ebook img

Guerra dos Mascates PDF

35 Pages·1995·16.398 MB·Portuguese
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview Guerra dos Mascates

w O Tes mD TN a r , e ] e R d . e ; L a 7? U e a ad N “MASCATES . E E G N E ET . d i sie 4 0 impêrio do agucar | ES A “nobreza da terra” e os novos comerciantes io] 10 | O Recife prospera N. Men 12 M BEA O poderdoshomensbors | Pressao cono tRerciae mi. Vit@ria dos mascates: o Recife é transtormademo vla 18 N Ma EG Olinda reage Ane aat N ES n 1 20 EP $ ESE EG Sef ed 5 ER É a guerra. O Rec ife perd e a primeira batalha PL. TOET LS oe s KAR KE E ig E | Um bispo no govermo de Pemambueo. `n d Fs4 Af ma F Lr # d N d R Os mascates se preparam 2a A f Ë E n B j d T. ! e L TL T Batalha nas estancias 27 EL P s : TTA EPEA a oa as EA " . A r epressao Par; DB * a MEdem .a T M . AE aa N -E N. A cabou a guerra, mas 0 sonho nio 30 Boe” BP ee ) - ë Vi j] Ê dd f £ EE Editor: Joëo Guizzo * Coordenagsdoa edicéo: Maria lzabel Sim6es Goin ncalVeee af Fie` dacéo: Es leda E. . de Abre” u EP Deiee AEc k* Poeoe sgsuiLE s af a (hcetoidn eod gréfLiYc e.v IMIeIrUiBaS AVliOcNe Sailvvae s Së | Braganga * Pesguisa cartogréfice: Remberto Francisco Kuhnen e EdicdeZ aote : Fe] N gr d Milton Takeda * Diggramacfio e cartografie: Valter Minoru Nakao es llustracëeJose:l Byeno es Arte: Fernando T. Zaha e Capa: Adelfo M. Suzukie Gisé | N edR Je : T r]) ET ] r] ii and M ai N RN EED OR EE 1 fi ESRn mIl En dLb l 1 M] G dy sal dN d N , Vd FIe l. ips N ig od ë 7 pi. Ms A 'N “ee f dd HNy H r 2, ' $ SES MS ig Fed vie d. ] “*- i irmm A IR TE De! f sm] Ë Fr f Em 17 de outubro de 1710, o governador de Pernambuco Engenho de acucar, do pintor holandês eSCapou por pouco de um atentado a bala. Frans Post, 1643. Nos primeiros séculos da coloniza€êo, a produgio e a exportacio de Embora ferido, Sebastiao de Castro e Caldas correu com seus soldados atris dos a€ucar foram a base da prosperidade da tres homens gue dispararam contra ele, mas nêo conseguiu alcancd-los. capitania de Permambuco. No dia 7 de novembro, sob nova ameaga de morte, Castro e Caldas fugiu para a Bahia. Abandonava 0 governo, deixando-o livre para seus adversêrios: os senhores de engenho nascidos na capitania, moradores da vila de Olinda. . Por gue os senhores de engenho de Pernambuco agiram de mado tio violento contra o governador de sua prépria capitania? Por gue gueriam tomar o governo? Em gue se sentiam ameagados pelo novo governador nomeado pela Coroa e gue, ao contrario dos anteriores, na residia em Olinda, mas no Recife? Vamos rever essa historia. Vamos conhecer as origens de um dos mais Importantes movimentos contra a dominagéo portuguesa durante o periodo colonial: a Guerra dos Mascates. O Impeério do acucar Vista da Cidade Mauricia, nucleo urbano edificado pelos holandeses no Recife (desenho de Frans Post). No século XVl1 o Brasil liderava a produc&o mundial de agucar. Era nos engenhos da Bahia e de Pernambuco gue se fabricava a maior parte do acicar consumido na Europa. Isso garantia bons lucros aos senhores de engenho do Nordeste e os tornava as pessoas mais pode- rosas e temidas da regiëo. Por essa época, eles exploravam principal- mente o trabalho indigena. Os escravos africanos eram caros, enguanto os indios estavam agui mesmo, néo precisavam ser apanhados