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existir entre o processo e a obra PDF

93 Pages·2015·9.87 MB·Portuguese
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FACULDADE DE BELAS-ARTES DA UNIVERSIDADE DE LISBOA APHOMOIOO: EXISTIR ENTRE O PROCESSO E A OBRA MARCELO JOSÉ MONTEIRO SIMÃO KRONEMBERGER MESTRADO EM PINTURA LISBOA 2015 FACULDADE DE BELAS-ARTES DA UNIVERSIDADE DE LISBOA APHOMOIOO: EXISTIR ENTRE O PROCESSO E A OBRA MARCELO JOSÉ MONTEIRO SIMÃO KRONEMBERGER 7953 MESTRADO EM PINTURA DISSERTAÇÃO ORIENTADA PELO PROFESSOR CARLOS VIDAL LISBOA 2015 SINOPSE Surgido a partir da necessidade de expressar uma imagem – aphomoioo – é mais que uma dissertação a tentar provar o seu argumento, sendo antes o resultado de uma experimentação nascida no seio de uma angústia sentida através de uma imagem. Um desejo incontrolável que (trans)forma a minha necessidade numa resposta para o m(eu) fazer. Assim, através de uma organização discursiva enredada por conceitos psicanalíticos, biológicos, filosóficos e linguísticos, permiti-nos descobrir que existir é mais do que fixar-se num alvo com um fim, outrossim, enquanto uma relação que é, ao fim e ao cabo, o que não nos define enquanto seres, mas enquanto um limite activo/interactivo. Sendo esta identidade o que nos coloca frente a frente com a realidade – construída e construtora – a procura de descrever à semelhança do existir das coisas, as imagens. Esses seres da realidade que nos remetem para o lugar simbólico de nossa existência, a mundanidade. Uma inquietude que é própria a toda acção do conhecer que, através da linguagem, estabelece como verdade tudo aquilo que silencia o simbólico através de uma regra de conduta – o princípio de razão – uma regra formal de todo conhecimento que estabelece a forma contemplativa para todo conhecido constituído originariamente enquanto um acontecimento de significação. Essa a natureza de nossa organização enquanto seres vivos, o nosso acoplamento estrutural, que nos consente concluir que toda formalidade estabelecida como conhecimento nasce num delírio que se expressa na conformidade de uma resposta. Sendo este o fim de um aphomoioo. O fim de um “fazer” que se expressa numa imagem que se projecta numa representação, ou seja, um “fazer” feito segundo uma imagem através de uma ergogenia – a “obra” – uma resposta para o m(eu) fazer que expressa a imagem da minha separação de mim mesmo enquanto imagem do m(eu) estabelecida numa projecção representada da minha imagem alucinada. Palavras chave: imagem, pensamento, actividade, existência, linguagem. ii ABSTRACT Coming from the need to express an image – aphomoioo – is more than a dissertation trying to prove its argument. It is the result of an experimentation born from within an anguish felt through an image. An uncontrollable desire that transforms my need into an answer to my craft. Through a discursive organization of speech enmeshed by psychoanalytic, biological, philosophical and linguistic concepts, we are allowed to discover that existing is more than agreeing on a target with an end but, as the relationship that it is, it does not define us as beings, but as an active/interactive limit. And this identity which puts us face to face with the reality - constructed and constructive - seeking to describe the similarity of the existence of things, the images. These beings from the reality that sends us to the symbolic place of our existence, the mundanity. A restlessness that is embedded into every action of knowing that, through language, establishes as true everything which silences the symbolic through a rule of conduct - the principle of reason - a formal rule of all knowledge that establishes the contemplative way for all knowledge originally set up as one signification event. The nature of our organization as living beings, our structural coupling, is what enables us to conclude that all formalities established as knowledge are born into a delirium that is expressed in the conformity of an answer. That being the end of an aphomoioo. The purpose of a "doing" that expresses itself into an image that is projected into a representation. A "doing" made after an image through an ergo genesis – the "artwork" – an answer to my making that expresses the image of my separation from myself as an image of ego established in a represented projection of my hallucinatory image. Keywords: image, thought, activity, existence, language. iii AGRADECIMENTOS A Carmen Lúcia Kronemberger Simão, psicanalista, pelo incentivo, opinião e atenta leitura como também por suas considerações acerca dos conceitos psicanalíticos constantes nesta dissertação. E a Carlos Vidal Tenes Oliveira Caseiro, professor, pela apreciação, valorização e pelo estímulo, incentivo e expansão deste nosso esforço investigativo, além de sua prontidão e profundo interesse. iv Índice 1. Introdução…............................................................................................ 1 1.1 Primeira representação.................................................................. 4 1.2 Cultura e neurose.......................................................................... 6 1.3 Sentimento e razão........................................................................ 