L. Essi, R. A. Záchia, B. F. Panno, T. M. B. Viana Herbário SMDB: 55 anos produzindo e divulgando ciência Liliana Essi1, Renato Aquino Záchia2, Benardete de Fátima Panno3, Tânia M. Boucinha Viana3 ¹Vice-curadora do herbário SMDB, docente do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, Santa Maria, RS. [email protected] ² Curador do herbário SMDB, docente do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Santa Maria, RS. [email protected] ³ Técnicas em Laboratório – Área Biologia – SMDB/JBSM/CCNE/UFSM, Santa Maria, RS. Resumo Este artigo expõe um breve relato de dois projetos de extensão realizados no herbário SMDB, da Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil. O referido herbário apresenta, atualmente, um acervo de 16.800 espécimes vegetais e de fungos. Representa a flora regional, incluindo espécies do Pampa e da Mata Atlântica. Um dos projetos desenvolvidos, constituiu-se em receber estudantes de ensino fundamental e médio, apresentando-se o herbário e sua importância no registro da biodiversidade e no auxílio a projetos de pesquisa e conservação da flora. Em dois anos foram recebidos 900 estudantes e 56 professores. Outro projeto dedicou-se à disponibilização de dados através da colaboração com o Projeto INCT-CRIA do Herbário Virtual de Plantas e Fungos do Brasil. Primeiramente, foram incluídos dados no sistema BRAHMS, e depois foram disponibilizados em rede. Em 2016, houve 305.219 registros de consulta aos dados disponibilizados. Os projetos possibilitaram a participação de diversos acadêmicos, que apresentaram seus resultados na Jornada Acadêmica da UFSM (JAI- UFSM). Palavras-chave: educação ambiental, rede de herbários, escolas, INCT-CRIA/HVPFB Abstract This article presents a brief report of two extension projects carried out at the SMDB Herbarium, Federal University of Santa Maria, RS, Brazil. This herbarium currently has a collection of 16,800 plant and fungus specimens. It represents the regional flora, including species of the Pampa and the Atlantic Forest. One of the projects developed was to receive elementary and middle school students, presenting the Herbarium and its importance in the registration of biodiversity and in the aid of research and conservation of flora projects. In two years, 900 students and 56 teachers were received. Another project was dedicated to data availability through collaboration with the INCT-CRIA Project of the Virtual Herbarium of Plants and Fungi of Brazil. First, data were included in the BRAHMS system, and later they were made available in a network. In 2016, there were 305,219 records of consultation to the available data. The projects allowed the participation of several academics, who presented their results at the Academic Journey of UFSM (JAI-UFSM). Keywords: environmental education, herbaria network, schools, INCT-CRIA / HVPFB Redes de Herbários e Herbários Virtuais do Brasil – 68º Congresso Nacional de Botânica UNISANTA Bioscience Vol. 6 nº 5 – Edição Especial (2017) Página 105 L. Essi, R. A. Záchia, B. F. Panno, T. M. B. Viana Introdução O herbário SMDB situa-se no município de Santa Maria, na Região Central do Estado do Rio Grande do Sul, e conta com 16.800 espécimes de plantas, algas, fungos e líquens. Localiza-se numa região de transição entre o Pampa e a Mata Atlântica (PILLAR et al., 2009; SCHUMACHER et al., 2011), cada um deles contribuindo com importantes conjuntos florísticos, um com predomínio de espécies herbáceas e outro com predomínio de espécies lenhosas, igualmente representados na coleção. Cadastrado no Index Herbariorum em 1978, sua história iniciou-se décadas antes, acompanhando o surgimento da própria Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A sigla SMDB refere-se a seu vínculo anterior com o Departamento de Biologia (Santa Maria Departamento de Biologia), mas a história do herbário iniciou-se em 1938, quando o médico Romeu Beltrão foi admitido na cadeira de Botânica Aplicada da Faculdade de Farmácia de Santa Maria. Entretanto, o herbário foi fundado oficialmente em 1962 (ENCONTRO ESTADUAL DE HERBÁRIOS, 1998). No início, a coleção tinha finalidade didática, tendo recebido o aporte técnico do também professor e médico William Rau, que coletou e identificou diversos exemplares (BELTRÃO, 1962; 1965). Essa coleção viria a ser o ponto de partida do herbário. Romeu Beltrão contou também com a ajuda do botânico Pe. Balduino Rambo S.J., pertencente à Companhia de Jesus, que durante muitos anos, prestou