em terras distantes e existiam em abundência no século XVI. Por volta de 1580, dois tercos dos trabalhadores dos engenhos de Pernambuco eram indigenas, a maioria tupinambd4. Além dessa mao- de-obra nativa, farta e barata, os senhores de engenho j4 comecavam a utilizar amao-de-obra africana. Cada um tinha direito de trazer até 120 negros por ano. A medida aue os indigenas fugiam ou morriam, vitimados por guerras, doencas ou trabalho excessivo, eram substi- tuidos pelos novos escravos. TT a Os indios e o trabalho Os senhores de engenho do Nordeste dominavam, portanto, a a R producëo e a exportacêo do acucar para Portugal. E também contro- E R O No final do século XVI, os escravos in- lavam parte do comércio das importac6es entre a metropole e a colo- L E EE E digenas eram, alêm de numerosos, mui- S NE nia. Com toda essa rigueza e com o poder e o prestigio due ela garan- R E PE to mais baratos gue os eseravos africanos. AD tia, transformavam-se numa aristocracia colonial. e No engenho Sergipe, do governador-geral n e R Mem de Sa (1558), havia 179 escravos in- erRAN eek g digenas e apenas vinte africanos. Os es- a ea e cravos africanos valiam de 40 a 123 mil- m e M reis, enguanto um indigena custava, em n ae mmm media, 1 mil-réis. Os indigenas gue pos- , Suiam habilitacëo especial valiam mais. R R Um pescador valia 10 mil-réis, um cala- . fate (pessoa gue consertava barcos), 20 e n a mil-réis e um Caixeiro (artesao gue fabri- m R R cava caixas de madeira), 30 mil-réis. e m (Adaptado de: J. A. Gonsalves de Mello. Confiss6es de Pernambuco (1594-1595), p. 11.) O pintor holandés Albert Eckhout, P deslumbrado com a paisagem, a vida e as pessoas do Nordeste, tao diferentes do aue conhecia na Europa, inspirou-se na regiëo para pintar guadros belissimos, cheios de cor e fantasia. 1. Mameluca; 2. Cacador jndio; 3. Natureza morta. ee ED DO PRECO DO ACUCAR NO MERGADO EUROPEU DE 1550 A 1611 (em réis e por arroba) Ano Valor 1550 480 540 1572 1576 766 1 056 1078 1 038 1596 1597... N 1 092 1598 1 140 1607 1 820 1611 1 944 (Fonte: $. B. Schwartz. Segredos internos, p. 400.) | NHOS EM PERNAMBUCO Te BE Go ai EEN si A 2 Gy Duarte Es o capitao-mor PFiaet ,o eie ASJ i AE RERNE ESN NEG AEAA Ai dk ee AT EE EE Se N AE NE RE ee Te, le kg Pie s er EE Me SERE DIE MOsy RPEER RESL vd RER ERE EEe Dfe ik do agucar L Jare Coelho Pereira foio primeiro do- natêrio da Capitania de Pernambuco. Ho- mem hdbile experiente, enfrentou logo de inicioa hostiidade dos indigenas. Lutou contra os indios oe gue ocupavama `regiëo. onde localiz a a Cidade de. Ode. (Fonte: L. Geraldo Silva. A propriedade mercantil e a propriedade colonial, p. 14.) Fs 5 EE Er a peeué- Olinda: a mais rica e cobicada vila do Brasil o c Fu eletid vso droa ga lgEoEdsé o e osobreatudoso da d e. km, O donat4rio Duarte Coelho, ao tomar posse dessa Capitania em 1535, escolheu para construir sua primeira vila um lugar privile- giado do litoral, com uma belissima paisagem formada por colinasa beira-mar. Nao foi dificil dar um nome ao local: Olinda. 'Em Olinda se encontrava mais vaidade do gue em Lisboa”, es- Creveu o padre Fern&o Cardim jé em 1584. Def ato, durante os sécu-. AIR Ed los XVl e XVII, a-vdie Ollianda era uma das mais ricas do Brasil. Isso despertou a cobica de outros europeus, COmO Os holandeses. Eles decidiram conduistar o Nordeste para, assim, controlar o lucrativo comércio do acucar. 