8 1.4 Pensamento e subjectividade........................................................ 9 1.5 Discurso e mundanidade............................................................... 11 1.6 Linguagem e realidade.................................................................. 13 1.7 O mundo e o “EU”........................................................................ 14 1.8 Criatividade e significação........................................................... 15 2. A construção de uma idéia…................................................................. 18 2.1 Loucura e alucinação: uma matriz do saber….............................. 21 2.2 Um acto de humanidade: a arte…................................................. 27 2.3 O saber: o pathos incontrolável e a transformação do sujeito....... 31 2.4 A tristeza: a morte do saber…....................................................... 34 2.5 A filosofia: uma sombra do saber.................................................. 37 3. Arte e linguagem condicionantes à Acção (Vita Activa)....................... 39 3.1 O acto de falar da vida: a linguagem............................................. 43 v 3.2 O animal falante: o ser humano possível...................................... 47 4. A noção de indivíduo numa representação do mundo........................ 49 4.1 O conhecimento e a noção de indivíduo....................................... 52 4.2 O recalcamento e as representações do mundo............................ 54 5. A noção de criatividade e a inteligência plástica................................. 56 5.1 O criar ativo e as dores do “EU”.................................................. 58 5.2 O lugar e um não lugar: a emoção e a razão................................ 60 6. A materialização de uma idéia: uma imagem..................................... 63 6.1 Iniciando uma imagem: o método de trabalho............................. 65 6.2 O processo: o simbólico simbolizante......................................... 66 7. Conclusão 7.1 A obra: o re-falar de um mundo nunca representado................... 69 Referências Bibliográficas................................................................................ 72 Anexos................................................................................................................ 74 vi 1. Introdução Aphomoioo1: existir entre o processo e a obra pretende investigar e descrever a produção de uma obra de arte enquanto uma actividade criativa que expressa a realidade através da reprodução de uma imagem do real2, e mais, que esta forma de expressão – a reprodução de uma imagem numa representação – é o único ser da realidade3. Uma imaginação que consente numa construção que se expressa numa imagem, permitindo-nos afirmar que toda realidade se faz através de imagens transformadas em representações visuais ou sonoras de nossas relações sensíveis com as coisas do mundo estabelecendo assim a forma do que chamamos idéia, como uma imagem na mente segundo Voltaire4. Questões estas as quais iremos desenvolver nesta introdução e no decorrer de toda nossa dissertação. Para tanto, precisamos primeiramente perceber a noção actualizada que depreendemos da palavra imagem, o ειδωλον5 (eidolon) em nossos dias. Curiosamente, o ειδωλον (eidolon) grego tem a sua origem filológica na mesma palavra que deu origem ao que convencionamos chamar idéia, palavra latina derivada da palavra grega ειδος (eidos) que significa forma ou aparência exterior, que por sua vez é derivada de uma outra palavra grega ειδω (eido) ou οιδα (oida) que significa ver ou conhecer. Algo da natureza material dos objectos – a forma – que foi transformada em um significante de natureza essencialmente mental – uma imagem – caracterizando a natureza ambivalente real/imaginária6 pertinente a existência de todo objecto, tornando a realidade numa materialidade essencialmente mental, dando nascimento as ideologias políticas e sociais mais diversas estabelecedoras de nossa sociedade actual. 1 Verbo grego que significa reproduzir um modelo, expressar-se através de uma imagem, reproduzir um fac-símile, copiar. Dicionário Bíblico Strong. 2 Registro essencial da psicanálise proposto por Jacques Lacan como estruturador da linguagem, ver nos anexos o glossário correspondente. 3 Realidade enquanto qualificação representativa do real lacaniano, uma existência essencialmente simbólica. 4 Para Voltaire uma idéia é uma imagem na mente. Conforme Carlos Vidal em Invisualidade da pintura: história de uma obsessão (de Caravaggio a Bruce Nauman), fonte http://repositorio.ul.pt/handle/10451/2409, capítulo 9, página 488. 5 Substantivo grego que significa imagem, réplica. Dicionário Bíblico Strong. 6 Registro essencial da psicanálise proposto por Jacques Lacan como estruturador da linguagem, ver nos anexos o glossário correspondente. 