auxílio de modo eficiente na identificação das plantas, contribuindo desse modo para o enriquecimento da coleção. No final da década de 1960, após a aposentadoria do professor Romeu Beltrão, iniciou-se a reforma das universidades, com desmembramento dos institutos e a implementação dos departamentos. Então, o herbário passou a pertencer ao Departamento de Biologia, mas ficou sem curador até 1976. A primeira curadora designada foi a Profa. Francisca Marlene de Silveira Vianna, a qual foi sucedida pelo Prof. Adelino Alvarez Filho. Foi na gestão do Prof. Adelino, em 1978, que o herbário foi cadastrado no Index Herbariorum, com a sigla SMDB, sob a qual é reconhecido até hoje. Os seguintes curadores o sucederam: Profa. Amélia Moema Veiga Lopes (1979- 1989), Profa. Thaís Scotti do Canto Dorow (1989-1996), Profa. Juçara Terezinha Paranhos (1996-2002), Profa. Thaís Scotti do Canto Dorow (2002-2013). Com a aposentadoria da Profa. Thaís Scotti do Canto Dorow, em 2013, a curadoria foi assumida pelo Prof. Renato Aquino Záchia. Durante sua gestão, no ano de 2015, o herbário passou a ser vinculado ao Jardim Botânico da UFSM, mantendo a sigla já cadastrada SMDB. Ao longo de todas essas gestões, o herbário teve seu acervo incrementado. O acréscimo contínuo de exemplares do acervo, nos últimos anos, tem sido promovido por coletas principalmente da região central do Rio Grande do Sul, e por permutas com outros herbários do Brasil. Diversificando suas atividades, o herbário SMDB passou a promover ações de extensão junto à comunidade regional e em rede junto à comunidade científica, iniciando-se a informatização de seu acervo. Este artigo tem por objetivo apresentar as atividades mais recentes de divulgação científica conduzidas pela equipe do herbário, com destaque para as atividades de extensão e de disponibilização de dados do acervo. Relato de Atividades (Projetos desenvolvidos) As atividades de extensão desenvolvidas pelo herbário SMDB inserem-se em duas linhas de atuação bastante distintas em seus objetivos e em suas metodologias. A Redes de Herbários e Herbários Virtuais do Brasil – 68º Congresso Nacional de Botânica UNISANTA Bioscience Vol. 6 nº 5 – Edição Especial (2017) Página 106 L. Essi, R. A. Záchia, B. F. Panno, T. M. B. Viana primeira delas foi realizada através do projeto intitulado: “O herbário como fonte de conhecimentos em educação ambiental e conservação para os estudantes dos ensinos fundamental e médio”, que consistiu em apresentar o herbário e seu acervo para estudantes do ensino fundamental e médio de Santa Maria. O segundo projeto teve como público-alvo a comunidade de botânicos que tem interesse em acessar as informações do acervo do herbário através da rede Species Link, e consistiu na disponibilização on line dos dados dos exemplares tombados no herbário SMDB. Para ambos, foram capacitados diversos bolsistas dos cursos de Ciências Biológicas e Engenharia Florestal, que puderam adquirir conhecimentos nas áreas de extensão, botânica e manutenção de coleções científicas, com o apoio dos técnicos e docentes pesquisadores ligados ao herbário. O Projeto de extensão “O herbário como fonte de conhecimentos em educação ambiental e conservação para os estudantes dos Ensinos Fundamental e Médio” (ROSA et al., 2014) teve como meta divulgar os objetivos e a importância de um herbário. Apresentou-se a estrutura e a dinâmica de manutenção de uma coleção de referência científica sobre a biodiversidade vegetal. Buscou-se com isso, motivar os estudantes, promovendo o interesse pelo estudo e conservação da flora. Entre 2013 e 2014 o projeto atendeu 900 estudantes dos ensinos fundamental e médio e 56 professores. Através de um questionário, constatou-se que, apesar de serem desenvolvidas abordagens transversais de educação ambiental em todas as instituições recebidas; em 10% delas, os estudantes relatavam não saber o que era um herbário. A partir de 2015, o projeto foi suspenso devido a problemas de logística como: dificuldades de horários compatíveis dos bolsistas com o cronograma de visitações, pouco interesse das escolas na atividade, e dificuldades de obter transporte para os estudantes. O outro projeto, “Informatização do herbário SMDB com software BRAHMS” (SILVA et al., 2015), constituiu-se num processo de informatização do acervo somado à inclusão de dados no sistema Species Link, através da passagem do sistema de registros do herbário SMDB para o Herbário Virtual de Plantas e Fungos do Brasil – HVPFB – INCT, entre 