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Era uma vez um segredo PDF

160 Pages·2013·0.79 MB·Portuguese
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MIMI ALFORD ERA UMA VEZ UM SEGREDO Tradução Cristina Paixão Lopes Copyright © 2012 by Mimi Alford Todos os direitos desta edição reservados à Editora Objetiva Ltda., rua Cosme Velho, 103 Rio de Janeiro — RJ — CEP: 22241-090 Tel.: (21) 2199-7824 — Fax: (21) 2199-7825 www.objetiva.com.br Título original Once Upon a Secret Capa Adaptação de Pronto Design sobre design original Imagens de capa Bettmann/Latinstock/Corbis Revisão Raquel Correa Lilia Zanetti Cristiane Pacanowski Coordenação de e-book Marcelo Xavier Conversão para e-book Freitas Bastos CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ A379e Alford, Mimi Era uma vez um segredo [recurso eletrônico] : meu caso secreto com o presidente John F. Kennedy / Mimi Alford ; tradução Cristina Paixão Lopes. - Rio de Janeiro : Objetiva, 2013. recurso digital Tradução de: Once upon a secret Formato: ePub Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions Modo de acesso: World Wide Web 165p. ISBN 978-85-390-0460-7 (recurso eletrônico) 1. Alford, Mimi. 2. Kennedy, John F. (John Fitzgerald), 1917-1963. - Relações com mulheres. 3. Presidentes - Estados Unidos - Biografia. 4. Amantes (Mulheres) - Estados Unidos - Biografia. 5. Estados Unidos - Política e governo - 1961-1963 6. Livros eletrônicos. I. Título. 13-0132. CDD: 973.922 CDU: 929:32(73) Sumário Capa Folha de rosto Créditos Capítulo Um Capítulo Dois Capítulo Três Capítulo Quatro Capítulo Cinco Capítulo Seis Capítulo Sete Capítulo Oito Capítulo Nove Capítulo Dez Capítulo Onze Capítulo Doze Capítulo Treze Capítulo Catorze Agradecimentos Capítulo Um Todo mundo tem um segredo. Este é o meu. No verão de 1962, eu tinha 19 anos e trabalhava como estagiária no gabinete de imprensa da Casa Branca. Durante esse verão e por mais um ano e meio, até sua trágica morte em novembro de 1963, tive um relacionamento íntimo e duradouro com o presidente John F. Kennedy. Guardei esse segredo com disciplina quase religiosa por mais de quarenta anos, confiando apenas em um pequeno grupo de pessoas, entre as quais estava o meu primeiro marido. Nunca contei a meus pais, nem a meus filhos. Achei que permaneceria meu segredo até a morte. Não foi o que aconteceu. Em maio de 2003, o historiador Robert Dallek publicou An Unfinished Life: John F. Kennedy 1917-1963 (Uma vida inacabada: John F. Kennedy 1917-1963). Enterrada em um parágrafo, na página 476, havia a transcrição de uma passagem de um relato originalmente com 18 páginas feito em 1964 por uma ex-assistente da Casa Branca, Barbara Gamarekian. O relato tornou-se público recentemente, assim como outros documentos há muito confidenciais, na Biblioteca Presidencial JFK, em Boston. Dallek havia se apoderado de um trechinho particularmente suculento. Ele dizia: As conquistas de Kennedy sempre tinham sido, é claro, uma forma de divertimento, mas agora lhe davam um alívio das enormes tensões diárias. Kennedy tinha casos com diversas mulheres, incluindo Pamela Turnure, a assessora de imprensa de Jackie; Mary Pinchot Meyer, a cunhada de Ben Bradlee; duas secretárias da Casa Branca, apelidadas comicamente de Fiddle e Faddle;1 Judith Campbell Exner, cujas ligações com figuras da máfia, como Sam Giancana, tornaram-na objeto de investigação do FBI; e uma “alta, esbelta e linda” universitária de 19 anos, estagiária da Casa Branca, que trabalhou no gabinete de imprensa por dois verões. (Ela “não tinha habilidades”, lembra-se um dos funcionários da imprensa. “Ela não sabia datilografar.”) Quando o livro de Dallek saiu, eu não fiquei sabendo. As biografias de JFK representam, claro, um sólido filão editorial e todos os anos aparecem um ou dois novos livros; eles criam um alvoroço e logo desaparecem. Eu tentava ao máximo não prestar atenção. Recusava-me