6 Olinda no final do sêculo XVI No final do século XVI, Olinda era divi- dida em duas paréaguias, a de Sao Salva- dor e a de Sao Pedro Martir, cada uma com suas proprias igrejas. Havla o gran- de Colégio dos Jesuitas e os conventos de $&o Francisco, Carmo e Sao Bento. As casas da povoacêo eram confortaveis, cO- modas e bem construidas, algumas ti- nham até prata nas fechaduras das portas. (Adaptado de: F. A. Pereira da Costa. Anais Pernam- " E bucanos, p. 527.) Olinda, de Frans Post, século XVIL A guerra do acucar Em 1624, os holandeses tentaram conguistara capitania da Ba- hia. Mas seus habitantes pegaram em armas para defender suas pro- priedades e derrotaram os invasores. Apesar do fracasso, essa primei- ra tentativa serviu para due os holandeses conhecessem melhor a si- tuacao do Brasil. Logo perceberam gue, embora muito rica, a Capita- nia de Pernambuco era menos protegida gue a da Bahia. E, mais bem preparados, invadiram-Pernambuceom 1630. Os pernambucanos rea- giram & invasêo, mas desta vez os flamengos! foram 'vitoriosos. A guerra de invasêo-durou cinco anos (de1 630 a 1635), seguin- do-se alguns anos de paz. A segunda guerra — de expulsêo — durou.. nove anos, de 1645a 1654. Foi ainda durante a guerra de invasao EE gue os holandeses saguearam e incendiaram Olinda, gue perdeu muito de seu encanto e esplendor. Na realidade, a chamada guedro ractaica r durou todo o tempo da permanência dos holandeses em Pernambu-. co. Poucos foram os anos de trégua. ' Flamengos: os holandeses. Er s m A V Nasce o Recife, Olinda jê nao ê tao bela O Nordeste dos engenhos de agicar nêo foi conguistado por uma nacêo, a Holanda, ao contrério do gue as vezes se pensa. Foi conguistado por uma empresa comercial holandesa, a Companhia das jndias Ocidentais, cujo maior interesse era controlar o comércio de actcar. Durante a ocupacao, os comerciantes holandeses financiavam a produc&o do actcar, ou seja, emprestavam dinheiro aos senhores de engenho para gue eles comprassem escravos, reformassem os en- genhos, adguirissem animais etc. Os senhores de engenho viviam en- dividados, porgue os holandeses sempre cobravam altos juros sobre o dinheiro gue emprestavam. Para controlar e melhorar o comércio do acucar, era necessdrio também melhorar os meios de transporte maritimo. Para isso, neces- sitava-se de um porto adeguado. A vila de Olinda, embora situada em local aprazivel, nio oferecia boas condic6es para a construcao de Olinda vista do mar, numa bela gravura de um porto. Nicolau Jans Vischer (1630). Er AE. EE ge my [ l BY ed E O pobre povoado de pescadores gue ficava ao sul de Olinda — o povoado do Recife — parecia ter as condic6es ideais para isso. O préprio nome do vilarejo nascera da formac&o rochosa de arrecifes gue se estendiam ao longo da costa. Esses arrecifes serviam como um atracadouro natural, pois impediam as ondas violentas do mar de ba- terem diretamente sobre o continente. No entanto, para construir um porto, Casas, pontes e edificios, eram necessêrios muitos materiais de construcao, naturalmente difi- ceis de conseguir. Boa parte vinha da Europa e custava caro. EF o gue fizeram os holandeses? Resolveram saguear Olinda, ou - seja, tiraram de suas casas