2013 e 2016. O objetivo do projeto foi o de disponibilizar em rede todos os dados do acervo do herbário. Para isso, tivemos a atuação de bolsistas da universidade e de um bolsista CNPq, fornecido pelo projeto do INCT – CRIA. Inicialmente foi necessário incluir no sistema BRAHMS os dados do livro tombo do herbário. Foi organizado um curso para capacitar estudantes e técnicos a utilizar o sistema BRAHMS, e durante 2013, foram incluídos 6390 exemplares do herbário no sistema. Entre 2014 e 2016 foram disponibilizados em rede 4762 exemplares do herbário. Até dezembro de 2016, o herbário tinha 16.500 exemplares tombados. Portanto, até esta data, 38,7% do acervo estava incluído no banco de dados BRAHMS, e 61,3% do acervo ainda não estava incluído. Em resumo, 28,8 % do acervo foi incluído no banco de dados BRAHMS, com dados disponíveis on line, no Species Link, exceto imagens. Houve um ganho notável em termos de utilização de nosso acervo em rede, traduzido em número de consultas on line ao acervo: em 2014: 48.960; em 2015: 280.961; em 2016: 305.219. Ambos projetos resultaram em apresentações na Jornada Acadêmica Integrada da UFSM que contempla trabalhos de iniciação científica e trabalhos de extensão realizados por estudantes da universidade (BONGOSKI et al., 2014; MANUCELLO et al., 2015; RADDATZ et al., 2014; RADDATZ et al., 2015; SILVA et al., 2015; ROSA et al., 2014). Conclusão Os dois projetos de extensão realizados resultaram em grandes ganhos para a comunidade e para os usuários do herbário. O primeiro projeto mencionado teve ótimas Redes de Herbários e Herbários Virtuais do Brasil – 68º Congresso Nacional de Botânica UNISANTA Bioscience Vol. 6 nº 5 – Edição Especial (2017) Página 107 L. Essi, R. A. Záchia, B. F. Panno, T. M. B. Viana consequências para o público-alvo, embora bastante restrito a estudantes e professores das escolas, resultou em acréscimos importantes para os técnicos, bolsistas e para o próprio herbário (organização e incremento da coleção). Espera-se que resulte numa melhor compreensão de futuros cidadãos adultos a respeito da importância da conservação da biodiversidade e da atividade científica. Existe a perspectiva de criar-se um novo projeto nos mesmos moldes deste, mas com oficinas nas escolas. O segundo projeto representou uma virada histórica na trajetória do herbário ampliando sua atuação, passando a abrir-se para a comunidade científica internacional, ao ingressar na Web. Os dados do acervo adquiriram melhoria em sua qualidade através do feedback de especialistas ao consultar dados de duplicatas enviadas por permutas ou pelos próprios dados disponibilizados em rede. O projeto, concluído em 2016, será retomado em 2017, numa nova fase. Agradecimentos Agradecemos primeiramente à Pró-reitoria de Assuntos Estudantis – PRAE/UFSM, por ter fornecido as bolsas PRAE de assistência estudantil e à Pró- reitoria de extensão – PRE/UFSM, que forneceu as bolsas FIEX, sem o que jamais teríamos conseguido viabilizar a participação dos acadêmicos que atuaram nestes projetos. Gostaríamos também de agradecer ao INCT-CRIA e ao CNPq pela bolsa que possibilitou a participação e atuação fundamental de um dos bolsistas participantes do segundo projeto. Em especial gostaríamos de agradecer à Ana Odete Santos Vieira (então Coordenadora da RBH) e Leonor Costa Maia (Coordenadora INCT/HVPFB), pela atuação decisiva que originou a nossa participação no INCT e viabilizou a execução do segundo projeto. Também agradecemos aos que nos auxiliaram com o aporte técnico, Karina Massia Pereira (UFPEL), Felipe Gonzatti (HUCS), Maurício Figueira (HDCF), Thiago Damião de Freitas (CRIA), Alexandre Marino (CRIA) e Denilson F.Peralta (SP), que muito gentilmente e de forma desprendida, nos deram apoio técnico em várias ocasiões, pessoalmente ou on line. Também gostaríamos de agradecer aos colegas técnicos administrativos Alberto Pedro Antonello Neto e Fábio Pacheco Menezes, do JBSM/UFSM, que nos deram apoio logístico crucial para a realização de inúmeras tarefas nos dois projetos. Agradecimento também muito especial a todos os bolsistas e estagiários, que auxiliaram nos dois projetos em diferentes fases: Moisés Henrique Mastella, Dione Dambros Raddatz, Rossana Cortelini da Rosa, Mariana Godói Dias, Fabrício Bongoski, Sandra Regina da Silva, Willian da Rocha Lopes Manucello, Guilherme Baggio Nunes, sem o que nada disso teria sido possível. Referências Bibliográficas BELTRÃO, R. 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