Meu nome é Lisa di Antonio Gherardini, embora os conhecidos me chamem simplesmente de Madona Lisa, e as pessoas do povo, de Mona Lisa. Minha imagem foi gravada em madeira, com óleo de linhaça fervido e pigmentos escavados da terra ou triturados de pedras semipreciosas e aplicados com pincéis feitos de penas de pássaros e do pelo sedoso de animais. Eu vi a pintura. Ela não se parece comigo. Olho fixamente para ela e, em vez de meu rosto, vejo os rostos de minha mãe e de meu pai. Escuto, e é a voz deles que ouço. Sinto o amor e a tristeza deles, e testemunho, repetidamente, o crime que os uniu; o crime que os uniu a mim. Pois minha história não começa com meu nascimento, mas com um assassinato cometido no ano que o precedeu...
Abril, 1478. Giuliano de Medici, irmão de Lorenzo, o Magnífico, chefe da mais poderosa família florentina, é brutalmente assassinado. A cidade se abala e, por toda parte, artistas renomados, como Michelangelo, lamentam a perda.
Dez anos mais tarde, o monge Savonarola inicia sua fervorosa pregação