1 2 DO INCONSCIENTE AO CONSCIENTE Gustave Geley Lançamento original: Gustave Geley - De I’Inconscient au Conscient Librairie Félix Alcan 108, Boulevard Saint-Germain, 108 Paris – 1919 Tradução: Abílio Ferreira Filho Revisão e Formatação: Irmãos W. e Ery Lopes Versão digitalizada © 2021 Distribuição gratuita: Portal Luz Espírita Autores Espíritas Clássicos 3 DO INCONSCIENTE AO CONSCIENTE Gustave Geley Ao Senhor Professor Rocco Santoliquido deputado, conselheiro de Estado da Itália e grande oficial da Legião de Honra. Eu dedico esse livro, com respeito, reconhecimento e afeição. Gustave Geley Librairie Félix Alcan 108, Boulevard Saint-Germain, 108 (Paris) 1919 4 5 Sumário PREFÁCIO – pág. 08 LIVRO I - O universo e o indivíduo de acordo com as teorias e filosofias clássicas – Estudo crítico PRIMEIRA PARTE As teorias naturalistas clássicas da evolução Prefácio – pág. 22 Capítulo I - Os fatores clássicos são impotentes para fazer compreender mesmo a origem das espécies – pág. 25 Capítulo II - Os fatores clássicos são impotentes para fazer compreender a origem dos instintos – pág. 35 Capítulo III - Os fatores clássicos são incapazes de explicar as transformações bruscas criativas de novas espécies – pág. 40 Capítulo IV - Os fatores clássicos são incapazes de explicar a cristalização imediata e definita dos caracteres essenciais das novas espécies e dos novos instintos – pág. 44 Capítulo V - O testemunho do inseto – pág. 46 Capítulo VI - Os fatores clássicos são impotentes para resolver a dificuldade geral de ordem filosófica relativa à evolução que, do simples faz sair o complexo e pelo menos faz sair o mais – pág. 49 SEGUNDA PARTE A concepção psico-fisiológica clássica do indivíduo Prefácio – pág. 52 Capítulo I – O indivíduo fisiológico clássico – pág. 55 Capítulo II – O problema da fisiologia supra-normal – pág. 66 6 Capítulo III – A individualidade psicológica – pág. 92 Capítulo IV – A psicologia subconsciente – pág. 102 Capítulo V – O subconsciente supranormal – pág. 114 Capítulo VI – As teorias clássica do subconsciente – pág. 122 Capítulo VII – As induções psicológicas racionais baseadas no subconsciente pág. 142 TERCEIRA PARTE As teorias filosóficas da evolução Prefácio – pág. 160 Capítulo I – O evolucionismo providencial – pág. 163 Capítulo II – O monismo – pág. 177 Capítulo III – A evolução criadora do Sr. Bergson – pág. 181 Capítulo IV – A filosofia do inconsciente – pág. 208 LIVRO II - O universo e o indivíduo de acordo com as teorias e filosofias clássicas – Estudo crítico PRIMEIRA PARTE Esboço de uma filosofia racional da evolução do indivíduo Prefácio – pág. 223 Capítulo I – O indivíduo concebido como dínamo-psiquismo essencial e como representações – pág. 228 Capítulo II – O dínamo-psiquismo essencial passa na evolução individual, do inconsciente ao onisciente – pág. 238 Capítulo III – Síntese do indivíduo – pág. 245 Capítulo IV – A interpretação da psicologia conforme as noções novas – pág. 260 7 SEGUNDA PARTE A evolução universal Capítulo I – A passagem do inconsciente ao consciente no universo – pág. 292 Capítulo II – Explicação das dificuldades evolutivas – pág. 302 TERCEIRA PARTE As conseqüências pessimista ou otimista Capítulo I - O pessimismo universal e sua refutação – pág. 307 Capítulo II - Realização da soberana consciência – pág. 315 Capítulo III - Realização da soberana justiça – pág. 330 Capítulo IV - Realização do soberano bem – pág. 336 CONCLUSÃO – pág. 341 8 Prefácio OBJETIVO E MÉTODO Esta obra é a continuação lógica de meus estudos sobre o Ser Subconsciente. Seu objetivo é compreender, numa síntese mais completa e mais vasta, a evolução coletiva e a evolução individual. Sua realização se inspira no mesmo procedimento: exprimir as idéias com a maior simplicidade, a maior clareza e a maior concisão possível; evitar as longas análises ou os desenvolvimentos; afastar sobretudo as digressões fáceis, de caráter imaginário ou poético. Eu quis, antes de tudo, criar uma obra de síntese e essa síntese deve ser considerada em si mesma, fora e acima dos detalhes negligenciados ou voluntariamente omitidos. Não é, de fato, uma só das questões consideradas que necessitaria, para ser aprofundada, do esforço de toda uma vida. É obra própria de analistas e eu a deixo para eles. A minha é outra, já que visa, antes de tudo, a pesquisa