todo o material necessério para edificar a cidade do Recife. Aos poucos, a opulenta Olinda transformou-se numa cidade pobre e desfigurada, endguanto o Recife, de simples po- voado de pescadores, tornava-se a sede dos dominios holandeses no RuinTaass . de Olinda, de Frans Post, mostra a cidade incendiada pelos holandeses em Nordeste. O povoado crescia e ganhava uma posic&o de destaague gue 1631. A frente, msicos negros tocando nunca mals perderia. atabague e maracas. PRE p EE edks e ' ds ge 1% FPArS Mr oe”sye h d Er "ry sg E RE di N 91” - n 1 , LEs; d or é N?' og y P ad mi PGie er sd d Mere - s' " EPER AA ele n l) d el' l re * ek % OP ' - od rr ke df. erm” ed pa r-Wi ra| ar ii ly i yd” N et . T Me B ` My -Ef g E - A 'nobreza da terra”" e os novos comerciantes Em 1654 os holandeses foram finalmente expulsos do Nordeste. Nessa altura, a ruina de Pernambuco era muito grande. Em pri- meiro lugar, Portugal pouco pêde fazer para ajudar os pernambuca- NOS a recondguistar sua terra. O reino ainda estava tentando se recu- perar dos prejuizos da guerra contra o dominio espanhol, gue se es- tendera de 1580 a 1640. Todas as armas, soldados e até mesmo escra- vos utilizados para expulsar os holandeses foram pagos pelos préprios pernambucanos. Em segundo lugar, muitos canaviais e engenhos foram destruf- dos e incendiados durante a guerra. A prépria vila de Olinda foi guei- mada e destruida. Nessa mesma época, holandeses, ingleses e franceses passaram a plantar cana-de-ac&car nas Antilhas, acabando com o monopélio do actcar brasileiro no mercado mundial. Isso piorou ainda mais a situac&o dos senhores de engenho do Nordeste, porgue a concorrên- cia do agticar antilhano provocou uma forte gueda nos precos do produto. Enguanto isso, a cidade do Recife nao parava de crescer. A ca- @ueda dos precos do acucar da ano chegava-mais gente de Portugal, interessada no comércio e no Recife (1701-1710) nos Cargos publicos. Da expulsêo dos holandeses (1654) até o fim do século, muitos Para pagar o gue deviam aos comercian- portugueses imigraram para o Brasil. Alguns vinham morar na colê- tes, os senhores de engenho vendiam o nia a conselho de parentes gue j4 estavam agui. Outros vieram como acucar gue produziam por precos cada vez mais baixos. Eis os precos do acu- comissérios volantes, isto é, como comerciantes tempordrios gue, ao car vendido ao mascate Luis Cardoso fim de vérias viagens, resolveram fixar residência no Brasil. Muitos (1660-1724), morador do Recife: também chegavam como funcionérios da Coroa, empregados na co- branca de impostos e em outras funcées da administracao colonial. Preco Havia ainda agueles gue se transferiam para cé como militares de tropas AG em réis, por arroba pagas pela metrépole. 1701 2 000 Aos poucos, essas pessoas foram ocupando posicées de desta- 1702 1 800 gue na sociedade colonial, sobretudo através do comé€rcio. Muitos des- 1704 1 560 1705 ses cComerciantes portugueses passaram a financiar a producëo acuca- 1 340 1707 1 220 reira e a vender acicar para a Europa. Outros comecaram a trazer 1710 1 190 produtos de Portugal para revendé-los na colênia. E outros ainda pas- saram a explorar o trêfico de escravos africanos para o Brasil. naCêmara do Recite, p. 182) ZO

See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.