1 Mas a nossa investigação não pretende aprofundar nem o carácter político nem tampouco o social desta questão, embora admitamos, não escondendo, que consequências políticas e sociais são inevitáveis e ficam sensíveis a partir deste nosso empreendimento. São idéias (uma materialidade expressada através de uma forma visível ou sonora) que constroem o mundo e isso deixa patente a natureza de nossa existência essencialmente mental, mas é justamente essa objectividade com a qual construímos o mundo (uma materialidade) o que estabelece a natureza desse conhecimento das formas, permitindo-nos a artificialização do mundo a partir de uma existência material natural, mas poucas vezes nos perguntamos qual é a origem e verdadeira natureza deste conhecimento que permite a perpetuação de nossa existência enquanto espécie manipulando o mundo, artificializando-o e re-criando-o constantemente. Inauguramos a nossa existência através desta manipulação. Uma dialética7 desencadeada por um fenômeno linguístico8 que tem a sua origem na imagem do protótipo neonatal9 – uma alucinação – a natureza originária de nossa primeira visão do mundo. Já no século IV a.c. Platão considerava uma idéia uma imagem recordada na mente que projectamos no mundo dando forma aos objectos. Contra o que argumentava Aristóteles que uma imagem é antes uma apreensão dos sentidos que possibilita a construção de uma idéia. Destacamos que esta controvérsia sempre caracterizou as discussões sobre o tema de nossa investigação – imagem – chegando até aos nossos dias. Esclarecemos contudo que, não pretendemos desfazer tais controvérsias, podendo inclusive acirrá-las, mesmo não sendo este o mote de nossa investigação. 7 Entendimento metodológico possibilitado por uma relação de oposição (idéia/matéria) que se expressa através de uma estrutura simbólica (representação) viabilizando a construção de uma realidade concreta de natureza histórica. Este pensamento tem a sua origem em Georg Wilhelm Friedrich Hegel. 8 A linguagem entendida enquanto fenômeno decorrente das interações e relações entre representação, recalcamento e ego. 9 Relações do neonato com a mãe, onde o neonato alucina que a mãe, que representa o seu amparo e alimento, é também o seu próprio corpo e o que lhe torna o mundo possível. Esta idéia foi proposta em 1895 por Sigmund Freud em Projecto para uma Psicologia Científica, que pode ser encontrado em http://www.freudonline.com.br/livros/volume-01/vol-i-16-projeto-para-uma-psicologia-cientifica- 1950-1895/. 2 Defendemos, seguindo, entre tantas, uma visão psicanalítica, que a imagem que existe entre o processo – recalcamento originário – e a obra – representação – é a forma visual de um signo deslocado. A imagem da mãe – mundo – que é também a imagem do “eu” – neonato. O sígno ego – alucinação – deslocado da imagem da mãe ao ser representado, tornando o ego num sígno sem representação. Sendo esta idéia10 a que funda o simbólico11, o sistema de representação do mundo em que iremos existir no decorrer de toda a nossa vida sendo essa também a nossa hipótese. Assim, seguindo nesta mesma linha de argumentação, o que chamamos idéia da mãe revisto segundo uma visão platônica, seria uma projecção da imagem do protótipo neonatal numa representação do mundo – a representação da mãe. Mas revisto segundo uma visão aristotélica, o protótipo neonatal seria uma imagem apreendida pelos sentidos que possibilita a construção do que chamamos idéia da mãe numa representação. Defendemos que o modelo platônico do que chamamos idéia da mãe estabelece uma reminiscência e um inatismo desta idéia da mãe como uma relação inconsciente12 que é então projectada no mundo na forma de uma representação, a imagem da mãe. Salientamos que este modelo não corresponde ao problema de nossa investigação, mas certamente é o modelo de representação de nossa relação com o mundo como estabelecemos actualmente. Relações inconscientes projectadas em representações propiciadas pelo recalcamento de natureza secundária13. Entretanto, relativamente ao modelo de idéia proposto por Aristóteles, diríamos ser condizente com o modelo que defendemos, pois na base de nossa concepção não se 10 Tomamos aqui a palavra idéia significando o mesmo que forma. 11 Registro essencial da psicanálise proposto por Jacques Lacan como estruturador da linguagem. Em minha concepção, o simbólico é estruturado pelo recalcamento originário, sendo o simbólico uma tópica sem dimensão, e portanto tratada como um objecto, uma construção estabelecida sobre uma relação significante/significado, sabendo-se que esta relação é dotada de mobilidade ao seu nível sígnico (significado). Esta visão não se afasta da concepção lacaniana. Veja também nos anexos o glossário correspondente. 12 Segundo uma visão psicanalítica, não o inconsciente que esta situado abaixo da consciência mas, em um sentido tópico, um lugar psíquico. Ver nos anexos o glossário correspondente. 13 Lidamos em nossa argumentação com o recalcamento originário. Os recalcamentos de natureza secundária deslocam para o inconsciente e ali mantém as representações intoleráveis para a consciência atraídas pelo núcleo inconsciente constituído pelo recalcamento originário. Nossa dissertação não lida com essa natureza de recalcamento. 3

Description:
manifestação discursiva mistérica e enigmática que refaz, através de uma experiência de satisfação (acção), o vínculo do saber (sophia) – forma humana Transformando a forma da realidade altamente discursiva na qual existimos através de um instante pouco perceptível de nossa existên
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