a comprar qualquer um deles, mas isso não significava que de vez em quando eu não fosse às livrarias de Manhattan, onde vivia, para ler pequenos trechos que cobriam os anos em que estive na Casa Branca. Parte de mim ficava fascinada por eu ter estado lá, e era divertido reviver essa parte de minha vida. Outra parte de mim ficava ansiosa por saber se meu segredo ainda estava seguro. A publicação do livro de Dallek podia estar fora do meu radar, mas definitivamente não passou despercebida aos olhos da mídia. O escândalo Monica Lewinsky, que quase derrubara a administração Clinton cinco anos antes, tinha estimulado o interesse do público por detalhes obscenos da vida sexual de nossos líderes, e a menção de Dallek a uma anônima “estagiária da Casa Branca” atiçou o Daily News de Nova York. Aparentemente esta era uma “grande história”. Uma equipe de reportagem especial foi rapidamente montada para identificar e localizar a tal mulher misteriosa. Na noite de 12 de maio, eu estava passando pela banca de jornal do meu bairro em Manhattan quando notei que a primeira página do Daily News trazia uma fotografia de página inteira do presidente Kennedy. Como eu já estava atrasada para minha aula de ioga, não prestei muita atenção à manchete, que, de qualquer modo, estava parcialmente ocultada pela pilha de jornais. Ou talvez eu não tenha querido ver. Eu estava bem consciente de que tabloides como o Daily News tendiam a focar na vida pessoal e nos escândalos que envolviam JFK. Essas histórias sempre me deixavam desconfortável. Elas me lembravam de que eu não era assim tão especial no que dizia respeito ao histórico do presidente Kennedy com as mulheres, sempre havia outras. Por isso deixei passar, tirando aquela imagem da minha cabeça. Guardar um segredo por 41 anos nos força a negar aspectos da nossa própria vida. Exige que isolemos fatos dolorosos e inconvenientes — e que os coloquemos em quarentena. A essa altura eu tinha aprendido a fazer isso muito bem. O que deixei escapar na minha pressa para chegar à ioga foi a manchete completa, abaixo da foto: “JFK tinha uma Monica: historiador diz que Kennedy manteve caso com uma estagiária da Casa Branca de apenas 19 anos.” Dentro do periódico havia uma matéria, que partia do que estava no livro de Dallek e apresentava uma nova entrevista com Barbara Gamarekian, que disse só conseguir se lembrar do primeiro nome da estagiária, mas se recusava a revelá-lo. Sua recusa, claro, só incitou a equipe do Daily News a cavar mais fundo. Na manhã seguinte, às nove horas, cheguei ao meu escritório na Igreja Presbiteriana da Quinta Avenida, como de costume. Pendurei meu casaco, como de costume. Tomei meu primeiro gole de café do C’est Bon Café, como de costume. E então me sentei e chequei meus e-mails. Um amigo tinha me enviado uma mensagem que continha um link para uma matéria do Daily News. Cliquei nele, sem saber do que se tratava. A história tinha o seguinte título: “Diversão e jogos com Mimi na Casa Branca.” Ele o havia enviado, disse, por causa da “engraçada coincidência” dos nossos nomes. Pela primeira vez na vida, entendi o que a expressão “ficar sem fôlego” queria dizer. Fiquei gelada. Corri para fechar a porta e examinei cuidadosamente o artigo. Embora meu sobrenome à época — Fahnestock — não fosse mencionado, tive uma sensação peculiar de pavor, sentia como se tudo estivesse a ponto de mudar. Era o momento que eu havia temido durante toda a minha vida adulta. Tentei não entrar em pânico. Respirei fundo e conferi mentalmente tudo o que não estava no artigo. O Daily News não sabia onde eu morava. Eles não tinham contatado nenhum dos meus amigos. Não tinham chegado a pessoas do período em que eu estive na Casa Branca. Não tinham minha fotografia. Se eles soubessem mais alguma coisa sobre mim teriam publicado, não é? E certamente teriam me caçado para fazer algum comentário. Nada disso tinha acontecido. Além