Eva, a primeira mulher, tem uma vida de pobreza e de lutas pela sobrevivência, num contexto de caudilhos e de ditaduras militares, em que o povo nunca decide o curso dos acontecimentos. Por sua crítica e denúncia do contexto social, Eva Luna aproxima-se da tradição do romance picaresco espanhol, cedo implantado na América hispânica. A ironia diante das condições adversas e o humor sempre presente transformam em comédia os momentos mais trágicos. São ingredientes que servem de ponte entre as necessidades espirituais e a situação deficiente em que a protagonista vive. Eva Luna não é apenas a história de uma mulher. Com sua arte pontilhada de descrições barrocas, constrói um mundo com a memória e o resgata pela palavra, erguendo-se nas asas da fantasia.