ideal de uma vasta concepção de filosofia geral, baseada nos fatos. Evidentemente, tal filosofia não seria capaz de ter, no estado atual de conhecimentos e da consciência humana, outra pretensão senão constituir um ensaio, um esboço ou, se quiserem, um plano cujas grandes linhas e alguns detalhes são precisos. Do mesmo modo que forçosamente incompleta, essa filosofia não será plenamente original. A maior parte das soluções que ela propõe, encontram-se forçosamente, cá e lá, mais ou menos nítidas ou mais ou menos deformadas, nos diversos sistemas naturalistas ou metafísicos. A concepção geral dessa obra é que, após ter inspirado a maior 9 parte dos grandes sistemas metafísicos, encontrou sua exposição, a mais nítida e a mais concreta na obra de Schopenhauer. Suas premissas são, por isso, idênticas; mas seu desenvolvimento e as suas conclusões são totalmente diferentes; meu trabalho, com efeito, tende precisamente a preencher o abismo que, para Schopenhauer, separa o Inconsciente do Consciente. Daí, uma interpretação diferente da evolução universal e individual. Essa interpretação, em lugar de conduzir ao pessimismo, guia, eu não diria ao otimismo (estando o termo desconsiderado e equívoco), mas ao ideal inveterado da humanidade, ideal conforme suas esperanças eternas, as mais altas e as serenas, de justiça, de felicidade e de permanência individual. Mas, a originalidade verdadeira da filosofia idealista que eu exponho aqui, a única que ela reivindica abertamente, é ser científica. No lugar de ser encerrada em um quadro dogmático ou místico, ou reter fórmulas puramente intuitivas ou apriorísticas, ela é baseada em uma demonstração positiva. É a título de filosofia científica, e a esse título somente, que ela deve ser estudada e discutida. Para elaborar minha demonstração, eu me esforcei em levar em conta todos os fatos conhecidos, seja nas ciências naturais e na biologia geral, seja nos dados relativos à constituição fisiológica e psicológica do indivíduo. Na escolha de grandes hipóteses explicativas, eu pesquisei, antes de tudo, as que apresentavam o duplo caráter de ser logicamente deduzidas de fatos e capazes de se adaptar a todos os fatos de um mesmo grupo. Meu objetivo constante foi chegar a hipóteses cada vez mais vastas e cada vez mais gerais; até descobrir, se possível, uma hipótese suficientemente vasta e suficientemente geral para servir à interpretação global de evolução individual e universal. 10 Essa metodologia geral não será capaz de se expor à crítica. Mas fui conduzido, pouco a pouco, pela força das coisas, a inaugurar, a princípio timidamente, depois, a adotar sistematicamente, uma metodologia de ordem secundária, embora muito importante, sobre a qual devo necessariamente me explicar desde agora. Examinando as diversas ciências biológicas ou psicológicas, estudando as induções, as deduções e as hipóteses clássicas tiradas de seus dados e admitidas pela generalidade dos sábios contemporâneos, fui tocado por graves erros evidentes devidos ao esquecimento dos princípios da metodologia geral expostos acima. Não é a única das grandes hipóteses clássicas sobre a evolução, sobre a constituição do indivíduo físico ou psíquico, sobre a vida e sobre a consciência, que seja capaz de se adaptar a todos os fatos evolutivos, a todos os fatos fisiológicos ou a todos os fatos psicológicos à mais forte razão, ninguém é suscetível de abraçar o conjunto sintético da evolução coletiva e individual. Bem mais, as maiores partes dessas hipóteses estão, evidentemente e com certeza, em oposição, eu o demonstrarei, a fatos já estabelecidos. Procurando a origem primeira e a causa desses erros de generalização, eu as encontrei, antes de tudo, na escolha dos fatos, primordiais sobre os quais foram baseadas as induções e as hipóteses que constituem o vigamento da filosofia científica contemporânea. É que, em todas as ciências, mas especialmente em biologia e em psicologia, a escolha dos fatos, em vista de uma explicação sintética, é suscetível de conduzir a métodos antagônicos e por conseqüências as concepções de coisas divergentes e mesmo opostas. Podem-se conceber idealmente dois métodos principais resultantes assim da escolha dos fatos. O primeiro desses métodos parte do princípio que é preciso
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