disso, eu já havia escapado por pouco em outra ocasião. Um ano antes, a escritora Sally Bedell Smith telefonara para minha casa. Disse que estava preparando um livro sobre como as mulheres eram tratadas nos anos 1960 em Washington. Parecia um contato inocente, mas foi o suficiente para me colocar em alerta total, e suspeitei de um propósito um tanto diferente. Eu ainda não estava pronta para começar a descascar as camadas do sigilo e da negação — certamente não com uma mulher que eu nunca tinha visto. Disse a ela que não poderia responder a suas perguntas e pedi-lhe educadamente que não me telefonasse mais, e ela atendeu a meu pedido. Meu segredo estava seguro. Mas essa história do Daily News parecia diferente. No dia seguinte à publicação, cheguei ao trabalho e encontrei uma mulher sentada do lado de fora do meu escritório. Ela se apresentou como Celeste Katz, repórter do Daily News, e queria confirmar se eu era a Mimi da história do dia anterior. Não havia como me esconder e nem sentido em negar. — Sim, sou eu — respondi. “Mimi quebra o silêncio”, dizia a manchete no dia seguinte. A essa altura de minha vida eu tinha 60 anos, era divorciada, vivia tranquilamente e sozinha em um apartamento no Upper East Side de Nova York, a alguns quarteirões do Central Park. No início dos anos 1990, quatro décadas depois de abandonar a faculdade, eu havia concluído o bacharelado, aos 51 anos. Tinha sido atleta a vida toda e era uma dedicada maratonista, passava muitas horas antes do amanhecer circundando a reserva do Central Park e apreciava estar só. Meu ex-marido, com quem tinha tido um divórcio tempestuoso, morrera em 1993. Minhas duas filhas eram adultas, casadas e tinham seus próprios filhos. Pela primeira vez em muitos anos, eu desfrutava de alguma paz. Para conquistar essa tranquilidade e esse autoconhecimento, eu havia passado algum tempo em terapia. Depois de ter vivido basicamente como uma dona de casa, me orgulhava do meu trabalho na igreja. Eu trabalhava ali havia cinco anos, primeiro como coordenadora do ministério de áudio (gravando e produzindo os extraordinários sermões do dr. Thomas K. Tewell, nosso pastor sênior) e depois como administradora do site da igreja. As fitas de áudio que eu produzia tinham se transformado numa fonte significativa de fundos para a igreja — e o trabalho me oferecia não só renda, mas também rotina e conforto. Eu não sou uma pessoa religiosa, mas sou espiritualizada, e adorava meu trabalho ali. Também adorava minha privacidade. Quando a notícia estourou, estourou em toda parte — não apenas em Nova York, mas por todos os Estados Unidos e pela Europa também. Infelizmente, eram meus 15 minutos de fama. As manchetes eram de todos os tipos, de previsíveis a obscenas e tolas: “De Monica a Mimi”; “Mimi: só Deus conhece o coração”; “JFK e a Dama da Igreja!”. Fui ridicularizada por uma das minhas escritoras preferidas, Nora Ephron, na página de editoriais do The New York Times. Os pedidos de entrevista jorravam, minha secretária eletrônica estava cheia de mensagens de Katie Couric, Larry King, Diane Sawyer e, claro, do National Enquirer, que passou um envelope com notas de vinte dólares por debaixo da minha porta (que eu doei à igreja). Revistas semanais me inundavam com cartas. “Prezada sra. Fahnestock”, começavam todas elas, “peço desculpas pela intromissão. Sei que este não é um bom momento para a senhora, mas…” — e então iam direto ao ponto. Um produtor de Hollywood me enviou flores antes de escrever sobre a possibilidade de adquirir os direitos para produção de um filme sobre a minha história; ele me ofereceu um milhão de dólares antes mesmo de me conhecer. Agentes literários apareceram querendo me representar. Edward Klein, escritor não de um, mas de dois livros indecentes sobre os Kennedy, telefonou para dizer que, se eu lhe permitisse ser o ghost-writer do meu livro, eu ficaria rica e “poderia viver em