarte, uma articulação entre heterogeneidade mostrada/marcada e referenciação. Submetemos a um reexame, acrescentando o que nos pareceu pertinente, um conjunto de marcas que não apenas as consagradas (como, por exemplo, negrito, mudança de fonte, aspas, discurso direto) na tentativa de lhes conferir um estatuto de marcadores da presença consciente do outro no fio discursivo, considerando a noção de leitor-modelo sugerida por Eco (1979). Para tanto, elegemos como categorias principais de análise os processos referenciais anafóricos e dêiticos, o discurso indireto livre e a intertextualidade por alusão. Nossos resultados legitimaram nossa proposta e confirmaram o potencial marcativo de tais categorias. Palavras-chave: Heterogeneidade enunciativa; heterogeneidade mostrada/marcada; referenciação; processos referenciais. 8 ABSTRACT ___________________________________________________________________________ We proceed to the problematization of the frame of heterogeneities of the displayed type (marked versus not marked) as proposed by Authier-Revuz (1982) from the assumptions of the Linguistics of Enunciation. Our proposal consists in suggesting that the scope of the occurrences of facts of marked heterogeneity be widened in order that it includes phenomena of a (more) cognitive nature that make evident the presence of the other in the linguistic materialization in a specific point of the chain of the saying and, besides, articulate the displayed marked heterogeneity and the referentiation. We reexamine, appending whatever seems to us pertinent, a set of marks, besides those already established (e.g., bold face, font changing, inverted commas, direct speech) in an attempt to confer them the statute of markers of the conscious presence of the other in the discursive thread, considering the notion of model reader suggested by Eco (1979). To achieve this goal, we choose for main categories of analysis the deictic and anaphoric referential processes, the free indirect speech and the intertextuality by allusion. Our results legitimize our proposal and confirms the marking potential of such categories. Keywords: Enunciative heterogeneity, displayed/marked heterogeneity; referentiation; referential processes. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO............................................................................................... 11 CAPÍTULO I: PRESSUPOSTOS TEÓRICOS........................................... 17 1.1 Delimitação do campo: a linguistica da enunciação........................................ 17 1.1.2 a) O lugar do sujeito na Linguística da 18 Enunciação............................................. 1.2 A Enunciação................................................................................................... 19 1.2.1 Bakhtin: o precursor......................................................................................... 19 1.2.2 Benveniste: ―a exceção francesa‖.................................................................... 22 1.2.2.1 As concepções de língua e de linguagem......................................................... 22 1.2.2.2 A instauração de subjetividade......................................................................... 24 1.3 Authier-Revuz: noção de heterogeneidade...................................................... 26 1.4 Umberto Eco: noção de leitor-modelo............................................................. 30 CAPÍTULO II: HIPÓTESES E PROCEDIMENTOS 33 METODOLÓGICOS..................................................................................... 2.1 Delimitação do universo................................................................................... 33 2.2 Questões de pesquisa........................................................................................ 34 2.3 Procedimentos metodológicos.......................................................................... 35 2.3.1 Etapas do trabalho............................................................................................ 35 CAPÍTULO III: HETEROGENEIDADE ENUNCIATIVA...................... 38 3.1 Balizagem teórica: filiação............................................................................... 38 3.1.1 Benveniste: os estudos enunciativos................................................................ 38 3.1.2 Rey-Debove: conotação autonímica................................................................. 39 3.2 Heterogeneidade teórica: a convocação de exteriores...................................... 41 3.2.1 Bakhtin: o dialogismo...................................................................................... 43 3.2.2 Psicanálise freudo-lacaniana: o Outro.............................................................. 43 3.2.3 Pêcheux: a noção de interdiscurso................................................................... 46 3.3 Heterogeneidade enunciativa: modalidades..................................................... 51 3.3.1 Heterogeneidade constitutiva........................................................................... 52 3.3.2 Heterogeneidade mostrada............................................................................... 53 3.4 Heterogeneidade mostrada, intertextualidade stricto sensu e marcação: uma 55 implicação........................................................................................................ 3.4.1 O conceito fundador de Kristeva...................................................................... 56 3.4.2 A taxionomia das transtextualidades de Genette.............................................. 58 3.4.3 As relações de co-presença e de derivação de Piégay-Gros............................. 59 3.4.4 A abrangência conceitual da intertextualidade em Maingueneau.................... 64 CAPÍTULO IV: REFERENCIAÇÃO.......................................................... 67 4.1 Conceito e processos........................................................................................ 67 4.1.1 Introdução referencial...................................................................................... 70 4.1.2 Continuidades referenciais............................................................................... 71 4.1.2.1 Anáfora direta................................................................................................... 72 4.1.2.1.1 Recategorização............................................................................................... 73 4.1.2.2 Anáfora indireta................................................................................................ 76 4.1.2.3 Anáfora encapsuladora com dêitico................................................................. 78 4.2 Heterogeneidade não-marcada e leitor-modelo................................................ 79 CAPÍTULO V: ANÁLISE............................................................................. 81 10 5.1 Considerações Preliminares............................................................................. 81 5.2 Análise.............................................................................................................. 83 5.2.1 Dêiticos memoriais.......................................................................................... 83 5.2.2 Dêiticos espaciais e temporais......................................................................... 91 5.2.3 O Discurso indireto livre.................................................................................. 94 5.2.4 Recategorização............................................................................................... 95 5.2.5 Intertextualidade por alusão e Anáfora indireta............................................... 97 CONCLUSÃO................................................................................................ 102 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 106 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 107
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