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Estudos Literários ALICE CARDOSO FERREIRA PDF

267 Pages·2017·1.92 MB·Portuguese
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1 Faculdade de Letras Doutorado em Letras: Estudos Literários ALICE CARDOSO FERREIRA CASA DA LINGUAGEM: IDENTIDADES ARRUINADAS E A LITERATURA JUDAICO-BRASILEIRA NO SÉCULO XXI Juiz de Fora Setembro de 2017 2 Alice Cardoso Ferreira CASA DA LINGUAGEM: IDENTIDADES ARRUINADAS E A LITERATURA JUDAICO-BRASILEIRA NO SÉCULO XXI Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras: Estudos Literários, Área de Concentração em Teorias da Literatura e Representações Culturais, da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora como requisito parcial para obtenção do título de Doutora em Letras: Estudos Literários. Prof. Dra. Silvina Liliana Carrizo (Orientadora) Juiz de Fora Setembro de 2017 3 Ficha catalográfica elaborada através do programa de geração automática da Biblioteca Universitária da UFJF, com os dados fornecidos pelo(a) autor(a) Ferreira, Alice Cardoso. Casa da linguagem : Identidades arruinadas e a literatura judaico-brasileira no século XXI / Alice Cardoso Ferreira. -- 2017. 265 p. Orientadora: Silvina Liliana Carrizo Tese (doutorado) - Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Letras. Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários, 2017. 1. Ruína. 2. Continuidade. 3. Memória. 4. Interpretação. 5. Palavra. I. Carrizo, Silvina Liliana, orient. II. Título. 4 Alice Cardoso Ferreira Casa da Linguagem: Identidades arruinadas e a literatura judaico-brasileira no século XXI Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras: Estudos Literários, Área de Concentração em Teorias da Literatura e Representações Culturais, da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora como requisito parcial para obtenção do título de Doutora em Letras: Estudos Literários. Aprovada em 22/09/2017 BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________________________ Prof. Dra. Silvina Liliana Carrizo — Orientadora Universidade Federal de Juiz de Fora ___________________________________________________________________________ Prof. Dra. Maria Luiza Scher Pereira — Membro Interno Universidade Federal de Juiz de Fora ___________________________________________________________________________ Prof. Dra. Bárbara Inês Ribeiro Simões Daibert — Membro Interno Universidade Federal de Juiz de Fora ___________________________________________________________________________ Prof. Dra. Laura Barbosa Campos — Membro Externo Universidade do Estado do Rio de Janeiro ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Gerson Luiz Roani — Membro Externo Universidade Federal de Viçosa 5 Dedico este trabalho aos pequenos Victor Hugo, Arthur, Théo, Heitor e à Olívia, na esperança de dias melhores. 6 Agradecimentos: Deixo aqui meu agradecimento à Silvina, pela generosidade, pela companhia, dedicação, amizade e compreensão nos momentos de dificuldade, e pela alegria de partilhar o conhecimento sobre um assunto tão envolvente. Agradeço aos membros da banca pelo interesse demonstrado na leitura e na discussão do trabalho. Laura e Maria Luiza, pela generosidade e sugestões já à época da qualificação; à Bárbara e ao Gerson pelos conhecimentos partilhados. Agradeço aos meus familiares, pela paciência ao longo desses anos. Aos professores que me acompanharam em todas as etapas de minha formação. A todas as pessoas que contribuíram, direta e indiretamente, para a realização deste trabalho. Às minhas primeiras fontes, Jerry Siegel e Joe Shuster. E aos amigos, pelo apoio nos momentos difíceis, pela compreensão nos (necessários) de ausência, e pelas alegrias compartilhadas. 7 A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante. Clarice Lispector — ―Felicidade Clandestina‖ — Adquiri-o num povoado da planície, em troca de umas rupias e da Bíblia. Seu dono não sabia ler. Suspeito que no Livro dos Livros viu um amuleto [...]. Disse-me que seu livro se chamava O livro de areia, porque nem o livro nem a areia têm princípio ou fim. Pediu-me que procurasse a primeira folha. Apoiei a mãe sobre a portada e abri com o polegar quase grudado ao índice. Tudo foi inútil: sempre se interpunham várias folhas entre a portada e a mão. Era como se brotassem do livro. Jorge Luis Borges — ―O livro de areia‖ Tive vontade de dizer muitas coisas à roubadora de livros, sobre a beleza e a brutalidade. Mas que poderia dizer-lhe sobre essas coisas que ela já não soubesse? Tive vontade de lhe explicar que constantemente superestimo e subestimo a raça humana — que raras vezes simplesmente a estimo. Tive vontade de lhe perguntar como uma mesma coisa podia ser tão medonha e tão gloriosa, e ter palavras e histórias tão amaldiçoadas e tão brilhantes. Markus Zusak — A menina que roubava livro 7 RESUMO A partir de dois movimentos imigratórios para o Brasil no século XX, dos pogroms na Rússia e da Shoah, a produção literária judaico-brasileira e/ou brasileiro-judaica criada pela segunda geração advinda dessas diásporas carrega consigo conceitos como a memória, o trauma e a continuidade. Como expressão da primeira onda e a produção da segunda geração advinda dela, os livros do autor gaúcho Moacyr Scliar com temática bíblica, A mulher que escreveu a bíblia, Os vendilhões do Templo e Manual da paixão solitária, são analisados de acordo com a modulação feita por Cynthia Ozick sobre a metáfora na sua construção histórica; sob o ponto de vista desenvolvido por Amós Oz e Fania Oz-Salzberger sobre a continuidade das culturas judaicas terem como