paz”. Chegavam e-mails de amigos, de pessoas desejando boa sorte, de caçadores de celebridades e de críticos. Uma conhecida da faculdade me ofereceu algum consolo: “Lembre-se de que tudo isso é ‘notícia da semana’”, ela escreveu. “Vai passar. É que JFK é como Elvis, todos nós achamos que o conhecemos e sempre queremos saber mais.” Recusei todos os pedidos da mídia. Agradeci a bondade das pessoas que me desejaram sorte. Ignorei os críticos, concluindo que não havia motivo para argumentar com pessoas que achavam que eu estava pisando na memória de JFK ou que estava inventando tudo. Lembrei a mim mesma de que não tinha sido ideia minha tornar público o assunto; eu tinha sido forçada a isso. Eu passara os últimos quarenta anos com medo de ser caçada, encontrada e exposta. E agora o momento havia chegado. Uma calma tomou conta de mim no instante em que a tempestade da mídia batia com força máxima. Compreendi que podia lidar com aquilo tudo, que não tinha nada do que me envergonhar. Eu não precisava mais me esconder. Entreguei uma declaração simples à multidão de repórteres acampados na frente do meu prédio: “De junho de 1962 a novembro de 1963, eu mantive um relacionamento sexual com o presidente Kennedy. Nos últimos 41 anos, não toquei nesse assunto. Diante da recente e ampla cobertura da mídia, agora conversei sobre esse relacionamento com minhas filhas e família, e eles me deram todo o seu apoio.” E não disse mais nada. Meu nome completo é Marion Beardsley Fahnestock Alford. De muitas maneiras, esses três sobrenomes dizem tudo o que você precisa saber sobre mim e sobre o lugar de onde venho. Eu fui uma Beardsley durante os primeiros vinte anos da minha vida, o que inclui o tempo em que fui íntima de JFK. Fui uma Fahnestock pelas quatro décadas seguintes, ao assumir o nome do homem com quem me casei em janeiro de 1964, dois meses após o assassinato de JFK. Fahnestock é o nome que está ligado à maior parte da minha vida adulta e é o nome com o qual minhas duas filhas nasceram. Sou Alford agora, porque me casei em 2005 com Dick Alford, o grande amor da minha vida, que, ironicamente, eu nunca teria conhecido se não tivesse sido descoberta em 2003. Este é o único nome que uso hoje; o único nome que aparece na capa deste livro. Há um motivo para isso. Eu não sou mais a desprotegida Mimi Beardsley de 19 anos, que teve um relacionamento com o homem mais poderoso do mundo. Também não sou a assustada e emocionalmente mutilada Mimi Fahnestock, que passou uma vida inteira convivendo com as consequências desse relacionamento e tentando superá-las. Eu sou Mimi Alford e não me arrependo do que fiz. Eu era jovem e estava emocionalmente envolvida, e não posso mudar esse fato. Já se passaram quase dez anos desde que meu segredo foi revelado ao mundo, e passei boa parte desses anos pensando nesse delicado episódio da minha vida e no modo como expressar meus sentimentos em relação a ele, ou mesmo se eu deveria expressá- los. Eu não tenho mais tais dúvidas. Até aquele dia em maio, havia um vazio dentro de mim que eu não sabia como preencher. Mas, desde então, a felicidade e o contentamento que vim a conhecer como Mimi Alford me libertaram — e me ensinaram a importância de assumir o controle da minha história. A princípio, escrevi cartas (nunca enviadas) à minha neta mais velha, para “esclarecer as coisas”. “Querida Emma”, eu começava, “há uma história que quero lhe contar porque algum dia, quando você for mais velha, é possível que você se depare com meu nome em um livro sobre um presidente americano.

Description:
Em 2003, um biógrafo de John F. Kennedy mencionou “uma estagiária da Casa Branca de 19 anos, alta, esbelta e bonita, que trabalhava no gabinete de imprensa”, referindo-se a um dos casos do presidente, notório tanto por sua morte trágica quanto por seus casos extraconjugais. A revelação des
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