fundamento a palavra escrita; e também como midrashim agádigos, na definição de Leopoldo de Oliveira, na estrutura interpretativa, narrativa e exegética judaica. Da segunda onda imigratória, e igualmente na produção literária de sua segunda geração, há em comum dois sobreviventes de Auschwitz e seus diários escritos depois da libertação. O primeiro, por d. Lili Jaffe, está contido em O que os cegos estão sonhando?, de Noemi Jaffe, e o diário fictício do avô do narrador de Diário da queda, de Michel Laub, analisados sob o ponto de vista da literatura de testemunho e da pós-memória, nas definições de Marianne Hirsch, que traz para a discussão sobre o trauma a especificação da possibilidade de sua transmissão para as três ou quatro gerações seguintes dos sobreviventes. Os livros têm em comum o fato de terem sido publicados entre o final do século XX e as primeiras décadas do século XXI, por possuírem como conteúdos temas como a transmissão, em termos de continuidade cultural, da palavra escrita e sua interpretação e do trauma. A análise se efetiva através da ruína como latência, norteadora do trabalho, por seus conteúdos terem a possibilidade de se manifestar, e assim, também indicarem um caráter messiânico nos fenômenos históricos. A primeira a compor essa estruturação é o sentido construído por Jacques Derrida sobre o arquivo e a sua intenção de sondagem da origem eventual. A segunda, por Giorgio Agamben, associa a ruína ao resto, um sinônimo dele com as testemunhas dos lager, as lacunas históricas com possibilidade de preenchimento, interpretação textual e também de revisão. A terceira foi feita por Benjamin: ao estruturar o drama trágico (trauerspiel) como gênero textual, ele trabalha a ruína como no contexto do Barroco, associando-a à decadência, ao fim, se pautando na concepção alegórica. A história, conforme consta em suas Teses (1940), contada a contrapelo, tem o seu ponto de vista assumido pelos vencidos; as minorias são as personagens centrais dos quatro romances e do diário de d. Lili e relato de Jaffe, em análise. Portanto, ao ser trazida a ruína em suas 8 especificações para a análise dos livros, saltam deles e entre eles a continuidade, a metáfora, a metonímia, a alegoria, a palavra escrita e uma linhagem que não prescinde do sangue, somente. Palavras-chave: Ruína. Continuidade. Palavra. Interpretação. Memória. 9 ABSTRACT From two immigration movements to Brazil in the twentieth century, the pogroms in Russia and the Shoah, the Jewish-Brazilian or Brazilian-Jewish literary production was created by the second generation from these diasporas and it carries concepts such as memory, trauma, and continuity. The books written by Moacyr Scliar which contain biblical themes, A mulher que escreveu a bíblia, Os vendilhões do Templo and Manual da paixão solitária, are analysed according to Cynthia Ozick‘s definition of metaphor on its historical construction; Amos Oz and Fania Oz-Salzberger‘s point of view explains the continuity of Jewish cultures maintained by the written word at the centre of its transmission and they also may be read as Midrash Aggadah, according to Leopoldo de Oliveira, because they bring a millenarian Jewish tradition concerned with interpretation, narrative, and exegesis. From the second wave of immigration, and also in the literary production made by its second generation, there are two Auschwitz‘s survivors in common and their diaries, which were written after their release. The first was written by Lili Jaffe and it is part of O que os cegos estão sonhando? (What are the blind men dreaming?), a book by her daughter Noemi Jaffe. The second one is a fictional diary written by the narrator‘s grandfather in Diário da Queda (Diary of the Fall), by Michel Laub. They are analysed according to testimonial literature and post-memory, on Marianne Hirsch‘s definitions, which brings the discussion about trauma by opening up the possibility of its transmission to the next three or four generations of the survivors. The books have in common the fact that they were published between the end of the twentieth century and the two first decades of the twenty-first century, having contents such as transmission, in terms of cultural continuity, of written words and their interpretation, as well as trauma. The analysis is performed through ruin as latency, which guides this thesis, because their contents have the possibility of being manifested, and thus also indicate a messianic character in historical phenomena. The first to compose this structure is the meaning of ruin about the archive and its intention of probing the eventual origin by Jacques Derrida. The second one, by Giorgio Agamben, associates ruins with the rest as a synonym to the lager‟s witnesses, in which there are historical gaps to be filled, textual interpretation and also revision. The third conception of ruin was created by Walter Benjamin regarding his thesis on trauerspiel (tragic drama) as a literary genre, as he works on the term ruins which is interpreted on Baroque context, associating it with decadence, with the end, towards the allegoric concept. On his Thesis on History (1940), History is told by the defeated, against the grain. These minorities are central characters in these four novels, Lili‘s diary and Jaffe‘s story, this last one is under analysis.

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simplesmente assim, ‗o povo de Israel', bnei yisrael ou am yisrael, e não de lacuna presente na língua do testemunho; flutua entre o dizível e o
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